Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Contribuições do Método Fônico na Alfabetização de Crianças com Síndrome de Down, Notas de estudo de Construção

As contribuições do método fônico para a alfabetização de crianças com síndrome de down, enfatizando a importância da estimulação para a aquisição da linguagem e a construção do sistema de escrita alfabética. O texto também aborda as dificuldades de aprendizagem relacionadas à leitura, escrita, processamento auditivo e consciência fonológica em crianças com síndrome de down, além de discutir a importância da alfabetização para a comunicação e ampliação do vocabulário e articulações fonéticas. O documento também discute o processo de aprendizagem e cognição de crianças com deficiência intelectual, especificamente as crianças com síndrome de down, e as influências dos ambientes sociais e educacionais no desenvolvimento cognitivo, socio-afetivo, linguagem expressiva e autonomia dessas crianças.

O que você vai aprender

  • Quais são as contribuições do Método Fônico para a alfabetização de crianças com síndrome de Down?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Reginaldo85
Reginaldo85 🇧🇷

4.5

(72)

219 documentos

1 / 52

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO
UNISAL CAMPUS LICEU
Ana Paula Silva Ribeiro
MÉTODO FÔNICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
CAMPINAS
2017
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Contribuições do Método Fônico na Alfabetização de Crianças com Síndrome de Down e outras Notas de estudo em PDF para Construção, somente na Docsity!

CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO

UNISAL – CAMPUS LICEU

Ana Paula Silva Ribeiro

MÉTODO FÔNICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

CAMPINAS

Ana Paula Silva Ribeiro

MÉTODO FÔNICO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência final para a obtenção do título de especialização em Educação Inclusiva no curso lato sensu do Centro Universitário Salesiano – UNISAL, sob orientação da Profa.^ Ms. Elenir Santana Moreira.

CAMPINAS

Dedico este trabalho em especial a minha querida tia Cidinha Dias, que despertou em mim a paixão, a alegria e o sonho de ensinar.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por minha vida, pela oportunidade de poder aprender, pelas pessoas especiais que colocou em meu caminho no decorrer desse tempo e por ter sido minha fortaleza nos momentos de dificuldade. A minha mãe, pelo apoio, por sempre acreditar que eu sou capaz e pelo amor que ela me dedica. A minha avó, não consigo dizer o quão importante foi a sua existência em minha vida, que insistentemente me dizia do orgulho que sentia pelas minhas conquistas e pelo fato de eu ter me tornado professora. Aos meus filhos, pela paciência que demonstraram nos momentos em que precisei deixá-los para me entregar aos estudos. Ao meu marido, pelo amor, incentivo e cumplicidade. As minhas amigas de curso, que tanto me ajudaram e motivaram, pelo carinho, amizade, paciência e pelos momentos de reflexão em grupo, em especial a minha companheira Warlen. Aos meus mestres, que contribuíram para o meu crescimento profissional e pessoal, mostrando-me os caminhos a seguir em busca de uma educação de qualidade. A minha professora e orientadora, Elenir Santana Moreira, que me inspirou com seu brilho no olhar, ao dividir conosco seus conhecimentos, e quem me encorajou a seguir em frente nos momentos difíceis no decorrer dos estudos de pesquisa. Aos meus alunos: razão da minha profissão, dedicação e desejo de ser alguém melhor sempre, por me fazerem perceber e acreditar nas possibilidades para alcançar o que há de especial em cada um.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo descrever as contribuições do Método Fônico para a alfabetização de crianças com síndrome de Down em fase de alfabetização, especificamente no 2º ano do ensino fundamental I. Serão apresentadas e explanadas duas vertentes específicas do Método Fônico criado por Fernando Capovilla e Renata Savastano Ribeiro Jardini, denominado Método das Boquinhas. Por meio do estudo de pesquisa, a intensão é salientar a importância da estimulação em relação à aquisição da linguagem e a construção do sistema de escrita alfabética em crianças com síndrome de Down, além de aprofundar o conhecimento a respeito do desenvolvimento e da aprendizagem dessas crianças. O trabalho foi realizado mediante pesquisa descritiva, sob enfoque qualitativo, para atender aos objetivos propostos. Palavras-chave: Síndrome de Dow. Aprendizagem. Alfabetização. Método Fônico.

