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Evolução da COVID-19 no Brasil: Análise de Casos e Óbitos até a SE 20 de 2020, Resumos de Biologia

A evolução da covid-19 no brasil, analisando os números de casos e óbitos confirmados até a semana epidemiológica (se) 20 de 2020. O estudo utiliza dados coletados pelas secretarias estaduais de saúde e disponibilizados pelo painel covid-19 do ministério da saúde brasileiro. Foram elaborados gráficos e calculadas taxas de incidência e mortalidade para descrever a dinâmica da doença no país.

Tipologia: Resumos

2021

Compartilhado em 01/06/2021

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bg1
Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 29(4):e2020376, 2020 1
Artigo
originAl COVID-19 no Brasil: evolução da epidemia até a semana
epidemiológica 20 de 2020
doi: 10.5123/S1679-49742020000400010
Resumo
Objetivo: descrever a evolução da COVID-19 no Brasil até a Semana Epidemiológica (SE) 20 de 2020. Métodos: estudo
ecológico baseado em dados e documentos do Ministério da Saúde brasileiro e órgãos internacionais; foram realizadas com-
parações do Brasil com outros países e calculadas taxas de incidência e de mortalidade. Resultados: até o fim da SE 20, no
país havia 233.142 casos, 15.633 óbitos confirmados e 3.240 (58,2%) dos municípios apresentavam pelo menos um caso;
o Brasil estava em uma fase anterior da pandemia quando comparado aos demais países, exceto Rússia e Turquia, em casos
acumulados, e Canadá, em óbitos acumulados; as maiores taxas foram encontradas em Unidades da Federação da Região Norte,
com o Amazonas apresentando as maiores taxas de incidência (4.474,6/1 milhão) e mortalidade (331,8/1 milhão). Conclusão:
o Brasil está entre os países com maiores números de casos e óbitos confirmados, exibindo notáveis diferenças regionais.
Palavras-chave: Infecções por Coronavirus; Pandemias; Vigilância em Saúde Pública; Epidemiologia; Brasil.
COVID-19 en Brasil: evolución de la epidemia hasta la semana epidemiológica 20 de 2020
João Roberto Cavalcante¹ - orcid.org/0000-0003-2070-3822
Augusto César Cardoso-dos-Santos² - orcid.org/0000-0002-1499-9105
João Matheus Bremm² - orcid.org/0000-0002-2150-9426
Andréa de Paula Lobo² - orcid.org/0000-0002-7801-9866
Eduardo Marques Macário² - orcid.org/0000-0002-6383-0365
Wanderson Kleber de Oliveira² - orcid.org/0000-0002-9662-1930
Giovanny Vinícius Araújo de França² - orcid.org/0000-0002-7530-2017
1Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Medicina Social, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília, DF, Brasil
Endereço para correspondência:
Giovanny Vinícius Araújo de França - Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de
Informações e Análises Epidemiológicas, SRTVN 701, Via W5 Norte, Ed. PO700, 6º andar, Brasília, DF, Brasil. CEP: 70719-040
E-mail: giovanny.franca@saude.gov.br
COVID-19 in Brazil: evolution of the epidemic up until epidemiological week 20 of 2020
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Artigo

originAl COVID-19 no Brasil: evolução da epidemia até a semana

epidemiológica 20 de 2020

doi: 10.5123/S1679-

Resumo

Objetivo: descrever a evolução da COVID-19 no Brasil até a Semana Epidemiológica (SE) 20 de 2020. Métodos: estudo

ecológico baseado em dados e documentos do Ministério da Saúde brasileiro e órgãos internacionais; foram realizadas com-

parações do Brasil com outros países e calculadas taxas de incidência e de mortalidade. Resultados: até o fim da SE 20, no

país havia 233.142 casos, 15.633 óbitos confirmados e 3.240 (58,2%) dos municípios apresentavam pelo menos um caso;

o Brasil estava em uma fase anterior da pandemia quando comparado aos demais países, exceto Rússia e Turquia, em casos

acumulados, e Canadá, em óbitos acumulados; as maiores taxas foram encontradas em Unidades da Federação da Região Norte,

com o Amazonas apresentando as maiores taxas de incidência (4.474,6/1 milhão) e mortalidade (331,8/1 milhão). Conclusão:

o Brasil está entre os países com maiores números de casos e óbitos confirmados, exibindo notáveis diferenças regionais.

