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Governador do Estado
João Doria
Secretário de Agricultura e Abastecimento
Gustavo Junqueira
Secretária adjunta de Agricultura e Abastecimento
Gabriela Chiste
Chefe de Gabinete
Omar Cassim Neto
Coordenador / Desenvolvimento Rural Sustentável
José Luiz Fontes
EDIÇÃO E PUBLICAÇÃO
Departamento de Comunicação e Treinamento – DCT
Centro de Comunicação Rural – Cecor
Diretora Substituta: Graça D’Auria
Editora Responsável: Graça D’Auria
Revisor: Carlos Augusto de Matos Bernardo
Revisora Bibliográfica: Nadir Umbelina da Silva
Designer Gráfico: Paulo Santiago
Fotografias: Edson Shigueaki Nomura e outros
Distribuição: Cecor/CDRS
NOMURA , Edson Shigueaki e outros.
Cultivo da Bananeira. Campinas, CDRS, 2020.
178p. 23cm (Manual Técnico, 82).
CDD. 634.
É proibida a reprodução total ou parcial sem a
autorização expressa da CDRS.
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APRESENTAÇÃO
Após a publicação da segunda edição, revisada e atualizada, do
Boletim Técnico 234 – “Cultura da Banana”, é com grata surpresa que tomo
conhecimento sobre a edição do Manual Técnico 82 – “Cultivo da Bananeira”,
coordenado pelo meu colega Dr. Edson Shigueaki Nomura. Trabalhamos
juntos no programa de Produção Integrada de Frutas (PIF-Banana), o qual
contribuiu na edição das Normas Técnicas do PIF Banana para todo o Brasil,
tendo sido de grande valia a todos os bananicultores.
Este novo grupo, liderado pelo pesquisador Edson e seus demais
colegas abraçaram este Manual, levando adiante uma nova publicação e
o resultado é um Manual Técnico atualizado e mais completo, com muitas
fotos e informações novas.
Estou muito contente em ter sido convidado a fazer esta apresentação
e contribuir com meu trabalho anterior pois, hoje, aposentado vejo que esta
nova geração está dando continuidade ao meu trabalho e contribuindo para
o desenvolvimento da bananicultura paulista e nacional.
Obrigado a todos que participaram dessa nova edição, tornando isso
possível.
Luiz Antônio de Campos Penteado
Engenheiro agrônomo
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SUMÁRIO
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13.O Colômbia 2.043.668 84.637 24, 20.O Tailândia 1.075.251 48.739 22,
Fonte: FAO, 2018.
Há vários anos, o Brasil se destaca entre os principais produtores
mundiais de banana, com produção de 6,8 milhões de toneladas cultivadas em cerca de 470 mil hectares no ano de 2016, de acordo com os dados do
- Cultivo de Bananeira ( Musa sp .)........................................................... Apresentação i
- Morfologia da Bananeira ......................................................................
- Condições Edafoclimáticas .................................................................
- Cultivares e Híbridos...........................................................................
- Preparo do Solo, Tipos de Mudas e Plantio
- Tratos Culturais
- Calagem e Adubações ........................................................................
