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Notas de Aula:
Eletrônica Analógica e
Digital
- Materiais Semicondutores;
- Diodo Semicondutor.
Materiais Semicondutores Intrínsecos
- Existem vários tipos de materiais semicondutores. Os mais comuns e mais utilizados são o silício (Si) e o germânio (Ge).
- Este dois elementos caracterizam-se por serem tetravalentes , ou seja, por possuírem quatro elétrons na camada de valência, como mostra a Fig. abaixo.
Si
- Por serem tetravalentes, cada um de seus átomos pode realizar quatro ligações covalentes com outros quatro átomos, como mostra a Fig. ao lado. - Por uma questão de simplicidade e para que se possa compreender melhor as figuras, esses materiais serão representados como se tivessem ligações planas, como mostra a Fig. ao lado.
- Após um determinado tempo, observando-se novamente a estrutura deste semicondutor, pode-se constatar que aquele íon positivo “ andou ”, com mostra a Fig. abaixo.
- Como o íon pode ter mudado de posição se os átomos estão presos à estrutura do material semicondutor?
- Na verdade, não foi o íon que mudou de posição, mas um outro elétron que saiu do átomo de origem e ocupou a lacuna deixada pelo elétron anterior, completando aquela ligação, deixando, porém, outra ligação incompleta, ou seja, criando outro íon positivo.
- Portanto, a movimentação do íon positivo num sentido corresponde, na verdade, à movimentação do elétron no sentido contrário.
- Este movimento dos íons positivos pode ser entendido como um movimento de partículas positivas chamadas LACUNAS ( Buraco ).
- Portanto, cientificamente, o movimento dos elétrons (-) num sentido significa a mesma coisa que o movimento das lacunas (+) no sentido contrário.
- Este fenômeno ocorre sempre que existe a condução elétrica.
- Num material condutor submetido a um potencial elétrico, pelo fato dele possuir muitos elétrons livres, o movimento das lacunas é desprezível.
- Já, nos materiais semicondutores intrínsecos , como para cada elétron livre gerado tem-se uma lacuna correspondente, o movimento destas não pode ser desconsiderado e, portanto, quando um semicondutor é submetido a um potencial elétrico, tanto na condução dos elétrons num sentido quanto a das lacunas no sentido contrário são importantes. Pólo Positivo Pólo^ Negativo Elétrons Lacunas
- Como os elétrons livres são cargas elétricas negativas, este semicondutor é chamado de tipo N.
- De maneira análoga, se as impurezas acrescentadas são de átomos de um material trivalente ( 3 elétrons na camada de valência) como, por exemplo, o alumínio (Al), o boro (B) e o gálio (Ga), as ligações covalentes formarão lacunas.
- Por isso, as impurezas trivalentes são chamadas de impurezas tipo P.
- Desta forma, o número de lacunas é maior que o número de elétrons livres, ou seja, neste semicondutor as lacunas são portadores majoritários e os elétrons livres são portadores minoritários.
- Como as lacunas podem ser consideradas cargas elétricas positivas, este semicondutor é chamado de tipo P.
- Os cristais semicondutores N ou P, por conterem impurezas, são também denominados semicondutores extrínsecos.
- A técnica de se acrescentar impurezas ao semicondutor para aumentar tanto o número de elétrons livres quanto o número de lacunas é chamada de dopagem e, por isso, a impureza também é chamada de dopante.
- No caso dos semicondutores III – V (GaAs e InP), não existe um processo de dopagem propriamente dito. Os semicondutores tipo N e P , no caso do GaAs, são obtidos através do aumento da dose de Ga (para tipo N ) e de As (para tipo P ).
- Como o processo de recombinação ocorre inicialmente na região próxima a junção (interface), um fenômeno interessante acontece: a formação de uma camada de depleção.
- Depleção: significa ausência de portadores majoritários na região próxima à junção PN.
- Mas como isso acontece?
- À medida que os átomos do material tipo P próximos a junção recebem os primeiros elétrons preenchendo suas lacunas, no lado N forma-se uma região de íons positivos (falta de elétrons) e, no lado P , uma região com íons negativos (excesso de elétrons), dificultando ainda mais a passagem de elétrons do material tipo N para o tipo P.
- Assim , a partir de um certo momento, este fluxo de elétrons cessa e esta região ionizada (camada de depleção) fica com ausência de elétrons e lacunas, que são os responsáveis pela corrente elétrica.
- Como a camada de depleção fica ionizada, cria-se uma diferença de potencial na junção chamada de barreira de potencial, cujo símbolo é Vγ.
- Esta diferença de potencial (barreira) Vγ, a 25 C é de aproximadamente 0 , 7 V para os diodos de silício e 0 , 3 V para os diodos de germânio.
- A Fig. abaixo mostra duas propriedades da junção PN.
