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Este documento discute as macrófitas aquáticas flutuantes e sua capacidade de purificar água poluída por nutrientes. O texto aborda as espécies mais estudadas no brasil, como o aguapé, alface da água, salvínia e lentilha da água. Além disso, o documento discute as condições ambientais que afetam o crescimento e desenvolvimento de macrófitas em reservatórios artificiais, e as vantagens de utilizar essas plantas para melhorar a qualidade de águas de abastecimento público. O objetivo é analisar as características de macrófitas aquáticas flutuantes e sua importância na purificação de água.
Tipologia: Notas de estudo
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Em muitas cidades brasileiras, o abastecimento público de água depende, total ou parcialmente, da água armazenada em lagos naturais ou artificiais. A morfometria destes corpos de água, muitas vezes pode se caracterizar como favorável à eutrofização devido a aspectos como reduzida profundidade média ou grande tempo de residência da água no reservatório. Além disso, as bacias contribuintes, muitas vezes apresentam intensa ocupação agrícola e urbana, determinando o ingresso de grande quantidade de nutrientes, que pode se refletir no intenso desenvolvimento de fitoplâncton ou de macrófitas aquáticas.
As fontes de poluição que atingem estas massas de água são provenientes de fertilizantes e agrotóxicos aplicados na agricultura, dejetos dos animais de criação, esgotos domésticos não tratados, as lixívias provenientes de depósitos de lixos e cargas de efluentes oriundas de indústrias.
As adições de nutrientes, através do lançamento de efluentes (rurais, domésticos ou industriais), ou por drenagem de áreas agrícolas, permite o aumento de substâncias (fosfato, amônio e nitrato, principalmente), que, em geral, são encontrados em baixas concentrações nos ambientes aquáticos (ESTEVES e BARBOSA, 1986).
As algas, em particular, podem causar graves problemas de odor e sabor na água de distribuição, dificultando o processo de tratamento, e com um risco potencial de surgimento de espécies que possam gerar compostos tóxicos na água. Em função dos problemas apresentados em muitos destes mananciais, a identificação das fontes de nutrientes que possam estar contribuindo na eutrofização, e a remediação da eutrofização, é de fundamental importância. Assim, o uso destas águas depende de medidas que garantam a manutenção da qualidade da água em níveis adequados.
Contudo admite-se que, se forem desenvolvidas medidas mitigadoras deste risco, haverá possibilidade de manutenção das atividades humanas de forma sustentável à montante dos pontos de captação de água para tratamento. Uma das possibilidades de reduzir a disponibilidade de nutrientes nestes corpos de água é a utilização de macrófitas aquáticas flutuantes, através da fitorremediação.
O objetivo geral deste capítulo é analisar aspectos das macrófitas aquáticas flutuantes, e sua capacidade na purificação da água poluída por nutrientes.
(^1) Engenheiro Agrônomo, Doutorando (Agronomia - Produção Vegetal/UFPR), Professor do DSEA/UFPR. Rua
dos Funcionários, 1540, CEP 80035-050, Curitiba (PR), e-mail: mrlima@ufpr.br (^2) Engenheiro Florestal, Doutor (Universidade de Freiburg - Alemanha), Professor Titular do DSEA/UFPR. Rua
dos Funcionários, 1540, CEP 80035-050, Curitiba (PR), e-mail: reissman@ufpr.br (^3) Acadêmica de Agronomia da UPFR. Bolsista CNPq.
10.2. CARACTERÍSTICAS DE ALGUMAS MACRÓFITAS AQUÁTICAS
FLUTUANTES
A importância das macrófitas aquáticas está amplamente discutida na literatura, sendo sua utilização como bioindicadoras da qualidade da água em ambientes lóticos e lênticos uma das mais relevantes (Pedralli citado por THOMAZ e BINI, 2003 ). Porém, para seu uso faz-se necessário ter conhecimento prévio das suas características, bem como das condições que limitam sua ocorrência e crescimento; da proliferação e manejo da espécie utilizada.
No Brasil as macrófitas aquáticas flutuantes mais estudadas são o aguapé (Eichornia crassipes), a alface ou repolho da água (Pistia stratiotes) e a salvínia (Salvinia molesta). Estas espécies são nativas e as mais reportadas causando problemas de crescimento excessivo em reservatórios (THOMAZ, 2002). Além destas espécies ainda são comuns a Eichornia azurea (aguapé), Azolla caroliniana (azola), Lemna minor (lentilha da água) e Spirodela polyrrhiza (lentilha da água) (KLEIN e AMARAL, 1988).
