Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Princípios táticos do futebol, Manuais, Projetos, Pesquisas de Educação Física

Princípios fundamentais e comportamentos táticos individuais e coletivos do jogo de futebol, incluindo atitudes táticas ofensivas e defensivas, como entrar em linha de passe, circular a bola, temporizar, interceptação de passes, e retorno defensivo. O texto também discute a importância de jogadores versáteis e condicionados emocionalmente para o jogo.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2024

Compartilhado em 17/04/2024

tecseguranca-trabalho
tecseguranca-trabalho 🇧🇷

2 documentos

1 / 63

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
MANUAL DE
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Princípios táticos do futebol e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Educação Física, somente na Docsity!

MANUAL DE

MANUAL DE

Mensagem do presidente

da CONMEBOL

Alejandro Domínguez Wilson Smith

Se existe uma modalidade de fu- tebol em que a CONMEBOL não só deixou uma marca profunda na história, mas também mantém seu status de potência, é no fute- bol de salão ou Futsal-FIFA.

Os seus primórdios, claramente sul-americanos, ocorreram entre o Rio da Prata e o Brasil, e deixa- ram nesta modalidade a marca do futebol sul-americano: o talento natural dos futebo-

listas da América do Sul encon- trou no futsal o campo ideal para que o DNA do Futsal-FIFA tivesse a marca registrada dos jogadores e jogadoras do nosso continente.

A posição dos países da CONME- BOL também foi de transcen- dental importância para que em meados dos anos 80 a FIFA assu- misse o controle dessa modalida- de, incluindo-a sob sua tutela e organizando a Copa do Mundo de Futsal desde 1989.

Como em nenhuma outra mo- dalidade de futebol, o domínio das seleções da CONMEBOL é evidente, e das 8 Copas do Mundo disputadas sob a or- ganização da FIFA, nada me- nos que 6 foram conquistadas por potências sul-america- nas.

Ao claro domí- nio do Brasil, v e n c e d o r de cinco Copas do M u n - do, so-

A estratégia do Programa Evo- lução da CONMEBOL, do Depar- tamento de Desenvolvimento, é aumentar o investimento no fute- bol, visando sua expansão em to- dos os níveis de desenvolvimento esportivo, promovendo a inclusão e a diversidade em um ambiente de respeito e integridade.

Os fundos do Programa Evolução da CONMEBOL cumprem a função social de formar técnicas, técni- cos, treinadoras, treinadores, pre- paradoras e preparadores físicos como pontes para valorizar o ta- lento da nova geração de jogado- res e jogadoras de futebol apaixo- nados pelo futebol. Estão aqui para trabalhar na sua formação, proporcionando-lhes formação e disciplina, educação em valores, transformando assim as suas ex- periências, as suas vidas e a sua projeção para um eventual futuro de competição profissional.

Esta Diretoria trabalha buscando gerar as condições para que a ma- gia do futebol continue em vigor, seja com as multidões que acom- panham seus times em qualquer parte da América do Sul, seja através de torcedores de outras latitudes, seguidores do talento e

da paixão de nossos jogadores e jogadoras.

Uma das armas que considera- mos de fundamental importância para a concretização destes ob- jetivos é a publicação de manuais para as diversas modalidades e categorias do futebol. Este, em particular, é dedicado ao futebol de salão ou Futsal-FIFA.

A rica experiência na modalidade de salão que a América do Sul tem nos ajuda a ter, como docentes, verdadeiros campeões mundiais, criadores de técnicas e táticas que por muitos anos levaram nossas seleções à conquista da Copa do Mundo de Futsal-FIFA.

Essa sabedoria está agora ex- posta para que os amantes do futsal, sejam jogadores ou joga- doras, amadores ou amadoras , profissionais ou técnicos, possam capturá-la nas quadras mágicas, onde a bola gira a um ritmo e a uma velo- cidade incríveis.

Mensagem do secretário geral

adjunto/diretor de Desenvolvimento

da CONMEBOL

Gonzalo Belloso

mou-se a seleção da argentina, atual campeã, deixando na his- tória da competição apenas duas Copas do Mundo não conquista- das por seleções da CONMEBOL.

A popularidade desta modalidade em nossos países nos comprome- te mais ainda como CONMEBOL a desempenhar um trabalho profis- sional, planejado e com visão am- pla, com o objetivo de manter em alta a insígnia que nossos atletas nos vêm deixando há décadas.

O trabalho do Departamento de Desenvolvimento da CONMEBOL para a realização desse objetivo inclui este manual sobre o futsal, para o qual colaboraram as mel- hores mentes dos países sul-ame- ricanos nesta especialidade.