ABSTRACT

This paper aims to describe the contributions of the Fonic Method for the literacy of children with Down syndrome in the literacy phase, specifically in the 2nd year of elementary school I. Two specific strands of the Fonic Method created by Fernando Capovilla and Renata will be presented and explained. Savastano Ribeiro Jardini, denominated Método das Boquinhas. Through the research study, the aim is to emphasize the importance of stimulation in relation to language acquisition and the construction of the alphabetic writing system in children with Down syndrome, as well as to deepen the knowledge regarding the development and learning of these children. The work was carried out through descriptive research, under a qualitative approach, to meet the proposed objectives. Keywords : Dow's syndrome. Learning. Literacy. Fonic Method.

9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho compreende um estudo sobre a alfabetização de crianças com síndrome de Down, em que é evidenciada a importância de atividades lúdicas com estratégias diferenciadas que envolvam essas crianças no processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, o objetivo aqui é apresentar as contribuições do Método Fônico para o processo de alfabetização da criança com síndrome de Down, procurando identificar características da aprendizagem das crianças com deficiência intelectual, especificamente as com síndrome de Down, nas séries iniciais do ensino regular, especificamente o 2º ano. Esta pesquisa surgiu do interesse em aprofundar os conhecimentos sobre a aprendizagem das crianças com síndrome de Down e as dificuldades que apresentam nesse processo relacionadas à leitura e escrita, ao processamento auditivo e à consciência fonológica, em virtude do desenvolvimento comprometido da linguagem e compreensão. A alfabetização é um processo fundamental para a ampliação do desenvolvimento psicossocial de qualquer pessoa, no qual as relações interpessoais ajudam a desenvolver com eficácia tal momento. Diante dessa afirmação, a alfabetização torna-se extremamente importante para que as crianças com síndrome de Down adquiram melhor comunicação e ampliação do vocabulário e das articulações fonéticas para pronunciar as palavras, associando grafemas e fonemas no registro de sua escrita. A criança com síndrome de Down também se comunica com o mundo por meio das variações e estimulações da linguagem, principalmente a gestual; no entanto, ao deparar-se com a comunicação oral e a elaboração do pensamento, essa criança se vê diante de uma de suas maiores dificuldades. A pesquisa é descritiva, sob enfoque qualitativo, para atender aos objetivos propostos, considerado o mais adequado para responder às indagações que a pesquisa se comprometeu a investigar. Pautado em autores como Alessandra Seabra Capovilla, Fernando Capovilla, Levy S. Vygotsky, Renata Savastano Ribeiro Jardini, o presente estudo está organizado em três capítulos distintos, porém interligados, que visam estabelecer

10

relações entre a prática e a teoria, fundamentadas nos conflitos internos e nas inquietações vivenciadas por mim enquanto educadora. No primeiro capítulo é apresentado o contexto do conceito da síndrome de Down. O segundo capítulo traz o processo de aprendizagem e cognição de crianças com deficiência intelectual. O terceiro capítulo discorre sobre o que é o Método Fônico e suas contribuições para a alfabetização da criança com síndrome de Down. Nas considerações finais serão destacadas também as estratégias pedagógicas que favoreçam a aprendizagem dessas crianças.

12

1.1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

Escola de educação especial e inclusão do aluno com deficiência intelectual são temas que, apesar de não ser nenhuma novidade, ainda trazem muitos conflitos e despertam controvérsias. A história dessa conquista no âmbito da educação tem um percurso muito longo dentro do movimento da inclusão social da pessoa com deficiência, tanto no Brasil quanto no mundo. Até a década de 1990, a maioria das escolas recebia as pessoas com deficiência intelectual, formada por ambientes especializados, em locais segregados. A Declaração de Salamanca veio em 1994 para dizer que a escola regular seria o meio mais eficaz de criar ambientes acolhedores em sociedade, edificando uma sociedade inclusiva e, assim, conseguir a educação para todos. O aspecto inovador da Declaração de Salamanca provocou um movimento para retomada de conceitos e reformulação das diretrizes e das políticas públicas e do sistema educacional, tendo em vista a ampliação do conceito de necessidades educacionais especiais e a importância da inclusão na estrutura da “educação para todos”. A educação inclusiva implica um processo contínuo e transformador dos recursos, principalmente humanos, para promover a participação visando à aprendizagem de todos os alunos no ambiente escolar. A primeira década do século XXI foi marcada pelo intenso movimento sobre a função do papel social e educativo das escolas especiais que surgiram e se estruturaram no período histórico anterior. Naquele período, as escolas especiais simbolizavam a única maneira de se fazer valer o direito garantido à escolaridade das crianças com necessidades especiais.

1.2 MARCOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Na década de 1970 foi institucionalizada a educação especial no Brasil no sistema público. Em 1988, a Constituição Federal afirma: “O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia do atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.

