Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

MAPA DAS PATOLOGIAS DE DANOS, Trabalhos de Conservação e restauro

SLIDES SOBRE MAPA DE DANOS E COMO IDENTIFICAR AS PATOLGIAS EXISTENTES

Tipologia: Trabalhos

2024

Compartilhado em 30/03/2024

aline-fernanda-45
aline-fernanda-45 🇧🇷

3 documentos

1 / 23

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
CENTRODEESTUDOSAVANÇADOSDACONSERVAÇÃOINTEGRADA
Volume43
TEXTOSPARADISCUSSÃO
MapadeDanos
RecomendaçõesBásicas
JorgeEduardoLucenaTinoco
2009
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17

Pré-visualização parcial do texto

Baixe MAPA DAS PATOLOGIAS DE DANOS e outras Trabalhos em PDF para Conservação e restauro, somente na Docsity!

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA

Volume 43

T E X T O S P A R A D I S C U S S Ã O

Mapa de Danos

Recomendações Básicas

Jorge Eduardo Lucena Tinoco

TEXTO PARA DISCUSSÃO V. 43

SÉRIE 2 – GESTÃO DE RESTAURO

MAPA DE DANOS

RECOMENDAÇÕES BÁSICAS

Jorge Eduardo Lucena Tinoco

Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada

Olinda 2009

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

MAPA DE DANOS — RECOMENDAÇÕES BÁSICAS ♣

Jorge Eduardo Lucena Tinoco ♠

Resumo Este artigo apresenta as recomendações básicas para a elaboração de um Mapa de Danos de uma edificação de valor cultural. Explica como se conhecer o estado de conservação de uma edificação, partindo das conceituações, definições, vocabulário técnico e métodos de investigações específicos para estabelecer as diretrizes, normas, responsabilidades, obrigações e discriminação dos procedimentos técnicos para realização das Fichas de Identificação dos Danos – FIDs.

Palavras chave: mapa de danos, patologias da construção, estudo de patologias.

Introdução

As edificações de valor cultural que constituem o patrimônio construído sofrem degradações nos seus componentes e sistemas construtivos em decorrência dos mais diversos motivos. Com efeito, o tempo, o intemperismo, o uso com as interferências da ação humana e do meio alteram as propriedades físicas e químicas dos materiais, comprometendo o desempenho dos elementos construtivos e a funcionalidade da edificação.

As presentes Recomendações referem-se aos procedimentos básicos para se garantir a qualidade nas investigações sobre as patologias na edificação. Elas visam trazer aos profissionais arquitetos e engenheiros da área da conservação do patrimônio construído informações básicas sobre os estudos e procedimentos de documentação quanto ao estado de conservação das construções. As recomendações referem-se à elaboração do Mapa de Danos, e fazem parte de uma coletânea de instruções técnicas integrantes do Curso de Gestão de Restauro, aplicadas pelo CECI desde 2003.

♣ (^) Este artigo faz parte das recomendações básicas do Manual Prático de Manutenção,

Conservação e Restauro em Edificações de Valor Cultural, elaboradas dentro do Curso de Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural – Gestão Restauro (1ª e 2ª edições - 2003). ♠ (^) Jorge Eduardo Lucena Tinoco, arquiteto, especialista em conservação e restauro de

monumentos e conjuntos históricos, trabalha na área da preservação do patrimônio construído desde 1970. É o responsável técnico do CECI e coordenador do curso Gestão de Restauro/CECI..

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

As recomendações apresentadas são básicas, isto é, fundamentais para o profissional e técnico conservador elaborar um mapa de danos que reflita de maneira rigorosa o estado de conservação e as deteriorações de uma edificação. As recomendações visam estabelecer procedimentos de levantamento e interpretação de dados, bem como de elaboração de laudos e suas representações gráfico-fotográficas. Estabelecem ainda diretrizes, normas, responsabilidades, obrigações e discriminam procedimentos técnicos para realização do mapeamento dos danos. Têm por objetivo assegurar o conhecimento das degradações construtivas das edificações, para dar suporte às intervenções de conservação e restauro, ao levantamento de custos, às visitas de inspeções e aos serviços de inspeção e manutenção. É um instrumento para que se possa saber sobre a permanência dos indicadores materiais da autenticidade e da integridade da edificação no contexto da sua história.

1. Conhecimento das patologias

Inicialmente deve-se fazer uma distinção entre as palavras saber , conhecer e compreender^1. Embora essas palavras, em princípio, sejam correlatas e de entendimentos semelhantes é importante ao conservador empregá-las corretamente dentro da linguagem técnica dos estudos dos danos das edificações.