Para a CONMEBOL é um luxo apresentar este material didático, com a certeza de que será um elo fundamental para manter não só a supremacia nas competições, mas também o interesse de nos- sos milhões de salonistas que vi- vem em todo o território da CON- MEBOL por esta modalidade.

1 Introdução

A lógica do jogo de futsal é permanente e retrata a natureza estrutural e dinâmica (funcional) do jogo de fut- sal, ou seja, o que esse esporte tem de mais característico. Conhecer seus aspectos é importante para que o treinador possa elaborar e ajustar os seus contextos de treino para as diferentes etapas de formação do jogador: iniciação (6-13 anos) e especialização (14-20 anos). Um treino de qualidade respeitará a lógica do jogo.

O objetivo deste manual é regis- trar o conhecimento genuíno do futsal sul-americano com ênfase na formação de jovens jogadores e jogadoras de futsal nas catego- rias de base. Salientamos aqui a capacidade de desenvolvimento de talentos do nosso continente que vem tendo como consequên- cia diversas conquistas nas cate- gorias adultas tanto masculina quanto feminina.

Este manual propõe uma visão global das especificidades do treinamento de futsal para nossos jovens, aplicáveis a distintas realidades oriundas da diversidade do nosso continente.

No capítulo 1, abordamos a ló- gica do jogo de futsal e os com- ponentes que o caracterizam. O capitulo 2 especifica os princípios táticos fundamentais assim como a tática individual e grupal tanto nos aspectos ofensivos quanto defensivos. Em seguida, fazemos uma interessante reflexão acerca da progressão do jogo anárquico ao jogo estruturado de maneira a respeitar as características ma- turacionais e o entendimento de jogo nas diferentes faixas etárias das categorias de base. Este ca- pitulo contem ainda o aporte de dois campeões do Mundo: Paulo Cesar de Oliveira e Diego Gius- tozzi. Eles fazem uma profunda analise e detalhamento da tá- tica coletiva do futsal em todos os momentos do jogo e também uma descrição de ações especifi- cas e funções das diferentes po- sições. O capitulo termina com

A lógica do jogo

uma proposta de construção de modelo de jogo.

Os capítulos 3 e 4 abordam o tema da preparação física e do treina- mento de goleiros específico do futsal, respectivamente. De forma bastante aplicada e com diversos exemplo de atividades, estes capí- tulos certamente darão um emba- samento teórico e prático mais que suficiente para garantir treinamen- tos básicos de qualidade quanto a estes tópicos especificamente.

No capítulo 5, a proposta é, assim como no manual orientador, apre- sentar um exercício de construção do currículo de formação para ca- tegorias de base de um clube de futsal.

Vamos a leitura do primeiro manual de futsal com o verdadeiro DNA sul-americano.

O jogo de futsal

Primordialmente, a ação de jogo no futsal é resultante das inte- rações entre os jogadores. Estes, quando da posse da bola, asso- ciam-se para mantê-la, dissimu- lando suas intenções, causando constrangimentos para a equipe adversária, com o objetivo de le- var vantagens posicionais e nu- méricas que se traduzam em gols e, quando da perda da posse da bola, organizam-se para recupe-

rá-la, opondo-se de forma coope- rativa às iniciativas do adversário, evitando possíveis desvantagens posicionais e numéricas, inibindo gols. A natureza complexa do jogo, dada à incerteza e à variabilidade de situações, requer, por um lado, jogadores versáteis e com eleva- da capacidade de jogo, ou seja, inteligentes (táticos), habilidosos (técnicos), condicionados e for- tes emocionalmente, que sabem

decidir e executar com rapidez e eficácia, antecipando possíveis in- tenções do adversário. Por outro lado, demanda dos treinadores que organizem as suas equipes para enfrentar os diferentes mo- mentos do jogo, elaborando con- textos de treino que desenvolvam a capacidade de jogo e respeitem as particularidades do futsal, ou seja, afinados com aspectos da sua lógica interna.

As dimensões

tática e técnica

no futsal

Entretanto, o modo de os joga- dores/as cumprirem os princípios táticos e lidar bem com os mo- mentos do jogo requer o desen- volvimento de uma “linguagem” comum a todos, o que se entende por tática. Quando ela se repor- ta ao jogador/a, seria individual. Entre dois ou três jogadores/as, grupal. E entre os quatro jogado- res/a, coletiva. Quando os jogado- res/as se comunicam (interagem taticamente) para atacar e defen- der, os gestos técnicos têm signi-

ficados e expressam as intenções táticas dos jogadores. Logo, o comportamento sempre é técni- co-tático e não técnico ou tático. Nesse sentido, importa apren- der certo “idioma” para se jogar coletivamente quando se está e quando não se está com a posse da bola. Não pode passar desper- cebido que a comunicação tática entre os jogadores/as tem de ser facilmente interpretada por estes e, ao mesmo tempo, mal interpre- tada pelos adversários.

