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Guias e Dicas
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Manual de Adubação de Eucalyptus - Potassio, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Florestal

Nutrição Florestal

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2012

Compartilhado em 23/08/2012

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carlos-eduardo-afonso-11 🇧🇷

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1. INTRODUÇÃO
O setor florestal brasileiro é constituído pelas in-
dústrias de papel e celulose, carvão vegetal, madeira
serrada, chapas, aglomerados, resinas e óleos essen-
ciais. Esse setor é responsável por 2 milhões de em-
pregos diretos e indiretos, sendo de destacar que, nes-
se conjunto, o manejo de florestas plantadas alcança
25% do total (500 mil empregos diretos e indiretos).
No ano de 2001, a atividade florestal correspondeu a
4,5% do PIB, o que equivale a US$ 28 bilhões.
As exportações do setor totalizaram US$ 5,4 bi-
lhões em 2001, 8% do total do país. Analisados se-
paradamente, alguns de seus componentes ocupam
posição destacada na pauta brasileira de produtos ex-
portados. Assim, os derivados de papel e celulose são
o segundo item entre os produtos industrializados,
com geração de divisas superiores a US$ 2,5 bilhões.
O Brasil tornou-se exportador de celulose e as vendas
externas desse produto alcançaram US$ 1,2 bilhões
em 2001. Entre os produtores mundiais de celulose,
o Brasil já ocupa o sétimo lugar e, é o maior produ-
tor mundial da celulose de eucalipto, produzindo 8
milhões de toneladas em 2002, sendo cerca de 6 mi-
lhões de toneladas de fibra curta (CEPEA, 2002).
A madeira, matéria-prima utilizada pelo setor flo-
restal, é obtida normalmente a partir de plantios homo-
gêneos realizados com espécies de pinus e eucalipto.
A elevada utilização do eucalipto nos reflorestamentos
brasileiros ocorreu pelo seu rápido crescimento e por
sua boa adaptação às condições edafo-climáticas do
país. A área reflorestada com eucalipto no Brasil está
apresentada na Tabela 1. Atualmente, os plantios com
eucalipto no Brasil estão em torno de 3 milhões de
hectares, sendo aproximadamente 70% concentrados
nos Estados de Minas Gerais e São Paulo.
Os reflorestamentos no Brasil têm se concentra-
do em solos arenosos ou então em solos de textura
média a argilosa com baixa reserva de nutrientes, aci-
dez elevada e altos teores de alumínio (Al). Nesses
solos, a deficiência de potássio tem sido comumente
encontrada conforme levantamentos nutricionais re-
alizados por Bellote e Ferreira (1993); Silveira et al.
(1995d), Silveira et al. (1995b), Silveira et al. (1998),
Silveira et al. (1999), Sgarbi e Silveira (2001), Silveira
et al. (2001a), Silveira et al. (2002a) e Silveira et al.
(2003a e 2003b). A deficiência desse macronutriente
aparece numa maior freqüência quando comparada
a dos demais macronutrientes em Neossolos quartza-
rênicos e Latossolos, exceção feita para os argissolos e
espodossolos da região Sul da Bahia, onde a deficiên-
cia de cálcio, nitrogênio e fósforo são mais freqüentes
que a de potássio (Silveira et al., 2000a e Silveira et
al., 2001a). Os levantamentos nutricionais já realiza-
dos no Estado de São Paulo, nas regiões de Angatuba,
Capão Bonito, Mogi-Guaçu, Casa Branca, Itirapina
e Itatinga/SP, e Lençóis Paulista/SP mostraram que
independentemente do material genético, todas as
florestas avaliadas apresentavam deficiência de K. A
importância da correção potássica nesses solos foi
confirmada pelo trabalho pioneiro de Gava (1997)
na região de Angatuba/SP, onde a aplicação de 256
kg de K2O ha-1 proporcionou aumentos de 118% em
volume de madeira em relação à testemunha.
Considerando que a deficiência de potássio está
distribuída por extensos plantios de Eucalyptus spp
limitando economicamente a produtividade, torna-
se necessário que algumas medidas sejam adotadas
como: a seleção de genótipos que sejam mais eficien-
tes na absorção e utilização de potássio; determina-
ção da dose econômica adequada de potássio em fun-
ção do tipo de solo e do material genético; adoção de
monitoramento nutricional, em florestas com idade
entre 12 e 24 meses, para identificação de deficiências
nutricionais; determinação da melhor forma e época
de aplicação de potássio para a correção da deficiên-
cia; avaliação dos efeitos das relações do potássio com
outros nutrientes na produtividade, especialmente Ca
e Mg e verificação da relação entre a adubação potás-
sica e a qualidade do produto florestal.
2. FUNÇÕES DO POTÁSSIO NA PLANTA
2.1. Ativação enzimática e síntese de proteina
O potássio não faz parte de nenhum composto
orgânico, não desempenhando função estrutural
na planta. Um grande número de enzimas são de-
pendente ou ativadas pelo potássio, destacando-se
as sintetases, oxiredutases, desidrogenases, transfe-
rases, quinases e aldolases (Mengel & Kirkby, 1978;
Marschner, 1995 e Malavolta et al., 1997). O potássio
Tabela 1. Área reflorestada com espécies de eucalipto
em alguns Estados do Brasil até 1999.
Estado Área (ha) %
Amapá 12.500 0,4
Bahia 213.400 7,2
Espírito Santo 152.330 5,1
Mato Grosso do Sul 80.000 2,7
Minas Gerais 1.535.290 51,7
Pará 45.700 1,5
Paraná 67.000 2,2
Santa Catarina 41.550 1,4
São Paulo 574.150 19,3
Rio Grande do Sul 115.900 3,9
Outros 128.060 14,5
Total 2.965.880 100
Fonte: Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2000.
¹Capítulo do livro “Potássio na Agricultura Brasileira”, POTAFOS.
²Consultor na área de Solos e Nutrição Florestal. RR Agroflorestal S/C Ltda - Rua Alfredo Guedes, 1949, Sala 802, Piracicaba/SP, 13416-901.
ronaldo@rragroflorestal.com.br
³Engenheiro responsável pela área de Solos e Nutrição da Companhia Suzano de Papel e Celulose - Av. Dr. José Lembo, 1010, Itapetininga/SP, 18207-780.
jgava@suzano.com.br
4Pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 96, Piracicaba/SP, 13400-970. mala@cena.usp.br
Nutrição e Adubação
Potássica em Eucalyptus¹
Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira²
José Luiz Gava³
Eurípedes Malavolta4
É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte. A reprodução total depende da autorização dos autores.
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1. INTRODUÇÃO

O setor florestal brasileiro é constituído pelas in-

dústrias de papel e celulose, carvão vegetal, madeira

serrada, chapas, aglomerados, resinas e óleos essen-

ciais. Esse setor é responsável por 2 milhões de em-

pregos diretos e indiretos, sendo de destacar que, nes-

se conjunto, o manejo de florestas plantadas alcança

25% do total (500 mil empregos diretos e indiretos).

No ano de 2001, a atividade florestal correspondeu a

4,5% do PIB, o que equivale a US$ 28 bilhões.

As exportações do setor totalizaram US$ 5,4 bi-

lhões em 2001, 8% do total do país. Analisados se-

paradamente, alguns de seus componentes ocupam

posição destacada na pauta brasileira de produtos ex-

portados. Assim, os derivados de papel e celulose são

o segundo item entre os produtos industrializados,

com geração de divisas superiores a US$ 2,5 bilhões.