- Pragas
- Doenças
- Monitoramento da Sigatoka e Controle Químico
- Manejo da Colheita e Pós-colheita
- Caderno de Receitas
- Referências Biográficas
- 7.O Angola 3.858.066 131.455 29, POSIÇÃO PAíSES PRODUÇÃO (t) ÁREA (ha) PRODUTIVIDADE (t/ha-1)
- 8.O Guatemala 3.775.150 78.206 48,
- 9.O Tanzânia 3.559.639 468.470 7,
- 10.O Ruanda 3.037.962 322.009 9,
- 11.O Costa Rica 2.409.543 42.410 56,
- 12.O México 2.384.778 78.322 30,
- 13.O Colômbia 2.043.668 84.637 24,
- 14.O Vietnã 1.941.935 120.041 16,
- 15.O Egito 1.341.478 27.632 48,
- 16.O quênia 1.288.588 63.299 20,
- 17.O Papua Nova Guiné 1.224.553 77.737 15,
- 18.O Camarões 1.187.547 72.359 16,
- 19.O República Dominicana 1.079.781 26.834 40,
- 20.O Tailândia 1.075.251 48.739 22,
- 21.O Burundi 911.193 195.248 4,
- 22.O Sudão 910.110 45.108 20,
- 23.O Bangladesh 798.012 47.432 16,
- 24.O Laos 796.200 28.600 27,
- 25.O honduras 707.120 24.427 28,
- 26.O Uganda 582.839 138.437 4,
- 27.O Etiópia 538.302 63.213 8,
- 28.O Moçambique 517.500 67.411 7,
- 29.O Venezuela 470.594 32.091 14,
- 30.O Malawi 441.797 18.049 24,
- TOTAL – 30 PAíSES 105.202.651,0 4.811.258,0 21,
- países 8.077.651,0 682.747,0 11, Demais
- MUNDO 113.280.302,0 5.494.005,0 20,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a mesma fonte,
a produtividade média nacional é baixa (14,4t/ha), devido principalmente
às grandes diferenças tecnológicas entre as regiões produtoras, como
por exemplo em Santa Catarina e São Paulo, onde se têm as maiores
produtividades (24,4 e 21,2t/ha, respectivamente), ao contrário da Bahia,
que apesar de ser o estado com maior área plantada, a produtividade não
passa de 14,9 t/ha (Tabela 2).
Embora o Brasil seja um grande produtor, apresenta pouca participação
no comércio internacional, devido ao enorme mercado interno, à baixa
qualidade das frutas e, atualmente, devido à enorme concorrência com
grandes empresas multinacionais de frutas. O Brasil produziu em torno de
6% da produção mundial de banana, porém foi responsável por menos de
0,5% das exportações mundiais do produto no ano de 2016. A banana é a
segunda fruta mais produzida no Brasil, constituindo importante fonte de
renda dos pequenos e médios produtores e da alimentação da população de
baixa renda.
Tabela 2 – Dados de área cultivada, produção e produtividade da banana nas
regiões e Estados do Brasil no ano de 2016.
Estados/Regiões Produção (t) Área (ha) Produtividade (t/ha-1) Pará 504.907 42.472 11, Roraima 56.858 7.068 10, Rondônia 76.603 7.748 9, Acre 113.545 8.502 13, Amazonas 80.351 5.679 14, Tocantins 32.314 3.202 10, Amapá 18.606 2.100 8, Norte 883.184 76.771 11, Bahia 1.084.548 72.699 14, Ceará 323.840 39.140 8, Pernambuco 401.321 38.616 10, Rio Grande do Norte 155.014 5.126 30, Paraíba 133.524 10.753 12, Maranhão 72.635 6.941 10, Alagoas 54.720 4.283 12, Sergipe 22.739 1.877 12, contiua...
Tabela 3 – Dados de área cultivada, produção e produtividade da banana nos
municípios do Vale do Ribeira e litoral sul (SP) no ano de 2016.
Municípios Área (ha) Produção (t) Produtividade (t/ha-1) Cajati 4.500 126.000 28, Sete Barras 4.200 126.000 30, Eldorado 4.000 100.000 25, Itariri 3.835 76.700 20, Miracatu 4.000 100.000 25, Registro 3.000 90.000 30, Jacupiranga 2.200 50.000 22, Juquiá 2.200 50.000 22, Pedro de Toledo 1.800 36.000 20, Pariquera-Açu 1.500 15.000 10, Iguape 500 11.700 23, Cananéia 300 4.500 15, Ribeira 80 2.000 25, Barra do Turvo 24 216 9, Itaóca 8 104 13, Total Vale do Ribeira 32.147 788.220 24, Itanhaém 2.000 34.500 17, Peruíbe 1.500 15.000 10, Mongaguá 274 3.288 12, Total litoral sul 3.774 52.788 14, Vale do Ribeira + litoral sul 35.921 841.008 23, % do Estado de SP 69,7 77, Total estado São Paulo 51.512 1.089.820 21, Fonte: IBGE, 2018.
Adequar técnicas de cultivo às novas necessidades, aumentar a pro-
dutividade (pois é possível atingirmos valores acima de 40 toneladas de
fruta por hectare), diminuir as perdas em todo o processo produtivo e de
comercialização e, principalmente, melhorar a qualidade final do produto
com consequente estímulo ao consumo, são objetivos a serem conquistados
pela bananicultura nacional.
A banana é uma das frutas amplamente cultivadas e consumidas de-
vido ao seu aroma e sabor distinto em todas as partes do mundo, além de
ser uma fonte barata de carboidrato e rica em vitaminas (A e C), minerais
(potássio, cálcio e ferro), antioxidantes e micronutrientes (Tabela 4). É con-
siderado um alimento básico da população e/ou principal fonte econômica
para muitos países. Cada vez mais a banana atrai consumidores pelas suas
propriedades nutricionais, além de sua praticidade de consumo, pois a casca
da banana constitui-se em uma “embalagem” individual, de fácil remoção e
dispensa o uso de utensílio cortante, higiênica e prática, além da ausência de
suco na polpa, de sementes duras e a sua disponibilidade durante todo o ano
também contribuem para a sua boa aceitação, podendo ser consumida in
natura , assada, frita, cozida e processada, na forma de doce, purê ou passa.
Tabela 4 – Valor nutritivo de diferentes tipos de banana.
Elementos Banana Nanica (%) Banana Maçã (%) Banana Prata (%) Água 74,12 72,84 73, Amido 2,95 2,73 2, Glicose 13,44 15,63 15, Celulose 0,32 0,70 0, Cálcio 0,306 0,509 0, Magnésio 1,314 1,212 1, Potássio 39,68 42,92 41, Sódio 1,64 1,21 1, Fósforo 8,20 7,43 7, Ferro 0,017 0,031 0, Vitamina B1 0,40 0,43 0, Vitamina B2 0,82 0,83 0, Vitamina C 0,150 0,141 0,
A altura e o diâmetro do pseudocaule podem atingir até 8m e 50cm,
respectivamente, dependendo da cultivar, do ciclo de produção, do local e
das condições de cultivo. Elas podem influenciar o nível de incidência de que-
bra do pseudocaule, sendo que o diâmetro é considerado a característica
da planta mais importante para avaliar o desenvolvimento da planta, já que
representa o número de folhas emitidas e o vigor das mesmas.
A bananeira emite de 30-70 folhas (Figura 1A) durante todo o ciclo
vegetativo e terá maior quantidade em solo com alta fertilidade e adequados
teor de umidade e condições de temperatura ambiental, porém somente se
manterão vivas de 10-16 folhas, dependendo da cultivar e do nível de re-
sistência às doenças foliares. Ocorre o aparecimento de uma folha nova a
cada 7-14 dias, variando de acordo com as condições climáticas e o manejo
cultural do pomar. Em casos de deficiência nutricional, de déficit hídrico ou
mudanças bruscas de temperatura, se observa que a frequência de emissão
foliar pode ser de uma folha por mês ou mais, sendo que o índice de produ-
ção ideal seria de uma folha por semana.
Outro fator que interfere na manutenção das folhas da bananeira está
relacionado ao nível de resistência às doenças foliares, principalmente da si-
gatoka negra ( Mycosphaerella fijiensis Morelet), sendo que a alta incidência
do fungo, evidenciada pelas extensas necroses no limbo foliar, reduz dras-
ticamente a área fotossintética ativa, causando morte prematura da folha,
reduzindo o acúmulo de amido e o crescimento em diâmetro dos frutos e,
consequentemente, perda acentuada na produção e alongamento do ciclo
produtivo. Recomenda-se, em casos de perda excessiva de folhas ativas, rea-
lizar a retirada de uma a três pencas inferiores no cacho, com a finalidade de
o amido se acumular nas pencas remanescentes, para que os frutos atinjam
o tamanho (comprimento e diâmetro) adequado para a comercialização.
Do centro da copa da planta emerge a inflorescência com brácteas
ovaladas de coloração normalmente roxo-avermelhada, em cujas axilas estão
inseridas as flores (Figura 1A). Cada grupo de flores reunidas forma uma
penca (“mão”). Num cacho são produzidas de sete a 15 pencas, dependendo
da cultivar, com número variável de bananas (“dedos”), originados por
partenocarpia. Inicialmente, os frutos são de coloração verde e passam para
o amarelo com o amadurecimento.