A cada treino, desde as menores idades e gradativamente, é necessário perseguir e enraizar uma série de comportamentos táticos individuais, grupais e coletivos.

Alguns princípios táticos do jogo são considerados como fundamentais:

Princípios táticos ofensivos Princípios táticos defensivos

Penetração Contenção

Cobertura ofensiva Cobertura defensiva

Mobilidade Equilíbrio

Espaço Concentração

Unidade ofensiva Unidade defensiva

Tabela 2 – Princípios fundamentais do jogo de futsal

Princípios fundamentais

e comportamentos

táticos individuais e

grupais do jogo

Como visto na lógica interna, os princípios táticos são as referências que orientam o comportamento dos jogadores/as para gerir os diferentes momentos do jogo.

Agora, o que significam esses princípios e quais os comportamentos tático-técnicos que os

sustentam?

Princípios ofensivos

Comportamentos táticos

Meios técnicos PENETRAÇÃO: Atacar diretamente o ad- versário ou a baliza; des- equilibrar a organização defensiva adversária; criar situações vantajo- sas em termos numéri- cos ou posicionais.

1x1 (superar o adver- sário); projetar-se nas costas do adversário, bola de tempo para pivô; tabelas, parale- las, diagonais, sobre- posições; cortes pela frente.

  • Drible
  • Passe
  • Controle da bola
  • Chute
COBERTURA OFENSIVA:

Garantir a manutenção da posse da bola; dimi- nuir a pressão defensiva sobre o portador da bola.

Entrar em linha de passe, dando apoio para o portador da bola, seja atrás da lin- ha da bola (jogo de volante) e também fazer aproximações entrelinhas; circular a bola; relevo.

  • Controle da bola
  • Passe
  • Fintas

MOBILIDADE:

Criar ações de ruptura na organização defensiva adversária; aparecer em zonas propícias para a consecução do gol; criar linhas de passe em pro- fundidade.

Tabela, paralela, dia- gonal, sobreposição, fugida, desmarque, apoio entrelinhas, apoio no fundo da quadra, cortina, abrir espaços.

  • Controle da bola
  • Drible
  • Passe
  • Fintas

ESPAÇO:

Ampliar o espaço efetivo do jogo; expandir as dis- tâncias entre os adver- sários.

Jogar em largura (pas- se em progressão) e jogar em profundida- de (bolas de espaço e bolas de pivô).

  • Passe
  • Proteção da bola
  • Controle da bola

UNIDADE OFENSIVA:

Favorecer uma circu-

lação contínua, fluente

e eficaz da bola; fazer

uma passagem organi-

zada à defesa no caso

de perda da bola (re-

cuperando-a imediata-

mente ou temporizan-

do a defesa).

Jogar em largura,

dar apoio para o

portador da bola;

aproximação das

linhas, balanço de-

fensivo, atacar mar-

cando; temporizar e

retorno defensivo.

  • Passe
  • Fintas
  • Desarme
  • Interceptação de passe
  • Antecipação

Tabela 3 – Princípios táticos fundamentais e comportamentos táticos que os sustentam

Princípios defensivos

Comportamentos táticos

Meios técnicos CONTENÇÃO: Parar ou atrasar o ataque adversário; induzir a pro- gressão do portador da bola; pressionar o por- tador da bola; restringir opções de passe para um adversário; impedir a fi- nalização.

Colocar-se entre o atacante e o gol; apro- ximação e abordagem (pressionar a bola), indução da trajetória de ação do atacante; bloqueio de chutes na trajetória da bola; pressing.

  • Desarme
  • Interceptações de passe

COBERTURA

DEFENSIVA:

Auxiliar o marcador do portador da bola, se este for superado; transmitir segurança ao marcador do portador da bola para que ele tente recupe- rá-la.

Cobertura, sobrepo- sição de cobertura.

  • Desarme

EQUILÍBRIO:

Assegurar a estabilidade defensiva nas zonas de disputa da bola; cobrir eventuais linhas de pas- se; marcar jogadores que podem receber a bola; apoiar colegas que fazem a contenção e a cobertu- ra defensiva.

Retorno defensivo, interceptação de pas- ses, temporização, oferecer equilíbrio de- fensivo no lado opos- to de onde a defesa faz a contenção; dis- suadir o passe do por- tador da bola.

  • Desarme
  • Interceptação de passe
  • Antecipação

CONCENTRAÇÃO:

Aumentar a proteção à baliza; induzir o ad- versário para zonas de menor risco.

Marcar atrás da linha da bola; em caso de perda da bola, retorno defensivo.

  • Desarme

UNIDADE DEFENSIVA:

Dar melhores condições para que os defensores no centro de jogo pres- sionem a equipe adver- sária; favorecer uma ação ofensiva subsequente à recuperação da bola.

Respeitar a linha da bola, pressing defen- sivo; ajustes defensi- vos, como cobertura e sobreposição de co- bertura; flutuar, com- pactar a defesa.

  • Desarme
  • Interceptação de passe
  • Antecipação
  • Deslocamentos sem bola

Comportamentos táticos ofensivos

Ganhar as costas do adversário Atitude de se projetar no espaço vazio, ganhando as costas do adversário.

Agredir o espaço na diagonal Atitude de se projetar no espaço vazio, ocupando a diagonal em relação à bola.

Bola de tempo no pivô Atitude do jogador/a sem a bola de ir ao encontro desta, passando a bola para o pivô.

Agredir o espaço na paralela Atitude de se projetar no espaço vazio, ocupando a paralela em relação à bola.

Sobreposição (ou cruzamento) Atitude de se deslocar por detrás de quem tem a posse da bola.

Aproximação (apoio) entrelinhas Atitude de se deslocar entre as linhas defensivas para apoiar o portador/a da bola.

Desmarque Atitude do jogador/a sem a bola de ir ao encontro desta, passando nas costas do defensor/a.

Relevo Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar para trás de quem tem a bola, em cobertura ofensiva.

Abrir espaço e jogar em profundidade Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar abrindo espaço para o portador/a da bola passar em profundidade para o pivô.

Cortina Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar entre o portador/a da bola e seu marcador direto.

Corte pela frente Atitude do jogador/a sem a bola de mudar a direção da sua corrida para receber a bola.

Jogar em largura (passe em progressão) Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar rente à linha lateral, de modo a receber a bola em progressão.

Retornar Atitude de quem está à frente da linha da bola de retornar velozmente para recompor a defesa.

Respeitar a linha da bola Atitude de se posicionar atrás da linha da bola, fican- do em condições de se ajudar mutuamente.

Triângulo defensivo Atitude de o defensor/a colocar no seu campo visual a bola e o adversário. Essa atitude pode ser perdida momentaneamente dependendo da velocidade de deslocamento do adversário.

Temporizar ou flutuar Atitude de quem está atrás da linha da bola de re- tardar a ação ofensiva, permitindo a chegada do re- torno.

Pressing Atitude conjunto dos jogadores/as que marcam indi- retamente de se aproximarem dos atacantes quando a bola está pressionada, dissimulando o passe ou mesmo para interceptá-lo.

Troca de corrida Atitude conjunta do defensor/a que marca direta- mente de perseguir a trajetória bola e do que marca indiretamente marcar a devolução do passe.

Comportamentos táticos defensivos

Dobra Atitude de o defensor/a acompanhar a trajetória da bola, “lançando-se” sobre quem tem a bola, ajudando quem marca diretamente.

Cobertura Atitude de ajudar o jogador/a que marca diretamen- te em caso de este ser superado ou até mesmo an- tes.

Troca de marcação Atitude conjunta dos defensores/as de se manterem nas suas posições, trocando os atacantes que mar- cam.

Ajuda Atitude de o defensor/a deixar o seu atacante e aju- dar o defensor que marca o pivô em profundidade.

Sobreposição de cobertura (ou permuta) Atitude de o defensor/a superado de se encaixar no- vamente numa linha defensiva, sobrepondo o colega que fez a sua cobertura.

Acompanhamento Atitude de o defensor/a acompanhar o atacante que se desloca, mantendo-se entre ele e o seu gol.

DESCENTRADO

(10-13, 14 anos)

Principal característica: Iniciação ao jogo tático

ANÁRQUICO

(6-9, 10 anos)

Principal característica: A obsessão pela bola

NÍVEIS DE JOGO E FAIXAS ETÁRIAS

Controle rudimentar da bola, o que provoca muitas interrupções no jogo.

Melhoria da relação com a bola, o que aumenta a fluidez do jogo.