Palavras-chave: Infecções por Coronavirus; Pandemias; Vigilância em Saúde Pública; Epidemiologia; Brasil.

COVID-19 en Brasil: evolución de la epidemia hasta la semana epidemiológica 20 de 2020

João Roberto Cavalcante¹ - orcid.org/0000-0003-2070- Augusto César Cardoso-dos-Santos² - orcid.org/0000-0002-1499- João Matheus Bremm² - orcid.org/0000-0002-2150- Andréa de Paula Lobo² - orcid.org/0000-0002-7801- Eduardo Marques Macário² - orcid.org/0000-0002-6383- Wanderson Kleber de Oliveira² - orcid.org/0000-0002-9662- Giovanny Vinícius Araújo de França² - orcid.org/0000-0002-7530-

(^1) Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Medicina Social, Rio de Janeiro, RJ, Brasil (^2) Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília, DF, Brasil

Endereço para correspondência: Giovanny Vinícius Araújo de França - Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Informações e Análises Epidemiológicas, SRTVN 701, Via W5 Norte, Ed. PO700, 6º andar, Brasília, DF, Brasil. CEP: 70719- E-mail: giovanny.franca@saude.gov.br

COVID-19 in Brazil: evolution of the epidemic up until epidemiological week 20 of 2020

COVID-19 no Brasil até a semana Epidemiológica 20 de 2020

Introdução

Em dezembro de 2019, a cidade de Wuhan, localiza-

da na província de Hubei, na China, vivenciou um surto

de pneumonia de causa desconhecida.1-4^ Em janeiro de

2020, pesquisadores chineses identificaram um novo

coronavírus (SARS-CoV-2) como agente etiológico de

uma síndrome respiratória aguda grave, denomina-

da doença do coronavírus 2019, ou simplesmente

COVID-19 (Coronavírus Disease – 2019). 3,

No início do surto, todos os casos estavam rela-

cionados a um mercado de frutos do mar e animais

vivos, também em Wuhan. 5 Nos primeiros 30 dias, a

China registrou 11.821 casos e 259 óbitos. Ainda em

janeiro, a doença foi registrada em outros países da

Ásia, Europa e América do Norte. 6,7^ Em 30 de janeiro

de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) de-

clarou Emergência em Saúde Pública de Importância

Internacional (ESPII). Em um cenário com mais de 110

mil casos distribuídos em 114 países, a OMS decretou

a pandemia no dia 11 de março de 2020.^8

As pessoas com COVID-19 podem apresentar tosse,

dificuldade para respirar, dores de garganta, febre e

outras manifestações clínicas. Há ainda os portadores

assintomáticos, os quais possuem importância epide-

miológica, dado que são potenciais transmissores. 9 O

SARS-CoV-2 apresenta o número básico de reprodução

(R0) alto quando comparado a outros coronavírus,

chegando a 6,49 na província de Hubei.^10

A experiência da China mostrou que intervenções

não farmacológicas, que incluem diversas formas de

distanciamento social, desde o isolamento de casos

e contatos, até o bloqueio total (lockdown) , podem

conter a epidemia.^11 No entanto, a aplicabilidade dessas

estratégias se dá de diferentes formas entre os diver-

sos países. As dificuldades na adoção dessas medidas

podem ajudar a explicar o registro, no mundo, no dia

16 de maio de 2020, de 4.425.485 casos de COVID-19,

com 302.059 óbitos, sendo as Américas o continente

mais atingido, seguido da Europa.^12

No Brasil, os primeiros casos foram confirmados no

mês de fevereiro, e diversas ações foram implementa-

das a fim de conter e de mitigar o avanço da doença.