O Brasil tornou-se exportador de celulose e as vendas

externas desse produto alcançaram US$ 1,2 bilhões

em 2001. Entre os produtores mundiais de celulose,

o Brasil já ocupa o sétimo lugar e, é o maior produ-

tor mundial da celulose de eucalipto, produzindo 8

milhões de toneladas em 2002, sendo cerca de 6 mi-

lhões de toneladas de fibra curta (CEPEA, 2002).

A madeira, matéria-prima utilizada pelo setor flo-

restal, é obtida normalmente a partir de plantios homo-

gêneos realizados com espécies de pinus e eucalipto.

A elevada utilização do eucalipto nos reflorestamentos

brasileiros ocorreu pelo seu rápido crescimento e por

sua boa adaptação às condições edafo-climáticas do

país. A área reflorestada com eucalipto no Brasil está

apresentada na Tabela 1. Atualmente, os plantios com

eucalipto no Brasil estão em torno de 3 milhões de

hectares, sendo aproximadamente 70% concentrados

nos Estados de Minas Gerais e São Paulo.

Os reflorestamentos no Brasil têm se concentra-

do em solos arenosos ou então em solos de textura

média a argilosa com baixa reserva de nutrientes, aci-

dez elevada e altos teores de alumínio (Al). Nesses

solos, a deficiência de potássio tem sido comumente

encontrada conforme levantamentos nutricionais re-

alizados por Bellote e Ferreira (1993); Silveira et al.

(1995d), Silveira et al. (1995b), Silveira et al. (1998),

Silveira et al. (1999), Sgarbi e Silveira (2001), Silveira

et al. (2001a), Silveira et al. (2002a) e Silveira et al.

(2003a e 2003b). A deficiência desse macronutriente

aparece numa maior freqüência quando comparada

a dos demais macronutrientes em Neossolos quartza-

rênicos e Latossolos, exceção feita para os argissolos e

espodossolos da região Sul da Bahia, onde a deficiên-

cia de cálcio, nitrogênio e fósforo são mais freqüentes

que a de potássio (Silveira et al ., 2000a e Silveira et

al ., 2001a). Os levantamentos nutricionais já realiza-

dos no Estado de São Paulo, nas regiões de Angatuba,

Capão Bonito, Mogi-Guaçu, Casa Branca, Itirapina

e Itatinga/SP, e Lençóis Paulista/SP mostraram que

independentemente do material genético, todas as

florestas avaliadas apresentavam deficiência de K. A

importância da correção potássica nesses solos foi

confirmada pelo trabalho pioneiro de Gava (1997)

na região de Angatuba/SP, onde a aplicação de 256

kg de K

2

O ha

proporcionou aumentos de 118% em

volume de madeira em relação à testemunha.

Considerando que a deficiência de potássio está

distribuída por extensos plantios de Eucalyptus spp

limitando economicamente a produtividade, torna-

se necessário que algumas medidas sejam adotadas

como: a seleção de genótipos que sejam mais eficien-

tes na absorção e utilização de potássio; determina-

ção da dose econômica adequada de potássio em fun-

ção do tipo de solo e do material genético; adoção de

monitoramento nutricional, em florestas com idade

entre 12 e 24 meses, para identificação de deficiências

nutricionais; determinação da melhor forma e época

de aplicação de potássio para a correção da deficiên-

cia; avaliação dos efeitos das relações do potássio com

outros nutrientes na produtividade, especialmente Ca

e Mg e verificação da relação entre a adubação potás-

sica e a qualidade do produto florestal.

2. FUNÇÕES DO POTÁSSIO NA PLANTA

2.1. Ativação enzimática e síntese de proteina

O potássio não faz parte de nenhum composto

orgânico, não desempenhando função estrutural

na planta. Um grande número de enzimas são de-

pendente ou ativadas pelo potássio, destacando-se

as sintetases, oxiredutases, desidrogenases, transfe-

rases, quinases e aldolases (Mengel & Kirkby, 1978;

Marschner, 1995 e Malavolta et al ., 1997). O potássio

Tabela 1. Área reflorestada com espécies de eucalipto

em alguns Estados do Brasil até 1999.

Estado Área (ha) %

Amapá 12.500 0,

Bahia 213.400 7,

Espírito Santo 152.330 5,

Mato Grosso do Sul 80.000 2,

Minas Gerais 1.535.290 51,

Pará 45.700 1,

Paraná 67.000 2,

Santa Catarina 41.550 1,

São Paulo 574.150 19,

Rio Grande do Sul 115.900 3,

Outros 128.060 14,

Total 2.965.880 100

Fonte: Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2000.

¹Capítulo do livro “Potássio na Agricultura Brasileira”, POTAFOS.

²Consultor na área de Solos e Nutrição Florestal. RR Agroflorestal S/C Ltda - Rua Alfredo Guedes, 1949, Sala 802, Piracicaba/SP, 13416-901.

ronaldo@rragroflorestal.com.br

³Engenheiro responsável pela área de Solos e Nutrição da Companhia Suzano de Papel e Celulose - Av. Dr. José Lembo, 1010, Itapetininga/SP, 18207-780.

jgava@suzano.com.br

4

Pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 96, Piracicaba/SP, 13400-970. mala@cena.usp.br

Nutrição e Adubação

Potássica em Eucalyptus

Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira²

José Luiz Gava³

Eurípedes Malavolta

4

ainda está envolvido na síntese de proteínas: plantas com

baixos teores de potássio apresentam baixo teor protéico,

com acúmulo de compostos de baixo peso molecular como

aminoácidos, amidas, aminas e nitratos. Além disso, a defi-

ciência de potássio provoca também o aumento do teor de

carboidratos solúveis, decréscimo no conteúdo de amido e

acúmulo de nitrogênio solúvel.

O potássio atua no metabolismo (ativação da sintetase

do amido, sintetase fosfato sacarose e outras enzimas) e

transporte de carboidratos (Mengel & Kirkby, 1978; Mala-

volta, 1980; Marschner, 1995; Malavolta et al ., 1997). Nor-

malmente, as plantas deficientes em potássio apresentam

acúmulo de açúcares hexoses e decréscimo de carboidratos

de maior cadeia como amido e sacarose nas folhas (Evans &

Sorger, 1966 citado por Huber, 1985), como consequência

da menor atividade da sintetase de fosfato sacarose. Segun-

do Marschner (1995), existe relação inversa entre a concen-

tração de potássio e o conteúdo de açúcares nos tecidos.

As poliaminas estão envolvidas no processo da divisão

celular (Maki et al ., 1991), nos processos de desenvolvimen-

to e crescimento (Smith, 1985 e Evans & Malmberg, 1989),

na senescência (Smith, 1985 e Galston & Kaur-Sawhney,

  1. e na regulação do metabolismo dos ácidos nucléi-

cos (Kaur-Sawhney & Galston, 1991). As plantas deficien-

tes em potássio apresentam aumento na intensidade da

biossíntese da putrescina (diamina). Silveira et al. (2001b)

verificaram que as progênies de E. grandis deficientes em

potássio apresentavam acúmulo tóxico dessa diamina nas

folhas ( Figura 1 ), porém, não se constatou nenhum acú-

mulo das poliaminas espermina e espermidina. O aumen-

to do fornecimento de potássio reduziu a concentração de

putrescina em todas as progênies com uma tendência de

queda linear da concentração até o valor de 5 g de K kg

( Figura 2 ). Como era de se esperar ocorreram incrementos

na relação K/putrescina nas folhas como o aumento das

doses de potássio na solução ( Figura 3A ). Na ausência de

K, a relação variou de 0,56 a 0,93 dependendo do material

genético analisado, enquanto que na dose mais elevada va-

riou de 109 a 168. Verifica-se que na ausência de potássio,

a porcentagem de putrescina em relação a soma de bases

(K+Ca+Mg) variou de 16,6 a 23,5% e, na dose mais alta

não ultrapassou 1% ( Figura 3 B ).

