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modelo de negócios estudo de caso, Teses (TCC) de Desenvolvimento Sustentável

Trabalho de conclusão de curso TCC Fatec-Barueri curso de Gestão empresarial

Tipologia: Teses (TCC)

2021

Compartilhado em 16/05/2022

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bruno-luciano-7 🇧🇷

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BARUERI
Alberto Leonardo da Paixão
Bruno Souza Luciano
MODELOS DE NEGÓCIOS INOVADORES E
SUSTENTÁVEIS: ESTUDO DE CASO NA
COMERCIALIZAÇÃO DE PEÇAS AUTOMOTIVAS
USADAS
Barueri - SP
2020
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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BARUERI

Alberto Leonardo da Paixão

Bruno Souza Luciano

MODELOS DE NEGÓCIOS INOVADORES E

SUSTENTÁVEIS: ESTUDO DE CASO NA

COMERCIALIZAÇÃO DE PEÇAS AUTOMOTIVAS

USADAS

Barueri - SP

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BARUERI

Alberto Leonardo da Paixão

Bruno Souza Luciano

MODELOS DE NEGÓCIOS INOVADORES E

SUSTENTÁVEIS: ESTUDO DE CASO NA

COMERCIALIZAÇÃO DE PEÇAS AUTOMOTIVAS

USADAS

Trabalho de Conclusão de Curso (TG) apresentado à Faculdade de Barueri, como requisito parcial para conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial. Profa. Orientadora: Diana Marques dos Anjos Área de Concentração: Reciclagem automotiva Linha de estudo: Novos negócios e novos modelos de gestão

Barueri - SP

ABSTRACT

The demands for innovative and sustainable business models are an important pillar in the context of entrepreneurship. This work brings a case study in which it is possible to generate business opportunities in the used auto parts market. In an innovative way, economically viable and, at the same time, reducing the consumption of natural resources. In view of the growth in the volume of vehicles, which presents itself in the current scenario and projections for the coming years, it is necessary to find alternatives to deal with the aging of the vehicle fleet and the respective scrap produced by it. The study aims to: I) demonstrate that parts removed from scrapped vehicles can be reintroduced into the Brazilian market, II) reusing scrap from beaten vehicles, seized and auctioned in the state of São Paulo, III) in a legal and profitable manner, and IV) collaborate with environmental sustainability issues. This work aims to present a case study of a company located in the city of Barueri-SP that operates in automotive recycling. Data collection took place through interviews with managers and founders, guided through a questionnaire answered by them. In addition, sources of books, academic articles, technical reports, magazine articles, websites of class institutions and government institutions and materials from secondary sources such as lectures were used to describe the context in which the company is inserted. It is expected, with this work, to demonstrate that automotive recycling is a sustainable business model, which addresses environmental issues and enables the achievement of positive economic results. Also, the market for the sale of used auto parts is the main supply channel, which allows to sell the scrap of obsolete, beaten, seized and auctioned vehicles in the state of São Paulo. Key words: Automotive recycling, Used automotive parts, Sustainable business.

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................
  • 2 METODOLOGIA........................................................................................................
  • 3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................
  • NO BRASIL.................................................................................................................... 3.1 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
  • 3.1.1 Gestão Ambiental e a Logística Reversa...........................................................
  • 3.2 CENÁRIO DO SETOR AUTOMOTIVO.................................................................
  • 3.2.1 Sucata Automotiva.............................................................................................
  • 3.3 EMPREENDER E INOVAR EM MODELOS EXISTENTES.................................
  • 3.3.1 Reciclagem Automotiva Como Um Negócio Inovador e Sustentável................
  • 3.3.2 Requisitos para Comercialização de Peças Automotivas Usadas....................
  • EMPRESA DESMONTECH........................................................................................ 4 PROCESSOS NA RECICLAGEM AUTOMOTIVA: ESTUDO DE CASO DA
  • 4.1 CARACTERÍTICAS DA EMPRESA......................................................................
  • 4.1.1 PROCESSOS, OPERAÇÃO E FERRAMENTAS DE GESTÃO........................
  • 4.1.2 Tratamento dos Resíduos..................................................................................
  • 4.2 DESAFIOS INICIAIS E DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ATUAÇÃO...........................
  • 4.3 COMERCIALIZAÇÃO DAS PEÇAS......................................................................
  • 4.4 DESAFIOS ATUAIS..............................................................................................
  • 4.4.1 Desafios no curto prazo: crise provocada pela pandemia do COVID-19..........
  • 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
  • REFERÊNCIAS...........................................................................................................

