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Documento possui informações de técnicas de grandes culturas
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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ISSN 1678- Sergio de Oliveira Procópio Antonio Dias Santiago César de Castro Adeney de Freitas Bueno Rafael Moreira Soares
Aracaju, SE Janeiro, 2022
2 Circular Técnica 94
A região agrícola do Sealba (acrônimo para Sergipe, Alagoas e Bahia, es- tados que são parcialmente abrangidos por essa região) apresenta, entre suas características, um período chuvoso que varia de 4 a 6 meses no ano, com precipitação pluvial anual variando de 600 mm a 1.700 mm do interior para o litoral, normalmente concentrada entre os meses de abril e setembro, suficiente na maioria dos anos para o cultivo de uma safra de grãos. Outra característica importante do Sealba, do ponto de vista agrícola, é o relevo favorável à mecanização das lavouras em boa parte de seu território. Apesar de ser uma região com boa diversidade de cultivos agrícolas, a soja, historicamente, não esteve presente no portfólio de culturas do Sealba, o que torna essa região e as circunvizinhas importadoras de farelo de soja, um importante componente proteico para a alimentação animal, além de óleo e outros coprodutos. No entanto, esse quadro vem se revertendo com o pio- neirismo de produtores, principalmente do estado de Alagoas, e a intensifica- ção das ações de pesquisa regionais. No ano de 2016, em decorrência dos resultados promissores das pesquisas com soja na região, foram publicadas as primeiras portarias referentes ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a produção de soja em municípios do Sealba. Nesse mesmo ano, o Sealba foi considerado uma região apta à produção de soja, passando a fazer parte da macrorregião sojícola 5, mais especificamente da região eda- foclimática (REC) 501 (Hirakuri et al., 2018), como pode ser visualizado na Figura 1. (^1) Sergio de Oliveira Procópio, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju-SE; Antonio Dias Santiago, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Unidade de Execução de Pesquisa de Rio Largo (UEP
4 Circular Técnica 94 Nesse processo de transferência de tecnologia e capacitação, foi identificada a necessidade da elaboração de uma publicação que elencasse, de forma simples e direta, as principais recomendações para a produção de soja na região do Sealba, visto ser uma região com características de solo e clima distintas das demais regiões tradicionalmente produtoras de soja, principal- mente pelo fato de a safra ocorrer no período de outono-inverno, sem a pos- sibilidade de um cultivo de segunda safra. Diante desse cenário, esta publi- cação tem como objetivo principal fornecer informações técnicas, advindas sobretudo da pesquisa local, para auxiliar os agricultores que tenham interes- se em produzir soja na região agrícola do Sealba.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem coordenando, a partir de 2006, uma rede de avaliação de cultivares de soja para a região agrícola do Sealba. Desde então, estudos vêm sendo realizados em municípios da região, loca- lizados tanto em sua porção mais interiorana, denominada Agreste, como na zona costeira, denominada Tabuleiros Costeiros. O melhoramento genético da cultura da soja no Brasil é bastante dinâmico, envolvendo grande número de empresas, nacionais e multinacionais, interes- sadas em um mercado que engloba uma área cultivada superior a 38 milhões de hectares (CONAB, 2020). Desse modo, é de fundamental importância a continuidade das ações da rede de avaliação de cultivares, pois novos ma- teriais são constantemente inseridos nos portfólios das empresas, mas nem todos, ou mesmo poucos, apresentam aptidão (adaptabilidade) satisfatória para o cultivo na região do Sealba. Os resultados das pesquisas realizadas pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, integrante da rede de avaliação de cultivares de soja, foram agrupados em publicações técnicas, disponíveis para download na Base de Dados da Pesquisa Agropecuária da Embrapa (BDPA) e na homepage da Embrapa Tabuleiros Costeiros, as quais são listadas na Tabela 1. Nessas publicações estão disponíveis informações técnicas relevantes para a escolha das cultiva- res de soja, como ciclo, altura final de plantas, altura de inserção da primeira