- Com Vcc > Vγ, os elétrons do lado N ganham mais energia por que são repelidos pelo terminal negativo da fonte, rompem a barreira de potencial Vγ e são atraídos para o lado P, atravessando assim, a junção.
- No lado P, eles recombinam-se com as lacunas, tornando-se elétrons de valência, mas continuam deslocando-se de lacuna em lacuna, pois são atraídos pelo terminal positivo da fonte, formando-se uma corrente elétrica de alta intensidade (ID ou IF) , fazendo com que o diodo semicondutor se comporte como um condutor ou uma resistência direta RD muitíssimo pequena. POLARIZAÇÃO REVERSA:
- A polarização reversa ocorre quando o potencial negativo da fonte encontra-se ligado no lado P e o potencial positivo no lado N.
- Neste caso, os elétrons do lado N são atraídos para o terminal positivo e as lacunas para o terminal negativo da fonte. Com isso, forma-se mais íons positivos do lado N e íons negativos do lado P, aumentando, assim, a camada de depleção e, consequentemente, a barreira de potencial.
- A barreira de potencial aumenta até sua diferença de potencial se igualar à tensão da fonte de alimentação. Portanto, quanto maior a tensão da fonte, maior a barreira de potencial.
- Desta forma, os portadores majoritários de cada lado do diodo (lacunas no lado P e elétrons no lado N) não circulam pelo circuito.
- Por outro lado, existe uma corrente muito pequena formada pelos portadores minoritários (elétrons no lado P e lacunas no lado N), muitos deles criados continuamente pela energia térmica a temperatura ambiente.
- Esta pequena corrente elétrica é chamada de corrente reversa (IR) estando limitada aos portadores minoritários, ou seja, ela não aumenta proporcionalmente à tensão reversa aplicada ao diodo, sendo considerada desprezível na grande maioria dos casos. Assim, o diodo se comporta como se fosse um circuito aberto ou uma resistência reversa RR altíssima.
- Para facilitar a compreensão do funcionamento do diodo semicondutor, pode-se descrever graficamente o seu comportamento elétrico através da curva característica que mostra a corrente em função da tensão aplicada. Figura: Curva Característica do Diodo Semicondutor.
- Este gráfico mostra que para tensões negativas (polarização reversa) a corrente é praticamente nula , caracterizando uma resistência elétrica muito alta, sendo esta tensão limitada por VBr (Tensão de ruptura ou breakdown voltage ). Obs.: Nos manuais de fabricantes IDM = IFM.
- Para tensões positivas (polarização direta), até Vγ a corrente é baixa, mas acima de Vγ, ela passa a ser bastante alta, caracterizando uma resistência elétrica muito baixa sendo esta corrente elétrica limitada por IDM ou IFM.
- Esta curva também mostra que, como todo dispositivo elétrico e eletrônico, o diodo semicondutor tem determinadas características e limitações que são especificações dadas pelos fabricantes. Principais Especificações do Diodo Semicondutor
- Como a junção PN possui uma barreira de potencial natural (Vγ), na polarização direta só existe corrente elétrica se a tensão aplicada ao diodo:
V
D
≥ Vγ
- Na polarização direta, existe uma corrente máxima que o diodo pode conduzir (IDM ou IFM) e uma potência máxima de dissipação (PDM ou PFM), cuja relação é:
P
DM
=V
D
.I
DM 3 ) Na polarização reversa, existe uma tensão reversa máxima que pode ser aplicada ao diodo chamada de tensão de ruptura ou breakdown voltage (VBr). 4 ) Na polarização reversa, existe uma corrente muito pequena denominada corrente reversa (IR).
- O ponto Q pode ser obtido através da curva característica do diodo, na qual traça-se uma reta de carga.
- Para traçar a reta de carga, procede-se da seguinte forma:
- Determina-se a tensão de corte Vc (tensão no diodo quando ele está aberto);
V
c
= V
cc 2 ) Determina-se a corrente de saturação Is (corrente no diodo quando ele está em curto);
I
s
= V
cc
/R
L 3 ) Traça-se a reta de carga sobre a curva característica do diodo; 4 ) O ponto de quiescente (VD e ID) corresponde exatamente às coordenadas do ponto Q onde a reta de carga intercepta a curva característica do diodo. 5 ) Pode-se, também, calcular a potência de dissipação do diodo pela equação:
PD=VD.ID
Exemplo:
- Dada a curva característica de um diodo, mostrada na Fig.
- 15 , determinar o seu ponto quiescente e sua potência de dissipação, sabendo-se que ele está ligado em série com um resistor de 50 Ω e alimentado por uma fonte de 2 , 2 V.
- Resolução: Primeiramente, deve-se determinar a reta de carga: Traça-se agora a reta de carga sobre a curva característica do diodo, Fig. acima. Assim, o ponto quiescente resultante é: VD = 1 , 2 V e ID = 20 mA Finalmente, a potência dissipada pelo diodo vale: