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Um mapeamento cultural do município de são roque do canaã, no espírito santo, através de um estudo de casos e tradições locais. O documento reúne histórias, lendas e costumes da região, coletados através de entrevistas com moradores locais e alunos de escolas da região. O mapeamento cultural é um importante instrumento para a preservação da memória e identidade cultural de uma comunidade.
Tipologia: Esquemas
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“Porque não se vai sozinho ao encontro, não se vai nu, mas com toda a carga de memória que se tem, e das próprias experiências. (Eliana Yunes)
Folclore é o conjunto de tradições e manifestações populares constituído por lendas, mitos, provérbios, danças e costumes que são passados de geração em geração. O folclore simboliza a cultura popular e apresenta grande importância na identidade de um povo, de uma nação. Para não se perder a tradição folclórica, é importante que as manifestações culturais sejam transmitidas através das gerações. Com objetivo de potencializar a rede de iniciativas culturais do Município de São Roque do Canaã, através do resgate das tradições de sua cultura popular, bem como do incentivo na formação e expressão popular para moradores de nosso município pensamos em construir o presente trabalho, visando resgatar causos, contos e lendas regionais, no intuito de tornar visível a todos a riqueza de demonstrações culturais presente no município. Tais textos foram produzidos pelos alunos das Escolas Municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental “Darly Nerty Vervloet”, “Josephir Boschetti” e “Luiz Mônico”, após mapeamento e visitas às famílias das comunidades que as escolas atendem, para coleta de dados. Tal projeto teve seu primeiro mapeamento realizado em 2008, pela EMEIEF “Darly Nerty Vervloet”, um segundo mapeamento foi realizado em 2013 com os alunos da EMEIEF “Darly Nerty Vervloet” e também com as escolas “Josephir Boschetti” e “Luiz Mônico”, com intuito de obter mais dados e novas histórias. Durante o primeiro semestre do ano de 2014, os alunos realizaram a ilustração dos textos com os alunos, bem como a organização, digitação e edição dos mesmos, para que durante a semana do folclore, pudéssemos reproduzir esse material para todo o município de São Roque do Canaã.
Local: Córrego Santa Rosa; Área de abrangência: Reduto Familiar; Personagens envolvidos: Dona Anita, o marido e o cunhado; Autor (pesquisador): Alunos das séries finais do ano letivo de 2008; Ilustração: Mayke Oliveira Cremonini; Escola: EMEIEF “Darly Nerty Vervloet”. Antigamente, nós trabalhávamos muito e não tínhamos nem um capote e nem um chinelo. Colhia muito café que era levado no lombo de burros, até Santa Leopoldina. Gastava de 03 a 04 dias para chegar lá , quando voltava, vinha trazendo açúcar branco, porque nós fazíamos açúcar preto, mas gostávamos de ter o branco que era para receber as visitas no Domingo. Estes homens que levavam o café traziam também sal e carne seca. Algumas vezes, eles traziam macarrão de venda; mas o macarrão era mesmo feito em casa, o trigo era comprado em saco de 50 quilos, era usado para fazer a taiadela e também a merenda misturada no fubá que era moído no moinho de pedra, muitas vezes andavam horas com o saco de milho pra moer e trazer o fubá e também a canjiquinha. Por muitos anos o milho foi a base de nossa alimentação. Hoje se compra o arroz. Naquela época, o arroz era plantado no brejo e não dava para a despesa do ano, então entrava o milho mesmo. Mas pelo trabalho e apesar da dificuldade, sou feliz, minha alegria é a roça. A roça é meu lugar. Mesmo sendo analfabeta, por não ter tido oportunidade, Dona Anita conduz a pequena fazenda e a casa, pois seu marido e o cunhado que moram com ela já não conseguem
trabalhar como antigamente. A casa humilde necessita de reforma. Contudo recebe os familiares e visitas com muita alegria. A gratidão e a religiosidade são inerentes a essa gente sofrida, pois nos contou que quando iam se confessar e comungar tinham que estar de jejum absoluto, não bebia nem água e concluiu dizendo que agora já não precisa de tanto sacrifício. Apesar da força e beleza de sua história de vida, tudo se manteve restrito apenas ao meio familiar. “Para mim, a vida é muito simples e esse registro da minha história é bom para mostrar que com a vida simples, também se consegue ser feliz.” (Anita Mariani Montovani) Visão da criança/adolescente: A vida mudou muito, hoje tem carro, energia elétrica, e ninguém trabalha tanto. Agora temos tudo na mão, embora haja muita gente passando fome. Dados do entrevistado (relator da história) Nome completo: Anita Mariani Montovani; Como é conhecido: Dona Anita; Ocupação/Profissão: Lavradora; Onde Nasceu: Santa Rosa; Desde quando mora na localidade: Desde que nasceu; Idade: 78 anos; Sexo: Feminino; Raça/Etnia: Branco; Função que desempenha no causo: Narradora.