Recomendações técnicas para a produção de soja na região agrícola do Sealba 5 vagem, grau de acamamento, produtividade de grãos, peso de 100 grãos, teor de óleo e teor de proteína. Em algumas dessas publicações, também é possível selecionar cultivares de acordo com o nível tecnológico desejado (convencionais; resistentes ao herbicida glifosato; e resistentes ao herbicida glifosato e tolerantes a lagartas desfolhadoras). De forma geral, há um grande número de cultivares de soja com boa adapta- ção para cultivo na área Agreste do Sealba, verificando-se um bom desem- penho de cultivares de ciclos variados (precoce, médio e tardio) em anos com chuvas regulares. Essa área apresenta, em comparação à de Tabulei- ros Costeiros, solos mais férteis (maiores teores de potássio [K], cálcio [Ca] e magnésio [Mg]), mais argilosos (maior capacidade de armazenamento de água) e com menos restrição em relação aos atributos físicos (textura, micro- porosidade, estabilidade dos agregados). Além do fator edáfico, ela registra maior amplitude térmica no período de cultivo (temperatura média diurna de 28 °C a 29 °C e média noturna de 18 °C a 19 °C). Contudo, apresenta maior Tabela 1. Publicações sobre o desempenho de cultivares de soja na região do Sealba, disponíveis para download na homepage da Embrapa Tabuleiros Costeiros. Título Tipo Ano Adaptabilidade e estabilidade de genótipos de soja na zona agreste dos estados da Bahia e Sergipe Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 2009 Avaliação do desempenho agronômico de cultivares de soja na zona agreste dos estados da Bahia e Sergipe Comunicado Técnico^2009 Desempenho e recomendação de cultivares de soja BRS para a região agreste do SEALBA Circular Técnica^2017 Desempenho e recomendação de cultivares de soja BRS para a região dos Tabuleiros Costeiros do SEALBA Circular Técnica^2017 Estudos de cultivares de soja na região Agreste do SEALBA Documentos^2018 Estudos de cultivares de soja na região dos Tabuleiros Costeiros do SEALBA Documentos^2019 Desempenho de cultivares de soja em áreas com histórico de produção de cana-de-açúcar no SEALBA Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 2019
Recomendações técnicas para a produção de soja na região agrícola do Sealba 7 GMR 8.3; etc.). Cada acréscimo decimal no GMR representa um dia a mais no ciclo da cultivar. É importante ressaltar que o fotoperíodo (número de horas de luz por dia) varia de 11,4 h a 11,7 h durante a fase vegetativa, na safra de soja do Sealba (outono-inverno). Como a soja é uma planta de dias curtos (floresce em foto- períodos menores do que o crítico), a indução ao florescimento é muito inten- sa nessa região; por isso é de fundamental importância, principalmente para cultivares cujo crescimento é do tipo determinado, que esses materiais pos- suam “período juvenil longo” (período juvenil é aquele compreendido entre a emergência e o início da indução fotoperiódica, no qual a planta não é indu- zida a florescer), para que o florescimento não ocorra num momento em que as plantas de soja apresentem poucos nós e ramos reprodutivos. Ressalta-se ainda que cultivares de crescimento indeterminado não apresentaram, até o momento, nessa região, superioridade em termos de crescimento e de produ- tividade em relação aos materiais de crescimento determinado. Uma relação de cultivares de soja, com ciclo de crescimento (da emergência à colheita) variando de 115 a 140 dias, que apresentam bom desempenho no Sealba é apresentada na Tabela 2. É importante salientar que as cultivares listadas na Tabela 2 não representam a totalidade de materiais adaptados a essa região. Para uma avaliação mais completa, recomenda-se consultar as publicações listadas na Tabela 1. Tabela 2. Cultivares de soja que apresentam bom desempenho para o cultivo na região agrícola do Sealba. Continua... Cultivar GMR TC Tecnologia acoplada FTR 4288 IPRO 8.8 DET Resistência ao glifosato/ Bt FTR 3190 IPRO 9.0 DET Resistência ao glifosato/ Bt FTR 3191 IPRO 9.1 INDET Resistência ao glifosato/ Bt BRS 9180 IPRO 9.1 DET Resistência ao glifosato/ Bt FTR 1192 IPRO 9.2 DET Resistência ao glifosato/ Bt PP 90 RR 9.2 SEMIDET Resistência ao glifosato BRS 314 GABRIELA 9.2 DET Convencional
8 Circular Técnica 94 Cultivar GMR TC Tecnologia acoplada BRS 9383 IPRO 9.3 DET Resistência ao glifosato/ Bt FTS PARAGOMINAS RR 9.3 DET Resistência ao glifosato PP 9310 IPRO 9.3 SEMIDET Resistência ao glifosato/ Bt PP 60 RR 9.3 DET Resistência ao glifosato PP 40 RR 9.4 DET Resistência ao glifosato PP 80 RR 9.4 SEMIDET Resistência ao glifosato PP 9510 IPRO 9.5 DET Resistência ao glifosato/ Bt PP 20 RR 9.8 DET Resistência ao glifosato Tabela 2. Continuação.