Na deficiência de potássio, o déficit de cátion é balance-

ado pela putrescina. Segundo Coleman & Richards (1956)

a falta desse macronutriente altera o balanço interno entre

cátions e ânions inorgânicos, esperando-se com isso um au-

mento da acidez do suco celular, o que acaba não correndo,

uma vez que essa diamina operaria como um mecanismo

para manter o pH a um valor fisiologicamente adequado.

Portanto, em condição de bom suprimento de potássio,

ocorre inibição das enzimas que catalisam a síntese da pu-

tresina a partir da arginina via agmatina, mostrando a fun-

ção do potássio na manutenção do pH citoplasmático e sua

relação direta ou indireta com a síntese de enzimas.

2.2. Fotossíntese

O potássio está envolvido na fotossíntese. Na carência

de K, verifica-se redução na taxa fotossintética por unida-

de de área foliar, e também maiores taxas de respiração. A

combinação desses fatores pode reduzir as reservas de car-

boidratos da planta (Pretty, 1982). Um suprimento inade-

quado de potássio também faz com que os estômatos não

se abram regularmente, podendo ocorrer menor assimilação

de CO

2

nos cloroplastos, diminuindo consequentemente a

taxa fotossintética.

O decréscimo da fotossíntese em condições de estresse

hídrico é menor quando as plantas estão bem supridas de

potássio (Marschner, 1995).

O aumento do conteúdo de potássio nas folhas propor-

ciona maior atividade da carboxilase RuBP e maior taxa fotos-

sintética devido a uma menor assimilação de CO

2

nos sítios

catalíticos da enzima. Além disso, plantas com baixo nível de

potássio apresentam maiores taxas respiratórias. Isso eviden-

cia a participação do potássio na fotossíntese através da sua

função na regulação estomática (Marschner, 1995).

2.3. Controle osmótico

O potássio atua no controle osmótico das células. Plan-

tas deficientes em potássio apresentam menor turgor, pe-

quena expansão celular, maior potencial osmótico, abertura

e fechamento dos estômatos de forma irregular (Mengel &

Kirkby, 1978 e Malavolta et al ., 1997). Outro efeito atribu-

ído ao K é que plantas bem nutridas são mais resistentes a

secas e geadas, em razão da maior retenção de água.

Figura 1. Cromatografia de camada delgada de poliaminas dansiladas nas folhas diagnóstico das progênies de Eucalyptus grandis em

função das doses de potássio na solução nutritiva. Os números 1, 2, 3 e 4 correspondem, respectivamente, as doses de 0, 58,5, 175,

e 526,5 mg de K L

  • . A sigla RES significa resíduo de dansil.

Fonte: Silveira et al. (2001).

lo foi importante para a manutenção do turgor das plan-

tas. Em condições de estresse hídrico sob fornecimento

de potássio, a média da concentração relativa de água nas

folhas das espécies de Eucalyptus foi de 81,7% contra so-

mente 67,3% na ausência do elemento. Sob condições de

capacidade de campo, não houve grandes diferenças entre

as espécies quanto a turgência das folhas ( Tabela 2 ). Os

autores comentam ainda que a concentração relativa de

água nas folhas se mostrou altamente correlacionada com

a matéria seca total das plantas e a área foliar. Os híbridos

apresentaram diferentes comportamentos quanto as com-

binações de nível de água e potássio nos solos. Os maio-

res efeitos do potássio sob condições de estresse hídrico

foram observados nos híbridos de E. pellita x E. urophylla

e E. grandis x E. camaldulensis e não houve nenhum efeito

sobre E. urophylla x E. pellita. Isso mostra a importância

da seleção das espécies a serem hibridadas em função do

comportamento que se deseja obter.

Os resultados de outro estudo realizado por Teixeira et

al. (1995) mostraram haver diferenças consideráveis entre

as espécies de Eucalyptus quanto à eficiência de utilização

da água ( Tabela 3 ). O maior conteúdo de potássio na so-

lução nutritiva aumentou a eficiência de utilização de água

de forma mais acentuada em E. citriodora e E. camaldulensis.

Essas espécies foram menos eficientes que E. tereticornis , E.

saligna e E. urophylla e E. grandis em baixo fornecimento de

potássio, porém, mais eficiente quando se aumentou a dose

de potássio. Tanto E. citriodora como E. camaldulensis apre-

sentaram aumento da transpiração quando supridas com

baixo nível de potássio. O comportamento de E. cloeziana

foi semelhante a essas duas espécies, já E. saligna apresentou

um comportamento contrário, onde a maior transpiração

foi observada na maior dose de potássio.

2.4.Transporte no Floema

O potássio assume papel importante no transporte da

sacarose e dos fotossintetizados das folhas para os órgãos

de armazenamento. Nesse caminho, os produtos assimi-

lados passam por três sistemas: a) difusão no simplasto

e espaço livre; b) transporte ativo através da membrana

citoplasmática para o floema; c) fluxo passivo pelos tubos

crivosos. O potássio influencia os três processos, em parti-

cular os dois últimos (Header, 1977 citado por Malavolta

& Crocomo, 1982). Em relação ao último processo, Mars-

chner (1995) relata que a função do potássio é manter o

pH alto nos tubos crivosos, facilitando assim o transporte

da sacarose. Portanto, um suprimento adequado de potás-

sio aumenta a síntese de carboidratos em razão da maior

taxa fotossintética, bem como, da eficiência de transloca-

ção desses compostos.

Tabela 2. Concentração relativa de água nas folhas de híbridos de Eucalyptus influenciada por níveis de potássio e umidade do solo.

Híbridos

Níveis de potássio (mg kg

Estresse hídrico Capacidade de campo Estresse hídrico Capacidade de campo

G* x T 68,1 80,5 78,8 89,

T x G 61,2 87,3 79,5 90,

U x P 84,7 79,5 69,8 91,

P x U 49,8 85,5 82,6 87,

U X G 62,4 82,2 76,6 93,

G x U 72,3 87,1 90,6 92,

C x U 72,1 89,9 83,8 92,

U x C 74,5 88,9 89,0 91,

G x C 60,5 86,8 84,8 95,

Média 67,3 85,3 81,7 91,

  • G = E. grandis ; T = E. tereticornis ; U = E. urophylla ; P = E. pellita ; C = E. camaldulensis. Fonte: Teixeira et al. (1995).

Tabela 3. Eficiência de utilização e consumo de água por unidade de área foliar de diferentes espécies de Eucalyptus submetidas a

doses de potássio na solução nutritiva.