Observe-se que uma pessoa pode saber onde se localiza uma edificação desde que ela tenha o seu endereço completo – Rua da Aurora, n° 160, bairro da Boa Vista, cidade do Recife, Estado de Pernambuco. Entretanto, caso essa pessoa nunca tenha se deslocado à edificação, ela não a conhecerá. Sim, a pessoa pode saber dela através de desenhos, filmes e fotografias, mas tais representações restringem as realidades, não permitindo que sejam sentidas as temperaturas e cheiros dos espaços, que sejam percebidas as texturas dos elementos construtivos etc. etc... Para se conhecer uma edificação é necessária a experiência do lugar, o sentimento dos ambientes internos e externos, o toque nos elementos e materiais construtivos. Então, é da experiência e interação com a edificação, dos estudos in loco , que o conservador deixa de ser um mero observador, e passa além do sentir e do perceber para o compreender o edifício. É da vivência na edificação que se constrói o entendimento da mesma.

O entendimento sobre as patologias de uma edificação exige, portanto, o saber, o conhecer e o compreender, em todos os níveis, sobre as manifestações das degradações dos sistemas e componentes construtivos. Por níveis de conhecimento das patologias de uma edificação entendam-se os resultados das investigações nas bases, nos sistemas estruturais, nos componentes e nos elementos construtivos integrados e aplicados. Essas investigações devem garantir o entendimento sobre os tipos e propriedades do solo e das fundações. Os estudos nos sistemas estruturais devem levar ao entendimento da estabilidade da edificação sob o ponto de vista das resistências às cargas e aos esforços diretos e indiretos a que está submetida. Os exames nos componentes devem abranger a identificação dos tipos e características das estruturas, alvenarias, telhados, pisos, forros, revestimentos, esquadrias, ferragens etc.. Por fim, as investigações devem abranger os elementos construtivos integrados e aplicados, constituídos pelos vitrais, portais, painéis, entablamentos.

(^1) Para AURÉLIO essas palavras significam: saber – ter conhecimento, ciência, informação, conhecer; conhecer – ter noção, informação de, saber; compreender – alcançar com inteligência, perceber, entender. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda in “Novo Aurélio – Século XXI”, Editora Nova Fronteira, São Paulo, 1999.

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

A palavra patogenia também é usada na conservação dos edifícios e se refere ao modo como os agentes naturais e artificiais agridem os materiais, as técnicas, os sistemas e os componentes construtivos, e que fazem surgir ou acelerar as degradações. A patogênese tem a ver com a etiologia que trata do estudo das causas. Outros termos importantes do universo da saúde são anamnese e sintomatologia. A anamnese designa o procedimento pelo qual, em uma entrevista realizada por um profissional com um paciente, se constrói um diagnóstico de uma doença. No âmbito do patrimônio construído é o processo de observação na linha do tempo da edificação para compreensão das “doenças”, ou seja, dos danos, das deteriorações. A sintomatologia refere-se aos exames e estudos para o conhecimento dos sintomas, das manifestações que indicam os estados doentios, de decadência e falência dos órgãos. Na área da conservação trata-se do processo de identificação dos efeitos produzidos pelos agentes patogênicos. A sintomatologia está intimamente ligada à etiologia correspondendo ao estudo da causa de cada doença 3. Em principio, a etiologia está relacionada com a patogênese, mas não deve ser confundida com esta. Isto porque, hermeneuticamente, a patogênese centra-se na identificação da natureza e origem pelos quais as doenças surgem e se desenvolvem, enquanto que a etiologia centra-se apenas nos agentes causais de doença.

O especialista conservador - na produção de laudos e confecção de mapa de danos, resultantes de vistorias, inspeções ou perícias - deve fazer uso de um vocabulário objetivo e claro, que seja apropriado ao entendimento e avaliação de um determinado estado de conservação. Recomenda-se, portanto, que os termos empregados sejam convenientemente analisados para bem expressar o conhecimento, traduzindo as investigações e impressões do técnico especialista, resultado da sua expertise. No anexo 1, são listados alguns dos principais vocábulos empregados para designar as manifestações ou sintomas de danos, bem como as correspondentes definições sobre o que eles expressam. A escolha da palavra certa para expressar um dano é importante. Portanto, deve-se ter muita atenção para transmitir corretamente o estado de conservação do edifício e a degradação dos materiais e componentes construtivos.