Os jogadores/as aglutinam-se entorno da bola e não respeitam os momentos do jogo.

Resultado: Desorganização posicional e fun- cional.

Os jogadores/as adotam as dife- rentes posições-funções táticas segundo um desenho tático (or- ganização posicional), ocupando a quadra em largura e profundi- dade.

Treinar as habilidades em contex- to instável, associada a proble- mas cognitivos. Inserir jogos com regras simplificadas, em espaços menores e com menos jogado- res, com os objetivos de fazer e de evitar gols (1x1+1, 1x1+2; 1x1; 2x2+1, 2x2+2, 2x2; 3x3+1, 3x3). Educar a tática individual. Incentivar a táti- ca de grupo.

Treinar as habilidades associadas a problemas táticos dos diferentes momentos do jogo. Utilizar jogos contextualizados (3x3+1, 3x3, 4x4, 4x4 + apoios) no espaço padroni- zado que treinem atitudes táticas coletivas como entrar em linha de passe, circular a bola, preparar o gol para o colega, triângulo de- fensivo, cobertura, temporizar e retorno defensivo etc. Regras de maior complexidade. Fortalecer a tática individual e de grupo. In- centivar a tática coletiva.

Campo visual centrado na bola, o que prejudica as interações táti- cas (jogar com).

Campo visual contempla bola-co- legas-adversários, o que facilita o início das interações táticas (jo- gar com).

Relação com a bola

Relação com a bola

Organização posicional

Organização posicional

Estratégias de intervenção

Estratégias de intervenção

Dinâmica coletiva

Dinâmica coletiva

Tabela 5 - Estratégias de intervenção nos diferentes níveis de jogo do futsal

ESTRUTURADO

(14-18, 19 anos)

Principal característica: Desenvolvimento da organização posicional

ELABORADO

(a partir dos 19 anos)

Principal característica: Refinamento da dinâmica coletiva

Domínio da bola, o que permite continuidade no jogo.

Domínio específico da bola, isto é, voltado para os princípios do mo- delo de jogo da equipe.

Além de adotar as diferentes po- sições-funções táticas, o jogo passa a ser dinâmico.

Resultado: Organização posicional e funcio- nal.

Ocupação do espaço independen- temente da posição-função táti- ca. Versatilidade de funções.

Fortalecer a tática de grupo (ofen- siva e defensiva) e priorizar a tá- tica coletiva. Jogos contextualiza- dos, prioritariamente na estrutura formal (G+4x4+G), voltados para os princípios específicos do jogo.

Fortalecer a tática de grupo e refinar a tática coletiva. Jogos e exercitações contextualizados voltados para o modelo de jogo da equipe.

Interações táticas ofensivas e defensivas marcadas pelos prin- cípios fundamentais do jogo: pe- netração-contenção; unidade ofensiva-unidade defensiva; co- bertura ofensiva-cobertura de- fensiva; mobilidade-equilíbrio; es- paço-concentração.

Apresentam elevada mobilidade para atacar e equilíbrio posicional para se defender.

Relação com a bola

Relação com a bola

Organização posicional

Organização posicional

Estratégias de intervenção

Estratégias de intervenção

Dinâmica coletiva

Dinâmica coletiva

Na prática: exemplos de atividades

para os diferentes níveis de jogo

Nível anárquico

Nível descentrado

Joga-se G+3x1+G. Quando mudar a equipe que detém a bola, há uma troca de alas: saem os alas da equipe que atacava e entram os alas que estavam fora da quadra.

Joga-se G+3+PVx3+G. O objetivo dos atacantes é passar a bola em profundidade para o pivô, quando, então, poderão finalizar na meta adversária. O pivô não pode fazer gol! Apenas servir os colegas. Cada vez que a equipe acionar o pivô, uma vez a bola sain- do da quadra, troca-se o pivô por quem lhe passou a bola.

Joga-se G+4x2+G. Quando mudar a equipe que de- tém a bola, há uma troca de alas: saem os alas da equipe que atacava e entram os alas que estavam fora da quadra.

Joga-se G+3x3+G. O objetivo dos atacantes é passar a bola para o espaço (vazio), quando, então, poderão finalizar na meta adversária. Nesse jogo, o jogador não pode receber a bola se já estiver na quadra ofen- siva. Tem de recebê-la quando estiver se deslocando para a quadra ofensiva.

Nível estruturado

Nível elaborado

Joga-se G+4+2x4+G. O objetivo desse jogo é sobreca- rregar a defesa. Para tanto, foram posicionados dois apoios (+2) no fundo da quadra, que jogam há um to- que, podendo, inclusive, passar a bola entre si.

