Mastócitos, neuroinflamação e autismo
Os mastócitos são um tipo de células especializadas encontradas em vários tecidos do
corpo. Os mastócitos nascem na medula óssea junto com nossos glóbulos vermelhos e brancos.
Eles migram para locais nos tecidos próximos às áreas de interface entre o corpo e o mundo
exterior, onde podem monitorar ameaças percebidas. Eles residem em todo o corpo, nas
membranas mucosas, como o trato gastrointestinal e o trato respiratório, perto da superfície da
pele, perto dos vasos sanguíneos e perto das células nervosas, e no cérebro. Eles contêm
centenas de mensageiros químicos conhecidos como mediadores, incluindo histamina,
heparina, leucotrienos, serotonina e outros produtos químicos inflamatórios chamados citocinas
e quimiocinas. Quando seu corpo é exposto a uma infecção, uma toxina, um alérgeno ou
encontra algum outro gatilho, seus mastócitos virão em seu socorro. Eles informarão seu sistema
imunológico sobre o perigo. Os mastócitos sinalizam outros aspectos do sistema imunológico,
liberando seus mediadores em um processo denominado desgranulação. Este é um importante
mecanismo de proteção que ajuda a combater invasores e apoiar a recuperação de infecções,
alérgenos e toxinas. O envolvimento dos mastócitos na imunidade inata e adquirida, patologia
gastrointestinal, inflamação e aumento da permeabilidade intestinal podem explicar as
comorbidades observadas em TEA. Pacientes com mutações em genes de suscetibilidade ao TEA
e mastocitos hipersensíveis podem representam um subgrupo único que tem maior
probabilidade de responder às influências ambientais e estresse. Ativação de mastócitos
cerebrais por fatores alérgicos, ambientais, imunológicos, neuro-hormonais, estresse e
estímulos tóxicos, particularmente em domínios relacionados ao comportamento e à linguagem,
podem levar a alergias cerebrais focais e encefalite focal. O estresse pode piorar o quadro clínico
de pacientes com TEA, estimulando mastócitos, levando ao aumento da permeabilidade vascular
e neuroinflamação. Citocinas e moléculas-chave, marcadores de desgranulação mostraram estar
envolvidas no desenvolvimento do TEA. Compreender a relação entre autismo, a ativação e
regulação dos mastócitos, bem como as moléculas participantes e as interações entre elas são
os principais pontos que contribuem para resolver o enigma. São importantes para o
esclarecimento da patogênese do TEA e para a implementação de tratamentos futuros eficazes
para pacientes com TEA, fornecendo novas moléculas alvo terapêuticas.
FONTE: Kovacheva, E.; Gevezova, M.; Maes, M.; Sarafian, V. Mast Cells in Autism Spectrum
Disorder—The Enigma to Be Solved? Int. J. Mol. Sci. 2024, 25, 2651.
https://doi.org/10.3390/ijms25052651