1.2 Métodos de investigação dos danos

As investigações para se saber sobre o estado de conservação de uma edificação podem ser feitas utilizando-se três métodos:

Direto Indireto Misto No método direto realizam-se as explorações pelo contato e manipulação direta sobre a edificação objeto de estudo. Quase sempre a melhor maneira é a elaboração de esboços e desenhos à mão-livre. Isto porque o processo de anamnese com o edifício requer o contato do especialista com o objeto, ou seja, o toque, o sentir, o ver através dos “olhos das mãos” e não somente pelas lentes câmeras fotográficas. O método direto utiliza também ações de fragmentação ou destruição de parte dos elementos com manifestações de danos. As ações destrutivas, mais ou menos

(^3) Idem.

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

intensas, garantem o mais amplo e imediato conhecimento sobre o objeto investigado, pois, em princípio, dá acesso imediato ao conhecimento das causas e origens das deteriorações.

A utilização do método direto, com ações invasivas e destrutivas, deve se revestir de grande cautela em razão de perdas nos elementos construtivos que muitas vezes são indicadores da autenticidade de uma edificação. Desde a década de 1990, com a promulgação da Carta de Lausanne 4 os estudos mais avançados na área da investigação sobre uma edificação de valor cultural se valem do método indireto e, em casos excepcionais, do método misto com invasões restritivas. As técnicas destrutivas ficaram anacrônicas a partir da evolução dos conceitos de intervenções mínimas e, principalmente, da apropriação pelos restauradores das tecnologias de última geração em equipamentos, ferramentas e procedimentos.

No método indireto as investigações se realizam de maneira analítica a partir da interpretação dos mais diversos tipos de documentos escritos, gráficos, iconográficos, testemunhos orais, emprego de tecnologias e instrumentos especiais... Trata-se de ações de características não-destrutivas, baseadas em interpretação de dados que fundamentam hipóteses e conclusões. Também aqui a elaboração de esboços e desenhos à mão-livre permite criar associações com os estudos na documentação, num processo semelhante ao mnemônico, ou seja, de facilidade e ajuda à memória. A questão da aplicação do método indireto de investigação é colocada inclusive sob o ponto de vista da ética pela responsabilidade de se garantir para o futuro as possibilidades de melhor compreensão sobre o objeto de estudo – o conhecimento deve ser construído e não requer destruição 5.

No método misto a investigação se vale dos recursos e tecnologias não- destrutivas para garantir a mínima invasão destrutiva nos elementos construtivos. Nesse método busca-se o equilíbrio entre as necessidades de aprofundamento das investigações e as capacidades de investimentos em tecnologias avançadas. Devem- se aplicar ações exploratórias invasivas, minimalistas, só pertinentes quando assegurados os recursos para realização do empreendimento como um todo.

Seja qual for o método adotado pelo especialista conservador as investigações sobre os danos de uma edificação de valor cultural exige uma abordagem interdisciplinar ampla de expertises que possam produzir o conhecimento com entendimento.

1.3 Procedimentos para investigação dos danos

Existem duas fontes de referências que indicam os procedimentos mais adequados para se realizar investigações com a finalidade de conhecer as alterações estruturais e funcionais nos elementos construtivos. A primeira é resultado de um

(^4) Encontro do International Council on Monuments and Sites – ICOMOS e do International Committee on Archaeological Heritage Management – ICAHM, em 1990, em Lausanne/Suíça (^5) BOATO Anna e PITTALUGA, Daniela in “Building Archaeology: A Non-Destructive Archaeology”. Comunicação apresentada na 15ª Conferência Mundial de Testes Não-Destrutivos, realizado entre 15- 21/ Outubro/2000, em Roma (Itália). http://www.ndt.net/article/wcndt00/papers/idn365/idn365.htm (último acesso em 3/jun/2007).

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

Nas investigações sobre o estado de conservação de uma edificação devem-se levar em consideração três etapas básicas de estudo: levantamento das informações , análise dos danos e a definição da conduta.

1 o^ O levantamento de informações refere-se ao conhecimento sobre o comportamento dos materiais, técnicas e sistemas construtivos e dos fenômenos oriundos das suas interações com o meio ambiente. Para o caso recomendam-se realizar: (a) vistoria no local, (b) levantamentos de dados históricos sobre a edificação e sobre os problemas surgidos – annamese, (c) ensaios e estudos laboratoriais complementares. a) A vistoria na edificação objeto de estudo é uma inspeção com o propósito procurar indícios e sintomas da ocorrência de algum fenômeno prejudicial ao bom desempenho dos componentes construtivos da edificação. A vistoria deve chegar a uma conclusão objetiva. Portanto, sugere-se que na vistoria à edificação sejam verificadas: (1) a existência e gravidade dos danos; (2) a extensão e o alcance dos problemas; (3) as características físico-químicas dos materiais e dos danos; (4) registro dos resultados da visita.