Em 3 de fevereiro de 2020, o país declarou Emergência

de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), 13

antes mesmo da confirmação do primeiro caso. A

consolidação dos dados sobre casos e óbitos por

COVID-19, coletados e disponibilizados pelas Secreta-

rias Estaduais de Saúde, vem sendo realizada desde o

início da pandemia pelo Ministério da Saúde brasileiro.

Isso permite o conhecimento da dinâmica da doença

no país e, consequentemente, o estabelecimento de

políticas para desacelerar o incremento no número

de casos.

Este estudo objetivou descrever a evolução da

COVID-19 no Brasil até a semana epidemiológica (SE)

20. Tal evolução foi comparada entre os dez países

com maior número de casos da COVID-19 notificados

até esta semana, bem como entre as Unidades da

Federação (UFs).

Métodos

Trata-se de um estudo ecológico descritivo, cujas

unidades de análise foram o Brasil, suas macrorre-

giões e UFs, assim como os demais nove países que

apresentaram maior número de casos confirmados

(Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Espanha, Itália,

Alemanha, Turquia, França e Irã) e nove países que

apresentaram maiores números de óbitos confirmados

(Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França, Espanha,

Bélgica, Alemanha, Irã e Canadá) de COVID-19 até 16

de maio de 2020, o último dia da SE 20.

O Brasil possui 5.570 municípios divididos em 27

UFs, as quais são agrupadas em cinco macrorregiões

geográficas (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e

Sul), que possuem características sociodemográficas

e de saúde bem distintas entre si.14,

Para a situação epidemiológica, considerou-se o

período entre 26 de fevereiro, data da confirmação do

primeiro caso no país, e 16 de maio de 2020 (data de

extração dos dados). Foram utilizados os dados de casos

e óbitos confirmados pela doença, por local de residência

e agregados por país, macrorregião geográfica e UFs do

Brasil, disponibilizados pelo Painel COVID-19 do Ministério

No Brasil, os primeiros casos foram

confirmados no mês de fevereiro, e

diversas ações foram implementadas a

fim de conter e de mitigar o avanço da

doença. Em 3 de fevereiro de 2020, o país

declarou Emergência de Saúde Pública

de Importância Nacional (ESPIN), antes

mesmo da confirmação do primeiro caso.

COVID-19 no Brasil até a semana Epidemiológica 20 de 2020

A.

B.

Figura 1 – Número de casos acumulados a partir do 50° caso confirmado (A) e óbitos acumulados a partir do 50°

óbito confirmado (B) por COVID-19, nos dez países com maior número de casos e óbitos até 16 de maio de

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

D1 D7 D13 D19 D25 D31 D37 D43 D49 D55 D61 D67 D73 D

Total de casos

Dias após o 50°caso

Estados Unidos Rússia Reino Unido Brasil Espanha Itália Alemanha Turquia França Irã

Estados Unidos Dia: 82

Rússia Dia: 63

Reino Unido Brasil^ Dia: 74 Dia: 66 (^) Espanha Dia: 78 Itália Dia: 84 França Dia: 78

Alemanha Turquia Dia: 78 Dia: 60

Irã Dia: 82

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

D1 D7 D13 D19 D25 D31 D37 D43 D49 D55 D61 D67 D

Total de óbitos

Dias após o 50°óbito

Estados Unidos Reino Unido Itália França Espanha Brasil Bélgica Alemanha Irã Canadá

Estados Unidos Dia: 65

Bélgica Dia: 56

Brasil Dia: 54

Espanha Dia: 66

França Dia: 67

Alemanha Dia: 58

Itália Dia: 77

Irã Dia: 78

Reino Unido Dia: 63

Canadá Dia: 50

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

D1 D7 D13 D19 D25 D31 D37 D43 D49 D55 D61 D67 D73 D

Total de casos

Dias após o 50°caso

Estados Unidos Rússia Reino Unido Brasil Espanha Itália Alemanha Turquia França Irã

Estados Unidos Dia: 82

Rússia Dia: 63

Reino Unido Brasil^ Dia: 74 Dia: 66 Espanha Dia: 78 Itália Dia: 84 França Dia: 78

