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Uma síntese da literatura recente sobre as atividades de ciência, tecnologia e inovação (ct&i) em empresas brasileiras e norte-americanas. Baseado em estudos de caso e entrevistas com pesquisadores e representantes de empresas, o texto destaca tendências empresariais atuais em estratégia tecnológica, especialmente aqueles relacionados à sua formulação e práticas adotadas. Além disso, oferece informações e orientações gerais para empresas cuja fonte de inovação vem principalmente das atividades de pesquisa e desenvolvimento (p&d).
O que você vai aprender
Tipologia: Esquemas
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Brasília, 2016 VER SÃOPRE LIM IN AR VE RS ÃO PRE LIMINAR VERSÃO PRELIMINAR
Brasília, 2016 VER SÃOPRE LIM IN AR VE RS ÃO PRE LIMINAR VERSÃO PRELIMINAR
4 DESTAQUES DA INOVAÇÃO Prospecção e estratégia tecnológica, avaliação de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e modelos de gestão da inovação podem não ser temas novos, mas certamente adquiriram maior relevância na última década. Essas ferramentas são capazes de organizar o grande volume de dados e informações disponíveis e mobilizar equipes detentoras de conhecimentos específicos, focadas no desenvolvimento e na adaptação de tecnologias e nos métodos de apresentação, análise e gestão de informações. Dessa forma, constituem-se em elementos determinantes para o sucesso de empresas e países no acirrado ambiente competitivo global. Este trabalho procura fazer uma síntese da literatura recente sobre os temas indicados, apontando alguns caminhos para o fortalecimento das atividades de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no País, a partir de estudos de caso e de entrevistas, realizadas com pesquisadores e representantes de empresas no Brasil e nos Estados Unidos. Para tanto, estrutura-se em sete capítulos, além desta introdução. No segundo capítulo, descrevem-se os principais métodos de prospecção tecnológica disponíveis e identificam-se as práticas mais utilizadas pelas empresas entrevistadas (Anexo) nos dois países. No terceiro, apresentam-se algumas importantes tendências empresariais contemporâneas em estra- tégia tecnológica, destacando-se os aspectos relacionados à sua formulação e às práticas adotadas pelas empresas que responderam às questões formuladas nas entrevistas. O quarto capítulo, por sua vez, busca sistematizar conceitos, critérios e métodos de avaliação de projetos de P&D, enquanto o quinto discute as principais tendências da gestão de inovação, trazen- do ambos, mais uma vez, informações extraídas das entrevistas realizadas no Brasil e nos Estados Unidos. Em linha com esses capítulos centrais, que detalham práticas e técnicas de prospecção, estratégias tecnológicas, avaliação de projetos de P&D e gestão da inovação, o sexto capítulo constitui-se em uma seção especial, destinada ao estudo do venture capital. O sétimo capítulo, por fim, indica algu- mas possíveis ações para as empresas brasileiras avançarem no sentido de melhorar seu desempe- nho e o ambiente de inovação no país. Ao longo do documento, sistematizam-se informações acerca da estrutura e das formas de atuação de algumas empresas de referência, que se constituíram em estudos de casos selecionados das estratégias de inovação e melhores práticas identificadas.