  1. A determinação da existência e da gravidade dos danos normalmente é feita por expertise, através de uma comparação entre o comportamento padrão do componente construtivo e o desempenho encontrado. Na maioria das situações, os danos num edifício apresentam-se à vista o que torna imediata a constatação dos problemas. Entretanto, há situações em que os danos não são visíveis, mas sensíveis como é o caso do conforto térmico de determinados espaços e ambientes.
  2. O conhecimento da extensão e do alcance dos danos é necessário para se saber se são localizados (pontuais) ou generalizados. Isto vai acarretar nas dimensões e tempo das investigações, particularmente quando se tratar de grandes e complexos edifícios. Seja como for, as investigações in loco podem não ser suficientes, exigindo do profissional saber mais sobre a circunvizinhança, inclusive no âmbito da topografia, vegetação, geomorfologia. Barros (1997) sugere que se comecem as investigações pela parte superior do edifício, pela cobertura, descendo ao pavimento térreo e indo ao subsolo, se for o caso. Sugere ainda que cada ambiente vistoriado siga um planejamento prévio a partir de anotações em cópias das plantas da edificação ou, na falta destas, em esboços gerais. Por fim, Barros sugere que vistoriados os ambientes internos, sejam observados os externos, inclusive a vizinhança e que sejam verificados dados gerais de clima e tempo, e a existência e nível de lençol freático, bem como outros dados que sejam significativas a elucidação dos problemas.
  3. A caracterização das propriedades físico-químicas dos materiais e dos danos será função direta dos instrumentos disponíveis na vistoria. Segundo Lichtenstein, os cinco sentidos são instrumentos essenciais no âmbito da expertise profissional, porque apresentam a realidade sem intermediação. Este pode parecer um posicionamento um tanto romântico nos dias atuais

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

da tecnologia digital, porém uns e outros têm seus campos de atuação e limitações, sendo indispensável ao profissional o equilíbrio no uso e leitura de ambos. Pode-se listar uma série equipamentos básicos para o exame da grande maioria dos danos numa edificação: Nível d’água; fio de prumo, réguas e escalas, hidrômetro elétrico, psicrômetro 9 , termômetro de contato, pacômetro 10 , papel indicativo de pH, dilatômetro 11 , testemunhas de metal ou vidro, endoscópio 12 , lupa graduada.

  1. A qualidade do registro dos resultados da visita, ou seja, a documentação de campo com as anotações dos dados, entrevistas e as imagens é importante para a produção da fase analítica. Toda a documentação deve ficar arquivada após os estudos para caso futuro de dirimir dúvidas. b) O levantamento dos dados históricos sobre a edificação e sobre os problemas surgidos, conhecida de annamese, ou conversando com o edifício , é a fase denominada de coleta de subsídios para o entendimento sobre os danos. O levantamento dá-se em duas frentes de coleta: (1) documentos escritos e (2) documentos orais.
  2. Documentos como o diário de obra; o registro de recebimento de materiais e componentes; notas fiscais de materiais e equipamentos; contratos para execução dos serviços; cronograma físico-financeiro previsto e executado são fontes ricas de informações. Os documentos relativos à fase de uso do edifício quase sempre são ainda mais escassos, exceto para os edifícios em que existe um programa de manutenção, os quais, no entanto, são poucos ainda, pois não há uma conscientização sobre essa necessidade.
  3. Testemunhos de moradores e usuários da edificação e de pessoas que estiveram envolvidas com sua construção são muito importantes. Podem ser obtidas informações dessas pessoas com base nas respostas as perguntas sugeridas por Lichtenstein:

- Quando foram constatados os sintomas pela primeira vez e de que forma?

  • O s problemas foram objeto de intervenção anterior? Se sim, quais as intervenções realizadas e quais os resultados obtidos?

(^9) O psicrômetro é um aparelho com dois termômetros, um ao lado do outro, que mede a umidade relativa do ar. A diferença entre os dois termômetros é que um deles trabalha com o bulbo seco e o outro com o bulbo úmido.