Alemanha Turquia Dia: 78 Dia: 60

Irã Dia: 82

0

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100000

D1 D7 D13 D19 D25 D31 D37 D43 D49 D55 D61 D67 D

Total de óbitos

Dias após o 50°óbito

Estados Unidos Reino Unido Itália França Espanha Brasil Bélgica Alemanha Irã Canadá

Estados Unidos Dia: 65

Bélgica Dia: 56

Brasil Dia: 54

Espanha Dia: 66

França Dia: 67

Alemanha Dia: 58

Itália Dia: 77

Irã Dia: 78

Reino Unido Dia: 63

Canadá Dia: 50

Giovanny Vinícius Araújo de França e colaboradores

aos demais países, exceto Rússia (dia 63) e Turquia

(dia 60). Em relação às curvas de óbitos acumulados

por dia após o 50° óbito, observa-se que o Brasil (dia

54) também está em uma fase anterior da pandemia

quando comparado aos demais países, exceto Canadá

(dia 50). Em ambos os gráficos, as curvas do Brasil se

comportam de forma diferente, exibindo aumentos

de casos e óbitos em fases diferentes da curva, em

comparação com os demais países (Figuras 1A e 1B).

No dia 26 de fevereiro, foi confirmado o primeiro

caso importado no Brasil, no estado de São Paulo: um

brasileiro do sexo masculino com 61 anos de idade,

vindo da Itália. No dia 22 de março, 25 dias após a

confirmação do primeiro caso da COVID-19 no Brasil,

todas as UFs já haviam notificado casos da doença. Pas-

sados 56 dias do milésimo registro, o número de casos

aumentou mais de 200 vezes, atingindo 233.142 casos

no final da SE 20. O primeiro óbito foi registrado no dia

17 de março, 20 dias após a confirmação do primeiro

caso, também no estado de São Paulo, e mais uma vez

se tratava de um homem idoso, com o diferencial de

que não havia realizado viagem internacional. O estado

do Tocantins foi o último a registrar sua primeira morte

pela doença, 29 dias após a confirmação do primeiro

óbito. Em 20 de março, o país decretou transmissão

comunitária em todo o território nacional (Figura 2).

Ao final da SE 20, o Brasil registrou 233.142 casos

e 15.633 óbitos. A região Norte apresentou as maiores

taxas de incidência (2.358,3/1 milhão) e mortalidade

(156,6/1 milhão). A taxa de incidência da região Norte

ultrapassou a da região Sudeste após a SE 16 (Figura

3A). Além dela, a região Nordeste encerrou a 20ª SE

com taxa de incidência acima da nacional. A região

Norte também apresentou as maiores taxas de mor-

talidade desde a 18ª SE, seguida das regiões Sudeste

e Nordeste, as quais apresentaram taxas superiores à

nacional (Figura 3B).

Entre as UFs, o Amazonas apresentou a maior taxa

de incidência (4.747,6/1 milhão), seguido de Amapá

(4.533,4/1 milhão) e Roraima (2.816,3/1 milhão). O

Amazonas também apresentou a maior taxa de mor-

talidade (331,8/1 milhão), seguido do Ceará (176,7/

milhão) e de Pernambuco (152,9/1 milhão). São Paulo,

embora tenha o maior número absoluto de casos e

óbitos confirmados, apresentou a 12a^ maior taxa de

incidência (1.332,4/1 milhão) e a 7ª maior taxa de

mortalidade (102,1/1 milhão) (Tabela 1).

Ao final da 20ª SE, 3.240 municípios (58,2% do total

de municípios brasileiros) apresentaram pelo menos

um caso confirmado de COVID-19, sendo que a região

Norte apresentou o maior percentual de municípios

afetados (75,1% dos 450 municípios da região). Entre

as UFs, os maiores percentuais foram registrados no

Amazonas (96,8% dos 60 municípios), Rio de Janeiro

(96,7% dos 92 municípios) e Pará (95,8% dos 144

municípios). Com relação aos óbitos, 1.216 municípios

(21,8% do total de municípios brasileiros) apresenta-

ram pelo menos um óbito, com o maior percentual

presente na região Norte (39,3% dos 450 municípios).