sua vida útil. Sendo assim, torna-se necessária a fabricação de novos componentes para reposição e, para isso, o consumo de novas matérias-primas, recursos naturais, recursos humanos, capital e infraestrutura de manufatura. Contudo, não há um reaproveitamento ou destinação ambientalmente correta das peças que são substituídas e saem de circulação. Soma-se a isso, o número de veículos que se tornam obsoletos e perdem sua utilidade funcional. São destinados a lixões, desmanches legais, ilegais e leilões, como sucata e sem qualquer planejamento de reutilização. Ficam por vários anos acumulados e se deteriorando com o tempo. Do mesmo modo acontece com veículos abandonados nas ruas, aprendidos e/ou recuperados de furtos e sinistros que vão para os pátios de seguradoras ou órgãos públicos estaduais responsáveis pelo setor, onde muitas vezes devido a idade do veículo, estado de conservação ou valor dos débitos, o proprietário opta por não reclamá-lo junto ao órgãos responsáveis, abandonando o mesmo. Diante deste cenário, como gerar oportunidades de negócios no mercado de autopeças, de maneira inovadora, economicamente viável e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo dos recursos naturais? Trazendo novos olhares para a reutilização de peças automotivas usadas, como fonte de capital para gerar receitas financeiras e atender a demanda de reposição ao mercado e, ao mesmo tempo, solucionar os problemas trazidos pelo acúmulo de peças sucateadas e descartadas sem qualquer tratamento? Este trabalho pretende colaborar apresentando uma solução prática, economicamente viável, tecnológica e que atenda às necessidades ambientais. Mostrar que é possível reaproveitar partes de sucatas ou veículos em final de vida para revenda formal e legalizada. Reintroduzi-las no mercado de autopeças através de um modelo de negócio inovador, lucrativo e, ao mesmo tempo, gerador de novos postos de trabalho. Portanto o objetivo geral deste estudo é demonstrar que as peças reaproveitadas de veículos obsoletos podem ser reinseridas no mercado brasileiro, atendendo a legislação vigente e gerando lucro, colaborando com as questões ambientais de sustentabilidade. Para isso, é necessário compreender os problemas causados pelo acúmulo de sucatas não reaproveitadas, apresentar a reciclagem automotiva como uma

solução inovadora e sustentável na logística reversa e analisar as atuais alternativas de comercialização de peças usadas.

2 METODOLOGIA

Como apresentado anteriormente, o objetivo geral deste trabalho é demonstrar que peças e partes retiradas de veículos em final de vida ou sucatas, podem ser reintroduzidas no mercado brasileiro. Atendendo a legislação vigente, gerando lucro e colaborando com as demandas ambientais de sustentabilidade Com o propósito de atingir o objetivo geral deste estudo, será utilizado o método de estudo de caso para apresentar uma empresa que atua no setor de reciclagem automotiva na cidade de Barueri-SP. Para Yin (2005), pode-se fazer o uso desse método quando se tem a intenção de lidar com condições textuais que estejam oportunamente ligadas ao objeto em estudo. Complementarmente será apoiado por uma pesquisa bibliográfica em carácter explicativo. Usando como referencial teórico fontes de livros, artigos acadêmicos, relatórios técnicos, artigos de revistas, web sites de instituições de classe, web sites de instituições governamentais e materiais de fontes secundárias como palestras. Contribuindo para que os objetivos específicos fossem obtidos. A coleta de dados será realizada no primeiro semestre de 2020, através de formulários e questionários respondidos, por meio da visita presencial ou através de reuniões online com os envolvidos no processo. Complementarmente serão utilizadas as informações institucionais disponíveis no web site e canais digitais de comunicação da empresa. O trabalho estará organizado em capítulos e as informações coletadas serão apresentadas seguindo o fluxo de processo da operação, iniciando com a apresentação da empresa e os desafios no início da operação, estrutura e organização, processos e operação, descarte e tratamento dos resíduos, canais de vendas e desafios atuais. As informações de caráter estratégico ou propriedade intelectual, não serão apresentadas neste trabalho.