De acordo com as recentes portarias publicadas que estabelecem o Zonea- mento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da soja nos estados do Sealba, os períodos recomendados para a semeadura se iniciam entre 1 º de abril (decêndio 10) e 30 de abril (decêndio 12) e terminam entre 10 de maio (decêndio 13) e 30 de junho (decêndio 18), considerando-se um risco de 20%. As diferenças entre essas épocas recomendadas se devem a três principais fatores: 1) a série histórica de chuva e a evapotranspiração poten- cial do município; 2) o tipo de solo (textura); e 3) o ciclo da cultivar (grupo de maturidade relativa). É importante ressaltar que, para a interpretação das portarias do Zarc, faz-se necessário o conhecimento do termo “decêndio”, que consiste de um período contínuo médio de 10 dias, podendo variar de 8 a 11, conforme o mês e o ano, sendo que sempre um mês tem três decêndios e um ano possui 36 decêndios. O período de 1º a 10 de janeiro equivale ao decêndio 1 e assim sucessivamente até o período de 21 a 31 de dezembro, equivalente ao decêndio 36. Assim, antes de iniciar o plantio de soja, é de fundamental importância que o agricultor ou o técnico consulte as informações referentes ao seu município contidas em portaria para cada estado, disponibilizada no site do Ministério GMR = grupo de maturidade relativa. TC = tipo de crescimento. DET = determinado. INDET = indeterminado. SEMIDET = semideterminado.
10 Circular Técnica 94 Fonte: Adaptado de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2020). Tabela 4. Agrupamento das cultivares de soja em relação ao ciclo de de- senvolvimento (grupo de maturidade relativa) para indicação do período de semeadura nas portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a macrorregião sojícola 5. Cultivar Grupo de Maturidade Relativa (GMR) Grupo I GMR < 8. Grupo II 8.7 ≤ GMR ≤ 9. Grupo III GMR > 9. É importante que o agricultor esteja preparado para iniciar o plantio de soja no início do período recomendado para a combinação município, solo e cultivar, desde que haja umidade adequada no solo, além de previsões de ocorrência de chuvas que garantam um bom suprimento hídrico na fase de germinação/emergência. Com isso, o enchimento de grãos da cultura da soja (fase que demanda alto consumo de água) não ocorrerá num período em que normalmente há déficits hídricos na região do Sealba, neste caso, de agosto a setembro.
O nitrogênio (N) é o nutriente absorvido em maior quantidade pela cultura da soja (Hungria; Nogueira, 2020), por isso é necessário garantir que não ocor- ram problemas no seu fornecimento ao longo do ciclo da cultura. A forma mais econômica e ecológica de suprir as plantas de soja com esse nutriente é por meio da fixação biológica de nitrogênio (FBN), que é propor- cionada pela técnica de inoculação das sementes de soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium. A FBN pode suprir toda a necessidade de N das plantas de soja, dispensando a adubação com esse mineral. A associação simbiótica entre os rizóbios e as raízes das plantas de soja promove a forma- ção de estruturas especializadas na fixação do N denominadas de nódulos (Figura 2).