A vida do meu pai era muito dura, trabalhava na roça, algumas coisas ficavam para o nosso sustento e outras ele comercializava com outros vizinhos próximos, tínhamos também criações de animais, como porcos, galinhas, patos, marrecos, perus, gansos, algumas cabeças de gado e outros animais. Todo fim de tarde era uma festa no terreiro, minha mãe jogava milho e todos vinham correndo para comer. Meu pai tinha habilidade em castrar animais e sempre era chamado por vizinhos para realizar algum trabalho. No quintal de nossa casa, tinha um galo diferente dos outros, meu pai o chamava de galo capão, pois falava que tinha capado o galo. Eu ficava imaginando como que era capar um galo, como que meu pai tinha feito aquilo, mas meu pai insistia que o galo era capado. Ele falava que tinha feito pelas costas do galo e minha mãe tinha ensinado a ele como fazer um galo ficar capão. Depois que o galo estava capado, colocava-o debaixo de um balaio cheio de urtiga, para ele aprender a coçar o peito, e dava pimenta para ele comer. A pimenta ardia e ele chamava choco. Os ovos que as galinhas que colocavam na beira de casa eram colhidos e os ninhos que ficavam no mato, nós deixávamos para que fossem chocados. Dona Judithi fala de um fato bastante interessante em sua vida, o que era para ser uma solução virou um problema, pois todas as vezes que o galo achava um ninho no mato ele queria chocar. Várias vezes tínhamos que ver o que estava acontecendo. Ele era duro na queda, não deixava as galinhas, nem os ninhos sossegados. Ao ver que a galinha estava fazendo ninho, ele já ficava todo afoito, pois sabia que tinha ovo na história. Ficava na espreita de onde seria o ninho, quando estava cheio e pronto para chocar ele roubava. A pobre galinha voltava, e era aquele desespero, cacarejava, para todos os lados, fazia o maior escândalo no quintal, mas nada, quem ia tirar o galo do ninho
dela. Pois bem, as galinhas que cuidassem do ninho, ele achando descoberto era sinal de perigo! Roubava e adotava como se fosse dele. Com o tempo as galinhas ficaram mais espertas e quase não deixavam uma oportunidade para o capão. Como minha mãe tinha ensinado o galo a cuidar de qualquer tipo de ave, ele não queria nem saber, começou a roubar ninhos de todas as aves do terreiro. Pegava tudo! Até das gansas se vacilassem. E como elas eram ariscas, mas ninguém podia com a astúcia do galo capão. Era espoleta mesmo, gostava de tomar conta da situação. Você tinha que ver quando chegava gente em casa, o galo virava o capeta. Começava a cantar, levantava as asas, batia bastante, esfregava no chão e aí meu amigo tinha que correr, pois ele ia para cima como louco dando bicadas e bicadas. Todo dia cedo, ele nos acordava cantando, era maravilhoso, ele não errava a hora nunca, às 5 da manhã, estava ele lá cantando e batendo as asas, e logo depois começava tudo de novo, a maior confusão no lado de fora. Quantas vezes minha mamãe tinha que dar uma sacudida do pano no terreiro, para acalmar os bichos por causa do galo capão. Certa vez, ele conseguiu um ninho com 14 ovos, e lá ficou chocando, até espera de seus pintinhos nascerem, e por incrível que parece todos nasceram. Ele cuidava dos filhotes como se fossem dele. Parecia coisa de outro mundo, a família perfeita. Os outros bichos tinham muito receio quando ele estava próximo, pois era perigo constante. Certo dia, minha mãe acordou cedo, foi ao terreiro procurar uma galinha bem gorda para matar, mas já tinha começado o inferno novamente, agora com a pata. O galo capão e a pata estavam em uma briga violenta, era piado para um lado e piado para o outro, o galo cantava, voava em cima dela e pata fazia o mesmo, ambos