Espécie

Eficiência de utilização de água (g L

) Consumo de água (ml cm

------------------ Nível de potássio na solução nutritiva (mg kg

E. urophylla 2,827 2,643 1,185 1,

E. pellita 2,335 3,068 1,761 1,

E. grandis 2,804 3,384 1,357 1,

E. tereticornis 3,200 3,041 1,562 1,

E. cloeziana 1,560 2,003 3,040 2,

E. citriodora 2,652 4,764 1,695 0,

E. camaldulensis 2,705 4,458 5,543 1,

E. saligna 2,916 1,938 0,871 2,

Média 2,629 3,162 1,748 1,

Fonte: Teixeira et al. (1995).

Silveira & Malavolta (2003c) estudaram o efeito do po-

tássio sobre o teor de açucares solúveis nas folhas e holocleu-

lose no lenho de quatro progênies de Eucalyptus. Os autores

verificaram que os aumentos na concentração de holocelu-

lose no lenho estavam relacionados com os decréscimos de

açucares solúveis nas folhas a medida que se aumentava o

fornecimento de potássio às plantas das progênies 1, 2 e 3

( Figura 4 ). A hipótese seria que com o aumento da dose de

potássio, estaria ocorrendo um maior transporte de carboi-

dratos solúveis das folhas para o lenho, resultando conse-

quentemente num maior acúmulo de celulose e hemicelu-

lose no lenho. Esses resultados evidenciam a importância

do potássio no transporte de fotossintetizados das folhas

para os órgãos de armazenamento. Sugere-se que novos es-

tudos sejam realizados em condições de campo para avaliar

esse efeito sobre a produção de celulose em idades mais

avançadas.

2.5. Defesa

O potássio está envolvido também nos mecanismos

de defesa das plantas a pragas e doenças. As plantas bem

nutridas em potássio apresentam redução na incidência,

severidade e danos causados por insetos e fungos. A ex-

plicação seria que altas concentrações de K nos tecidos

favorecem a síntese e o acúmulo de compostos fenólicos,

os quais atuam como inibidores de insetos e fungos (Hu-

ber & Arny, 1985, Perrenoud, 1990). Outra explicação

seria que plantas deficientes apresentam tecidos menos

enrijecidos, como consequência da menor espessura da

cutícula e da parede celular, menor formação de tecidos

esclerenquimatosos, menor lignificação e suberização

(Ellet, 1973; Perrenoud, 1990). Além disso, na deficiên-

cia de potássio ocorre menor síntese de compostos de

alto peso molecular (proteína, amido e celulose), favore-

cendo o acúmulo de compostos de baixo peso molecular

(açúcares solúveis, aminoácidos e N solúvel) como re-

sultado do aumento da atividade de enzimas decompo-

sitoras (amilase, sacarase, glucosidase e protease). O acú-

mulo desses compostos altera o equilíbrio osmótico das

células e sua concentração é aumentada nos exsudados

liberados pelas plantas, favorecendo o desenvolvimento

de pragas e doenças.

As plantas bem nutridas em potássio apresentam maior

síntese de material para a formação da parede celular. Fre-

quentemente, as paredes são mais espessas devido a maior

deposição de celulose e compostos relativos, promovendo

maior estabilidade e um aumento da resistência das plantas

ao acamamento e as infestações de doenças e pragas (Pretty,

1982; Beringer & Nothdurft, 1985).

Figura 4. Concentração de açúcares solúveis totais nas folhas diagnóstico e de holocelulose no lenho das progênies de Eucalyptus

grandis em função das doses de potássio na solução nutritiva.

Fonte: Silveira & Malavolta (2003).

4. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO Eucalyptus EM

RELAÇÃO A POTÁSSIO

4.1 Produtividade, biomassa e quantidade de potássio

no sistema solo-planta

Normalmente, o potássio é o segundo ou terceiro nutrien-

te mais acumulado pelo Eucalyptus , ficando às vezes abaixo

do nitrogênio e do cálcio. Em trabalho realizado por Bellote

(1979), a quantidade acumulada de potássio aos 6 anos em

E. grandis foi de 245 kg ha

, enquanto que a quantidade dos

demais macronutrientes por hectare foi de: 518 kg para Ca;

472 kg para N, 160 kg para S; 125 kg para magnésio e 30 kg

para fósforo. Resultados similares foram obtidos por Araújo

et al. (2001) para clones de eucalipto na região sul da Bahia,

onde a extração de nutrientes aos 7 anos de idade obedeceu a

seguinte ordem: Ca > N > K > Mg > P > S ( Figura 7 ).

Figura 6. Sintomas de deficiência de potássio. A. Progressão dos sintomas foliares em função da posição das folhas no ramos

em Eucalyptus urophylla. B. Brototação normal e deficiente em clone híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis. C. Em Eu-

calyptus pellita .. D. Folha normal e deficientes em Eucalyptus globulus. E. Folha normal e progressão dos sintomas de deficiência em

Eucalyptus saligna. F. Folha normal e progressão dos sintomas de deficiência em Eucalyptus dunnii.

Fotos cedidas por Higashi & Silveira.

Os plantios de Eucalyptus concentram-se normalmente

em solos de baixa fertilidade ( Tabela 4 ). A quantidade de

potássio disponível nos primeiros 20 cm da maioria dos

solos florestais é insuficiente para atender uma demanda

média de K pelo Eucalyptus com idade aproximadamente

de 7 anos, conforme mostra a Tabela 5 , exceção feita para

alguns Latossolos vermelho distroférrico situados na região

de Pompéu/MG e Argissolos amarelos situados na região de

Santa Branca/SP.

Para uma produtividade de 30 a 60 m³ ha ano

, a quan-

tidade total acumulada de potássio pelo eucalipto aos 7

anos de idade varia de 190 a 400 kg de K ha

, muito su-

perior ao conteúdo de potássio trocável nos primeiros 60

cm de profundidade da maioria dos solos florestais, exceção

feita a alguns Argissolos amarelos da região sul da Bahia ou

do Vale do Paraíba/SP ( Figura 8 ). Existem alguns latossolos

argilosos no cerrado de Minas Gerais que também apresen-

tam teores mais elevados de potássio, similares aos encon-

trados nos Argissolos, porém, são muito pouco utilizados

em plantios de eucalipto. Em trabalho realizado em 5 sítios

florestais do estado de São Paulo (Angatuba, Itapetininga,

Paraibuna, São Miguel Arcanjo e São José dos Campos), foi

constatado que os nutrientes mais limitantes à produtivida-

de no próximo ciclo seriam o potássio e o cálcio. Em todos

esses sítios, com exceção de São José dos Campos, o conte-

údo de potássio disponível no solo não seria possível para

um número médio de cortes superior a 2, ou seja, aproxi-

madamente 13 anos.

Figura 7. Acúmulo de nutrientes em diversos clones de eucalipto em função da idade na região sul da Bahia.

Fonte: Araújo et al. (2001).

Figura 8. Estimativa do balanço de potássio em florestas de Eucalyptus grandis com 7 anos de idade.

Fonte: modificado de Santana et al. (1999) e Araújo et al. (2001).

Tabela 5. Produtividade de florestas de Eucalyptus e o conteúdo de potássio em diferentes localidades brasileiras.