MELHORES PRÁTICAS EMPRESARIAIS PARA INOVAR 5 Constituindo-se em rica fonte de consulta para empresas, associações empresariais, governos, ins- tituições públicas, universidades, centros de pesquisa e demais unidades de produção de conheci- mento, este trabalho contribui para o fortalecimento do sistema nacional de CT&I. Em especial, reúne informações e orientações de ordem geral para empresas cuja fonte de inovação vem essencialmente das atividades de P&D e que pretendem: a. conceber estratégias para enfrentar os desafios do planejamento tecnológico; b. estruturar métodos para seleção, priorização e avaliação de projetos de P&D; c. definir critérios claros e transparentes para a tomada de decisões relativas à inovação; d. fortalecer canais de comunicação institucionais e ambientes de diálogo sobre o tema; e. utilizar ferramentas capazes de organizar informações sobre tendências de mercado, ambiente de inovação e oportunidade de negócios (data mining, análise de texto e inteligência artificial, por exemplo); f. criar grupos internos e “antenas tecnológicas” externas, para o monitoramento de mercados, tecnologias, patentes e publicações; g. empreender esforços de internacionalização, associados ao mapeamento de tendências mun- diais e ao intercâmbio de profissionais; h. constituir conselhos científicos e painéis de especialistas, com o objetivo de subsidiar decisões tecnológicas estratégicas; i. investir na criação de fundos de investimento para aquisição de empresas de base tecnológica e startups, com o propósito de viabilizar o acesso a novas tecnologias, reduzindo custos de P&D e diversificando riscos; j. constituir plataformas de gestão de inovação, a partir de parcerias público-privadas, com vistas a sistematizar informações capazes de embasar o processo de decisões; k. participar de programas de capital de risco, para ampliar as possibilidades de investimento em startups de base tecnológica no Brasil; e l. fortalecer articulações com universidades e centros de pesquisa, com o objetivo de desenhar propostas de políticas públicas e sugestões de estratégias empresariais. Embora esses sejam caminhos identificados e testados internacionalmente, o Brasil não tem acom- panhado as novas tendências no ritmo desejado e necessário, apesar do lançamento de programas e ações focadas no fomento à inovação e no desenvolvimento tecnológico na última década. Prospec- tar novas tecnologias, estabelecer estratégicas tecnológicas, avaliar e gerir processos de inovação são esforços que demandam estreita parceria entre os setores público e privado, assim como meto- dologias e modelos adequados para cada uma das finalidades colocadas. De fato, decisões de longo prazo, que envolvem riscos tecnológicos elevados, apresentam maiores níveis de acerto quando respaldadas por análises conjuntas consistentes de governos e empresas. Com a publicação deste trabalho, a MEI pretende contribuir para a disseminação de boas práticas e o avanço da inovação no Brasil.
MELHORES PRÁTICAS EMPRESARIAIS PARA INOVAR 7 como Firat, Woon e Madinick (2008), pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), fizeram uma revisão do estado da arte da prospecção tecnológica e mapearam os principais méto- dos utilizados, evidenciando que as empresas precisam desses instrumentos no seu planejamento estratégico, especialmente para priorizar suas atividades de P&D, planejar o desenvolvimento de novos produtos e tomar decisões acerca do licenciamento de tecnologias e da assinatura de acordos de cooperação. Diversos estudos indicam que o setor público também utiliza técnicas de prospecção tecnológica para formar redes de conhecimento e construir consensos na comunidade científica e tecnológica. O Technology Futures Analysis Methods Working Group, do MIT, classifica os métodos de análise sobre o futuro da tecnologia em seis diferentes categorias: a. monitoramento tecnológico; b. inteligência técnica e competitiva; c. previsão tecnológica; d. roadmapping; e. avaliação de impacto; e f. prospec- ção tecnológica (Firat et al., 2008). Embora esses métodos apresentem muitas características em co- mum, a tendência geral é separar os esforços de avaliação dos trabalhos de prospecção tecnológica. Utilizando dados das publicações da Web of Science, Porter (2007) evidenciou que o número de arti- gos publicados sobre a análise do futuro da tecnologia dobrou na segunda metade dos anos 2000, o que demonstra que a discussão acerca do tema tem ganhado relevância.^1 As principais tendências mundiais na área de prospecção tecnológica apontam para a combinação de conhecimento tecnológico específico e métodos quantitativos, capazes de mobilizar um grande conjunto de informação de forma estruturada e sistemática. Baseado em opiniões de pesquisadores com larga experiência na área, Rohrbeck e Gemünden (2011) ressaltaram que as melhores práticas de prospecção tecnológica associam a experiência acadêmica com a aplicação de instrumentos e métodos apropriados, que empregam conhecimentos tecnoló- gicos específicos para lidar com as diversas fontes de informação disponíveis. De fato, a aplicação de métodos quantitativos a informações tecnológicas específicas constitui-se em um grande desafio, conforme argumentam Haegeman et al. (2013) em estudo sobre a prospecção realizada por várias empresas e governos.