as consequências disso. Abordou que para uma sociedade ser sustentável, as necessidades humanas devem ser satisfeitas no mundo todo. Conforme o Ministério do Meio Ambiente, o conceito de sustentabilidade ganha importância no Brasil em 1992. Após o primeiro encontro mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizado no Rio de Janeiro, chamado ECO-92. Promovido com o propósito de discutir temas relacionados com o meio ambiente e preservação da humanidade. Após a realização deste encontro a expressão “sustentabilidade”, ganhou maiores dimensões no Brasil. CASTELLA (S.I) comenta que em 2002 a ONU tentou reavaliar e implementar as conclusões obtidas nas diretrizes dadas pela ECO 92. Implementar, metas mais ambiciosas que fossem na direção dos principais problemas ambientais de ordem mundial. Conforme apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA,

  1. em seu relatório “ Sustentabilidade no Brasil: biodiversidade, economia e bem- estar humano ”, a sustentabilidade está ligada ao desenvolvimento da sociedade em seus vários setores, sem que o meio ambiente seja agredido. A sua preservação deve ser direcionada para a utilização dos recursos naturais de maneira inteligente e garantidos para as futuras gerações. Conforme Brundtland^3 (CMMAD, 1987) o conceito de desenvolvimento sustentável relaciona a capacidade de atender as necessidades atuais sem comprometer que gerações futuras tenham a capacidade de satisfazer suas necessidades. Conforme apresentado no I Simpósio Brasileiro de Políticas Públicas para Comércio e Serviços (SIMBRACS), mudar os padrões de consumo é um dos desafios da sustentabilidade e, da mesma forma, os hábitos e padrões de produção ou consumo, através de políticas públicas (FREITAS, 2012). 3.1.1 Gestão Ambiental e a Logística Reversa Para atender às demandas no consumo dos bens de forma consciente e sustentável, surge dentro da cadeia produtiva o conceito de tratar o fluxo dos produtos após o seu uso. MARKOSKI et al (2018) abordam que a logística reversa, (^3) Gro Harlem Brundtland é uma política, diplomata e médica norueguesa, e uma líder internacional em desenvolvimento sustentável e saúde pública.

como prática, pode trazer um diferencial competitivo para as organizações, dando grande contribuição às práticas do desenvolvimento sustentável e a gestão ambiental. A problemática vivenciada nos grandes centros urbanos com o acúmulo de resíduos sólidos e a falta de políticas que minimizem o impacto ambiental, por eles provocados, é abordada por THODE et al (Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, 2015, p. 529-538). Trazendo para a realidade brasileira os desafios enfrentados no tratamento dos resíduos sólidos diante do aumento da produção de lixo e ao acúmulo em condições desfavoráveis à gestão correta e eficiente. O conceito da reutilização ou reciclagem passa por utilizar uma logística reversa para os produtos descartados. Neste contexto, Barbieri e Dias (apud BRAGA JUNIOR et al, 2009, p. 64) apontam que a logística reversa também pode auxiliar as empresas em desempenho, de maneira econômica e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais e sociais causado pela produção de lixo. Conforme apresentado no artigo Resíduos Sólidos e seus impactos socioambientais (PORTAL DA EDUCAÇÃO), o tempo de degradação de materiais metálicos ou partes de equipamentos, podem chegar a 450 anos. É neste sentido que a Logística Reversa dá sustentação à Gestão Ambiental. Apoiando e dando suporte à reciclagem de resíduos sólidos, evitando que sejam tratados ou descartados como lixo. O processo de reciclagem aborda a reintrodução dos resíduos ou produtos que já foram utilizados e que seriam descartados no meio ambiente, no ciclo produtivo. Utilizando-os como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. O ciclo de vida de um produto, não termina quando ele é entregue ao cliente. Ao se tornarem obsoletos, ou não funcionarem mais, podem retornar à sua origem para descarte adequado, reparação ou reaproveitamento (Liva, et al., 2002). Este conceito é reafirmado pelo Centro Mineiro de Referência em Resíduos apud LOMASSO et al (Revista Pensar Gestão e Administração, 2015, p. 03) que traz o conceito de reciclagem: Reciclar é tornar a usar o que já foi usado - até, em alguns casos, infinitas vezes. Assim, não é preciso tirar da natureza, novamente, aquilo que ela já nos deu. Reciclar é combater o desperdício. É garantir o futuro, copiando a sabedoria da própria natureza (CMRR, 2008, p.5).

