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Princípios fundamentais e comportamentos táticos individuais e coletivos do jogo de futebol, incluindo atitudes táticas ofensivas e defensivas, como entrar em linha de passe, circular a bola, temporizar, interceptação de passes, e retorno defensivo. O texto também discute a importância de jogadores versáteis e condicionados emocionalmente para o jogo.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
Mensagem do presidente
da CONMEBOL
Alejandro Domínguez Wilson Smith
Se existe uma modalidade de fu- tebol em que a CONMEBOL não só deixou uma marca profunda na história, mas também mantém seu status de potência, é no fute- bol de salão ou Futsal-FIFA.
Os seus primórdios, claramente sul-americanos, ocorreram entre o Rio da Prata e o Brasil, e deixa- ram nesta modalidade a marca do futebol sul-americano: o talento natural dos futebo-
listas da América do Sul encon- trou no futsal o campo ideal para que o DNA do Futsal-FIFA tivesse a marca registrada dos jogadores e jogadoras do nosso continente.
A posição dos países da CONME- BOL também foi de transcen- dental importância para que em meados dos anos 80 a FIFA assu- misse o controle dessa modalida- de, incluindo-a sob sua tutela e organizando a Copa do Mundo de Futsal desde 1989.
Como em nenhuma outra mo- dalidade de futebol, o domínio das seleções da CONMEBOL é evidente, e das 8 Copas do Mundo disputadas sob a or- ganização da FIFA, nada me- nos que 6 foram conquistadas por potências sul-america- nas.
Ao claro domí- nio do Brasil, v e n c e d o r de cinco Copas do M u n - do, so-
A estratégia do Programa Evo- lução da CONMEBOL, do Depar- tamento de Desenvolvimento, é aumentar o investimento no fute- bol, visando sua expansão em to- dos os níveis de desenvolvimento esportivo, promovendo a inclusão e a diversidade em um ambiente de respeito e integridade.
Os fundos do Programa Evolução da CONMEBOL cumprem a função social de formar técnicas, técni- cos, treinadoras, treinadores, pre- paradoras e preparadores físicos como pontes para valorizar o ta- lento da nova geração de jogado- res e jogadoras de futebol apaixo- nados pelo futebol. Estão aqui para trabalhar na sua formação, proporcionando-lhes formação e disciplina, educação em valores, transformando assim as suas ex- periências, as suas vidas e a sua projeção para um eventual futuro de competição profissional.
Esta Diretoria trabalha buscando gerar as condições para que a ma- gia do futebol continue em vigor, seja com as multidões que acom- panham seus times em qualquer parte da América do Sul, seja através de torcedores de outras latitudes, seguidores do talento e
da paixão de nossos jogadores e jogadoras.
Uma das armas que considera- mos de fundamental importância para a concretização destes ob- jetivos é a publicação de manuais para as diversas modalidades e categorias do futebol. Este, em particular, é dedicado ao futebol de salão ou Futsal-FIFA.
A rica experiência na modalidade de salão que a América do Sul tem nos ajuda a ter, como docentes, verdadeiros campeões mundiais, criadores de técnicas e táticas que por muitos anos levaram nossas seleções à conquista da Copa do Mundo de Futsal-FIFA.
Essa sabedoria está agora ex- posta para que os amantes do futsal, sejam jogadores ou joga- doras, amadores ou amadoras , profissionais ou técnicos, possam capturá-la nas quadras mágicas, onde a bola gira a um ritmo e a uma velo- cidade incríveis.
Mensagem do secretário geral
adjunto/diretor de Desenvolvimento
da CONMEBOL
Gonzalo Belloso
mou-se a seleção da argentina, atual campeã, deixando na his- tória da competição apenas duas Copas do Mundo não conquista- das por seleções da CONMEBOL.
A popularidade desta modalidade em nossos países nos comprome- te mais ainda como CONMEBOL a desempenhar um trabalho profis- sional, planejado e com visão am- pla, com o objetivo de manter em alta a insígnia que nossos atletas nos vêm deixando há décadas.
O trabalho do Departamento de Desenvolvimento da CONMEBOL para a realização desse objetivo inclui este manual sobre o futsal, para o qual colaboraram as mel- hores mentes dos países sul-ame- ricanos nesta especialidade.