As empresas que procuram desenvolver atividades de prospecção tecnológica buscam, essencial- mente, encontrar a melhor alocação de recursos para suas atividades de inovação. Os principais mé- todos disponíveis estão indicados no Quadro 1, apresentado a seguir. 1 O autor listou 11 journals com dez ou mais publicações contendo análises sobre o futuro da tecnologia: Technological Forecasting & Social Change; International Journal of Technology Management; Futures; Research Technology Management; American Chemical Soci- ety; Technovation; Journal of Cleaner Production; Journal of Forecasting; R&D Management; Solid State Technology; e Technology Analysis & Strategic Management.
8 DESTAQUES DA INOVAÇÃO Quadro 1: Principais métodos de prospecção tecnológica GRUPO MÉTODOS ESPECÍFICOS Análise de tendência Técnicas de regressão Curvas S Opinião de especialistas Delphi / Web Delphi Painel de especialistas Técnicas de cenários Cenários exploratórios Cenários desejados ou normativos Métodos computacionais e ferramentas analíticas Árvores de relevância e modelos de decisão não estruturados Cientometria, bibliometria, data mining e text mining Análise de patentes Modelos de criatividade Análise morfológica Análise de impacto Brainstorming Focus group Metáforas e analogias Ficção científica Fonte: CNI, com base em Porter et al. (1991); Skumanich e Silbernagel (1997); Coates et al. (2001); Gordon et al. (2003); e Firat, Woon e Madinick (2008). Construído com base em indicações disponíveis na literatura e em práticas empresariais identifica- das, o quadro agrega os métodos específicos em cinco grandes grupos: a. análise de tendência; b. opinião de especialistas; c. cenários; d. métodos computacionais e ferramentas analíticas; e f. mode- los de criatividade.^2 A opção por um determinado método é condicionada pelas especificidades de cada situação e pode levar em conta o tempo disponível para a análise, a amplitude do projeto e as especificidades da tecnologia em questão. Em algumas ocasiões, múltiplas técnicas são adotadas simultaneamente. Em certos casos, combinam-se métodos qualitativos e quantitativos ao longo do processo de prospec- ção tecnológica. Não existe, a priori, um método superior a outro, mas podem-se identificar aqueles que mais se ajustam à realidade da empresa e às especificidades da tecnologia analisada. Para ampa- rar escolhas dessa natureza, serão descritos, a seguir, os grupos e os principais métodos específicos, indicados no Quadro 1. 2 A agregação proposta é ad hoc e possíveis alternativas poderiam ser sugeridas. Uma análise baseada nos trabalhos de Coates et al. (2001) e de Firat, Woon e Madinick (2008), por exemplo, poderia levar à proposição de nove grupos principais: i) análise de tendên- cias; ii) opinião de especialistas; iii) cenários; iv) métodos estatísticos; v) modelagem e simulação; vi) métodos de monitoramento e inteligência; vii) valoração/decisão/métodos econômicos; viii) métodos descritivos e matriciais; e ix) criatividade. A tipologia adota- da, contudo, simplifica a análise das alternativas e contempla, nos métodos específicos, a maior parte do conteúdo de uma tipologia mais detalhada.
10 DESTAQUES DA INOVAÇÃO de especialistas, refinadas em um processo iterativo, até que se alcance consenso interdisciplinar e correspondente à redução do viés individual. As características básicas desse procedimento – como o anonimato dos especialistas, a iteração com feedback controlado e respostas estatísticas do grupo, que reduzem a pressão do participante na direção da conformidade – evitam a dispersão das respostas individuais e facilitam o consenso. Embora não existam fórmulas prontas para a execução do Delphi, verifica-se, na prática, que é essen- cial a estruturação de uma boa amostra de especialistas. A ferramenta Web Delphi tem sido utilizada para prospecção de futuro e é indicada para situações de mudanças estruturais, inexistência de da- dos históricos ou horizontes de tempo muito longos. Por vezes, a análise SWOT (acrônimo em inglês para “forças, fraquezas, ameaças e oportunidades”) tem sido empregada de forma explícita como fer- ramenta básica para identificar as condições dos ambientes externos e internos e auxiliar a seleção dos tópicos a serem examinados no método Delphi. Os painéis de especialistas possuem a vantagem de permitir uma grande interação entre os partici- pantes e de garantir uma representatividade mais equilibrada entre todos os segmentos interessa- dos na prospecção tecnológica: empresas, academia, terceiro setor e governo. Esses procedimentos têm sido amplamente utilizados para identificar tecnologias críticas, pois po- dem ser usados com um conjunto de critérios, por meio dos quais a importância ou a criticidade de uma tecnologia pode ser avaliada. Em muitos casos, a opinião de especialistas também pode ser obtida por meios de surveys, com per- guntas abertas (permitindo ao respondente maior flexibilidade nas respostas), entrevistas pessoais ou em comitês, seminários, conferências e workshops, que reúnam os envolvidos no mesmo lugar ao mesmo tempo.
