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Figura 14 – Texto de livro didático para atividades introdutórias de ... letramento, retomam, em todo o tempo, uma diversidade de gêneros, visando tanto.
Tipologia: Notas de aula
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desafios de alfabetizar letrando
Palmas – TO
desafios de alfabetizar letrando
Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura, Universidade Federal do Tocantins, como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutora em Letras. Orientador: Prof. Dr. Wagner Rodrigues Silva
Palmas – TO
A Deus, pelas incontáveis bênçãos, a quem devo tudo o que sou e todas as conquistas. Ele graciosamente me sustentou por todo esse período de estudo. Ao meu esposo e familiares, pelo apoio e por compreenderem os momentos de ausência absorvidos neste trabalho. Aos meus filhos, que são a motivação para o meu crescimento pessoal e profissional.
A professora escreve na lousa: “A mãe afia a faca” e pede para uma criança ler. A criança lê corretamente. Um adulto pergunta à criança: ― Quem que é a mamãe? ― É a minha mãe, né? ― E o que que é “afia”? A criança hesita, pensa e responde: ― Sou eu, porque ela (a mamãe) diz: vem cá, minha fia. A professora, desconcertada, intervém: ― Não, afia é amola a faca! (Mas amola também tem, por sua vez, pelo menos três possibilidades de interpretação: a mola, amola = afia, amola = chateia).
(ANA LUIZA BUSTAMANTE SMOLKA, A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo)
Anda mamãe muito iludida, pensando que aprendo muita coisa na escola. Puro engano. Tudo quanto sei me foi ensinado por vovó, durante as férias que passo aqui. Só vovó sabe ensinar. Não caceteia, não diz coisas que não entendo. Apesar disso, tenho cada ano, de passar oito meses na escola. Aqui só passo quatro...
(MONTEIRO LOBATO, Serões de Dona Benta)
Este trabalho insere-se no campo de estudos da Linguística Aplicada e tem como objeto de pesquisa as propostas didático-metodológicas do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), um programa oficial de formação docente continuada. Trata-se de um estudo documental de natureza qualitativa, para o qual foram analisados os cadernos formativos do programa utilizados em 2013, voltados à Língua Portuguesa (alfabetização, oralidade, leitura e escrita). O objetivo geral é investigar como, nesses documentos, as proposições teóricas e os relatos de atividades exitosas relacionam alfabetização e letramento. Mas, sob o viés político- crítico por que é atravessado este trabalho, ele também percorre relações sociais, memórias históricas, perspectivas e desafios político-pedagógicos imbricados nas abordagens que constituem o material analisado, respondendo às seguintes questões de pesquisa: a) O que significa “alfabetizar letrando” ou “na perspectiva do letramento” nas propostas do PNAIC? b) Como as atividades de ensino sistemático e explícito do sistema de escrita se associam com os textos? c) Quais as influências exercidas pelas abordagens tradicionais da alfabetização nas propostas do Pacto? d) Como a história da política de alfabetização no Brasil se reflete no programa? Os resultados da análise mostram que a proposta de alfabetizar letrando ou na perspectiva do letramento, ao congregar abordagem textual e análise de estruturas linguísticas, trabalha com essas práticas dentro de um continuum de possibilidades pedagógicas, que ora as integra ora as articula. São integradas quando, embora contemporâneas no período de alfabetização, são desenvolvidas paralelamente, em momentos didáticos distintos, para se abordarem as respectivas especificidades dessas dimensões. Já quando se articulam, a realização dos textos e o pensar sobre a língua se relacionam simultaneamente, acontecendo num mesmo evento didático, o qual contribui para a construção de conhecimentos referentes a ambas. Ainda há desafios para que se sobressaia o ensino do sistema de escrita de forma articulada às abordagens textuais, no sentido de atender a propósitos de interação em situações comunicativas. Entretanto, pedagogicamente, em vista de um histórico de alfabetização que foi, por longa data, inexpressiva, o texto tem ganhado espaço no ensino, embora ainda seja pouco abordado sob perspectivas mais problematizadoras e políticas. E, apesar de divisarmos memórias de estratégias tradicionais de ensino, substancialmente há mudanças que visam à formação de
This work is part of the Applied Linguistics’ field and aims to investigate the didactic- methodological proposals of the Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), an official program of continuing teacher education. This is a documental research of qualitative nature, for which we analyzed the formative notebooks of the program used in 2013, focused on the Portuguese Language (beginning literacy, reading and writing). The general aim is to investigate how, in these documents, the theoretical propositions and the reports of successful activities relate literacy and texts. But under the political bias through which it is traversed, this work also covers social relations, historical memories, political-pedagogical perspectives and challenges embedded in the approaches that constitute this material, answering the following research questions: a) What does "literacy writing" or "literacy perspective" mean in the PNAIC' proposals? b) How do the