Os maiores percentuais entre as UFs foram registrados

por Amapá (75%), Amazonas (71%) e Rio de Janeiro

(63%) (Tabela 1).

Ao compararmos as curvas das UFs brasileiras com

maior número de casos acumulados após o 50° caso,

observou-se que Amazonas (dia 53), Pernambuco

(dia 51), Espírito Santo (dia 50), Maranhão (dia 46)

e Pará (dia 44) estavam em uma fase da epidemia

anterior quando comparados com os estados de São

Paulo (dia 65), Rio de Janeiro (dia 59), Ceará (dia 58),

Santa Catarina (dia 57) e Bahia (dia 55). Em relação

às curvas de óbitos acumulados por dia após o 50°

óbito, observa-se que Maranhão (dia 27), Bahia (dia

25), Pará (dia 24), Espírito Santo (dia 21) e Alagoas

(dia 16) encontravam-se em uma fase anterior quando

comparados com os estados de São Paulo (dia 53), Rio

de Janeiro (dia 43), Ceará (dia 38), Pernambuco (dia

38) e Amazonas (dia 37) (Figuras 4A e 4B).

Discussão

Até a SE 20 de 2020, o Brasil se encontrava em uma

etapa anterior no curso da epidemia da COVID-19,

quando comparado aos demais países que apresen-

tavam os maiores números de casos confirmados da

doença. As medidas de mitigação serão decisivas para

que o país tenha uma evolução favorável da situação

epidemiológica, com desaceleração no incremento de

casos e óbitos.

Embora o Brasil tenha sido o primeiro país da

América do Sul a apresentar um caso confirmado de

COVID-19, este ocorreu várias semanas após a maio-

ria dos países do hemisfério Norte. 4,7,12^ Por exemplo,

considerando os dias a partir do 50° caso confirmado

ou óbito de cada país, o Brasil está 16 dias atrás dos

Giovanny Vinícius Araújo de França e colaboradores

Figura 3 – Taxas de incidência (A) e de mortalidade (B) por COVID-19 entre as semanas epidemiológicas 9 e 20

de 2020, Brasil e macrorregiões

continua

Tabela 1 – Indicadores da COVID-19, Brasil, macrorregiões e Unidades da Federação, até a Semana

Epidemiológica 20 de 2020

Região/Unidade da Federação Casos N^

Óbitos N

Taxa de incidên- cia a

Taxa de mortali- dade a

Número de dias após o pri- meiro caso

Número de dias após o pri- meiro óbito

Total de municí- pios N

Municípios com casos confirmados

Municípios com óbitos confirmados

N % N %

Norte 43.466 2.886 2.358,3 156,6 63 53 450 338 75,1 177 39,

Rondônia 1.919 69 1.079,8 38,8 58 47 52 34 65,4 9 17,

Acre 1.867 59 2.116,9 66,9 59 40 22 19 86,4 5 22,

Amazonas 19.677 1.375 4.747,6 331,8 63 53 62 60 96,8 44 71,

Roraima 1.706 49 2.816,3 80,9 56 43 15 15 100,0 6 40,

Pará 13.184 1.199 1.532,5 139,4 59 46 144 138 95,8 86 59,

Amapá 3.834 108 4.533,4 127,7 58 43 16 16 100,0 12 75,

Tocantins 1.279 27 813,2 17,2 59 32 139 56 40,3 15 10,

0,

500,

1000,

1500,

2000,

2500,

9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0

Coeficiente de incidência por 1 milhão de habitantes

Semana Epidemiológica

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil

0,

20,

40,

60,

80,

100,

120,

140,

160,

180,

9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0

Coeficiente de mortalidade por 1 milhão de habitantes

Semana Epidemiológica

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil

0,

500,

1000,

1500,

2000,

2500,

9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0

Coeficiente de incidência por 1 milhão de habitantes

Semana Epidemiológica

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil

0,

20,

40,

60,

80,

100,

120,

140,

160,

180,

9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0

Coeficiente de mortalidade por 1 milhão de habitantes

Semana Epidemiológica

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil

A.

B.