energia de cidades como: Santos, Barueri, Osasco ou Limeira ( Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Governo de São Paulo, 2019 ). Diante de números como estes é que a reciclagem pode contribuir. Além de fornecer o destino ecologicamente correto para resíduos que seriam tratados como lixo, com o apoio do fluxo da logística reversa e ações integradas, ela contribui para a reduzir o consumo de recursos não renováveis como a água, petróleo e o minério. Convergindo para o conceito do desenvolvimento sustentável “de satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades” (Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, 1991). 3.1.1.1 Reciclagem e Conceito Dos 3 R’s De acordo com o Ministério do Meio Ambiente do Brasil (MMA, 2019) reciclagem é um conjunto de técnicas e ações capazes de reaproveitar materiais descartados e reintroduzi-los no ciclo produtivo. É uma das mais vantajosas alternativas para tratar resíduos sólidos (lixo) pois, reduz o consumo de recursos não renováveis, como a água por exemplo. Também reduz o volume de lixo e emprega milhares de pessoas. Segundo o próprio ministério, a reciclagem trata-se também de hábito e de ter a percepção que é preciso mudar a forma como se define o que é lixo. De maneira geral, 30% do que se considera lixo é composto por materiais reaproveitáveis como vidro, papel, plástico e latas; mesmo tendo valor de mercado, pois servem como matéria-prima no processo de fabricação de novos produtos. Para isso, é preciso lançar mão do conceito dos 3 R’s:  Reduzir: eliminar ou reduzir ao máximo a produção de resíduos sólidos ou a sua toxicidade. Basicamente, economizar recursos diminuindo sua geração e consumo.  Reutilizar: utilizar os produtos tantas vezes quanto for possível, no que foram originalmente desenvolvidos ou também para outros usos.  Reciclar: processar os materiais descartados para que possam retornar como matérias-primas ao ciclo produtivo nas indústrias.

As ações apoiadas no princípio dos 3 R’s dependem fortemente comportamento e engajamento da sociedade em seu todo. A redução e a reutilização não apresentam resultado se não houver envolvimento por parte da população. A reciclagem atinge resultados mais significativos quando há a colaboração dos geradores de resíduos (FREITAS, 2012).

3.2 CENÁRIO DO SETOR AUTOMOTIVO

A fontes de informações relacionadas ao setor automotivo são de entidades oficiais, sejam elas dos órgãos governamentais competentes do setor ou entidades de classe que representem a categoria. Por apresentarem dados econômicos obtidos em períodos distintos, deve-se observar a representatividade dada em cada momento. Segundo os dados apresentados no relatório do perfil da indústria brasileira (CONFEDERAÇÃO NACIONA DAS INDÚSTRIAS, 2019) a produção industrial no ano de 2018 representou em 21,6% do total do PIB^4 (Produto Interno Bruto) nacional. Conforme a Figura 1, em 2017 os setores industriais mais representativos dentro da indústria de transformação foram respectivamente: alimentos, derivados de petróleo e biocombustíveis, químicos, veículos automotores, metalurgia, máquinas e equipamentos, celulose e papel, borracha e material plástico, produtos de metal e bebidas. (^4) PIB – Produto Interno Bruto: Indicador que mede a atividade econômica no País