O aguapé é uma planta com raízes longas (até um metro), rizomas, estolões, pecíolos, folhas e inflorescências, podendo atingir uma altura variando desde alguns centímetros fora d’água, até um metro. É uma planta suculenta, composta por cerca de 950 g água/kg matéria fresca (MANFRINATO, 1991). A reprodução do aguapé pode ser vegetativa, ou por sementes, sendo que estas apresentam longevidade de até 15 anos (PEDRALLI, 1989).
Segundo GRECO e FREITAS (1996), em condições favoráveis, o aguapé pode duplicar sua massa em até duas semanas, portanto quando em situações ideais, dez dessas plantas podem cobrir um acre (0,405 hm^2 ) em apenas dez meses.
A velocidade de crescimento e reprodução do aguapé está diretamente relacionada à disponibilidade de nutrientes e às condições de temperatura e luminosidade do ambiente. Assim, os resultados obtidos em determinado ambiente não podem ser transferidos para outro automaticamente. O aguapé não suporta baixas temperaturas, mas rebrota rapidamente com o aumento da temperatura (PEDRALLI, 1989).
Segundo MUKUNO e VALIO (1985) os fatores que promovem o alongamento das folhas do aguapé são baixas intensidades luminosas, temperaturas do ar entre 26 e 30 0 C, fotoperíodos longos e alta densidade de plantas.
Em regiões onde ocorre pequena variação sazonal das características físicas e químicas da água e uniformidade climática, não deve ser constatado um padrão de variação da biomassa, como foi constatado em E. azurea (HENRY-SILVA e CAMARGO, 2003) e Salvinia molesta (RUBIM e CAMARGO, 2001) no litoral sul de São Paulo. No entanto, em condições climáticas e de composição da água variáveis ao longo do ano, o aguapé pode apresentar grandes diferenças em termos de produção de biomassa (LIMA et al., 2003a, 2003b).
A alface da água é uma planta com brotamento lateral de estolões que soltam regularmente, de espaço a espaço, raízes para baixo e folhas para cima. Possui folhas espiraladas com pecíolo curto; lâmina foliar obcordada, com tercido aerenquimatoso ao longo das nervuras paralelas na face interior (KLEIN e AMARAL, 1988). Esta espécie apresenta raízes fibrosas, porém mais curtas que o aguapé, com aproximadamente 20 a 30 cm de comprimento, em grande número (POLI et al., 1999). A reprodução de Pistia stratiotes é principalmente vegetativa. As plantas jovens priorizam o desenvolvimento de folhas, enquanto plantas adultas priorizam a produção de estolões. A reprodução sexual, embora ocorra, é menos eficiente (SILVA, 1981).
processo. Ação esta também denominada fitodepuração, que resulta em uma melhoria da qualidade da água enquanto as plantas se desenvolvem. Isto é relevante tanto ao uso agrícola deste recurso natural, como a irrigação das culturas ou o fornecimento aos animais de criação, quanto ao abastecimento público de água a casas e indústrias.
Um método que pode ser eficiente e tem baixo custo de implantação, é a utilização de plantas aquáticas e sua microbiota com o fim de remover, degradar ou isolar substâncias tóxicas do ambiente. A utilização de plantas aquáticas como “agente purificador” em hidroponia, justifica-se pela sua intensa absorção de nutrientes e pelo seu rápido crescimento, como também por oferecer facilidades de sua retirada das lagoas e ainda pelas amplas possibilidades de aproveitamento da biomassa colhida (GRANATO, 1995).
A espécie mais citada visando a fitodepuração de massas de água é o aguapé, porém o nível de poluição não pode ser excessivamente alto. Por outro lado sua população também regride quando as águas se tornam pouco poluídas. De qualquer forma, seu emprego requer técnicas de manejo no sentido de controlá-lo, pois apesar de ser considerado uma planta ornamental, é também visto como planta daninha (TOKI et al., 1994). Ao lado disso oferece muitas vantagens, como ser uma planta com elevada capacidade produtiva de biomassa, chegando a 22,17 g m-2^ de matéria seca, em estudos conduzidos no Brasil nos meses mais quentes do ano (GRECO, 1996). Na Índia, em ambiente poluído sua produção de biomassa num período de 10 meses foi de 40 kg ha-1^ contra apenas 17 kg ha-1^ em área não poluída (SRIWASTAVA et al., 1994). Isto significa que nutrientes absorvidos são convertidos em conteúdo exportável proporcionalmente à biomassa produzida.