13

Em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam currículos nos quais as propostas sejam diversificadas e flexíveis para atender à demanda dos alunos, deixando clara a adequação às necessidades, capacidades e diferença de cada indivíduo. Em 2009, a resolução n. 4, de 2 de outubro, informa: “os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimentos Educacionais Especializados da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos”. A prática da inclusão então nos direciona para uma nova etapa de funcionamento e de vivência de valores, mas, no entanto, ainda há muitas barreiras a serem enfrentadas em nosso meio. Apesar de toda movimentação e das discussões embasadas nas leis e nos exemplos positivos em muitas sociedades, a inclusão ainda passa pela barreira do preconceito, de professores que, por vezes, mostram-se contrários à educação inclusiva. A proposta da educação inclusiva traz como objetivo disparador a significativa mudança de mentalidade na sociedade como um todo, pois visa à valorização dos direitos humanos. Para o sucesso da inclusão, faz-se necessário trabalhar com os componentes essenciais para que as mudanças aconteçam de maneira positiva e eficaz, com a capacitação e o treinamento do recurso humano, que são as pessoas que atuam diretamente com esse público, além de ambiente estruturado e adaptado às necessidades individuais, a flexibilização do currículo para favorecer a aprendizagem, trazendo benefícios não só para os alunos com deficiência, mas para todos que necessitam também de um currículo que vise a sua individualidade e singularidade.

[...] O desafio pedagógico que a inclusão nos apresenta é muito mais amplo do que se revela no interior da escola regular. Requer consciência social e política, mas especialmente uma atitude ética com esse alunado, que, ao invés de se sentir acolhido, pode sentir-se abandonado em uma escola regular que não se encontra preparada para inclusão. (PAN, 2008, p. 110)

15

biológica em um tempo em que essa era a verdade instalada e da qual se constituíam as práticas. Segundo Vygotsky, o desenvolvimento de funções psicológicas superiores (linguagem, cálculo, criatividade, processo de leitura e escrita, controle das ações, atenção, memória, afetividades) se dá entre os homens e tem caráter cultural e histórico, não biológico. A deficiência intelectual é uma condição humana, mas que não exclui as mesmas regras que dão condições de aprendizagem para ao indivíduo ir além dos limites aparentes, respeitando cada um com suas necessidades, habilidades e especificidades. Nesse sentido, o desafio é nosso, como pessoas, e da sociedade da qual fazemos parte, na busca e na criação de condições para o desenvolvimento das funções superiores da pessoa com deficiência. Vygotsky (apud OLIVEIRA, 2013, p. 13) nos diz que “o que decide o destino da pessoa, em última instância, não é o defeito de si mesmo, senão suas consequências sociais, suas realizações psicossociais”. Assim, não é mais possível convivermos com a concepção diminuída sobre o desenvolvimento humano da pessoa com deficiência. Não se trata, portanto, de uma diferença quantitativa, mas qualitativa, e esse deve ser o fator principal para o convívio com qualquer pessoa, indistintamente. Segundo Vygotsky, a deficiência intelectual deve ser compreendida em duas dimensões: primária, que é a biológica; e secundária, que é de origem histórico- cultural. O maior desafio dos educadores está presente na dimensão secundária, levando à superação dos limites impostos pela dimensão primária, pois é nesta que se dá o conhecimento. É necessário descobrir em que condições a intervenção na aprendizagem é capaz de alcançar os objetivos propostos para a criança deficiente, sendo essa atuação caracterizada como um desafio pedagógico e terapêutico. Dessa forma, objetiva-se superar as atividades mecânicas, repetitivas desprovidas de sentimentos, para assumir e possibilitar a capacidade do desenvolvimento do pensamento, e não apenas das habilidades motoras, perceptivas e de discriminação. Nesse âmbito, o desenvolvimento da linguagem é dividido em duas áreas: linguagem receptiva e linguagem expressiva. A linguagem receptiva é a

16

possibilidade de compreender palavras e gestos. A linguagem expressiva consiste na possibilidade de usar gestos, palavras, símbolos escritos e outros signos da comunicação. Em virtude da trissomia no cromossomo 21, a criança com síndrome de Down tem um comprometimento na linguagem expressiva. Vygotsky (2001) afirma que a linguagem receptiva está associada ao campo semântico, enquanto a linguagem expressiva está relacionada ao campo fonético. Portanto, para que haja o desenvolvimento da linguagem (característica das funções psicológicas superiores: atenção voluntária, memória lógica, cognição, linguagem, percepção, imaginação, afetividade, comportamento), são necessárias constantes interações sociais e verbais com colegas, educadores e familiares.