Joga-se G+3X3-1+G. O objetivo desse jogo é provo- car ajustes defensivos. Para tanto, o jogador/a que detém a bola pode “tirar um defensor do jogo”, que não seja o que marca diretamente, chamando-o pelo nome. Nesse momento, ele sai da quadra para que outro defensor/a, em destaque, entre no jogo.

Joga-se G+4x4. O objetivo desse jogo é sobrecarre- gar a defesa. Para tanto, a equipe defende sem o go- leiro/a e o ataque pode somente pode finalizar se a bola estiver na quadra ofensiva.

Joga-se G+4x4+G. Há três bolas no jogo e a marcação é nominal sem troca. Os jogadores/as em desta- que têm bola, mas estão fora de jogo. Eles apenas entram no jogo se o jogador/a da equipe que tem a bola, passar a bola para um colega. Nesse momento, o defensor/a deveria fazer o mesmo, de modo a po- der marcar quem entrou no jogo.

O ataque posicional ou organizado permite que a equipe selecione o modo como quer atacar o adversário. Para tanto, adota um ou mais desenhos táticos, indicando o primeiro momento da organização ofen- siva. Neste capítulo, abordamos os desenhos táticos clássicos como o 2.2, 3.1 e 4 em linha ou 4.0, e inovador, como o 3 do mesmo lado.

Conceitos táticos da

organização ofensiva

Ataque posicional

Desenho de sistema tático: 2.

De fácil compreensão Indicado para sair de pressão, para enfrentar pos- turas defensivas excessivamente recuadas e con- tra equipes que marcam por zona. Transforma-se em vantagem quando a equipe dis- põe de um jogador/a de grande habilidade e segu- rança com a bola nos pés, pois em caso do duelo de 1x1 se criará uma superioridade numérica. Vulnerável quando se apresenta em zonas adian- tadas da quadra, favorecendo, no caso de um desarme ou interceptação de passe do adversário, o contra-ataque. Em caso da perda da bola, em função da distân- cia entre os jogadores/as, há muito espaço para defender, o que dificultas as ajudas e coberturas defensivas.

Pouca mobilidade, em função de existir entre as duas linhas de ataque (defensores/as e atacantes) muita distância, o que dificulta as rotações de po- sições. Fica-se em geral com apenas um jogador/a como apoio à bola. Neste caso, se o adversário pressio- nar e roubar a bola obriga o último defensor será obrigado a enfrentar o 1x1. Falta de espaços livres na zona de finalização, na medida em que concentra jogadores/as adver- sários Cada vez menos utilizado no âmbito do alto ren- dimento.

Desenho de sistema tático: 3.

É o mais utilizado no futsal. Facilita o deslocamento dos jogadores/as. Simples de realizar. Na zona de finalização se dispõem de espaços livres. Evita aglomerações no campo ofensivo. Em função de exigir uma linha de três jogadores/ as, oferece segurança defensiva em caso de perda da bola.

Efetivo contra defesas individuais e zonais, por di- ficultar as possíveis ajudas e coberturas. Indicado contra defesas altas e baixas. A equipe inicia atacando a lateral da quadra, garan- tindo largura e profundidade simultâneas. Ideal seria selecionar três destros do mesmo lado e um canhoto do lado oposto ou vice-versa.

Desenho de sistema tático: “3 do mesmo lado”

É indicado para se usar contra marcações pressão e recuadas, individuais e por zona. Oferece muitas possibilidades ofensivas, como por exemplo, ganhar as costas do adversário, rea- lizar diagonais, paredes com o pivô.

Como o jogador/a da 1ª linha ofensiva não tem dois apoios próximos, é preciso que os jogadores/ as imponham movimentos ofensivos que pertur- bem a 1ª linha defensiva: o desmarque, a cortina, o relevo e o apoio servem como exemplo. Indicado para equipes de alto rendimento, que possuem um nível de jogo elaborado. Seguem quatro movimentos para esta configu- ração: desmarque, cortina, relevo e apoio (“jogo de volante”).

Desmarque No desmarque, o jogador/a da 2ª linha passa rente por detrás do marcador da bola. Isso deve ser conco- mitante a um deslocamento do ala oposto.

O portador/a da bola tem a opção de soltá-la para quem fez o desmarque ou atacar o fundo da quadra.

Relevo No relevo, o jogador/a da 1ª linha conduz a bola (“arrasta a bola”) sobre o ala oposto. Isso deve ser concomitante a um deslocamento do jogador/a da 2ª linha, que preencherá seu espaço.