systematic and explicit teaching activities of the writing system associate with the texts? c) What are the influences exerted by traditional approaches in the program? d) How does the program reflect the history of literacy policy in Brazil? The results of the analysis show that the proposal of teaching the writing system from the perspective of literacy, by bringing together textual approach and analysis of linguistic structures, works with these practices within a continuum of pedagogical possibilities, which sometimes integrates or articulates them. They are integrated when, although contemporary in the literacy period, they are developed in parallel, in different didactic moments, to address the respective specificities of these dimensions. When they are articulated, the realization of texts and thinking about language are related simultaneously, happening in the same didactic event, which contributes to the construction of knowledge related to both. There are still challenges to the teaching of the writing system articulated to textual approaches, in order to serve the interaction purposes in communicative situations. However, pedagogically, in view of a history of literacy that has been for a long time inexpressive, the text has gained space in teaching, although it is still little approached under more problematizing and political perspectives. In addition, although there are memories of traditional teaching strategies, there are substantially changes that aim at the formation of students under the premise of reflection, of the construction of knowledge. Specifically in the political field, a historical research of education in the country, from Jesuit education
to the institution of the PNAIC, shows us inheritances and permanencies in Brazilian school education. We still have absent and partisan governments, which find in education programs a way of directing blame for school failure to the school itself, ignoring other responsibilities that have an equal impact on educational outcomes. In this scenario, the literacy teacher emerges as a key element in the processes of basic literacy and literacy, being the articulator that will directly enable (or not) more meaningful language practices, which make the school closer to life beyond class. Hence, the importance of the program to the improvement of teacher's work and for changes in teaching.
Keywords: Public education policies. Teacher education. Literacy methodologies. Courseware.
Gráfico 1 – Vínculo institucional dos autores dos cadernos à época de lançamento e realização do programa – 2012/ ................................. Gráfico 2 – Áreas de graduação dos autores no ensino superior ............. Gráfico 3 – Principais áreas de formação stricto sensu dos autores dos cadernos ................................................................................................... Gráfico 4 – Comparativo entre taxas de crianças não alfabetizadas aos 8 anos de idade por região geográfica brasileira ...................................... Gráfico 5 – Taxa de escolarização básica no Brasil entre 2004 e 2016 ...
Quadro 1 – Categorias e subcategorias de análise .......................................... Quadro 2 – Bibliografias referenciadas para abordagem conceitual de alfabetização e letramento ................................................................................ Quadro 3 – Profissionais envolvidos diretamente nas formações do PNAIC e atribuições funcionais ........................................................................................ Quadro 4 – Materiais didáticos das formações do PNAIC–2013 analisados na tese ................................................................................................................... Quadro 5 – Títulos e ementas dos cadernos formativos para os três primeiros anos do ensino fundamental ............................................................................. Quadro 6 – Organização interna dos cadernos de estudo ............................... Quadro 7 – Diretrizes e metas do PNE ............................................................. Quadro 8 – Resultados e projeções do Ideb para o ensino básico .................. Quadro 9 – Escala de avaliação em leitura nas edições da ANA a partir de 2014 .................................................................................................................. Quadro 10 – Escala de avaliação em escrita nas edições da ANA a partir de 2013 .................................................................................................................. Quadro 11 – Breve histórico das formações do PNAIC .................................... Quadro 12 – Níveis de desenvolvimento da aprendizagem da escrita e da leitura ................................................................................................................. Quadro 13 – Os métodos “tradicionais” de alfabetização ................................. Quadro 14 – Atividades sugeridas nos cadernos do PNAIC para aprendizagem do SEA....................................................................................... Quadro 15 – Matriz de referência de Língua Portuguesa da Avaliação Nacional da Alfabetização ................................................................................. Quadro 16 – Matrículas e infraestrutura da rede pública de ensino básico ......