A linguagem é o meio através do qual a reflexão e o planejamento das ações acontecem – um processo pessoal carregado de traços sociais. A fala, pois, faz parte dos processos psicológicos superiores, que são desenvolvidos através de processos de interação. (VYGOSTKY, 2003) Na criança com síndrome de Down, a deficiência que afeta a memória de curto prazo está acentuada na memória verbal, relacionada diretamente com a questão fonológica (captação dos sons) por estar ligada às dificuldades quanto à retenção de instruções faladas. Por essa razão, no ensino-aprendizagem, deve-se considerar a deficiência da criança, pois apresenta dificuldades na permanência do foco de atenção em atividades por períodos longos de tempo, causando outras dificuldades, como o armazenamento de várias informações faladas. Dessa maneira, surge a importância e a necessidade da utilização dos vários recursos e estratégias pedagógicas que venham a reforçar a dinâmica da sala de aula e que estejam direcionados para a memória visual (viso-espacial) da criança, visto que isso é uma potencialidade sua. Embora se identifique a deficiência, é relevante dizer que os ambientes sociais e educacionais influenciam no desenvolvimento cognitivo, sócio-afetivo, na linguagem expressiva e na autonomia da criança com síndrome de Down. Assim, ressaltamos que um trabalho inadequado, vinculado à falta de conhecimento em relação às questões citadas, culmina diretamente na qualidade do processo ensino- aprendizagem apresentado à criança com síndrome de Down.

A construção do pensamento e da linguagem e todos os processos neles relacionados abrangem o desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional, produzidos pela motivação refletida em desejos e necessidades. Todo

18

CAPÍTULO 2

2, O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E COGNIÇÃO DE CRIANÇAS COM

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

O movimento pela inclusão abrange várias ações, como cultural, pedagógica, social e política, buscando o direito de todos os alunos poderem aprender, participar e estar juntos, sem nenhum tipo de exclusão. A educação inclusiva faz parte de um paradigma educacional que se fundamenta na concepção dos direitos humanos, que luta pela igualdade e avança em relação ao ideal de justiça nas circunstâncias que revelam exclusão dentro ou fora da instituição escolar. A inclusão ainda é muito discutida e suas ideais ainda estão em processo de elaboração em virtude de das propostas educacionais não garantirem à escola competências para ensinar significativamente as crianças com deficiência.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n. 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). (BRASIL, 2008, p. 8) As crianças com síndrome de Down precisam de condições gerais para a aprendizagem. A deficiência intelectual não os impede de participar do processo educacional e obter progressos na aprendizagem. Apesar das características ocasionadas pela síndrome, são sujeitos que pensam, têm desejos e iniciativas próprias. Toda criança quando estimulada desenvolve as competências e habilidades cognitivas e se permite construir novos conhecimento diante do que já sabe. A estimulação motiva a criança e faz com que ela perceba suas habilidades e potencialidades a serem desenvolvidas, o que faz com que ela própria direcione o seu mediador a conduzi-la no caminho a seguir para a aprendizagem. “A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do

19

processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas” (GOMES et al., 2007, p. 9). A inclusão não acontece apenas matriculando os alunos com deficiência dentro da escola. Incluir é diferente de simplesmente integrar. Colocar a criança na escola somente para cumprir a obrigação da lei não irá acrescentar no seu processo de desenvolvimento. A inclusão efetiva inclui todos os participantes na construção do conhecimento da criança com deficiência, inicia-se desde do porteiro da escola até a direção e estabelece a parceria efetiva da família nesse processo para o desenvolvimento satisfatório da criança. No entanto, essa postura não somente para atender as crianças que têm deficiência, mas também as crianças que não têm deficiência, bem como seus familiares.

A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O conceito se refere à vida social e educativa e todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados na “corrente principal”. O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a abolição completa dos serviços segregados (DORÉ et al., 1996 apud MANTOAN, 1993, p. 3) Quando se trata de aprendizagem humana, relacionamos a educação e o desenvolvimento. Segundo Vygotsky (1989), a aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber e do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem e ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e as relações entre eles. Vygotsky explica que essa conexão entre desenvolvimento e aprendizagem se dá pela Zona de Desenvolvimento Proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de desenvolvimento real) e o que deve ser resolvido com a ajuda de outro sujeito mais capaz no momento, para em seguida dominá-lo com autonomia (zona potencial).

É, contudo, com o conceito de mediação que a inteligência deixa de ser concebida como algo interno e individual. Conforme demonstrado por Vygotsky, a consciência é social e historicamente determinada, sendo suas funções constitutivas dos modos de pensamento e da inteligência (memória,