COVID-19 no Brasil até a semana Epidemiológica 20 de 2020

continuação

Estados Unidos em relação aos casos e 11 dias em

relação aos óbitos. Essa é uma métrica que tem sido

utilizada para permitir uma comparação mais fidedigna

da situação da pandemia em cada país, considerando-se o

estágio em que cada um se encontra.

O Brasil também tem uma extensão territorial bem

maior que países como Espanha, Itália, França, Alemanha

e Reino Unido, o que dificulta ainda mais as comparações,

pois a dimensão territorial tem influência direta sobre a

dispersão da doença. Somente no dia 22 de março, quase

um mês após a primeira confirmação no estado de São

Paulo, Roraima confirmou seu primeiro caso de COVID-19,

sendo o último estado brasileiro a confirmar a circulação

do SARS-CoV-2.

Nordeste 78.069 4.521 1.367,9 79,2 72 53 1.794 1.223 68,2 476 26,

Maranhão 11.592 524 1.638,4 74,1 57 48 217 183 84,3 49 22,

Piauí 2.085 65 637,0 19,9 58 50 224 105 46,9 28 12,

Ceará 23.795 1.614 2.605,7 176,7 61 52 184 175 95,1 109 59, Rio Grande do Norte 3.004^136 856,6^ 38,8^65 49 167 110 65,9^35 21, Paraíba 4.063 183 1.011,2 45,5 59 46 223 135 60,5 35 15,

Pernambuco 18.488 1.461 1.934,5 152,9 66 53 185 161 87,0 109 58,

Alagoas 3.593 199 1.076,6 59,6 70 47 102 82 80,4 39 38,

Sergipe 3.135 53 1.363,8 23,1 63 45 75 63 84,0 25 33,

Bahia 8.314 286 559,0 19,2 72 49 417 209 50,1 47 11,

Sudeste 93.853 7.723 1.062,0 87,4 81 61 1.668 936 56,1 372 22,

Minas Gerais 4.474 150 211,3 7,1 70 48 853 317 37,2 71 8,

Espírito Santo 6.595 271 1.641,1 67,4 72 45 78 70 89,7 31 39,

Rio de Janeiro 21.601 2.614 1.251,1 151,4 73 59 92 89 96,7 58 63,

São Paulo 61.183 4.688 1.332,4 102,1 81 61 645 460 71,3 212 32,

Sul 10.615 336 354,1 11,2 68 53 1.191 566 47,5 142 11,

Paraná 2.242 123 196,1 10,8 66 51 399 176 44,1 46 11,

Santa Catarina 4.678 81 652,9 11,3 65 52 295 167 56,6 40 13,

Rio Grande do Sul 3.695 132 324,8 11,6 68 53 497 223 44,9 56 11,

Centro-Oeste 7.139 167 438,1 10,2 71 52 467 177 37,9 49 10,

Mato Grosso do Sul 508 15 182,8 5,4 62 47 79 36 45,6 7 8,

Mato Grosso 851 27 244,2 7,7 58 44 141 58 41,1 14 9,

Goiás 1.640 69 233,7 9,8 65 52 246 82 33,3 27 11,

Distrito Federal 4.140 56 1.373,0 18,6 71 49 1 1 100,0 1 100,

Brasil 233.142 15.633 1.109,4 74,4 81 61 5.570 3.240 58,2 1.216 21,

a) Taxas por 1 milhão de habitantes, calculadas considerando-se a projeção do Tribunal de Contas da União (TCU), 2019.