Espécie

Idade

(anos)

Local

K na planta

Produtividade

Fonte**

Copa Caule Total

Folhas

(F)

Ramos

(R)

F+R

Casca

(C)

Madeira

(M)

C + M

F+R+

C+M

MS Volume

kg ha

t ha

m³ ha

E. grandis

(Atherton)

8 Viçosa/MG

(18)*

(8)

(26)

(13)

(61)

(74)

8 Paraopeba/MG

(28)

(25)

(53)

(21)

(26)

(47)

E. grandis

Mogi

Guaçu/SP

(11)

(9)

(20)

(79)

Bom

Despacho/MG

(19)

(20)

(39)

(35)

(27)

(61)

6,5 São Paulo*** - -

(22)

(23)

(55)

(78)

E. globulus 4 Butia/RS

(33)

(15)

(48)

(11)

(40)

(51)

E. saligna

9 Curvelo/MG

(20)

(16)

(36)

(21)

(43)

(64)

6,5 São Paulo*** - -

(22)

(21)

(57)

(78)

E. cloezina 8 Viçosa/MG

(15)

(10)

(25)

(37,5)

(37,5)

(75)

E.citriodora 9 Curvelo/MG

(42)

(7)

(49)

(23)

(28)

(51)

Média 7,

(23)

(12)

(35)

(20)

(45)

(65)

    • entre parênteses estão os valores percentuais em relação ao total. ** 1- Morais et al. (1990); 2 - Belotte (1979); 3 - Schumacher & Caldeira

(2001); 4 - Reis et al. (1987); 5 - Pereira et al. (1984); 6 - Santana et al. (1999).

*** média de 5 localidades no Estado de São Paulo (Angatuba, Itapetininga, Paraibuna, São José dos Campos e São Miguel de Arcanjo)

Figura 9. Acumulo de potássio em clones de eucalipto em diferentes idades e tipos de solos na região sul da Bahia.

Fonte: Araújo et al. (2001).

tássio quando comparado com os espodossolos de baixa ferti-

lidade ( Figura 9 ). A razão para tal diferença seria o potencial

produtivo de cada solo, sendo que os argissolos apresentaram

uma produtividade média de 49 m³ ha

ano

contra somente

23 m³ ha

ano

dos espodossolos. Ao considerar a idade de 7

anos, constatou-se que a eficiência de utilização de potássio,

m³ de madeira produzida por kg de K absorvido, foi de 1,

para os argissolos e de 1,35 para os espodossolos.

Figura 10. A. Conteúdo de potássio no tronco de clones híbridos de Eucalyptus em função da produtividade, aos 57 meses de

idade, na região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. B. Conteúdo de potássio no tronco de rebrota de Eucalyptus saligna aos 7

anos de idade em sítios com diferentes produtividades na região de Capão Bonito, São Paulo.

Fonte: Faria et al. (2002, modificada) e Higashi et al. (1998).

O trabalho de Faria et al. (2002a) mostrou a relação en-

tre a produtividade de madeira (IMA) e o conteúdo de po-

tássio no tronco em clones de Eucalyptus na região do Vale

do Jequitinhonha, Minas Gerais. Verificou-se uma correlação

linear entre essas duas variáveis, sendo que aos 57 meses de

idade, uma produtividade média de 45 m³ ha

ano

acumu-

lou aproximadamente 88 kg de K no tronco ( Figura 10 ). Tra-

balho semelhante foi realizado por Higashi et al. (1999) em

brotação de Eucalytpus saligna. Houve correlação linear entre

a quantidade acumulada de potássio e a produtividade, sen-

do que o sítio mais produtivo (35,8 m³ ha

ano

) acumulou

aproximadamente 138 kg de K ha

aos 7 anos de idade.

4.2 Eficiência de utilização e exigência de potássio

A Tabela 6 mostra o conteúdo de potássio, a produção

de matéria seca total e a eficiência de utilização de potássio

em mudas de E. grandis. Em relação a eficiência nutricional,

nota-se que Camargo (1997) encontrou diferença signifi-

cativa entre os clones de E. grandis , sendo que o mais efi-

ciente apresentou uma conversão de 114,7 mg de MS para

cada mg acumulada de K, enquanto o menos eficiente, 87,

mg de MS por mg de K. Silveira (2000b) também observou

diferenças entre as progênies de E. grandis para eficiência

de utilização de potássio na fase de muda, a progênie mais

eficiente apresentou 120,9 mg de matéria seca produzida

Tabela 6. Produção de matéria seca total, conteúdo e eficiência de utilização de potássio em mudas de Eucalyptus grandis.

E. grandis

Idade

(dias)

Local

K na planta mg/planta

MST

1

g/planta

EKT

2

mg

MST mg

de K

Referência

Folhas Caule Raízes Total

Clone - Procedência

Chisengu

3

casa-de-

vegetação

(56)

4

(19)

(25)

158,4 11,4 72,0 Souza (1994)

Clone - Procedência

Mechece

3

casa-de-

vegetação

(54)

(22)

(24)

172,7 13,7 79,3 Souza (1994)

Clone - Procedência

Penhalonga

3

casa-de-

vegetação

(49)

(24)

(27)

194,4 14,7 75,6 Souza (1994)

Clone -

Procedência Tilbury

3

casa-de-

vegetação

(60)

(22)

(18)

182,4 13,9 76,2 Souza (1994)

Semente

Procedência Bofete

97 viveiro

(47)

(33)

(20)

Silveira et al.

(1995a)

Clone A7 90 viveiro

(45)

(39)

(16)

7,5 0,86 114,7 Camargo (1997)

Clone C4 90 viveiro

(38)

(44)

(18)

9,7 0,88 90,7 Camargo (1997)

Clone D19 90 viveiro

(42)

(42)

(16)

9,8 0,86 87,7 Camargo (1997)

Clone F40 90 viveiro

(52)

(35)

(13)

7,1 0,66 92,9 Camargo (1997)

Progênie 1 110 viveiro 7,1 6,9 2,2 16,2 1,96 120,9 Silveira (2000)

Progênie 2 110 viveiro 5,3 4,7 1,4 11,4 1,24 108,8 Silveira (2000)

Progênie 3 110 viveiro 8,5 5,8 2,9 17,2 1,99 116,2 Silveira (2000)

Progênie 4 110 viveiro 7,7 6,3 2,6 16,6 1,74 104,8 Silveira (2000)

1 – matéria seca total; 2 – eficiência de utilização de potássio; 3 – média de vários clones; 4 – percentual em relação ao conteúdo total de potássio.

Figura 11. Relação entre a matéria lenhosa produzida e o conteúdo de potássio nas progênies de Eucalyptus grandis.

Fonte: Silveira & Malavolta (2003).

Figura 12. Relação entre a quantidade de holocelulose produzida e o conteúdo de potássio nas progênies de Eucalyptus grandis.

Fonte: Silveira & Malavolta (2003).

os clones foram agrupados em ineficiente (Cd), baixa efici-

ência (Ca e Ce) e alta eficiência (Cb, Cc e Cf). No entanto,

em condições de bom fornecimento de potássio, os clones

Cc e Cf continuaram sendo os mais eficientes no uso de po-

tássio em relação aos demais genótipos. Observa-se ainda

que os clones Ca, Cc e Ce foram mais responsivos, atingin-

do ganhos superiores a 60% em relação a matéria seca de

lenho. O clone menos responsivo foi o clone Cf que com

a adição de potássio apresentou um aumento de matéria

seca de lenho de somente 20%. Esses resultados mostram

grande diferença entre a eficiência de uso e a capacidade de

resposta a potássio dos clones de Eucalyptus , ou seja, muitas

vezes um clone é eficiente no uso de potássio, porém não é

responsivo, como o exemplo do clone Cf. A seleção dos ge-

nótipos deve buscar materiais eficientes no uso e altamente

responsivos como o clone Cc.