Aneb Anresc ANT BM BNCC CEEL CNE CNPq DCN EaD EJA Enade Enem FMI FNDE IBGE Ideb IES Inep
LA LE LDB MEC ONU PCN PDE PISA
Associação Brasileira de Educação Atendimento Educacional Especializado Avaliação Nacional da Alfabetização Avaliação Nacional da Educação Básica Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - Prova Brasil Actor–Network Theory Banco Mundial Base Nacional Comum Curricular Centro de Estudos em Educação e Linguagem Conselho Nacional de Educação Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Diretrizes Curriculares Nacionais Educação a Distância Educação de Jovens e Adultos Exame Nacional de Desempenho de Estudantes Exame Nacional de Ensino Médio Fundo Monetário Internacional Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Índice de Desenvolvimento da Educação Básica Instituições de Ensino Superior Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Linguística Aplicada Letramento escolarizado Lei de Diretrizes e Bases da Educação Ministério da Educação Organização das Nações Unidas Parâmetros Curriculares Nacionais Plano de Desenvolvimento da Educação Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes
Saeb SEA TAR UFMG UFPE UFRPE Unesco
Unicef
Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Anual Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Programa Nacional Biblioteca na Escola Plano Nacional de Educação Programa Nacional do Livro Didático Programa Novo Mais Educação Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica Sistema de Escrita Alfabética Teoria Ator-Rede Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal Rural de Pernambuco Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Fundo das Nações Unidas para a Infância
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A presente investigação foi motivada por uma nova experiência que nos foi oportunizada no campo profissional: a de sermos professora formadora do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), um programa oficial de formação docente continuada, realizado entre os anos 2013 e 2018, visando à alfabetização de todas as crianças, em Língua Portuguesa e em Matemática, até o final do 3º ano do ensino fundamental. Por isso, este relato foi redigido na 1ª pessoa do plural, já que assumimos mais de uma identidade: tanto atuamos no processo formativo quanto nos dedicamos à análise da formação. O “nós”, nesse contexto, não é, pois, retórico, mas faz referência a dois indivíduos com interesses, de algum modo, conflitantes: a professora formadora do PNAIC, com o compromisso de defender o programa e de realizá-lo dentro de seus pressupostos, de modo que as propostas possam se transformar em práticas produtivas; e a pesquisadora doutoranda, que, impelida por contribuir com uma prática educacional para a vida, lança-se sobre o programa com um olhar investigativo e crítico. À frente dos encontros formativos durante os anos 2014 e 2015 no estado do Tocantins, tivemos a oportunidade de nos embrenharmos no mundo imaginativo da infância, no qual a alfabetização se apresenta, em princípio, como uma porta reveladora de outras oportunidades de leitura e criação. Também, vivenciamos situações que nos mostraram o quanto a área da educação, de inegável importância social, constitui-se como um espaço polêmico, controverso, que se altera conforme os atores que a mobilizam e que são por ela também provocados. Essa nossa experiência nos permitiu refletir sobre os princípios de uma etapa tão fundamental para o desenvolvimento escolar das crianças e para a formação do leitor e produtor de textos. Nosso interesse pelo objeto desta pesquisa partiu de alguns enfrentamentos nas situações de formação do PNAIC. Muitos dos cursistas mostravam dificuldades em associar o trabalho com o texto e o ensino sistemático^1 do sistema de escrita alfabética. Alguns diziam não saber colocar em prática aquilo que o programa propunha. Outros afirmavam que não tinham tempo para esse tipo de abordagem, já
(^1) Conforme melhor esclareceremos ao longo deste trabalho, denomina-se “ensino sistemático” ou “sistematizado” o trabalho pedagógico planejado, orientado e dirigido para se construir um conhecimento específico acerca de um dado objeto de ensino-aprendizagem, a partir de objetivos e metas bem definidos.