Outro grupo de procedimentos utilizado na prospecção tecnológica é a técnica de cenários, que consiste, segundo Ringland (2010), em traçar cenários futuros que envolvem a descrição de eventos geralmente múltiplos. Os cenários podem ser classificados como: a. exploratórios, quando buscam analisar possíveis futuros alternativos, com base em tendências passadas e presentes, segundo sua natureza ou probabilidade; e b. desejados ou normativos, quando são a expressão do futuro baseada nas vontades e expectativas. Nos últimos anos, a técnica de cenários tem sido bastante aplicada, sendo geralmente combinada com outros procedimentos. Um exemplo é o trabalho de Steler et al. (2015), que, além de propor um novo procedimento que alia os cenários à bibliometria, mapeia vários trabalhos recentes, que com- binam técnicas nessa mesma direção.
Os métodos computacionais e as ferramentas analíticas têm em comum a utilização de softwares como base para modelagem e simulações, apropriando-se de grandes quantidades de dados dispo- níveis de forma eletrônica.
MELHORES PRÁTICAS EMPRESARIAIS PARA INOVAR 11 As técnicas de modelagem podem ser definidas como qualquer tipo de prospecção que usa algum tipo de equação para relacionar variáveis, enquanto um modelo é uma representação simplificada da estrutura e dinâmica de alguma parte do mundo real. No conjunto dos métodos computacionais e das ferramentas analíticas, há métodos específicos muito variados, com diferentes formas de apre- sentação, como árvores de relevância e modelos de decisão não estruturados, cientometria, biblio- metria, data mining, text mining e análise de patentes. As árvores de relevância (ou árvores de decisão) são utilizadas para analisar situações em que se po- dem identificar diferentes níveis de complexidade ou hierarquia. Cada nível inferior, sucessivamente, envolve uma distinção ou subdivisões mais elaboradas, de modo que a estrutura hierárquica do de- senvolvimento tecnológico é geralmente identificada nesse procedimento. As probabilidades de alcançar as metas e objetivos nos diferentes níveis de desenvolvimento tecno- lógico devem ser estimadas, podendo ser usadas para prever a probabilidade de alcançar as metas estabelecidas e os objetivos da tecnologia proposta. Modelos de decisão não estruturados, semelhantes à árvore de relevância, também são conhecidos como analytic hierarchy process (AHP). Embora tenham sido usualmente empregados para auxiliar os processos decisórios, esses métodos são utilizados também para fazer prospecção tecnológica e como parte da construção de cenários. Além desses modelos, métodos de impactos cruzados abran- gem uma família de técnicas para avaliar a influência de determinado evento sobre a ocorrência de outros eventos. Modelos estendidos conhecidos como Kane’s Simulation (KSIM) também são utiliza- dos para produzir simulação dinâmica. Uma categoria de procedimentos de prospecção tecnológica que tem adquirido relevância abrange os métodos cientometria, bibliometria, data mining e text mining. Cientometria e bibliometria são princípios que têm como função a contagem de publicações e cita- ções, sendo geralmente utilizadas para medir a produtividade científica e identificar redes de coo- peração em ciência e tecnologia. A cientometria tem como foco encontrar ferramentas que identi- fiquem as áreas da ciência que podem ser exploradas comercialmente. Suas principais ferramentas são derivadas da bibliometria e envolvem medidas relacionadas à publicação de trabalhos científi- cos. Normalmente, o trabalho é feito com base na opinião de especialistas, havendo poucos métodos objetivos ou quantitativos para complementá-lo. Esses princípios são empregados na prospecção