Segundo algumas pesquisas, muitas das espécies utilizadas na fitodepuração melhoram a oxigenação das águas profundas, como é o caso de Lemma minor (COSSU et al., 2001). Segundo JEDICKE et al. (1989) o aguapé pode duplicar a concentração de oxigênio dissolvido na água, proveniente da fotossíntese das folhas e fluxo interno de gases.
No entanto, este efeito é dependente da morfologia da macrófita aquática. Em Eichornia crassipes o sistema lacunar é contínuo entre os órgãos aéreos e raízes, suportando a afirmação de que há transporte interno de gases das folhas às raízes, enquanto em P. stratiotes as lacunas estão ausentes no caule (BOEGER, 1997).
No caso dos recursos hídricos, vale citar uma experiência desenvolvida na Austrália com Phragmites australis, que pode se desenvolver em águas bastante rasas. Além disso, além de despoluir as águas também contribui com a oxigenação, e quando o nível de poluição atinge níveis muito altos sua população diminui, sugerindo que a mesma também pode ser utilizada como planta indicadora de águas impróprias (MASSACCI et al., 2001).
Outros sistemas, especialmente da Austrália, recomendam um conjunto de espécies submergentes, sugerindo que as mesmas são mais eficientes na remoção de N e P dos cursos de água (MARS et al., 1999). Neste caso em particular, recomendam que um sistema de tanques, aliando-se um conjunto de plantas é mais eficiente que sistemas de monoculturas para extrair e reciclar nutrientes, purificando a água.
As possibilidades de testar outras espécies, ou um conjunto de espécies mostra-se altamente promissor para a melhoria da qualidade de águas de abastecimento público, tendo em vista a grande diversidade de espécies nativas que ocorrem ao longo dos cursos d'água. O patrimônio biológico no Brasil, pode-se supor, deve ser altamente promissor para esta finalidade.
Outros estudos comprovam que algumas macrófitas possuem efeitos alelopáticos. Segundo FERREIRA e AQUILA (2000), foi encontrado que as folhas de aguapé (Eichhornia crassipes (Mart.) Solms.) tiveram efeito alelopático sobre invasora. O próprio aguapé mostrou ser um poderoso algicida
contra a alga verde Chlamydomonas reinhardtii. Também foi encontrado que Pistia stratiotes inibiu o crescimento de algas. Esta planta apresentava vários metabólitos secundários com alguma atividade alelopática, capazes de mostrar sinergismo no meio aquoso ao potencializar o efeito alelopático (GRECA et al., 1999). A presença de plantas aquáticas com potencial alelopático pode resultar em decréscimo do crescimento de algas ou outros organismos indesejados. Deve-se salientar que no meio aquático os aleloquímicos movimentam-se com muito maior velocidade do que no solo.
10.3.1. Capacidade das macrófitas aquáticas flutuantes na absorção de elementos químicos
Segundo GUERREIRO et al. (1999), TRIPATHI e SHUKLA (1991) e MANFRINATO (1991), as plantas aquáticas além de impedir o crescimento de algas permitem também a remoção de nitrogênio, fósforo, sólidos suspensos, carga orgânica e alcalinidade. Neste sentido, tem sido muito usado na China, para tratar esgoto doméstico e industrial (LI et al., 1995); e em Portugal, para descontaminar os lagos do Porto Urban de N e P (MOREIRA et al., 1999). Pertinente ainda a estes dois elementos, N e P, mostrou-se ainda altamente eficiente na Coréia (AHN et al., 1998), Índia (SRIVASTAVA et al., 1994); Japão (AOYAMA et al., 1993).
Fica evidente que o aguapé é uma planta utilizada em larga escala. No entanto, uma grande variedade de outras plantas podem ser utilizadas dependendo das circunstâncias. Um exemplo é a utilização do arroz irrigado, cana-de-açúcar, e inclusive, rabanete em diferentes sistemas de manejo no sentido de diminuir a carga de P na região dos "everglades" (IZUNO et al., 1995).