Para a CONMEBOL é um luxo apresentar este material didático, com a certeza de que será um elo fundamental para manter não só a supremacia nas competições, mas também o interesse de nos- sos milhões de salonistas que vi- vem em todo o território da CON- MEBOL por esta modalidade.
A lógica do jogo de futsal é permanente e retrata a natureza estrutural e dinâmica (funcional) do jogo de fut- sal, ou seja, o que esse esporte tem de mais característico. Conhecer seus aspectos é importante para que o treinador possa elaborar e ajustar os seus contextos de treino para as diferentes etapas de formação do jogador: iniciação (6-13 anos) e especialização (14-20 anos). Um treino de qualidade respeitará a lógica do jogo.
O objetivo deste manual é regis- trar o conhecimento genuíno do futsal sul-americano com ênfase na formação de jovens jogadores e jogadoras de futsal nas catego- rias de base. Salientamos aqui a capacidade de desenvolvimento de talentos do nosso continente que vem tendo como consequên- cia diversas conquistas nas cate- gorias adultas tanto masculina quanto feminina.
Este manual propõe uma visão global das especificidades do treinamento de futsal para nossos jovens, aplicáveis a distintas realidades oriundas da diversidade do nosso continente.
No capítulo 1, abordamos a ló- gica do jogo de futsal e os com- ponentes que o caracterizam. O capitulo 2 especifica os princípios táticos fundamentais assim como a tática individual e grupal tanto nos aspectos ofensivos quanto defensivos. Em seguida, fazemos uma interessante reflexão acerca da progressão do jogo anárquico ao jogo estruturado de maneira a respeitar as características ma- turacionais e o entendimento de jogo nas diferentes faixas etárias das categorias de base. Este ca- pitulo contem ainda o aporte de dois campeões do Mundo: Paulo Cesar de Oliveira e Diego Gius- tozzi. Eles fazem uma profunda analise e detalhamento da tá- tica coletiva do futsal em todos os momentos do jogo e também uma descrição de ações especifi- cas e funções das diferentes po- sições. O capitulo termina com
A lógica do jogo
uma proposta de construção de modelo de jogo.
Os capítulos 3 e 4 abordam o tema da preparação física e do treina- mento de goleiros específico do futsal, respectivamente. De forma bastante aplicada e com diversos exemplo de atividades, estes capí- tulos certamente darão um emba- samento teórico e prático mais que suficiente para garantir treinamen- tos básicos de qualidade quanto a estes tópicos especificamente.
No capítulo 5, a proposta é, assim como no manual orientador, apre- sentar um exercício de construção do currículo de formação para ca- tegorias de base de um clube de futsal.
Vamos a leitura do primeiro manual de futsal com o verdadeiro DNA sul-americano.
O jogo de futsal
Primordialmente, a ação de jogo no futsal é resultante das inte- rações entre os jogadores. Estes, quando da posse da bola, asso- ciam-se para mantê-la, dissimu- lando suas intenções, causando constrangimentos para a equipe adversária, com o objetivo de le- var vantagens posicionais e nu- méricas que se traduzam em gols e, quando da perda da posse da bola, organizam-se para recupe-
rá-la, opondo-se de forma coope- rativa às iniciativas do adversário, evitando possíveis desvantagens posicionais e numéricas, inibindo gols. A natureza complexa do jogo, dada à incerteza e à variabilidade de situações, requer, por um lado, jogadores versáteis e com eleva- da capacidade de jogo, ou seja, inteligentes (táticos), habilidosos (técnicos), condicionados e for- tes emocionalmente, que sabem
decidir e executar com rapidez e eficácia, antecipando possíveis in- tenções do adversário. Por outro lado, demanda dos treinadores que organizem as suas equipes para enfrentar os diferentes mo- mentos do jogo, elaborando con- textos de treino que desenvolvam a capacidade de jogo e respeitem as particularidades do futsal, ou seja, afinados com aspectos da sua lógica interna.