batiam as asas e derrubavam coisas no chão do paiol velho, a pata piando alto e o galo não estava satisfeito continuava bicando a pata bastante, uma luta travada. Mamãe pegou um pano e saiu correndo para apartar a briga, ela tentado dar fim na confusão, saiu correndo sem ver, acabou cortando a veia da perna na cerca de arame. Começou a sangrar, parecia que tinha estourado, estava perdendo sangue. Ela pegou o pano que estava na mão e amarrou na perna, gritou por meu pai, ele veio alvoroçado, viu o que estava acontecendo, subiu no cavalo e galopou até
Dados do entrevistado (relator da história) Nome completo: Judithi Maria Pedroni Margon; Como é conhecido: Judithi; Ocupação/Profissão: Dona de casa; Onde Nasceu: São Jacinto; Desde quando mora na localidade: Desde os 02 anos de idade; Idade: 75 anos; Sexo: Feminino; Raça/Etnia: Branca; Função que desempenha no causo: Narradora.
Local: Córrego Santa Rosa; Área de abrangência: Santa Rosa, São Pedro e São Roque; Personagens envolvidos: O pai do Silvio Bonatto e o padre; Autor (pesquisador): Alunos das séries finais do ano letivo de 2008; Ilustração: Rariane Rattes; Escola: EMEIEF “Darly Nerty Vervloet”. O pai do Silvio Bonatto benzia marimbondo, podia chegar o maior enxame, se ele benzesse ia tudo embora. Ele benzia de tudo, bicheira, cobreiro, de susto, quebranto e mal olhado. Era um benzedor dos bons mesmo. Até que ele começou a ver o demônio pendurado no telhado de cabeça para baixo e deu muito trabalho para conseguir que ele tivesse sossego de novo. Eles tinham uma moringa de barro onde guardava água. À noite eles ouviam mexer na moringa, alguém pegava o copo de alumínio que ficava do lado da moringa e ficava batendo. Até que o padre foi na casa e descobriu que o velho rezava com o livro de São Cipriano, então o padre pegou o livro e o queimou, depois disso acabou a perturbação. O padre disse que a reza de São Cipriano era muito forte por isso essas coisas estavam acontecendo. Ainda existem pessoas que benzem em nossa região. Mas em muito pouco tempo, essa cultura tende a desaparecer, porque muitos benzedores morreram e não passaram este ofício para ninguém. Os casos mais procurados são dores na coluna, espinhela caída, quebranto, cobreiro, coceira... Atualmente os que
Local: Cabeceira do Militão; Área de abrangência: Todo Município; Personagens envolvidos: O homem assassinado e o capeta; Autor (pesquisador): Alunos das séries finais do ano letivo de 2008; Ilustração: Alunos das séries finais do ano letivo de 2008; Escola: EMEIEF “Darly Nerty Vervloet”. Na cabeceira do Militão há uma gruta extensa, que abrigou índios e algumas famílias no passado. Com sua beleza exuberante, ostentando pedra sobre pedra, com bromélias nas pontas, não deixa de conter certos mistérios, pois ao aproximar-se da gruta vizualiza–se ao longe outra pedra com o formato de uma santa – Nossa Senhora Aparecida e dizem que há duas pedras que mudam de lugar no decorrer do tempo. Sem nenhuma infraestrutura turística, esta gruta é muito alta e junto a ela tem a igrejinha de um lado e do outro uma enorme pedra. Três palmeiras marcam a entrada, no interior, a beleza surpreendente. Mas surpreendente mesmo é o que se vê logo abaixo dela. Uma pedra baixa rodeada de cactos e um pequeno córrego onde se encontra o formato de um pé afundado na lama e logo na beira uma cruz pequena desenhada na pedra. Contam que quando chove a pegada fica vermelha cor de sangue, por isso a chamam de pegada do capeta, ninguém sabe explicar o fenômeno, mas dizem que ali perto no alto das pedreiras mataram um homem e jogaram de pedra a baixo e o rastro pode ser para as pessoas não se esquecerem do fato.