A capacidade extratora de nutrientes pelas macrófitas aquáticas flutuantes é muito influenciada pela concentração dos mesmos na água. Segundo BINI et al. (1999), em estudo realizado na represa de Itaipu, dentre diversas variáveis que poderiam afetar a distribuição de macrófitas aquáticas (principalmente Salvinia auriculata, Pistia stratiotes e Eichornia crassipes), o principal preditor era a concentração de nutrientes na água e sedimentos.
Embora macrófitas aquáticas flutuantes normalmente proliferem em ambientes com altas concentrações de nitrogênio e fósforo, as necessidades nutricionais das espécies podem ser bastante distintas (CAMARGO et al., 2003).
Ainda deve ser ressaltado que, em uma mesma concentração de nutrientes, as diferentes espécies de macrófitas aquáticas flutuantes apresentam diferenças em sua capacidade de absorção. Resultados de pesquisa conduzidos por BENASSI e CAMARGO (2000), em condição de baixas concentrações de fósforo e nitrogênio, indicam que S. molesta apresenta maior habilidade competitiva do que P. stratiotes, sendo que esta última inclusive reduziu a sua massa fresca total ao longo do estudo.
Quando se observa no aguapé raízes e parte aérea separadamente, nota-se diferença significativa para nitrogênio e potássio. Esta diferença se deve ao fato de que o aguapé acumula sódio e magnésio nos estômatos e raízes, e cálcio, potássio, fósforo e nitrogênio nas folhas (WOLVERTON e McDONALD, 1979).
Uma vantagem apresentada pelo aguapé, é que esta espécie também é capaz de absorver também metais pesados (WOLVERTON e MCDONALD, 1979). Este fato foi notado também por PERAZZA et al. (1981). Segundo LENZI et al. (1994) o aguapé poderia ser utilizado na descontaminação de águas poluídas com baixas concentrações de cromo (até 10 mg dm-3).
Uma característica que deve ser notada no caso do aguapé é que, em seu processo metabólico, esta espécie pode absorver alguns elementos poluidores da água, e os transforma em biomassa fresca, através da fotossíntese; a matéria tóxica que é retirada por ele, cerca de 95 a 98%, acumula-se no sistema radicular, preservando as folhas da contaminação (MANFRINATO, 1991). No entanto,
Devido às condições ambientais e uso atual, existem situações de eminente contaminação dos corpos de água na bacia do Rio Iraí, devido às atividades humanas existentes. Para minimizar este fato, principalmente no que concerne à poluição pelo aumento da concentração de nutrientes na água, foi estudado o cultivo de espécies que pudessem contribuir para reduzir este impacto.
Através do confinamento de espécies aquáticas em um sistema de tanques independentes entre si, mas ligados à fonte alimentadora de uma represa, foi testada a capacidade das espécies em absorver e incorporar em sua biomassa, os elementos da eutrofização. No caso, representados particularmente por N e P total.
Um estudo foi implantado na Estação Experimental Canguiri da UFPR, na bacia hidrográfica do Rio Canguiri. Cada unidade experimental era um tanque com volume de 500 dm^3 , recebendo água constantemente de uma fonte eutrofizada por atividades agropecuárias. Os tratamentos foram o cultivo de aguapé (Eichhornia crassipes), alface da água (Pistia stratiotes) e lentilha da água (Lemna minor). O delineamento foi em blocos ao acaso, com sete repetições (Figura 10.1).
Fig. 10.1. Vista do experimento de comparação de macrófitas aquáticas
O experimento de verão foi implantado em 10 de dezembro de 2002 e a colheita foi realizada no dia 06 de março de 2003 (LIMA et al., 2003a). O plantio do experimento de inverno foi realizado em 07 de maio, e a colheita em 25 de agosto de 2003 (LIMA et al., 2003b), sendo plantado 1 kg de matéria fresca em cada parcela.
O material vegetal foi separado em parte aérea e raízes (incluindo os estolões) no caso do aguapé e alface d’água. Nas amostras foi determinada a massa fresca, e após secagem a 60 0 C , a massa seca.