Entretanto, o modo de os joga- dores/as cumprirem os princípios táticos e lidar bem com os mo- mentos do jogo requer o desen- volvimento de uma “linguagem” comum a todos, o que se entende por tática. Quando ela se repor- ta ao jogador/a, seria individual. Entre dois ou três jogadores/as, grupal. E entre os quatro jogado- res/a, coletiva. Quando os jogado- res/as se comunicam (interagem taticamente) para atacar e defen- der, os gestos técnicos têm signi-
ficados e expressam as intenções táticas dos jogadores. Logo, o comportamento sempre é técni- co-tático e não técnico ou tático. Nesse sentido, importa apren- der certo “idioma” para se jogar coletivamente quando se está e quando não se está com a posse da bola. Não pode passar desper- cebido que a comunicação tática entre os jogadores/as tem de ser facilmente interpretada por estes e, ao mesmo tempo, mal interpre- tada pelos adversários.
A cada treino, desde as menores idades e gradativamente, é necessário perseguir e enraizar uma série de comportamentos táticos individuais, grupais e coletivos.
Alguns princípios táticos do jogo são considerados como fundamentais:
Princípios táticos ofensivos Princípios táticos defensivos
Penetração Contenção
Cobertura ofensiva Cobertura defensiva
Mobilidade Equilíbrio
Espaço Concentração
Unidade ofensiva Unidade defensiva
Tabela 2 – Princípios fundamentais do jogo de futsal
Princípios fundamentais
e comportamentos
táticos individuais e
grupais do jogo
Como visto na lógica interna, os princípios táticos são as referências que orientam o comportamento dos jogadores/as para gerir os diferentes momentos do jogo.
Agora, o que significam esses princípios e quais os comportamentos tático-técnicos que os
sustentam?
Princípios ofensivos
Comportamentos táticos
Meios técnicos PENETRAÇÃO: Atacar diretamente o ad- versário ou a baliza; des- equilibrar a organização defensiva adversária; criar situações vantajo- sas em termos numéri- cos ou posicionais.
1x1 (superar o adver- sário); projetar-se nas costas do adversário, bola de tempo para pivô; tabelas, parale- las, diagonais, sobre- posições; cortes pela frente.
Garantir a manutenção da posse da bola; dimi- nuir a pressão defensiva sobre o portador da bola.
Entrar em linha de passe, dando apoio para o portador da bola, seja atrás da lin- ha da bola (jogo de volante) e também fazer aproximações entrelinhas; circular a bola; relevo.
Criar ações de ruptura na organização defensiva adversária; aparecer em zonas propícias para a consecução do gol; criar linhas de passe em pro- fundidade.
Tabela, paralela, dia- gonal, sobreposição, fugida, desmarque, apoio entrelinhas, apoio no fundo da quadra, cortina, abrir espaços.
Ampliar o espaço efetivo do jogo; expandir as dis- tâncias entre os adver- sários.
Jogar em largura (pas- se em progressão) e jogar em profundida- de (bolas de espaço e bolas de pivô).
Tabela 3 – Princípios táticos fundamentais e comportamentos táticos que os sustentam
Princípios defensivos
Comportamentos táticos
Meios técnicos CONTENÇÃO: Parar ou atrasar o ataque adversário; induzir a pro- gressão do portador da bola; pressionar o por- tador da bola; restringir opções de passe para um adversário; impedir a fi- nalização.
Colocar-se entre o atacante e o gol; apro- ximação e abordagem (pressionar a bola), indução da trajetória de ação do atacante; bloqueio de chutes na trajetória da bola; pressing.
Auxiliar o marcador do portador da bola, se este for superado; transmitir segurança ao marcador do portador da bola para que ele tente recupe- rá-la.
Cobertura, sobrepo- sição de cobertura.
Assegurar a estabilidade defensiva nas zonas de disputa da bola; cobrir eventuais linhas de pas- se; marcar jogadores que podem receber a bola; apoiar colegas que fazem a contenção e a cobertu- ra defensiva.
Retorno defensivo, interceptação de pas- ses, temporização, oferecer equilíbrio de- fensivo no lado opos- to de onde a defesa faz a contenção; dis- suadir o passe do por- tador da bola.
Aumentar a proteção à baliza; induzir o ad- versário para zonas de menor risco.
Marcar atrás da linha da bola; em caso de perda da bola, retorno defensivo.
Dar melhores condições para que os defensores no centro de jogo pres- sionem a equipe adver- sária; favorecer uma ação ofensiva subsequente à recuperação da bola.
Respeitar a linha da bola, pressing defen- sivo; ajustes defensi- vos, como cobertura e sobreposição de co- bertura; flutuar, com- pactar a defesa.