(^10) O pacômetro é um aparelho eletrônico, localiza dor de barras metálicas no concreto armado. Tem a finalidade de determinar a profundidade e o diâmetro das armações de aço dentro de estruturas de concreto. (^11) O dilatômetro é um aparelho multifuncional que mede as expansões térmicas dos materiais.

(^12) O endoscópio é um aparelho que possuí uma fonte de luz e uma câmera de captura de imagem.

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

tomadas de decisões devem se basear num elenco de hipóteses, onde tempo e custos para resolução dos problemas são fatores muito importantes. Entretanto, não menos importante deve ser a manutenção da autenticidade e da integridade do patrimônio que se quer preservar. Isto porque ele traz no seu bojo o agregado econômico de ser um bem de valor cultural. As tomadas de decisões devem ter também um lastro em prognósticos, onde são levantados cenários sobre a evolução e o comportamento futuros sobre a conduta adotada para saneamento dos danos. Seja como for, o cerne de uma decisão é tomada dentro de um raio probabilístico, e, portanto, envolve um risco relativo de incerteza. Estas podem ser debitadas ao ato de criação mental do cenário e do grau de profundidade do conhecimento produzido sobre os problemas. Três parâmetros básicos devem ser levados em consideração nos prognósticos: (a) grau de incerteza sobre os efeitos, (b) relação custo-benefício e (c) disponibilidade de tecnologia para execução dos serviços.

a) O grau de incerteza sobre os efeitos relaciona-se diretamente com a incerteza sobre as análises formuladas, em razão de haver informações e conhecimentos passíveis de erros. O grau de incerteza de uma proposta é diretamente proporcional às possibilidades dos efeitos de sua aplicação. A incerteza está diretamente relacionada com a eficácia das soluções executadas em casos semelhantes ao problema estudado. Assim, quanto maior o conhecimento da equipe sobre o resultado de casos análogos menores serão, em princípio, as incertezas. b) A relação custo/benefício estabelece um confronto dos benefícios que possam ser auferidos na obtenção do desempenho requerido, em relação ao custo de sua recuperação no decorrer do restante da vida útil do edifício. A relação custo/benefício tem uma fórmula infalível: qualquer que seja a origem e natureza do dano, o custo para sua resolução, somado ao custo do erro de construção, é sempre maior do que se gastaria numa construção corretamente executada. Isto vale para a recorrência de intervenções saneadoras de danos, realizadas em função de decisões tomadas pelo critério único do menor custo/prazo. Os custos devem levar em consideração primordialmente os benefícios que possam ser auferidos no curto, médio e longo prazo da vida útil do componente construtivo e da edificação. c) A disponibilidade de tecnologia para execução dos serviços objetiva saber sobre quais condições tecnológicas serão executados os serviços – tipos de materiais, equipamentos e qualificação da mão-de-obra. Caso seja empregada uma tecnologia incompatível e de qualidade duvidosa para reparação dos danos ou ainda, caso ocorram falhas na realização dos serviços, os mesmos podem ser agravados, podendo acarretar um colapso irreversível. A disponibilidade dos recursos tecnológicos para a execução dos serviços é um elemento importante para a tomada de decisão e, quase sempre, quer relacionar-se com a questão custo/benefícios. É importante frisar que nem sempre os mais modernos e sofisticados recursos tecnológicos e a mão-de-obra com alto nível de especialização são fatores de excelência de resultados. Mutatis mutandis a aplicação de técnicas tradicionais de construção, isto é, os melhores procedimentos e equipamentos contemporâneos à edificação do prédio podem resultar nas melhores opções e resultados idealmente

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

desejados. Em relação à qualificação da mão-de-obra, antes de tudo, ela deve ter habilidades comprovadas no manuseio da tecnologia e equipamentos escolhidos para as intervenções.

O quadro sinóptico a seguir apresentar um fluxograma das atividades para o estudo e resolução dos danos numa edificação. É muito útil para ilustrar o compromisso que o profissional conservador deve assumir perante sua responsabilidade técnica com o contratante.

Danos e problemas

Vistoria Levantamentos Ensaios e estudos

É possível analisar? É possível analisar?