Tabela 1 – Indicadores da COVID-19, Brasil, macrorregiões e Unidades da Federação, até a Semana

Epidemiológica 20 de 2020

Região/Unidade da Federação Casos N^

Óbitos N

Taxa de incidên- cia a

Taxa de mortali- dade a

Número de dias após o pri- meiro caso

Número de dias após o pri- meiro óbito

Total de municí- pios N

Municípios com casos confirmados

Municípios com óbitos confirmados

N % N %

COVID-19 no Brasil até a semana Epidemiológica 20 de 2020

O maior número absoluto de casos confirmados foi

concentrado na região Sudeste, contudo a região Norte

do país apresentou a maior taxa de incidência da doen-

ça até a SE 20. Nesta região, houve registros de diversos

empecilhos de adesão, por parte da população, para o

isolamento social recomendado pelas autoridades de

saúde. 22 Outro motivo que pode explicar esse resul-

tado é que a rede hospitalar da região Norte é menor

quando comparada com as das outras regiões do país,

possuindo o menor número de leitos, que em longo

prazo é incapaz de responder à demanda, tanto no setor

público quanto no privado.^23 O estado do Amazonas,

que apresentou as maiores taxas de incidência e de

mortalidade, reportou colapso no sistema de saúde e

crise no sistema funerário.24,

Em relação ao percentual de municípios com

casos de COVID-19 em cada UF, chama atenção o es-

tado do Rio de Janeiro, com 89 dos 92 municípios do

estado afetados. Trata-se de um estado com extensão

territorial pequena, com extensa malha rodoviária

e grande circulação de pessoas, o que permite que

uma expressiva quantidade de indivíduos atravesse

o estado em poucas horas. Essa elevada dispersão de

pessoas levou as autoridades de saúde a adotarem

medidas mais restritivas, impedindo a circulação

de indivíduos entre os municípios e em 11 bairros

da capital. 26,

As curvas de casos e óbitos das dez UFs com os

maiores números de casos, a partir do 50° caso ou

50° óbito, mostram que o estado de São Paulo se

encontra em um estágio mais avançado da epidemia

se comparado às demais UFs. É importante que se-

jam avaliados os efeitos das medidas aplicadas pelo

estado no combate à epidemia, considerando-se que

essa experiência acumulada pode balizar decisões

a serem tomadas pelas demais UFs, sem deixar de

considerar, contudo, que o efeito de medidas to-

madas tem relação direta com características dessa

localidade. Informações como a estrutura etária da

população, o percentual de pessoas em situação de

vulnerabilidade, a mobilidade da população e o aces-

so aos serviços de saúde são fatores que devem ser

levados em conta para a tomada de decisões locais.

Algumas limitações devem ser consideradas na

interpretação dos dados apresentados neste estudo.

A subnotificação de casos e óbitos, tanto no mundo,

quanto no Brasil, implica subestimativa dos indica-

dores calculados. Na maioria dos países, como no

Brasil, ainda não foi possível estimar a magnitude da

subnotificação e o seu impacto sobre as estimativas

apresentadas. Contudo, há uma série de iniciativas

em curso no país para modelar essa subnotificação,

com base em premissas bastante robustas. Além

disso, espera-se que estudos de soroprevalência

que estão em curso no Brasil possam fornecer es-

timativas confiáveis da população já infectada pelo

SARS-CoV-2.

As mudanças na definição de caso para notificação

e confirmação da COVID-19 no Brasil também podem

ter afetado a captação dos casos suspeitos e, consequen-

temente, a classificação final dos casos. Estudos que

permitam conhecer a sensibilidade e a especificidade

dessas definições ao longo do tempo são necessários,

dado que permitiriam uma correção das estimativas

e uma maior compreensão sobre a real situação da

epidemia no país.

As populações de 2019 utilizadas para o cálculo das

taxas são estimativas projetadas a partir dos censos

de 2000 e 2010, e podem sofrer alterações após a

realização do próximo censo. Dado que o Censo De-

mográfico de 2020 foi adiado e que as estimativas da

população referentes ao ano de 2020 ainda não foram

disponibilizadas pelo IBGE, é importante ressaltar

que as taxas de incidência e mortalidade podem estar

superestimadas, considerando-se que se espera um

aumento anual da população residente, devido ao

crescimento populacional.

Não foi possível padronizar as taxas de incidência

e mortalidade, uma vez que a distribuição dos casos

e óbitos por faixa etária e sexo no Brasil não está

disponível publicamente, impossibilitando aplicação

do método direto. Além disso, não se tem uma população

de referência para padronização das taxas indiretamente.