O portador/a da bola tem a opção de soltá-la para quem fez o desmarque ou atacar o fundo da quadra.

Cortina Na cortina, o jogador/a da 2ª linha passa pela frente do marcador do portador da bola, “roubando” a sua bola ou passando sem levá-la.

“Apoio” (jogo de “volante”) No apoio, o jogador/a da 1ª linha, depois de passar a bola para o ala oposto, se posiciona em apoio atrás da linha da bola.

Isso permite, por exemplo, que o ala oposto possa realizar o desmarque com o apoio.

Desenho de sistema tático: “4 em linha”

Exige rotação contínua dos jogadores/as. Favorece passes para o espaço livre. Obriga a defesa a mover-se continuamente e ter que eleger o tipo de marcação. Idôneo para jogar com vantagem no placar, já que o adversário deve recuperar a bola. Não é recomendado para defesas muito recuadas, em função da pouca existência de espaços livres. Exige um comportamento técnico-tático assen- tado, o máximo possível, na ambidestria.

Efetivo contra defesas individuais e zonais, por di- ficultar as possíveis ajudas e coberturas. Indicado contra defesas altas e baixas. A equipe se inicia atacando pelo centro da quadra. Ideal seria conter dois canhotos posicionados no lado direito e dois destros posicionados do lado esquerdo. Acompanhe quatro movimentos para este des- enho: passagem por fora, infiltração, corte longo com desmarque, apoio com desmarque.

Fugida + Aproximação Nessa primeira movimentação, há duas atitudes táti- cas simultâneas: a aproximação entre linhas e a pro- jeção pelas costas da defesa (fugida).

Acompanhe a sequência da movimentação: há dois jogadores/as centralizados, onde ocorre a troca do primeiro passe (1) e o deslocamento por fora da de- fesa (2). Quem recebeu a bola, realiza um passe para o ala (3); ao mesmo tempo, o ala oposto se deslo- ca para o centro, nas costas da 1ª linha defensiva (4); o portador da bola (5) tem a opção de tabela com quem se aproxima, um passe longo para quem fugiu e, ainda, reiniciar o jogo com o apoio para trás da lin- ha da bola.

Infiltração Nessa segunda movimentação, o jogador/a centrali- zado, depois de passar a bola (1), projeta-se (2), pelo centro, atrás da 1ª linha defensiva. Há mais um passe do outro jogador centralizado para quem está na la- teral (3).

O portador da bola (4) tem a opção de tabela com quem se oferece atrás da 1ª linha defensiva, um pas- se longo para quem fugiu (5) e, ainda, reiniciar o jogo com o apoio para trás da linha da bola.

Nessa movimentação, o ideal seria escalar dois des- tros e três canhotos ou vice-versa.

O princípio é infiltrar-se atrás da 1ª linha defensiva ao mesmo tempo em que se circula a bola e se ataca o fundo da quadra.

Se a bola chegar no fundo, o portador tem a opção de agredir a área com um passe na direção da se-

Desenho de sistema tático 2 – dinâmico

gunda trave ou para quem se infiltrou. Mas também pode reiniciar o jogo, passando a bola para trás.

Importante é perceber que a infiltração deve se dar tanto por canhotos como por destros.

A trajetória de deslocamento dos jogadores/as in- clui: infiltrar e, se não receber a bola, recuperar o seu posicionamento para o seu lado de origem no des- enho tático.

Esse desenho exige dois destros e dois canhotos po- sicionados, respectivamente, na 2ª e 3ª linhas ofen- sivas. O atacante da 1ª linha é passador e não infiltra depois do passe.

O princípio é sobrecarregar o defensor/a da 2ª linha com dois atacantes do seu lado: um sobre ele e o outro nas suas costas, deixando-o em dúvida sobre “como marcar”.

Se a bola chegar no atacante do fundo, ele tem as opções de agredir a área com um passe na direção

Desenho de sistema tático 4 – posicional

da segunda trave ou para o atacante oposto que es- tava na 2ª linha ofensiva e se infiltrou na direção do pênalti. Mas também pode finalizar no gol ou reini- ciar o jogo, passando a bola para trás.

Importante é perceber que o atacante da 1ª linha deve atacar ora com a dupla de destros, ora com a de canhotos.

Exige-se jogadores/as que executem passes preci- sos e arriscados.

Ataque de expulsão

Há modos distintos de se atacar. Iniciaremos por um menos complexo.