Amostras do material fresco foram lavadas em água deionizada , secas e moídas para determinação de macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo e potássio totais). O nitrogênio total foi determinado pelo método Kjeldahl descrito por HILDEBRAND (1977). O fósforo e o potássio na planta foram extraídos com HCl 3 mol dm-3^ a partir das cinzas (HILDEBRAND, 1977), sendo determinados pelas metodologias de JACKSON (1958) e PERKIN ELMER (1976), respectivamente. Antes de retirar as plantas dos tanques, também foram recolhidas amostras da água a 10 e a 30 cm de profundidade, sendo tomadas seis subamostras em cada tanque. Nestas amostras foram determinados o
nitrato (MIYAZAWA et al., 1985), o fósforo (MURPHY e RILEY, 1962) e o potássio (PERKIN ELMER, 1976) solúveis.
10.4.1. Experimento de verão
Os rendimentos de massa fresca e massa seca totais (Tabela 10.1) do aguapé foram superiores aos demais tratamentos, e a alface d’água foi superior à lentilha d’água. O aguapé também apresentou maior massa seca e fresca da parte aérea e radicular em relação à alface d’água (Tabela 10.2).
Tabela 10.1. Massa fresca total e massa seca total, em três espécies de macrófitas aquáticas, na Estação Experimental do Canguiri (Pinhais - PR).
Espécie
massa fresca total (g/parcela)
massa seca total (g/parcela)
Aguapé 4084 a 208,09 a Alface 1926 b 108,37 b
Lentilha 284 c 23,77 c CV % 20,97 19, Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de significância de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. C.V. = Coeficiente de variação.
Tabela 10.2. Massa da parte aérea e radicular e relação massa radicular/parte aérea, em duas espécies de macrófitas aquáticas, na Estação Experimental do Canguiri (Pinhais - PR).
Massa fresca parte aérea (g/parcela)
Massa fresca raízes (g/parcela)
Relação raízes/aérea (massa fresca)
Massa seca parte aérea (g/parcela)
Massa seca raízes (g/parcela)
Relação raízes/aérea (massa seca) AGUAPÉ 1484 a 2600 a 1,85 a 80,08 a 128,00 a 1,74 a ALFACE 667 b 1259 b 2,09 a 56,75 a 51,63 b 0,91 b C.V. % 25,25 28,54 22,83 24,39 27,26 19, Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de significância de 5% de probabilidade pelo teste F. C.V. = Coeficiente de variação.
A relação raízes/parte aérea da massa fresca do aguapé pode ser equiparada ao da alface d’água, não havendo diferença significativa entre as espécies.
A quantidade de massa seca da parte aérea (Tabela 10.2), não apresentou diferença significativa entre os tratamentos. Porém, o aguapé foi o que apresentou maior rendimento de massa seca de raízes (128,01 g/parcela em média) em relação à alface d’água (51,63 g/parcela), sendo significativa a diferença entre os tratamentos.
Observa-se que o aguapé apresenta maior relação massa seca de raízes/parte aérea, do que a alface d’água (Tabela 10.2). O aguapé é uma planta com raízes longas (até um metro), enquanto a alface d’água apresenta raízes mais curtas, com aproximadamente 20 a 30 cm de comprimento (MANFRINATO,1991; POLI et al., 1999), podendo estar aí o motivo para a superioridade do aguapé.
A grande diferença encontrada na massa fresca (4084 g/parcela) e na massa seca (208, g/parcela) deve-se ao fato do aguapé ser uma planta suculenta, composta por cerca de 950 g água/kg matéria fresca, segundo MANFRINATO (1991), que foi semelhante ao encontrado para o aguapé neste experimento (949 g água/kg matéria fresca, conforme a Tabela 10.1). Além do baixo conteúdo de matéria seca, outro inconveniente do aguapé é a necessidade do mesmo ser triturado e moído para o seu uso, pois apresenta grande volume após secagem. Estes processos seriam dispensados no caso da lentilha d’água, a qual, após a secagem, já está adequada ao uso no solo ou em rações, apesar de apresentar massa seca média de 23,77 g/parcela, quantidade bastante inferior ao do aguapé.
nitrogênio e fósforo. No entanto, neste experimento, o aguapé não foi superior nem à lentilha, nem à alface d’água em termos de remoção destes dois nutrientes, sobressaindo-se na absorção de potássio.
10.4.2. Experimento de inverno
O rendimento de massa seca total (Tabela 10.5) da alface d’água foi superior aos demais tratamentos. Este aspecto reflete situação contrária ao período de verão, quando o aguapé apresenta desenvolvimento superior à alface d’água e lentilha d’água (LIMA et al., 2003a).