Comportamentos táticos ofensivos
Ganhar as costas do adversário Atitude de se projetar no espaço vazio, ganhando as costas do adversário.
Agredir o espaço na diagonal Atitude de se projetar no espaço vazio, ocupando a diagonal em relação à bola.
Bola de tempo no pivô Atitude do jogador/a sem a bola de ir ao encontro desta, passando a bola para o pivô.
Agredir o espaço na paralela Atitude de se projetar no espaço vazio, ocupando a paralela em relação à bola.
Sobreposição (ou cruzamento) Atitude de se deslocar por detrás de quem tem a posse da bola.
Aproximação (apoio) entrelinhas Atitude de se deslocar entre as linhas defensivas para apoiar o portador/a da bola.
Desmarque Atitude do jogador/a sem a bola de ir ao encontro desta, passando nas costas do defensor/a.
Relevo Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar para trás de quem tem a bola, em cobertura ofensiva.
Abrir espaço e jogar em profundidade Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar abrindo espaço para o portador/a da bola passar em profundidade para o pivô.
Cortina Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar entre o portador/a da bola e seu marcador direto.
Corte pela frente Atitude do jogador/a sem a bola de mudar a direção da sua corrida para receber a bola.
Jogar em largura (passe em progressão) Atitude do jogador/a sem a bola de se movimentar rente à linha lateral, de modo a receber a bola em progressão.
Retornar Atitude de quem está à frente da linha da bola de retornar velozmente para recompor a defesa.
Respeitar a linha da bola Atitude de se posicionar atrás da linha da bola, fican- do em condições de se ajudar mutuamente.
Triângulo defensivo Atitude de o defensor/a colocar no seu campo visual a bola e o adversário. Essa atitude pode ser perdida momentaneamente dependendo da velocidade de deslocamento do adversário.
Temporizar ou flutuar Atitude de quem está atrás da linha da bola de re- tardar a ação ofensiva, permitindo a chegada do re- torno.
Pressing Atitude conjunto dos jogadores/as que marcam indi- retamente de se aproximarem dos atacantes quando a bola está pressionada, dissimulando o passe ou mesmo para interceptá-lo.
Troca de corrida Atitude conjunta do defensor/a que marca direta- mente de perseguir a trajetória bola e do que marca indiretamente marcar a devolução do passe.
Comportamentos táticos defensivos
Dobra Atitude de o defensor/a acompanhar a trajetória da bola, “lançando-se” sobre quem tem a bola, ajudando quem marca diretamente.
Cobertura Atitude de ajudar o jogador/a que marca diretamen- te em caso de este ser superado ou até mesmo an- tes.
Troca de marcação Atitude conjunta dos defensores/as de se manterem nas suas posições, trocando os atacantes que mar- cam.
Ajuda Atitude de o defensor/a deixar o seu atacante e aju- dar o defensor que marca o pivô em profundidade.
Sobreposição de cobertura (ou permuta) Atitude de o defensor/a superado de se encaixar no- vamente numa linha defensiva, sobrepondo o colega que fez a sua cobertura.
Acompanhamento Atitude de o defensor/a acompanhar o atacante que se desloca, mantendo-se entre ele e o seu gol.
(10-13, 14 anos)
Principal característica: Iniciação ao jogo tático
(6-9, 10 anos)
Principal característica: A obsessão pela bola
NÍVEIS DE JOGO E FAIXAS ETÁRIAS
Controle rudimentar da bola, o que provoca muitas interrupções no jogo.
Melhoria da relação com a bola, o que aumenta a fluidez do jogo.
Os jogadores/as aglutinam-se entorno da bola e não respeitam os momentos do jogo.
Resultado: Desorganização posicional e fun- cional.
Os jogadores/as adotam as dife- rentes posições-funções táticas segundo um desenho tático (or- ganização posicional), ocupando a quadra em largura e profundi- dade.
Treinar as habilidades em contex- to instável, associada a proble- mas cognitivos. Inserir jogos com regras simplificadas, em espaços menores e com menos jogado- res, com os objetivos de fazer e de evitar gols (1x1+1, 1x1+2; 1x1; 2x2+1, 2x2+2, 2x2; 3x3+1, 3x3). Educar a tática individual. Incentivar a táti- ca de grupo.