tecnológica, em conjunto com sistemas computa- cionais de data e text mining, pois permitem “garimpar” informações estratégicas em grandes bancos de dados. Data mining é o processo voltado para descobrir novas correlações, padrões e tendências significativas, “garimpando” grandes bases de dados e utilizando ferramentas de reconhecimento de padrões, assim como técnicas estatísticas e matemáticas. Essas técnicas geram melhores resultados quando associadas a opiniões de especialistas na interpre- tação dos resultados. Utilizando a combinação de tecnologia da informação (TI), análise estatística, técnicas de modelagem e tecnologia de base de dados, o data mining identifica relações e padrões entre os dados e infere regras que permitem predizer resultados futuros. Dessa forma, tendências tecnológicas podem ser identificadas por meio de processos de minera- ção de dados. Ao tempo em que pode extrair informações importantes de um texto, identificando padrões de interesse, o text mining filtra o conhecimento necessário e dá suporte à identificação de
MELHORES PRÁTICAS EMPRESARIAIS PARA INOVAR 13
O uso dos métodos descritos ao longo desta seção requer certas precauções para evitar falhas asso- ciadas à sua aplicação de maneira incorreta. No conjunto dessas falhas, destacam-se:
14 DESTAQUES DA INOVAÇÃO
A área de pesquisa da IBM é composta por cerca de três mil pesquisadores de diversas esferas do conhecimento, trabalhando em doze laboratórios ao redor do mundo, sen- do três nos EUA e um em cada um dos seguintes países: Brasil, Irlanda, Suíça, Quênia, Israel, Índia, China, Japão e Austrália. No que diz respeito à prospecção tecnológica, talvez a empresa seja um dos exemplos mais completos em termos da variedade de atividades desenvolvidas. A habilidade de antecipar tendências tecnológicas e de mercado tem sido um dos principais ati- vos da companhia, o que corrobora, em grande medida, sua capacidade de promover mudanças significativas nos últimos 20 anos, tais como: a. de uma empresa de har- dware para uma empresa de serviços de informação; e b. de produtos individuais para soluções e serviços integrados, entre outros produtos. A excelência em prospecção é um exemplo de boas práticas, construídas para que a companhia pudesse liderar o mercado (MOCKER; KAGAN; ROSS, 2014). Os esforços de prospecção da IBM são sistemáticos, fazendo parte da rotina institucio- nal da empresa. Além do envolvimento de um grande número de funcionários nessas atividades, existem colaboradores especialmente dedicados à prospecção de novas tendências tecnológicas e de mercado, como a equipe responsável pela elaboração do Global Technology Outlook, descrito a seguir, e o grupo do Institute for Business Value, braço de consultoria estratégica, voltado para a análise de tendências e para o apoio às atividades de prospecção realizadas internamente. A IBM também utiliza ferramentas sofisticadas de análise de dados, muitas das quais disponibilizadas no mercado para atender à demanda de clientes em suas atividades de análise e de prospecção. Na verdade, o fato de ser uma empresa especializada em serviços de informação talvez torne a IBM mais propensa a utilizar internamente os seus próprios produtos e ferramentas de análise de tendências e mineração de dados. Outras práticas adotadas são as consultas a especialistas e a prospecção/monitora- mento do ambiente por meio da participação em feiras e congressos e da mobilização de sua rede de relacionamento com universidades, institutos de pesquisa e outras instituições. Entre as atividades, programas e relatórios rotineiros, com a finalidade de prospectar tecnologias e oportunidades de negócios, destacam-se os itens discutidos a seguir.