Recomendações técnicas para a produção de soja na região agrícola do Sealba 11 O primeiro passo para a realização da inoculação das sementes de soja é a escolha do inoculante. Deve-se dar preferência à utilização de inoculantes turfosos, pois essa formulação garante maior proteção às bactérias em com- paração à formulação líquida, que necessita de refrigeração constante. É im- portante lembrar que a região do Sealba se encontra distante das principais empresas produtoras de inoculantes do Brasil, o que exige atenção durante o transporte. Os principais cuidados na compra de um inoculante são: 1) ad- quirir de empresa idônea e com registro no Mapa e 2) não comprar o produto fora do prazo de validade. Além da inoculação via semente com o inoculante turfoso, pode-se também utilizar a inoculação via sulco de semeadura, que exige plantadeiras adap- tadas a essa operação, além da aquisição de inoculantes líquidos de alta qualidade e devidamente transportados em veículos com refrigeração. Em áreas de primeiro ano de cultivo de soja, recomenda-se a utilização de, no mínimo, três vezes a dose recomendada no rótulo do inoculante, além da não aplicação de fungicidas e inseticidas no tratamento das sementes. No segundo ano de cultivo, utilizar, pelo menos, duas vezes a dose recomen- dada no rótulo do inoculante; a partir do terceiro ano, não é mais necessário aumentar a dose de rótulo, apenas continuar realizando a inoculação anual- mente (reinoculação). Figura 2. Nódulos presentes nas raízes da planta de soja inoculada com rizóbio e cultivada nos municípios de Campo Alegre (A) e Porto Calvo (B) em Alagoas. Fotos: Antonio Dias Santiago
Recomendações técnicas para a produção de soja na região agrícola do Sealba 13 O uso de Azospirillum brasilense , uma bactéria promotora do crescimento de plantas, juntamente com Bradyrhizobium (coinoculação) é outra tecnologia que vem sendo bastante utilizada. Em áreas tradicionais de cultivo de soja, a coinoculação tem demonstrado benefícios para a nodulação e para o rendi- mento de grãos (Hungria; Nogueira, 2020).
O espaçamento entre as linhas de plantio mais utilizado na cultura da soja, no Brasil, varia entre 45 cm e 50 cm, o qual deve ser adotado preferencialmente na região do Sealba (Figura 5). É importante salientar que muitos produtores de milho na região ainda utilizam o espaçamento de 70 cm entre as linhas. Esse espaçamento não deve ser utilizado na cultura da soja, pois dificulta o fechamento do dossel, propiciando maior infestação de plantas daninhas. Figura 4. Sintomas de deficiência de ferro (Fe) em folhas unifolioladas de soja provocados por excesso de cobalto (Co) aplicado via semente, com o desaparecimento dos sintomas no primeiro trifólio. Foto: César de Castro
14 Circular Técnica 94 Figura 5. Cultivo de soja (cv. FTS Paragominas RR) plantada no espaça- mento tradicional de 50 cm em Frei Paulo, SE. Foto: Sergio de Oliveira Procópio Para a definição da melhor população de plantas alguns fatores devem ser levados em consideração, tais como: 1) a recomendação da empresa obten- tora da cultivar; 2) a localização da área de produção; 3) a época de semea- dura; e 4) a fertilidade do solo. Ainda não há recomendações específicas das empresas de melhoramento de soja para o Sealba. Desse modo, para a área Agreste, que apresenta menor temperatura noturna aliada a solos de melhor fertilidade, sugere-se que seja adotada a recomendação destinada a locais de maior altitude, que preconiza menores populações de plantas. Altas populações de plantas nessa área po- dem resultar em acamamento (Figura 6), dificultando a colheita mecanizada e causando perdas na quantidade e na qualidade dos grãos, além de poder aumentar a demanda hídrica, o que não é recomendável para o Agreste.
16 Circular Técnica 94 Tabela 5. Continuação. Cultivar GMR Agreste Tabuleiros Costeiros Plantas/ha BRS 314 GABRIELA 9. 180.000 a 200.000 220.000 a 240. PP 90 RR 9. BRS 9383 IPRO 9. FTS PARAGOMINAS RR 9. PP 9310 IPRO 9. PP 60 RR 9. PP 40 RR 9. PP 80 RR 9. PP 9510 IPRO 9. PP 20 RR 9. Como as sementes de soja são um dos insumos relevantes no custo variável de produção, é importante que o produtor saiba definir com o máximo de pre- cisão a população de plantas mais adequada para a cultivar escolhida e para a sua área de produção. Quanto à profundidade de semeadura, a plantadeira deve ser regulada para depositar as sementes na profundidade de 3 cm a 5 cm. O nivelamento da superfície do terreno a ser cultivado é outro ponto a ser destacado. Diferen- temente do milho, as vagens da soja ficam próximas à superfície do solo. Normalmente, a altura de inserção da primeira vagem é de 10 cm a 15 cm em relação à superfície do solo. Portanto, terrenos desnivelados possibili- tam a formação de sítios de encharcamento (Figura 7), além de dificultar o recolhimento das vagens mais próximas do solo na operação da colheita mecanizada.