Os períodos vegetativo e produtivo da bananeira variam de acordo
com a cultivar, as condições edafoclimáticas e os manejos culturais adotados
no local de cultivo. Um dos manejos que interferem no ciclo de produção é o
desbaste de filhos, visto que uma bananeira adulta apresenta sempre ao seu
redor, em condições naturais, outras bananeiras em diversos estádios de de-
senvolvimento (filhos); a este conjunto de plantas denomina-se touceira ou
“família”. Porém, em plantios comerciais, há a necessidade da manutenção
de somente de uma família na touceira (mãe-filho-neto) (Figura 1B), para que
não haja atrasos no desenvolvimento e na produção. Para isso, é realizado o
desbaste de filhos, que segue o critério de manter o filho e o neto com maior
desenvolvimento na touceira.
Figura 1 – Morfologia da bananeira: rizoma, pseudocaule, folhas e inflorescência – engaço, cacho, ráquis e coração ou mangará (A): família ou touceira: planta-mãe, filho e neto (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura
A
B
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo, assistente agropecuário VI (aposentado) CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com
A bananeira é uma espécie tipicamente tropical e exige calor constante,
umidade relativa do ar elevada e adequada distribuição de chuvas ao longo
do ano para o bom desenvolvimento e produção. A faixa ideal de temperatura
varia entre 15oC e 35oC para as bananeiras crescerem e produzirem adequa-
damente. A bananeira apresenta melhor desenvolvimento em locais com
médias anuais de umidade relativa do ar acima de 80%, pois acelera a emissão
das folhas, prolonga sua longevidade, torna a sua casca e a polpa mais túrgida,
favorece o lançamento da inflorescência e uniformiza a coloração da fruta
quando madura, porém propicia boas condições para o desenvolvimento da
sigatoka amarela e da negra também, além de outras doenças que exigem
elevado número de pulverizações para seu controle.
As precipitações pluviométricas devem estar acima de 1.200mm/ano
e bem distribuídas, em torno de 100-180mm por mês são satisfatórias, para
não haver períodos de déficit hídrico, principalmente no período de formação
da inflorescência ou no início da frutificação, fases em que a bananeira exige
maiores quantidades de água. Essas condições são registradas entre os
paralelos de 30º de latitude norte e sul.
No entanto, desde que a temperatura e o regime de precipitação
pluvial sejam adequados, é possível o cultivo de bananeiras em latitudes
superiores a 30º no Brasil, como por exemplo nos Estados de São Paulo,
do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde se utilizam
cultivares com maior tolerância ao frio, como a Prata-anã ou enxerto. Porém,
nas regiões produtoras de banana localizadas em clima subtropical, pode
ocorrer o chilling ou friagem nas frutas (Figura 2), que consiste em um dano
fisiológico causado por baixas temperaturas (faixa de 10oC a 4oC), provocando
o fechamento dos estômatos, paralização parcial ou total da respiração e a
coagulação dos cloroplastos da epiderme da casca. Isto dificulta a circulação
da seiva, ocasionando escurecimento e coloração da casca da banana pouco
amarelada quando maduras.
Figura 2 – Sintomas característicos de banana com chilling ou friagem. Foto: Edson Shigueaki Nomura
Temperaturas abaixo de 4oC podem ocasionar a “queima” das folhas
das bananeiras ou dos frutos em crescimento, os quais são impedidos de
atingir o seu máximo tamanho, tornando-se pequenos e de maturação in-
completa; portanto, plantios em locais sujeitos às geadas e aos ventos frios
devem ser evitados. Normalmente, o período de baixa temperatura no Es-
tado de São Paulo ocorre concomitantemente com o menor índice pluvio-
métrico, o que agrava os prejuízos. Os dois fatores são capazes de causar a
compactação da roseta foliar, dificultando o lançamento da inflorescência,
principalmente na cultivar nanica, chegando a provocar um “engasgamento”
da inflorescência (Figura 3), tornando o cacho e os frutos deformados, impos-
sibilitando sua comercialização.
Em temperaturas acima de 35oC, há inibições no desenvolvimento das
bananeiras devido, principalmente, à desidratação dos tecidos das folhas.
Isto faz com que elas se tornem rígidas e mais facilmente sujeitas ao fendi-
lhamento.