Em 2018 a produção total de veículos atingiu a marca de 2,78 milhões de unidades, os automóveis e comerciais leves representam juntos 95,3% do total produzido. De acordo com os dados do relatório de Inteligência Setorial (SEBRAE,

  1. o setor de autopeças respondeu por 11% do total faturado em 2015 para setor automotivo e contemplou um total de 730 empresas. Conforme o relatório do Sindicato Nacional da Industria de Componentes para Veículos Automotores - a participação do mercado de peças de reposição representou o equivalente a 19,2% do total faturado dentro desta categoria e a frota de veículos que circularam pelo Brasil em 2018 foi de 44.801.691. Colocando o Brasil entre os cinco países com a maior frota circulante per capita 4,7 por habitante (SINDIPEÇAS, 2019). A participação do mercado de reposição dentro do setor de autopeças é compreendida em função da idade média dos veículos em circulação, que foi de 9, anos em 2018. No segmento de caminhões a média de 11,4 anos, maior e mais alta do que em 2007 (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2019). Segundo as projeções do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS, 2019), a tendência de envelhecimento nos próximos dois anos continuará. A idade média dos automóveis em 2020 chegará a 10 anos e dos caminhões em 11 anos. Este cenário reflete diretamente no mercado de reposição das peças automotivas, uma vez que o envelhecendo da frota tem impacto na durabilidade de seus componentes. Além disso, surgem os problemas de ordem ambiental com o volume de peças sucateadas ou até mesmo veículos em final de vida que não possuem uma destinação ambientalmente correta. 3.2.1 Sucata Automotiva Conforme apresentado pela Prefeitura de São Paulo, todos anos são apreendidos na cidade cerca de 1.000 veículos em condições de abandono (Secretaria Especial de Comunicação, 2019). Esses veículos não só estão cometendo infração ao ocupar uma via pública, como também estão poluindo, acumulam sujeira e servem de local para proliferação de roedores e insetos. É um problema presente em todas as cidades do Brasil pois, o processo para recolher e

levar essas sucatas a leilão é muito burocrático. Assim, tarefa de diminuir ou por fim ao problema é lenta. Diversas cidades têm intensificado a fiscalização para reduzir o número de sucatas automotivas abandonadas na rua. No entanto, o destino são os pátios onde ficam empilhadas aguardando destinação judicial e acabam por serem consumidas pela ferrugem, denegrindo o meio ambiente (TRIBUNAL FEDERAL REGIONAL DA 4ª REGIÃO, 2018). A solução mais viável seria a de reciclar esses veículos, destinando cada parte para um uso eficiente, evitando acúmulo em pátios dos órgãos municipais, estaduais e federal e consequente degradação no meio ambiente.

3.3 EMPREENDER E INOVAR EM MODELOS EXISTENTES

Com a competição entre mercados se acirrando a cada dia, potencializada cada vez mais pela quebra de fronteiras, principalmente pela rede globalizada que se tem hoje, é necessário desenvolver habilidades e saberes que promovam e estimulem a descoberta de novos caminhos. Empreendedor é aquele que começa algo novo e assume riscos. Começa um negócio com intuito de realizar uma ideia ou projeto pessoal, inovando continuamente. O empreendedor fornece emprego, introduz inovação e incentiva o crescimento econômico (CHIAVENATO, 2007, p.04). Segundo Menezes apud Custódio (2011), “o empreendedor é aquele que, a partir de um comportamento inovador e criativo, promove o empreendimento”. Conclui que o empreendedor sabe transformar contextos, estimular a colaboração, consegue criar relacionamentos pessoais, “gera resultados, fazendo o que gosta com entusiasmo, autoconfiança, otimismo, dedicação e necessidade de realização”. REYNOLDS (1997) e SCHUMPETER (1934) apud CHIAVENATO (2007), apresentam o empreendedorismo como “um engenho que inova e contribui no desenvolvimento econômico”.