Recomendações técnicas para a produção de soja na região agrícola do Sealba 17 O agricultor deve ficar atento à qualidade das sementes que são adquiridas, principalmente em relação à germinação e ao vigor. A baixa qualidade fisioló- gica das sementes é uma das causas mais comuns de reclamação entre os produtores de soja do Brasil. Na Figura 8, observa-se a diferença no estande de plantas de duas cultivares de soja, semeadas no mesmo dia e com a mesma densidade de sementes, mas com qualidades de sementes bastante distintas. Figura 7. Linhas com plantas soja subdesenvolvidas devido ao efeito do encharca- mento provocado pelo desnível do terreno em Umbaúba, SE. Fotos: Sergio de Oliveira Procópio
Recomendações técnicas para a produção de soja na região agrícola do Sealba 19 Calagem Estão disponíveis vários métodos para a determinação da necessidade de calagem (NC). Como o alumínio tóxico (Al3+) não é um problema típico dos solos do Sealba, a utilização do método da elevação da porcentagem de sa- turação por bases pode ser uma opção viável. Nesse método, a quantidade de calcário é calculada pela seguinte fórmula: NC (t/ha) = (V2 - V1) x T / PRNT em que: V2 = saturação por bases desejada. Para os solos do Sealba, recomenda-se a saturação de 60%; V1 = saturação por bases determinada na análise de solo (antes da corre- ção), calculada pela expressão: (SB / T) x 100; SB = [Ca²+^ + Mg²+^ + K+] em cmolc/dm³; T = capacidade de troca catiônica, calculada pela expressão: [Ca²+^ + Mg²+^ + K+^ + (H+^ + Al)3+] em cmolc/dm³; PRNT = poder relativo de neutralização total do corretivo. É importante ressaltar que a escolha do calcário deve levar em consideração a relação Ca/Mg do solo, que deve estar preferencialmente entre 2 e 3. Além disso, o calcário deve ser aplicado de forma uniforme na área e, se possível, incorporado na camada de 0 cm a 20 cm. Em áreas de plantio direto consoli- dadas, a dose recomendada de calcário pode ser aplicada superficialmente, de forma parcelada ou total, dependendo das quantidades, do custo e da logística da região.
20 Circular Técnica 94 Deficiência e fornecimento de magnésio A deficiência de magnésio (Mg) ocorre, particularmente, em solos ácidos e de textura arenosa, cujo material de origem é pobre em Mg, sendo bastante comum nas áreas do Sealba. Todavia, manejos do solo inadequados, prin- cipalmente relacionados a calagem, gessagem (Caires, 2011) e adubação, também têm contribuído para a ocorrência de deficiência de Mg. Assim, prá- ticas agrícolas que privilegiam aplicações constantes e elevadas de calcário calcítico, gesso agrícola ou adubo potássico podem conduzir à deficiência desse nutriente no solo. De modo geral, o sintoma de deficiência de Mg mais característico na soja é a clorose internerval (amarelo-claro) nas folhas mais velhas (baixeiro), desta- cando-se a coloração verde ou verde-pálido das nervuras, conforme pode ser visto na Figura 9. No entanto, em função da posição das folhas com sintomas na planta, o seu diagnóstico em condições de campo pode ser particularmen- te difícil de ser realizado. Como estratégia de correção da deficiência, além da escolha do calcário dolomítico para a correção da acidez, equilibrando o balanço entre Ca e Mg, outras fontes como os termosfosfatos e o silicato de magnésio podem ser utilizadas para elevação da saturação de Mg no complexo de troca (Castro et al., 2020).