Nos programas de melhoramento de Eucalyptus , quando

se utiliza a eficiência nutricional como critério de seleção,

é fundamental saber: a) que o genótipo eficiente no uso de

um determinado nutriente poderá não ser para outro; b)

se existe correlação entre a eficiência nutricional e as carac-

terísticas de crescimento (DAP, altura), celulose, densidade

básica etc; c) qual é o nutriente mais limitante economica-

mente ao crescimento na situação analisada (sítio, tipo de

solo e região).

Faria et al. (2002a) estudaram a seleção de genótipos de

Eucalyptus spp quanto a utilização de nutrientes na região

de Itamarandiba/MG, Vale do Jequitinhonha. O incremen-

to médio anual (IMA) de volume e a biomassa do tronco

variaram significativamente entre os híbridos estudados. A

diferença de volume entre o híbrido mais produtivo (I-224)

e o menos produtivo (HCT-037) foi de aproximadamente

200%, sendo que o clone I-224 apresentou uma utilização

de 1307 kg de MS de tronco para cada kg de potássio conti-

do no tronco, enquanto que no clone HCT-037, a utilização

foi de apenas 949 kg de MS tronco para cada kg de potássio

contido no tronco. No entanto, os materiais que apresenta-

ram a maior eficiência de utilização de potássio, não foram

os mais produtivos como os clones I-225 e HC-373. Nota-

se ainda que os híbridos de E. urophylla (I) de polinização

natural apresentaram maior eficiência quando comparados

aos híbridos de E. urophylla com E. grandis (HC) e E. uro-

phylla com E. camaldulensis e E. grandis (HCT). No entanto,

deve-se considerar que a análise isolada dos genótipos, mos-

trou que nem sempre a maior absorção significou maior efi-

ciência de uso de potássio, exceto para o clone I-225 ( Tabela

8 ). Resultados semelhantes foram obtidos por Santana et al.

(2002), os quais observaram que a alta eficiência de utiliza-

ção dos nutrientes não está necessariamente relacionada à

alta produtividade.

4.3. Concentração de Potássio e Outros Nutrientes nas

Partes da Planta

Haag et al. (1976) estudaram a composição mineral das

folhas de 5 espécies de Eucalyptus na condição de campo,

e encontraram diferenças na concentração dos nutrientes,

principalmente, para os macronutrientes. De maneira ge-

ral, as maiores concentrações foram observadas no E. gran-

dis quando comparada com as outras espécies. Em relação

ao potássio, houve variações significativas, as quais obede-

ceram a seguinte ordem decrescente de concentração nas

folhas: E. grandis (21,2 g kg

) > E. saligna (17,7 g kg

) > E.

robusta (15,1 g kg

) = E. microcorys (14,6 g kg

) = E. resini-

fera (14,1 g kg

). Porém, no estudo realizado por Silva et

al. (1983), não houve efeito significativo das espécies de

Eucalyptus sobre as concentrações foliares de potássio. As

concentrações de potássio encontradas nas diversas espé-

cies foram inferiores às obtidas por Haag et al. (1976). As

concentrações de potássio em g kg

foram de 8,38, 8,34,

8,32, 8,29 e 7,4 para E. robusta , E. grandis , E. saligna , E. pro-

pinqua e E. dunnii , respectivamente. Ao contrário das folhas,

verificaram–se diferenças entre os materiais genéticos para

a concentração de potássio nos ramos, casca e lenho. Nos

ramos, as concentrações variaram de 1,8 g kg

( E. robusta )

a 3,2 g kg

( E. propinqua ), enquanto que na casca e lenho,

4,1 g kg

(E. dunnii ) a 2,2 g kg

( E. propinqua ) e 1,3 g kg

1

( E. propinqua ) a 0,6 g kg

( E. grandis ), respectivamente.

Ao comparar as espécies em relação a concentração de po-

tássio, observaram que o E. propinqua apresentava maior

concentração nos ramos e no lenho e menor na casca em

relação as demais espécies.

Tabela 7. Eficiência de uso de potássio (EUK)

a

no caule e na matéria seca total de clones de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla

em função das doses de potássio aplicadas via solução nutritiva, aos 240 dias após plantio.

Clones

Dose de K Teor de potássio Matéria seca Conteúdo de potássio EUK

a

(mg L

) g kg

g/planta mg/planta g MS²/mg de K

F

b

R C L F R C L To F R C L To C L

Ca 25 2,1 1,9 2,1 1,4 44 17 5 14 80 93 32 11 20 156 1,25 41,

Cb 25 2,3 1,9 2,6 1,6 41 19 6 19 85 93 38 15 30 176 2,05 41,

Cc 25 2,1 1,7 2,4 1,1 48 19 6 19 93 102 32 15 22 171 2,11 50,

Cd 25 2,7 2,3 2,2 1,2 34 17 4 11 66 91 40 9 13 153 0,79 28,

Ce 25 2,2 1,5 2,1 0,9 45 19 6 15 84 97 29 13 14 153 1,47 46,

Cf 25 2,4 1,9 2,7 1,4 46 16 7 20 89 111 31 19 29 190 2,10 41,

Ca 200 7,0 6,5 6,8 3,4 60 26 9 23 117 419 170 60 77 726 0,72 18,

Cb 200 8,3 6,5 5,9 3,7 45 24 7 25 102 372 156 44 91 660 0,95 15,

Cc 200 6,1 6,1 7,1 3,5 56 24 10 31 121 339 146 71 108 664 1,44 22,

Cd 200 9,0 9,0 7,6 3,2 49 25 6 15 96 443 228 46 49 766 0,29 12,

Ce 200 7,1 5,7 5,9 3,3 56 27 9 24 117 395 158 56 79 688 0,84 19,

Cf 200 6,1 5,9 7,8 4,5 44 18 9 25 96 268 107 71 112 558 1,12 16,

(EUK)

a

= (matéria seca do caule ou total)2/quantidade total de potássio acumulada na parte aérea segundo Siddiqui & Glass (1981).

b - F = folha; R = ramo; C = casca; L = lenho e To = total.

Fonte: Silveira et al. (2002b).

6. DIGNOSE FOLIAR

6.1. Faixas Adequadas e Deficientes dos Nutrientes

Malavolta et al. (1997) citam os teores de macro (g kg

) e

micronutrientes (mg kg

) associados a altas produtividades

de E. grandis no Estado de São Paulo: N = 21 a 23; P = 1,3 a 1,4;

K = 9 a 10; Ca = 5 a 6; Mg = 2,5 a 3; S = 1,5 a 2,5; B = 25 a 30;

Cu = 7 a 10; Fe = 100 a 140; Mn = 300 a 400 e Zn = 12 a 17.

Silveira et al. (1995b) realizaram um levantamento so-

bre a ocorrência de deficiências nutricionais em florestas

plantadas com Eucalyptus de 22 empresas florestadoras.

Concluíram que a deficiência de K, P e B foram as mais co-

mumente encontrada.

As faixas adequadas e deficientes dos macro e micronu-

trientes nas folhas de Eucalyptus de acordo com vários auto-

res são apresentadas na Tabela 9.