Análises

1

Caracterização dos danos

Manifestações Causas Origens Natureza Agentes (^) 2

Compreensão dos danos

Conduta

Incertezas Custos Tecnologia (^) 4

Tomadas de decisões

Sim

Não Não

Sim Sim

3

Alternativas

Alternativas Prognósticos

Insatisfatório

Satisfatório

Intervenção

Executa

Não executa

5 Execução

SÉRIE 2 - G ESTÃO DE RESTAURO

as partes que serão objetos de intervenções na fase da resolução dos danos, recomenda-se a elaboração de Fichas de Identificação de Danos – FIDs. As fichas são uma base de dados, apresentando-se sob a forma de formulário (impressas ou em meio digital), com tamanho e formatação apropriados para possibilitar um fácil manuseio e rápida compreensão. As FIDs devem conter, de modo normalizado, registros e anotações gráficas e fotográficas (unidades de informação) sobre os danos nos elementos construtivos de uma edificação. É recomendável que sejam produzidas em folhas soltas, que permitam operação de sistemas de verificação, classificação e ulteriores análise e produção de tabulações, relatórios, pesquisas, mapas.

As FIDs são os registros principais para a produção de um Mapa de Danos de uma edificação de valor cultural. No formato básico, uma FID deve conter os seguintes campos: identificação do componente ou elemento construtivo, numeração de classificação, data da vistoria, profissional responsável pela coleta de informações, denominação ou caracterização do dano, manifestação ou sintoma, causa, natureza, origem, agentes, condutas, ilustrações (foto e desenho) e um campo para outras observações que se façam necessárias.

Todo o acervo de FIDs deve ser processado pela equipe de análises e devem ser hierarquizadas sob o ponto de vista da representação mais clara e objetiva para compreensão das causas e efeitos dos danos na edificação. O conjunto das fichas é então reprocessado para a inclusão nas plantas que irão compor o relatório final dos trabalhos, tais como: plantas situação e locação; planta de coberta; plantas baixas de todos os níveis de pisos; cortes transversais e longitudinais; principais elevações de fachada, detalhes técnico-construtivos etc.. Essa documentação deve ter uma representação gráfica e fotográfica de modo que seu manuseio pelos técnicos permita a realização de ações seguras sob o ponto de vista da exatidão das informações.

2.2 A comunicação visual das informações – Modelos

Existem inúmeros modelos de Mapas de Danos e de Fichas de Identificação de Danos, tantos quanto à criatividade dos profissionais possam superar. Entretanto, antes de tudo eles devem ter valor cognitivo, isto é, ambos devem ser claros e objetivos, não se restringindo ao aspecto técnico da comunicação visual, nem tampouco à quantidade de informações. A objetividade e a clareza devem ser garantidas pela qualidade x necessidade de redução e disponibilização das informações indispensáveis à comunicação visual dos problemas e de suas respectivas resoluções.

Infelizmente este autor não dispõe de um Mapa de Danos e de Fichas de Identificação de Danos produzidos e adequados à ilustração de problemas em edificações da arquitetura moderna. Porém, os exemplos apresentados a seguir dão uma idéia de como podem ser tais documentos.

O primeiro exemplo (página 17) refere-se ao Mapa de Danos do Palácio de Chiericati, em Vicenza – Itália 14. No caso destas Recomendações, interessa fazer conhecer como a criatividade na representação pode agir na produção de mapas objetivos e claros.

(^14) Elaborado pelo Studio di Progettazione Architetto Emilio Alberti (Borgo S. Lucha – Vicenza).

Dan con

foto ima van cant dos

O Map nos, elabora servação da

Neste m ografia foi o agem corres ntagens sobr teiro de ob problemas

D

a de Danos ado sobre fo a edificação

mapa, elabo obtida com u sponde ao p re outros m bras e serviç e as soluçõ

s do Palácio otografia, qu o como os d

orado pelo uma câmara pano de ele mapas, esse a ços, pois p ões proposta

o de Chieri ue permite etalhes de s

escritório d a estéreo-fo evação da fa apresenta a ermite com as para as in

CECI –

icati é um b uma ótima seus elemen

do arquiteto otogramétric achada prin amplas poss mo bastante ntervenções

- TEXTOS PAR SÉRIE 2 - G ES

bom exemp visualizaçã ntos constru

o italiano E ca, sendo q ncipal. Dent sibilidades d facilidade s.

D

RA DISCUSSÃO STÃO DE REST

plo de Map ão do estad utivos.

Emílo Alber que a tomad tre as inúm de manejo n a identifica

D

V. TAURO

a de do de

rti, a da da meras num ação

D

CECI

- T

EXTOS PARA DISCUSSÃO

V.

SÉRIE

2

-^ G ESTÃO DE

R

ESTAURO

Modelo de Mapa de Danos

CECI

- T

EXTOS PARA DISCUSSÃO

V.

SÉRIE

2

-^ G ESTÃO DE

R

ESTAURO

Modelo de Mapa de Danos