Treinar as habilidades associadas a problemas táticos dos diferentes momentos do jogo. Utilizar jogos contextualizados (3x3+1, 3x3, 4x4, 4x4 + apoios) no espaço padroni- zado que treinem atitudes táticas coletivas como entrar em linha de passe, circular a bola, preparar o gol para o colega, triângulo de- fensivo, cobertura, temporizar e retorno defensivo etc. Regras de maior complexidade. Fortalecer a tática individual e de grupo. In- centivar a tática coletiva.
Campo visual centrado na bola, o que prejudica as interações táti- cas (jogar com).
Campo visual contempla bola-co- legas-adversários, o que facilita o início das interações táticas (jo- gar com).
Relação com a bola
Relação com a bola
Organização posicional
Organização posicional
Estratégias de intervenção
Estratégias de intervenção
Dinâmica coletiva
Dinâmica coletiva
Tabela 5 - Estratégias de intervenção nos diferentes níveis de jogo do futsal
(14-18, 19 anos)
Principal característica: Desenvolvimento da organização posicional
(a partir dos 19 anos)
Principal característica: Refinamento da dinâmica coletiva
Domínio da bola, o que permite continuidade no jogo.
Domínio específico da bola, isto é, voltado para os princípios do mo- delo de jogo da equipe.
Além de adotar as diferentes po- sições-funções táticas, o jogo passa a ser dinâmico.
Resultado: Organização posicional e funcio- nal.
Ocupação do espaço independen- temente da posição-função táti- ca. Versatilidade de funções.
Fortalecer a tática de grupo (ofen- siva e defensiva) e priorizar a tá- tica coletiva. Jogos contextualiza- dos, prioritariamente na estrutura formal (G+4x4+G), voltados para os princípios específicos do jogo.
Fortalecer a tática de grupo e refinar a tática coletiva. Jogos e exercitações contextualizados voltados para o modelo de jogo da equipe.
Interações táticas ofensivas e defensivas marcadas pelos prin- cípios fundamentais do jogo: pe- netração-contenção; unidade ofensiva-unidade defensiva; co- bertura ofensiva-cobertura de- fensiva; mobilidade-equilíbrio; es- paço-concentração.
Apresentam elevada mobilidade para atacar e equilíbrio posicional para se defender.
Relação com a bola
Relação com a bola
Organização posicional
Organização posicional
Estratégias de intervenção
Estratégias de intervenção
Dinâmica coletiva
Dinâmica coletiva
Na prática: exemplos de atividades
para os diferentes níveis de jogo
Nível anárquico
Nível descentrado
Joga-se G+3x1+G. Quando mudar a equipe que detém a bola, há uma troca de alas: saem os alas da equipe que atacava e entram os alas que estavam fora da quadra.
Joga-se G+3+PVx3+G. O objetivo dos atacantes é passar a bola em profundidade para o pivô, quando, então, poderão finalizar na meta adversária. O pivô não pode fazer gol! Apenas servir os colegas. Cada vez que a equipe acionar o pivô, uma vez a bola sain- do da quadra, troca-se o pivô por quem lhe passou a bola.
Joga-se G+4x2+G. Quando mudar a equipe que de- tém a bola, há uma troca de alas: saem os alas da equipe que atacava e entram os alas que estavam fora da quadra.
Joga-se G+3x3+G. O objetivo dos atacantes é passar a bola para o espaço (vazio), quando, então, poderão finalizar na meta adversária. Nesse jogo, o jogador não pode receber a bola se já estiver na quadra ofen- siva. Tem de recebê-la quando estiver se deslocando para a quadra ofensiva.
Nível estruturado
Nível elaborado
Joga-se G+4+2x4+G. O objetivo desse jogo é sobreca- rregar a defesa. Para tanto, foram posicionados dois apoios (+2) no fundo da quadra, que jogam há um to- que, podendo, inclusive, passar a bola entre si.
Joga-se G+3X3-1+G. O objetivo desse jogo é provo- car ajustes defensivos. Para tanto, o jogador/a que detém a bola pode “tirar um defensor do jogo”, que não seja o que marca diretamente, chamando-o pelo nome. Nesse momento, ele sai da quadra para que outro defensor/a, em destaque, entre no jogo.
Joga-se G+4x4. O objetivo desse jogo é sobrecarre- gar a defesa. Para tanto, a equipe defende sem o go- leiro/a e o ataque pode somente pode finalizar se a bola estiver na quadra ofensiva.