“As canções, os relatos, os contos populares, pintam em poucas palavras o que a literatura se limita a amplificar e a disfarçar. ” (George Sand) Visão da criança/adolescente: A gruta é escura e isto causa medo e o resto é tudo invenção do povo para amedrontar os outros. As pedras vivem cobertas de serração é por isso que eles pensam que elas andam. Mistura de sensações. Dados do entrevistado (relator da história) Nome completo: Lucas Geremias; Como é conhecido: Geremias; Ocupação/Profissão: Agricultor; Onde Nasceu: cabeceira do Militão; Desde quando mora na localidade: Desde quando nasceu; Idade: 45 anos; Sexo: Masculino; Raça/Etnia: Pardo; Função que desempenha no causo: Narrador.
repente pelas estradas, mas Acássio temeroso não quis sair em respeito ao tempo de quaresma. Adalberto que era muito teimoso, e não gostava de ficar preso a esses fatos religiosos, então falou para seu amigo: “Hoje nem o saci me impede de cantar repente.” Pegou suas coisas e saiu pela estrada cantando, todos da família pediram que ele não fosse, mas quem tirava da cabeça de Adalberto, ele foi assim mesmo, ouvia sua voz e o som musical de longe, ele cantando pela estrada. Depois de algumas horas, ele começou a sentir algo estranho, pois estava ficando frio e ventando. Ele estava cantando, quando uma ventania muito forte e um redemoinho o jogaram em cima de um pé de árvore com o nome de Sapucaí, ali ele ficou pendurado e desacordado, quando acordou viu que já estava de dia e ele começou a gritar por socorro. Sua família preocupada já estava pensando no pior quando de longe ouviram os gritos desesperados de Adalberto que só conseguiu sair do pé de Sapucaí quando seu pai Augustinho Rogério o tirou de lá. Falam ainda que ele ficou pendurado por 3 dias no pé de sapucaia, mas nada se prova. Como não tinha energia, o imaginário era muito rico, nas horas de folga o que restava para essas pessoas era papear. “Brincar no quintal Pra renascer a criança Moleque levado Saci-Pererê... Que quer andar solto no mato, Mas vive trancado dentro de você. Sai correndo muito ligeiro,
Voa que nem passarinho... Pique esconde, pique ajuda, pique cola, pique tá, Não deixa ninguém te pegar... (Quintal - Bia Bedra) Visão da criança/adolescente: Isso pode ser verdade porque ninguém pode desafiar o saci. Este Adalberto devia ser sonâmbulo e subiu na tal árvore, depois não sabia descer. Dados do entrevistado (relator da história) Nome completo: Lucas Geremias; Como é conhecido: Geremias; Ocupação/Profissão: Agricultor; Onde Nasceu: cabeceira do Militão; Desde quando mora na localidade: Desde quando nasceu; Idade: 45 anos; Sexo: Masculino; Raça/Etnia: Pardo; Função que desempenha no causo: Narrador.