Reforçamos que as taxas de incidência são influenciadas

diretamente pelas estratégias de testagem adotadas em cada

país e UF, enquanto as taxas de mortalidade e de letalidade

até agora disponíveis apresentam variações importantes

entre países. Assim, a adoção de um país como referência,

de forma arbitrária, poderia enviesar as taxas reais e levar a

uma interpretação equivocada das estimativas.

Finalmente, os resultados aqui apresentados mostram

que o Brasil está em uma fase anterior da epidemia quando

comparado aos demais países do mundo, porém com taxas

de incidência e mortalidade altas quando se observam suas

subdivisões macrorregionais e estaduais. Novos estudos

serão necessários para monitorar o comportamento da

Giovanny Vinícius Araújo de França e colaboradores

doença no território nacional em longo prazo, além da cria-

ção e execução de planos emergenciais para municípios que

ainda não registraram casos e óbitos. As características locais,

sociais e demográficas devem ser levadas em consideração

nas estratégias de resposta à epidemia, uma vez que o país

possui uma população grande, distribuída de forma não

homogênea no território, com diferenças culturais e geográ-

ficas que podem influenciar na adesão às intervenções não

farmacológicas, além de ostentar marcantes desigualdades

sociais e no acesso aos serviços de saúde.

Contribuições dos autores

JRC e ACCS contribuíram igualmente em todas as

etapas do estudo. JMB e APL contribuíram na análise e

interpretação dos dados e revisão crítica do manuscrito.

EMM e WKO contribuíram com revisões do manuscrito.

GVAF participou da concepção do estudo e orientou em

todas as etapas de escrita e revisão. Todos os autores

leram e aprovaram a versão final do artigo.

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COVID-19 no Brasil até a semana Epidemiológica 20 de 2020

Abstract

Objective: to describe the evolution of COVID-19 in Brazil

up until epidemiological week 20 of 2020. Methods: this is

an ecological study based on data and official documents

from the Brazilian Ministry of Health and international

organizations; comparisons were made between Brazil

and other countries and incidence and mortality rates

were calculated. Results: by the end of epidemiological

week 20, 233,142 cases, and 15,633 deaths had been

confirmed for Brazil as a whole and 3,240 (58.2%) of the

country’s municipalities had reported at least one case;

Brazil was at an earlier phase of the pandemic when

compared to other countries, except Russia and Turkey,

regarding cumulative cases, and except Canada regarding

cumulative deaths; the highest rates were found in Brazil’s

Northern Region states, where Amazonas state had the

highest incidence rates s(4,474.6/1,000,000) and mortality

rates (331.8/1,000,000). Conclusion: Brazil is one of the

countries with the highest number of confirmed cases and

deaths, with marked regional differences.

Keywords: Coronavirus Infections; Pandemics; Public

Health Surveillance; Epidemiology; Brazil.

Resumen

Objetivos: describir la evolución de COVID-19 en

Brasil hasta la Semana Epidemiológica (SE) 20 de 2020.

Métodos: estudio ecológico basado en datos y documentos

del Ministerio de Salud Brasileño y organismos internacio-

nales; se hicieron comparaciones entre Brasil y otros países

y fueran calculadas las tasas de incidencia y mortalidad.

Resultados: al final de la SE 20, en el país había 233.

casos, 15.633 muertes confirmadas y 3.240 (58.2%) de los

municipios tenían al menos un caso; Brasil se encuentra

en una fase anterior de la pandemia en comparación

con otros países, excepto Rusia y Turquía, para los casos

acumulados y Canadá, en muertes acumuladas; las tasas

más altas se encontraron en las Unidades Federativas

en la Región Norte, con Amazonas con las tasas de

incidencia más altas (4.474.6/1.000.000) y mortalidad

(331.8/1.000.000). Conclusión: Brasil es uno de los países

con el mayor número de casos y muertes, con notables

diferencias regionales.

Palabras clave: Infecciones por Coronavirus; Pande-

mias; Vigilancia en Salud Pública; Epidemiología; Brasil.

Recebido em 03/06/ Aprovado em 01/07/

Editora associada: Luciana Guerra Gallo - - orcid.org/0000-0001-8344-