Joga-se G+4x4+G. Há três bolas no jogo e a marcação é nominal sem troca. Os jogadores/as em desta- que têm bola, mas estão fora de jogo. Eles apenas entram no jogo se o jogador/a da equipe que tem a bola, passar a bola para um colega. Nesse momento, o defensor/a deveria fazer o mesmo, de modo a po- der marcar quem entrou no jogo.
O ataque posicional ou organizado permite que a equipe selecione o modo como quer atacar o adversário. Para tanto, adota um ou mais desenhos táticos, indicando o primeiro momento da organização ofen- siva. Neste capítulo, abordamos os desenhos táticos clássicos como o 2.2, 3.1 e 4 em linha ou 4.0, e inovador, como o 3 do mesmo lado.
Conceitos táticos da
organização ofensiva
Ataque posicional
Desenho de sistema tático: 2.
De fácil compreensão Indicado para sair de pressão, para enfrentar pos- turas defensivas excessivamente recuadas e con- tra equipes que marcam por zona. Transforma-se em vantagem quando a equipe dis- põe de um jogador/a de grande habilidade e segu- rança com a bola nos pés, pois em caso do duelo de 1x1 se criará uma superioridade numérica. Vulnerável quando se apresenta em zonas adian- tadas da quadra, favorecendo, no caso de um desarme ou interceptação de passe do adversário, o contra-ataque. Em caso da perda da bola, em função da distân- cia entre os jogadores/as, há muito espaço para defender, o que dificultas as ajudas e coberturas defensivas.
Pouca mobilidade, em função de existir entre as duas linhas de ataque (defensores/as e atacantes) muita distância, o que dificulta as rotações de po- sições. Fica-se em geral com apenas um jogador/a como apoio à bola. Neste caso, se o adversário pressio- nar e roubar a bola obriga o último defensor será obrigado a enfrentar o 1x1. Falta de espaços livres na zona de finalização, na medida em que concentra jogadores/as adver- sários Cada vez menos utilizado no âmbito do alto ren- dimento.
Desenho de sistema tático: 3.
É o mais utilizado no futsal. Facilita o deslocamento dos jogadores/as. Simples de realizar. Na zona de finalização se dispõem de espaços livres. Evita aglomerações no campo ofensivo. Em função de exigir uma linha de três jogadores/ as, oferece segurança defensiva em caso de perda da bola.
Efetivo contra defesas individuais e zonais, por di- ficultar as possíveis ajudas e coberturas. Indicado contra defesas altas e baixas. A equipe inicia atacando a lateral da quadra, garan- tindo largura e profundidade simultâneas. Ideal seria selecionar três destros do mesmo lado e um canhoto do lado oposto ou vice-versa.
Desenho de sistema tático: “3 do mesmo lado”
É indicado para se usar contra marcações pressão e recuadas, individuais e por zona. Oferece muitas possibilidades ofensivas, como por exemplo, ganhar as costas do adversário, rea- lizar diagonais, paredes com o pivô.
Como o jogador/a da 1ª linha ofensiva não tem dois apoios próximos, é preciso que os jogadores/ as imponham movimentos ofensivos que pertur- bem a 1ª linha defensiva: o desmarque, a cortina, o relevo e o apoio servem como exemplo. Indicado para equipes de alto rendimento, que possuem um nível de jogo elaborado. Seguem quatro movimentos para esta configu- ração: desmarque, cortina, relevo e apoio (“jogo de volante”).
Desmarque No desmarque, o jogador/a da 2ª linha passa rente por detrás do marcador da bola. Isso deve ser conco- mitante a um deslocamento do ala oposto.
O portador/a da bola tem a opção de soltá-la para quem fez o desmarque ou atacar o fundo da quadra.
Relevo No relevo, o jogador/a da 1ª linha conduz a bola (“arrasta a bola”) sobre o ala oposto. Isso deve ser concomitante a um deslocamento do jogador/a da 2ª linha, que preencherá seu espaço.
O portador/a da bola tem a opção de soltá-la para quem fez o desmarque ou atacar o fundo da quadra.
Cortina Na cortina, o jogador/a da 2ª linha passa pela frente do marcador do portador da bola, “roubando” a sua bola ou passando sem levá-la.