ou dota recursos existentes com um maior potencial para riqueza”. O autor ainda conclui que: O empreendedorismo não trata apenas de pequenas empresas e novos empreendimentos. Não aborda apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas, sim, inovações em todos os âmbitos do negócio – produtos, processos, negócios, ideias – enfim, uma grande variedade de aplicações inovadoras que ainda estão longe de serem esgotadas. (CHIAVENATO, 2007, p. 261) 3.3.1 Reciclagem Automotiva Como Um Negócio Inovador e Sustentável Em países como Japão e Estados Unidos, a reciclagem automotiva chega ao volume total de 80% da frota circulante (ECOSYSTEM, 2019). Isso significa que o conceito está inserido dentro de um processo organizado e consolidado desde o início da fabricação até o seu destino. Como dito anteriormente, isso é parte integrante de um conceito mais amplo de logística reversa apoiada na gestão sustentável. Conforme dados do SINDIPEÇAS (2019), no Brasil a reciclagem automotiva ainda é pouco utilizada, representa apenas 1,5% da frota circulante. O percentual de materiais recicláveis em um veículo é superior a 90%, ou seja, pode-se aproveitar muito mais já que peças metálicas da carroceria e do motor, por exemplo, podem ser reutilizadas em certas áreas da indústria. (ECOSYSTEM, 2019). Componentes elétricos, plásticos, pneus, componentes do painel de instrumentos, espuma e o revestimento também ser destinados à reciclagem. Além disso, promoverá um aumento no desenvolvimento social e econômico com o fomento do mercado de comercialização de peças recicladas pouco difundida no Brasil. 3.3.2 Requisitos para Comercialização de Peças Automotivas Usadas Para empreender no setor de reciclagem automotiva no Brasil, há exigências para a operação e comercialização compreendidas na forma de lei - LEI 12.977, 2014, conhecida como Lei do Desmonte. Esta lei de âmbito federal, regula e

disciplina a atividade. Estabelece regras rigorosas para o desmonte ou destruição de veículos, regula a destinação da sucata e, principalmente, a diretrizes para a comercialização das peças usadas. Portanto, compreendida nos objetivos da sustentabilidade ambiental e, não somente, no âmbito regulatório comercial. A lei define que para uma empresa operar no setor de desmontagem veicular, dever ter inscrição nos órgãos fazendários e possuir alvará de funcionamento expedido pela autoridade local. Ainda de acordo com a lei, para operar nesse segmento a empresa deve estar registrada no órgão de trânsito do estado em que for sediada, deve se dedicar somente ao desmonte, não podendo realizar outros serviços como manutenções, estar registrada nos órgãos fazendários, ter alvará de funcionamento. Seu primeiro registro tem validade de um ano, e após a primeira renovação ele expira a cada cinco anos, sendo de responsabilidade do órgão de trânsito a fiscalização in loco para conceder o registro. Caberá ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) detalhar e regular a execução das normas. A comercialização das peças segue regras e critérios especificados na Resolução n° 611 (CONATRAN, 2014) em que se destacam: o Parágrafo 3° do Art. 2° - no qual destaca que os veículos só podem ser adquiridos diretamente do proprietário ou por meio de leilão, público ou privado, e que as empresas para praticar a atividades de desmontagem veicular, devem estar registradas nos órgãos executivos de trânsito de seus respectivos estados ou do Distrito Federal; o Art. 4º que define a não autorização à reposição, independentemente do estado em que se encontrarem, os itens de segurança. Definidos como: sistema de freios e controle de estabilidade, peças de suspensão, sistema de proteção anticolisão, cintos de segurança (incluindo seus subsistemas), sistema de direção e os vidros de segurança que apresentem gravação da numeração de chassi. A sua destinação é restrita para reciclagem e tratamento de resíduos. Conforme a Lei 12.977, 2014, e Resolução Nº 611 (CONATRAN, 2014), todos os veículos devem possuir baixa definitiva no órgão de trânsito do estado e as peças rastreáveis devem ser cadastradas no sistema do Detran, além disso devem emitir nota fiscal de entrada do veículo adquirido para desmontagem e nota fiscal de venda, com o respectivo código de rastreabilidade da etiqueta de identificação obrigatória, para cada peça vendida.