ESTUDO DE CASO I
16 DESTAQUES DA INOVAÇÃO Institute for Business Value (IBV) Em agosto de 2001, a IBM comprou pequena empresa de consultoria estratégica se- diada em Cambridge (EUA). Essa aquisição, agregada às competências internas na análise de impacto das tecnologias sobre os negócios, possibilitou a criação do IBV, consultoria voltada para prospecção e estratégia. Considerando a aplicação de ferra- mentas e metodologias para realizar prospecção tecnológica, pode-se afirmar que as atividades que o IBV realiza têm características afinadas com o que a literatura classifi- ca como as melhores práticas nessa área:
MELHORES PRÁTICAS EMPRESARIAIS PARA INOVAR 17 áreas científicas relacionadas com essas tecnologias ocupa lugar central no processo de competição, uma vez que o sucesso da estratégia de inovação depende da identificação precoce de mudanças tecnológicas que se iniciam. Do ponto de vista do ambiente externo, as atividades de prospecção se justificam, haja vista que as empresas não desejam ser surpreendidas por situações que alterem de forma negativa sua posição no mercado. Assim, a prospecção tecnológica cumpre o papel de acompanhar tendências e apontar riscos potenciais, aprimorando a compreensão do contexto sociocultural do mercado e da evolução das tecnológicas emergentes. A atividade de prospecção também tem sido útil para orientar estra- tégias de abertura de empresas em outros mercados, facilitando a transferência de tecnologias já dominadas. Como regra geral, a prospecção tecnológica procura: a. oferecer inteligência, provendo informações e alertas sobre o desenvolvimento tecnológico futuro; b. definir cenários e estabelecer diretrizes e estratégias; c. determinar prioridades para as linhas de P&D, bem como estimar o dispêndio corres- pondente de recursos; e d. estimular sinergias no processo de inovação, apontando possibilidades de parcerias. A atividade de prospecção pode ser compartilhada pelos setores público e privado, uma vez que a evolução tecnológica envolve falhas de mercado. Segundo Kozlowski (2004), as primeiras atividades de prospecção foram realizadas pelos governos do Japão e dos Estados Unidos. No início dos anos 2000, pouco mais de duas dezenas de países já utilizavam técnicas de prospecção tecnológica de forma sistemática. Alguns dos cientistas e pesquisadores entrevistados para este trabalho avaliam que o Estado bra- sileiro, ainda que de forma incipiente, tem buscado avançar na área de prospecção tecnológica, na medida em que criou um Conselho de Ciência e Tecnologia vinculado à Presidência de República e organizou as Conferências Nacionais de Ciência e Tecnologia. Nos países que se posicionam na fronteira do desenvolvimento científico e tecnológico, a prospec- ção pública tem desempenhado papel relevante na definição das estratégias tecnológicas das em- presas, direcionando suas decisões de investimentos. O êxito da prospecção tecnológica tem sido vinculado, nesses países, à proximidade do centro de- cisório governamental, a horizontes temporais – não inferiores a dez ou quinze anos – e a procedi- mentos técnicos bem estabelecidos e, por vezes, padronizados. Considerando essas características, é possível afirmar que o governo brasileiro não tem realizado prospecção tecnológica – ao menos da maneira como os países líderes realizam. Assim, tanto na esfera pública quanto na privada – e tam- bém considerando as possiblidades de interação entre ambas – o Brasil tem muito a avançar. O questionário aplicado neste trabalho abrangeu questões relativas aos métodos de prospecção tecnológica utilizados pelas empresas brasileiras, às vantagens e desvantagens do emprego de cada uma dessas metodologias e às bases de dados utilizadas para a prospecção tecnológica. Nos quadros 2, 3 e 4, apresentados a seguir, sistematizam-se os resultados obtidos. Em linhas gerais, os pontos de maior destaque são:
MELHORES PRÁTICAS EMPRESARIAIS PARA INOVAR 19 decisões de inovação e a estratégia global da companhia, muito embora se reconheça que um relativo afastamento do trabalho cotidiano possa impulsionar ambientes mais criativos. A existência de um conselho científico mostra-se eficiente quando sua composição inclui es- pecialistas das áreas científicas que dão suporte à inovação na empresa, sobretudo por evitar efeitos endógenos vinculados às redes de contatos já estabelecidas pela equipe de trabalho interna. Conselhos científicos formados por especialistas não científicos, por outro lado, não aparentam ser as melhores alternativas quando o tema é prospecção tecnológica.
20 DESTAQUES DA INOVAÇÃO cios, que geralmente fica a cargo de uma unidade específica. Essa unidade, no caso de em- presas que atuam em setores maduros, parece constituir-se em sua grande fonte de inovação.