“Apoio” (jogo de “volante”) No apoio, o jogador/a da 1ª linha, depois de passar a bola para o ala oposto, se posiciona em apoio atrás da linha da bola.
Isso permite, por exemplo, que o ala oposto possa realizar o desmarque com o apoio.
Desenho de sistema tático: “4 em linha”
Exige rotação contínua dos jogadores/as. Favorece passes para o espaço livre. Obriga a defesa a mover-se continuamente e ter que eleger o tipo de marcação. Idôneo para jogar com vantagem no placar, já que o adversário deve recuperar a bola. Não é recomendado para defesas muito recuadas, em função da pouca existência de espaços livres. Exige um comportamento técnico-tático assen- tado, o máximo possível, na ambidestria.
Efetivo contra defesas individuais e zonais, por di- ficultar as possíveis ajudas e coberturas. Indicado contra defesas altas e baixas. A equipe se inicia atacando pelo centro da quadra. Ideal seria conter dois canhotos posicionados no lado direito e dois destros posicionados do lado esquerdo. Acompanhe quatro movimentos para este des- enho: passagem por fora, infiltração, corte longo com desmarque, apoio com desmarque.
Fugida + Aproximação Nessa primeira movimentação, há duas atitudes táti- cas simultâneas: a aproximação entre linhas e a pro- jeção pelas costas da defesa (fugida).
Acompanhe a sequência da movimentação: há dois jogadores/as centralizados, onde ocorre a troca do primeiro passe (1) e o deslocamento por fora da de- fesa (2). Quem recebeu a bola, realiza um passe para o ala (3); ao mesmo tempo, o ala oposto se deslo- ca para o centro, nas costas da 1ª linha defensiva (4); o portador da bola (5) tem a opção de tabela com quem se aproxima, um passe longo para quem fugiu e, ainda, reiniciar o jogo com o apoio para trás da lin- ha da bola.
Infiltração Nessa segunda movimentação, o jogador/a centrali- zado, depois de passar a bola (1), projeta-se (2), pelo centro, atrás da 1ª linha defensiva. Há mais um passe do outro jogador centralizado para quem está na la- teral (3).
O portador da bola (4) tem a opção de tabela com quem se oferece atrás da 1ª linha defensiva, um pas- se longo para quem fugiu (5) e, ainda, reiniciar o jogo com o apoio para trás da linha da bola.
Nessa movimentação, o ideal seria escalar dois des- tros e três canhotos ou vice-versa.
O princípio é infiltrar-se atrás da 1ª linha defensiva ao mesmo tempo em que se circula a bola e se ataca o fundo da quadra.
Se a bola chegar no fundo, o portador tem a opção de agredir a área com um passe na direção da se-
Desenho de sistema tático 2 – dinâmico
gunda trave ou para quem se infiltrou. Mas também pode reiniciar o jogo, passando a bola para trás.
Importante é perceber que a infiltração deve se dar tanto por canhotos como por destros.
A trajetória de deslocamento dos jogadores/as in- clui: infiltrar e, se não receber a bola, recuperar o seu posicionamento para o seu lado de origem no des- enho tático.
Esse desenho exige dois destros e dois canhotos po- sicionados, respectivamente, na 2ª e 3ª linhas ofen- sivas. O atacante da 1ª linha é passador e não infiltra depois do passe.
O princípio é sobrecarregar o defensor/a da 2ª linha com dois atacantes do seu lado: um sobre ele e o outro nas suas costas, deixando-o em dúvida sobre “como marcar”.
Se a bola chegar no atacante do fundo, ele tem as opções de agredir a área com um passe na direção
Desenho de sistema tático 4 – posicional
da segunda trave ou para o atacante oposto que es- tava na 2ª linha ofensiva e se infiltrou na direção do pênalti. Mas também pode finalizar no gol ou reini- ciar o jogo, passando a bola para trás.
Importante é perceber que o atacante da 1ª linha deve atacar ora com a dupla de destros, ora com a de canhotos.
Exige-se jogadores/as que executem passes preci- sos e arriscados.
Ataque de expulsão
Há modos distintos de se atacar. Iniciaremos por um menos complexo.
Nesse desenho, criado para enfrentar defesa em triângulo com vértice alto, os jogadores/as se po- sicionam 2.2. O princípio é envolver, com passes, o defensor da 1ª linha até desequilibrá-lo (1), o que abriria a chan- ce de se finalizar de média distância (2) ou de se
passar para o atacante em profundidade (3), ge- rando uma vantagem posicional na área (4). Se a bola chegar no fundo, o portador tem a opção de agredir a área com um passe na direção da se- gunda trave ou para quem se infiltrou.