A Tabela 10 apresenta a faixa deficiente e adequada de

potássio nas folhas de várias espécies de Eucalyptus no está-

dio adulto e juvenil. Nota-se que existe grande variação na

concentração adequada de potássio em função do material

genético. Por exemplo, para o E. grandis na fase juvenil, se-

gundo Novais et al. (1980), a faixa adequada estava com-

preendida entre 3,3 e 8,1 g de K kg

, enquanto que para E.

urophylla , de 15 a 18 g de K kg

conforme Dell et al. (1995).

Silveira & Malavolta (2003) também verificaram grandes di-

ferenças entre progênies de Eucalytpus grandis quanto a faixa

adequada de potássio nas folhas, durante a fase juvenil. A

faixa de concentração adequada para a progênie mais res-

ponsiva foi de 6,4 a 15,3 g kg

, enquanto que para a progê-

nie menos responsiva, de 3,1 a 14,0 g kg

Silveira et al. (1997) analisaram as folhas de diferentes

espécies de Eucalyptus com e sem sintomas visuais de defi-

ciência de potássio, os quais são caracterizados por clorose

marginal ou avermelhamento seguida de necrose das mar-

gens. As folhas sem sintomas estavam localizadas na parte

superior da copa e as com sintomas na parte inferior da

copa. O solo da área é caracterizado por textura arenosa e

baixos teores de potássio trocável (< 1,0 mmol

c

dm

). A

espécie que apresentou maior diferença entre folhas com

e sem sintomas foi o E. citriodora , sendo que as folhas com

sintomas apresentaram apenas 26% do teor encontrado nas

folhas sem sintomas ( Tabela 11 ).

6.2. Monitoramentos Nutricionais

O monitoramento nutricional dos plantios de eucalipto

tem se tornado uma importante ferramenta na tomada de

decisão em relação às adubações corretivas a serem efetua-

das durante o ciclo de produção, aos ajustes no programa

operacional de adubação e também as avaliações de eficiên-

cia das adubações realizadas.

A Tabela 12 mostra a interpretação do estado nutricional

do eucalipto em relação ao potássio pelo método do nível

crítico em diferentes regiões do Brasil. Nota-se grande varia-

ção dos teores foliares de potássio em uma mesma região.

O teor mais elevado foi encontrado na região Sul da Bahia,

enquanto o menor na região de Bocaiúva/MG. Comparan-

do os teores obtidos nos levantamentos nutricionais com

os considerados adequados pela literatura, observa-se que

na região de Curvelo/MG se constatou baixa freqüência de

deficiência de potássio. Os solos dessa região são argilosos e

caracterizados por teores trocáveis de potássio, na profundi-

dade de 0-40 cm, quase sempre maior que 1,0 mmolc dm

atingindo muitas vezes valores superiores a 3,0 mmolc dm

A deficiência de potássio não tem sido registrada com fre-

qüencia também nos plantios do Vale do Paraíba e na região

Sul da Bahia. Nos sítios dessas duas regiões, a deficiência

de cálcio aparece com maior freqüência que a de potássio.

A região do Vale do Paraíba, é caracterizada por argissolos

que apresentam elevada quantidade de minerais secundá-

rios contendo potássio estrutural, com isso na maioria das

vezes os teores trocáveis de potássio são altos. No entanto,

os teores trocáveis de potássio nos solos do sul da Bahia são

bem inferiores quando comparados com os teores da região

de Curvelo/MG e do Vale do Paraíba/SP, e mesmo assim, a

deficiência na planta não tem sido comumente encontrada.

As hipóteses levantadas para esse fato seriam que: a) a preci-

pitação na região sul da Bahia é maior e melhor distribuída

durante o ano quando comparada às outras duas regiões,

favorecendo desse modo uma maior absorção de potássio;

b) os plantios estão próximos da região litorânea, podendo

haver alguma adição de potássio pelos ventos marítimos,

ajudando dessa maneira a suprir a demanda desse nutriente.

Talvez, devido a uma maior e melhor distribuição das chu-

vas na região sul da Bahia, os níveis críticos de potássio no

solo considerados para a recomendação de adubação devam

ser inferiores aos da região do cerrado, onde o período de

Tabela 9. Interpretação dos dados de análise de folhas para o Eucalyptus.

Elementos

Faixa adequada Faixa deficiente

Boardman et al.

1

Dell et al.

1

Silveira et al.

2

Malavolta

3

Boardman et al.

3

Silveira et al.

1

g kg

N 16-29 18 - 34 22 - 27 8 - 13 < 15 < 16

P 1-3 1,0 - 2,2 1,7 - 2,2 0,4 - 0,8 < 0,7 < 1,

K 6-18 9 - 18 8,5 - 9,0 6 - 8 < 5 < 7,

Ca 2-4 3 - 6 7,1 – 11 2 - 4 < 1 < 5,

Mg 1-3 1,1 - 2,1 2,5 - 2,8 1,5 - 2,0 < 0,6 < 2,

S 1,5-2,0 1,5 - 2,3 1,5 - 2,1 0,8 - 1,2 < 1 < 1,

mg kg

B 15-100 15 - 27 34 - 44 15 - 20 < 8 < 21

Cu 4-12 2 - 7,4 6 - 7 4 - 6 < 2 < 4

Fe 50-156 63 – 128 65 - 125 75 - 100 - -

Mn 190-700 193 – 547 200 - 840 < 100 - -

Zn 15-46 17 - 42 15 - 20 20 - 30 < 7 < 7

1 - dados referentes a E. grandis no estádio adulto; 2 – referentes a E. grandis no Estado de São Paulo; 3 - Eucalyptus na fase juvenil.

Tabela 10. Faixa deficiente e adequada das concentrações de potássio nas folhas recém maduras de espécies de Eucalyptus no

estádio juvenil e adulto.

Espécie

Faixa

Deficiente Adequada Autor

g kg

Estádio juvenil

E. globulus 4-5 10-15 Dell et al. (1995)

E. globulus < 4 8-12 Boardman et al. (1997)

E. grandis - 3,3-8,1 Novais et al. (1980)

E. grandis < 5 12-14 Dell et al. (1995)

E. grandis - progênie pouco responsiva < 3,1 3,1-14,0 Silveira & Malavolta (2003)

E. grandis - progenie responsiva < 6,4 6,4-15,3 Silveira & Malavolta (2003)

E. cloeziana 7,0-13,8 Novais et al. (1980)

E. pellita 3-4 9-15 Dell et al. (1995)

E. urophylla 3-5 15-18 Dell et al. (1995)

E. urophylla - 8-14 Huoran & Wenlong (1996)

E. pilularis < 3 3,5-5 Cromer et al. (1981)

E. saligna - 11 Yost et al. (1987)

E. camaldulensis - 6-10 Boardman et al. (1997)

E. maculata < 4 10-17 Dell (1996)

Estádio adulto

E. saligna < 6 8,5-10 Silveira et al. (1998)

E. grandis < 7 8-10 Silveira et al. (1998)

E. grandis 5-6 9-18 Dell et al. (1995)

E. grandis < 5 6-18 Boardman et al. (1997)

E. globulus < 4,5 5-12 Boardman et al. (1997)

E. grandis x E. urophylla 2-6 9-15 Dell et al. (1995)

Eucalyptus spp 6-8 10-12 Malavolta (1987)

E. globulus 4-7 9-11 Dell et al. (1995)

E. camaldulensis < 6 6-8 Boardman et al. (1997)

E. urophylla - 8-14 Dell et al. (1995)

E. dunnii - 8-15 Boardman et al. (1997)

Variação 2-7 3,5-18 -

Tabela 11. Teores de potássio em folhas com e sem sintomas visuais de deficiência em espécies de Eucalyptus na região de Botu-

catu/São Paulo.