A alface d’água também apresentou maior massa seca e fresca da parte aérea em relação ao aguapé (Tabela 10.6). Também pode ser observado na Tabela 10.6 que a alface d’água apresenta menor relação massa fresca aérea/radicular em comparação ao aguapé, evidenciando que o aguapé, embora tenha desenvolvido o sistema radicular, apresentou pequeno desenvolvimento da parte aérea no inverno. Este aspecto apresenta importância na cobertura na lâmina d’água, o que se refletiu na observação de maior quantidade de algas nas parcelas com aguapé. No período de verão o aguapé e a alface d’água apresentavam relação massa fresca da parte aérea/radicular semelhantes (LIMA et al., 2003a).
A quantidade de massa seca e fresca da parte radicular (Tabela 10.6), não apresentou diferença significativa entre o aguapé e a alface d’água. O aguapé é uma planta com raízes longas (até um metro), enquanto a alface d’água apresenta raízes mais curtas, com aproximadamente 20 a 30 cm de comprimento (MANFRINATO,1991; POLI et al., 1999), podendo estar aí o motivo para o aguapé ter se equiparado à alface d’água nestes atributos, apesar do menor desenvolvimento da parte aérea.
Tabela 10.5. Massa seca total, em três espécies de macrófitas aquáticas, no período de inverno em Pinhais (PR).
Espécie massa seca total (g/parcela) massa fresca total (g/parcela) Aguapé 99,7 b 1812 b Alface d’água 180,1 a 2630 a Lentilha d’água 90,9 b 824 c CV % 26,4 27, Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de significância de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. C.V. = Coeficiente de variação.
Tabela 10.6. Massa da parte aérea e radicular e relação massa radicular/parte aérea, em duas espécies de macrófitas aquáticas, no período de inverno, em Pinhais (PR).
Massa fresca parte aérea (g/parcela)
Massa fresca raízes (g/parcela)
Relação raízes/aérea (massa fresca)
Massa seca parte aérea (g/parcela)
Massa seca raízes (g/parcela)
AGUAPÉ 625 b 1187 a 1,92 a 33,88 b 65,83 a ALFACE 1105 a 1525 a 1,35 b 97,93 a 82,08 a C.V. % 26,3 29,8 8,7 28,1 29, Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de significância de 5% de probabilidade pelo teste F. C.V. = Coeficiente de variação.
Conforme discutido no capítulo 10.4.1. há uma grande diferença entre a massa fresca ( g/parcela) e na massa seca (99,7 g/parcela) do aguapé, conforme dados das Tabelas 10.5 e 10.6). Além do baixo conteúdo de matéria seca, outro inconveniente do aguapé é a necessidade do mesmo ser triturado e moído para alguns usos, pois apresenta grande volume após secagem. Estes processos seriam dispensados no caso da lentilha d’água, a qual, após a secagem, já está adequada ao uso no solo, como adubo orgânico.
A concentração de Ca e Mg foi semelhante na parte aérea do aguapé e da alface d’água (Tabela 10.7). Porém, quando se compara a parte aérea com a parte radicular destas mesmas espécies, se observa que há concentração de Ca e K na parte aérea, e Na e Mg na parte radicular. Esta diferença pode ser atribuída, em parte, ao fato do aguapé acumular sódio e magnésio nos estômatos e raízes, e cálcio, potássio, fósforo e nitrogênio nas folhas (WOLVERTON e MCDONALD, 1979).
A alface d’água apresenta maior capacidade de acumular Na e Mg no sistema radicular do que o aguapé. No entanto, o aguapé apresenta maior concentração de K nas raízes em comparação com a alface d’água (Tabela 07).
Tabela 10.7. Concentração de alguns elementos químicos na massa seca em três espécies de macrófitas aquáticas, no período de inverno, em Pinhais (PR). Isto só pode ser conteúdo! Acho que tem algum erro ai. Espécie Ca K Na Mg ----------------------------------------g/kg---------------------------------------- Aguapé aérea 22,1a 40,3a 2,8d 3,3c Aguapé raízes 11,1b 24,7c 6,1b 6,8b Alface aérea 25,5a 29,4b 6,2b 3,7c Alface raízes 12,1b 20,2d 15,6a^ 10,0a Lentilha 10,7b 15,6e 4,5c 1,6d C.V. (%) 24,9 8,3 5,5 13, Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de significância de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey a 5%. C.V. = Coeficiente de variação.
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