Os modos mais complexos seriam indicados para equipes de níveis de jogo estruturado e elaborado.
Neste desenho, criado para enfrentar a defesa em triângulo com vértice alto, posiciona-se uma diagonal longa com três jogadores/as do mesmo lado (1, 2 e 3), sendo que um deles (2) sobrecarrega o marcador da 2ª linha. Do lado oposto, posicio- na-se outro jogador (4), que ora apoia o portador da bola (1), mas que também infiltra para finalizar a gol.
O princípio é deixar em dúvida o marcador da 2ª linha, atacando o fundo da quadra e, depois, a área.
Se a bola chegar no fundo (3), o portador tem a opção de agredir a área acompanhado de quem se infiltrou (4).
Neste desenho, criado para a defesa em triângulo com vértice baixo, os jogadores se iniciam no 2.2. Depois do primeiro passe, o atacante (1) se infiltra cortando pela frente do seu marcador, dando para o portador da bola (2) a opção de passe. Como, de modo geral, os defensores/as da 1ª linha marcam o passe na paralela, a opção é jogar por dentro (atacante em destaque).
O princípio é deixar os defensores/as da 1ª linha em dúvida entre fechar a paralela, o mais provável, ou a diagonal. Atenção: esse modo de atacar exige a retomada da movimentação inicial se necessário, ou seja, passe seguido de infiltração por dentro, o que é possível com a rotação dos jogadores/as.
As estratégias de bola parada mais eficazes ocorrem em situações mui- to específicas na quadra de ataque: cantos, laterais e faltas.
Há dois tipos de princípios mais consensuais: o de finalizar a um toque (direto) ou finalizar com mais toques (elaborado). Vejamos ambos os exemplos para cada situação, desde estratégias menos complexas, até as mais complexas.
Bola parada
Canto direto 1 Nesta movimentação, um dos atacantes (1) faz um corta-luz no defensor/a (em destaque), permi- tindo que o passe chegue até o finalizador (2). Ao mesmo tempo, há um deslocamento do atacante centralizado para a 2ª trave (3).
O princípio é deixar em dúvida o marcador/a, deixando dois atacantes sobre ele e terminar o ataque finalizando direto.
Canto elaborado 1 Nesta movimentação, o atacante (1) simula chutar, mas devolve a bola para o batedor (2) e este pode passar a bola para o jogador que se infiltrou nas costas do marcador/a centralizado (3).
O princípio é desviar a atenção dos defensores/as para a troca de passes entre os atacantes.
Canto direto 2 Nesta movimentação, todos os atacantes movi- mentam-se simultaneamente, mas com funções distintas: um infiltra na área (1); o outro se movi- menta na direção do batedor/a (2) e o mais distan- te se movimenta para o centro da quadra (3).
O princípio é terminar o ataque a um toque e o passador tem três opções: passe dentro da área, passe na distância média e passe por elevação para o batedor/a mais distante (voleio).
Lateral direto 1 Nesta movimentação, o atacante (1) corre para encontrar a bola que pode ser rolada pelo bate- dor/a (2); o outro atacante (3) fica posicionado como opção para finalizar de média distância. Mas a ideia é manipular os defensores/as mais altos, de modo que o atacante posicionado na linha da bola (4) possa invadir a área para receber o passe do batedor/a.
O princípio é terminar o ataque a um toque.
Canto elaborado 2 Nessa movimentação, há três passes (1, 2 e 3) an- tes da finalização. Importante perceber que o ba- tedor/a do canto será o finalizador (4).
O princípio é elaborar o ataque, atraindo os defen- sores/as para fora da área.
Lateral elaborado 1 Nessa movimentação, há um deslocamento do atacante do centro para a fundo (1). O batedor/a (2) pode rolar a bola para o atacante que vem ao seu encontro (3), que pode finalizar no gol ou pas- sar a bola para seu colega no fundo (1) e este para dentro da área para o atacante (4) que a invadiu.
O princípio é elaborar o ataque, atraindo a atenção dos defensores/as do lado onde está a bola, libe- rando o 1x1 dentro da área.