Nesse desenho, criado para enfrentar defesa em triângulo com vértice alto, os jogadores/as se po- sicionam 2.2. O princípio é envolver, com passes, o defensor da 1ª linha até desequilibrá-lo (1), o que abriria a chan- ce de se finalizar de média distância (2) ou de se

passar para o atacante em profundidade (3), ge- rando uma vantagem posicional na área (4). Se a bola chegar no fundo, o portador tem a opção de agredir a área com um passe na direção da se- gunda trave ou para quem se infiltrou.

Os modos mais complexos seriam indicados para equipes de níveis de jogo estruturado e elaborado.

Neste desenho, criado para enfrentar a defesa em triângulo com vértice alto, posiciona-se uma diagonal longa com três jogadores/as do mesmo lado (1, 2 e 3), sendo que um deles (2) sobrecarrega o marcador da 2ª linha. Do lado oposto, posicio- na-se outro jogador (4), que ora apoia o portador da bola (1), mas que também infiltra para finalizar a gol.

O princípio é deixar em dúvida o marcador da 2ª linha, atacando o fundo da quadra e, depois, a área.

Se a bola chegar no fundo (3), o portador tem a opção de agredir a área acompanhado de quem se infiltrou (4).

Neste desenho, criado para a defesa em triângulo com vértice baixo, os jogadores se iniciam no 2.2. Depois do primeiro passe, o atacante (1) se infiltra cortando pela frente do seu marcador, dando para o portador da bola (2) a opção de passe. Como, de modo geral, os defensores/as da 1ª linha marcam o passe na paralela, a opção é jogar por dentro (atacante em destaque).

O princípio é deixar os defensores/as da 1ª linha em dúvida entre fechar a paralela, o mais provável, ou a diagonal. Atenção: esse modo de atacar exige a retomada da movimentação inicial se necessário, ou seja, passe seguido de infiltração por dentro, o que é possível com a rotação dos jogadores/as.

As estratégias de bola parada mais eficazes ocorrem em situações mui- to específicas na quadra de ataque: cantos, laterais e faltas.

Há dois tipos de princípios mais consensuais: o de finalizar a um toque (direto) ou finalizar com mais toques (elaborado). Vejamos ambos os exemplos para cada situação, desde estratégias menos complexas, até as mais complexas.

Bola parada

Canto direto 1 Nesta movimentação, um dos atacantes (1) faz um corta-luz no defensor/a (em destaque), permi- tindo que o passe chegue até o finalizador (2). Ao mesmo tempo, há um deslocamento do atacante centralizado para a 2ª trave (3).

O princípio é deixar em dúvida o marcador/a, deixando dois atacantes sobre ele e terminar o ataque finalizando direto.

Canto elaborado 1 Nesta movimentação, o atacante (1) simula chutar, mas devolve a bola para o batedor (2) e este pode passar a bola para o jogador que se infiltrou nas costas do marcador/a centralizado (3).

O princípio é desviar a atenção dos defensores/as para a troca de passes entre os atacantes.

Canto direto 2 Nesta movimentação, todos os atacantes movi- mentam-se simultaneamente, mas com funções distintas: um infiltra na área (1); o outro se movi- menta na direção do batedor/a (2) e o mais distan- te se movimenta para o centro da quadra (3).

O princípio é terminar o ataque a um toque e o passador tem três opções: passe dentro da área, passe na distância média e passe por elevação para o batedor/a mais distante (voleio).

Lateral direto 1 Nesta movimentação, o atacante (1) corre para encontrar a bola que pode ser rolada pelo bate- dor/a (2); o outro atacante (3) fica posicionado como opção para finalizar de média distância. Mas a ideia é manipular os defensores/as mais altos, de modo que o atacante posicionado na linha da bola (4) possa invadir a área para receber o passe do batedor/a.

O princípio é terminar o ataque a um toque.

Canto elaborado 2 Nessa movimentação, há três passes (1, 2 e 3) an- tes da finalização. Importante perceber que o ba- tedor/a do canto será o finalizador (4).

O princípio é elaborar o ataque, atraindo os defen- sores/as para fora da área.

Lateral elaborado 1 Nessa movimentação, há um deslocamento do atacante do centro para a fundo (1). O batedor/a (2) pode rolar a bola para o atacante que vem ao seu encontro (3), que pode finalizar no gol ou pas- sar a bola para seu colega no fundo (1) e este para dentro da área para o atacante (4) que a invadiu.

O princípio é elaborar o ataque, atraindo a atenção dos defensores/as do lado onde está a bola, libe- rando o 1x1 dentro da área.