Espécies

Sem sintomas Com sintomas

g de K kg

E. citriodora 5,85 (100) 1,51 (26)

E. dunii 4,89 (100) 2,19 (45)

E. exerta 7,48 (100) 3,94 (53)

E. grandis 4,84 (100) 3,21 (66)

E. pilularis 4,08 (100) 2,07 (51)

E. pellita 5,66 (100) 2,55 (45)

E. ptychocarpa 4,61 (100) 2,78 (60)

E. robusta 3,93 (100) 2,45 (62)

E. saligna 5,84 (100) 2,68 (46)

Média 5,24 (100) 2,60 (50)

Fonte: Silveira et al. (1997).

déficit hídrico é mais marcante. Isso mostra a necessidade

de se priorizar experimentos para determinar o nível crítico

de potássio em função do regime hídrico da região, uma vez

que o potássio está envolvido no controle estomático.

A deficiência de potássio é comumente encontrada em

latossolos arenosos e neossolos quartzarênicos situados nas

regiões de Bofete, Itatinga, Luiz Antonio e Lençóis Paulista,

em São Paulo e na região de João Pinheiro, Minas Gerais.

Silveira et al. (2003a) verificaram que 93% da área amos-

trada de um clone de rápido crescimento apresentavam ca-

rência de potássio ( Tabela 12 ). Os resultados obtidos por

Bellote & Ferreira (1993) em cinco municípios do estado

de São Paulo (Mogi Guaçu, Casa Branca, Itirapina, Itatin-

ga e Angatuba) corroboram com os obtidos nos monitora-

mentos nutricionais nesses tipos de solos. Esses autores ve-

rificaram que o potássio e o magnésio foram os nutrientes

mais limitantes para o crescimento do Eucalytpus grandis.

Dentre as formas de avaliação do estado nutricional das

plantas utilizando-se a análise foliar tem-se o DRIS (Sistema

Integrado de Diagnose e Recomendação). Esse método utili-

za as razões entre os nutrientes para interpretar os resultados

das análises foliares. A maior vantagem é que quando se tem

dois ou mais nutrientes abaixo da faixa adequada, esse mé-

todo permite determinar qual nutriente está mais afetando a

produtividade, uma vez que ordena a limitação. Gava (2003)

avaliando plantas de Eucalyptus grandis com e sem adubação

potássica, em Latossolo vermelho amarelo distrófico com

textura média, constatou-se que na sua ausência de potássio,

esse nutriente foi na maioria das parcelas o segundo nutrien-

te mais limitante logo depois do cobre. Quando se realizou

a adubação potássica, o potássio passou a ser o terceiro ou

quarto nutriente mais limitante, sempre depois do Cu e Mn,

e às vezes depois do boro ( Tabela 13 ).

Figura 14. A. Relação entre a concentração de potássio nas folhas e a produtividade de E. saligna , na região de Capão Bonito/SP;

B. Efeito da relação K/Ca nas folhas sobre a produtividade de E. grandis na região de Lençóis Paulista/SP.

Fonte: Silveira et al. (2000c).

Tabela 13. Interpretação do estado nutricional de Eucalyptus grandis aos 7 anos de idade na presença e ausência de potássio.

Trat* Rep**

Teor nas folhas Produtividade (IMA)

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn m³ ha

ano

g kg

mg kg

Com K

180 kg

ha

de

K

2

O

Sem K

Índices DRIS Ordem de limitação

Com K

180 kg

ha

de

K

2

O

Cu>Mn>B>K>Fe>

Zn>P>S>N>Mg>Ca

Cu>Mn>K>B>Fe>

ZN>P>S>N>Mg>Ca

Cu>Mn>K>Fe>B>

Zn>P>Ca>Mg>N>S

Cu>Mn>K>Fe>B>

Zn>P>Ca>Mg>N>S

Cu>Mn>B>K>Fe>

Zn>Mg>P>Ca>N>S

Sem K

Cu>Mn>B>K>Fe>

Zn=Mg>P>S>N>Ca

Cu>Mn>K>B>Fe>

Zn>Mn>P>Ca>N>S

Cu>K>B>Zn>Mn>

Fe>Mg>P>S>N>Ca

Cu>K>B>Mn>Zn>

Fe>P>Mg>S>N>Ca

Cu>K>B>Mn>Fe>

Zn>Mg>P>N>S>Ca

  • Trat = tratamentos; ** Rep = repetição.

7. RESPOSTA DO Eucalyptus À APLICAÇÃO

DE POTÁSSIO

O Eucalytpus tem apresentado resposta à aplicação de K

em solos com teor de 0,2 até 1,0 mmolc de K dm

de solo,

conforme verificados por Barros et al. (1981), Barros & No-

vais (1990, 1996), Stape & Zani Filho (1990), Galo (1993),

Scatolini et al. (1996), Valeri et al. (1996) e Gava (1997).

Nos solos com valores acima de 1,0 mmolc dm

, os resul-

tados têm sido contraditórios, sendo que na maioria das ve-

zes não se encontram respostas à aplicação deste nutriente e

quando ocorrem são justificadas pela estreita relação Ca:Mg

(< 1 unidade) ou pelos elevados valores de Ca+Mg no solo

(> 8 mmol

c

dm

). Novais et al. (1980) verificaram que E.

grandis , na fase de muda, não respondeu a aplicação de po-

tássio, o contrário tendo sido observado para E. cloeziana.

Os autores ainda sugerem que o nível crítico de K no solo

para E. grandis , na fase inicial do crescimento, está abaixo

de 0,23 mmolc dm

(extrator Mehlich 1), quando o solo é

pobre em Ca e Mg. Para E. cloeziana , os valores estavam na

faixa de 0,28 a 0,79 mmol

c

dm

, sendo que os valores mais

altos foram obtidos para solos que receberam calagem.

Ainda em relação ao nível crítico de K no solo para o cres-

cimento de mudas de E. grandis , Prezotti (1985) verificou

que os níveis para obtenção de 90 % da produção máxima

foram de 1,20 a 1,33 mmol

c

dm

para solos de textura mé-

dia a arenosa e 1,87 a 2,18 mmol

c

dm

para os de textura

argilosa. Estes valores foram mais altos que os encontrados

por Novais et al. (1980), sendo justificados em razão do

pequeno volume de solo (400 cm³) que foi utilizado para a

produção das mudas.

Resultados semelhantes aos encontrados por Novais et al.

(1980) também foram verificados por Sgarbi et al. (1997),

que não constataram redução no crescimento de E. grandis

x E. urophylla quando cultivado na ausência de potássio em

relação ao tratamento completo.

Valeri et al. (1991) estudaram o efeito de doses de N (0,

33 e 66 kg ha

), P

2

O

5

(0, 100 e 200 kg ha

) e K

2

O (0, 33 e 66

kg ha

) e calcário dolomítico (0 e 2 t ha

) na produção de

E. grandis plantado em neossolo quartzacênico, na região de

Luís Antônio/SP. Não verificaram aumentos na produção de

madeira com a aplicação de nitrogênio e fósforo. Em relação

ao potássio, ocorreu efeito quadrático, sendo que a máxima

produção (86 st ha

) foi obtida com a dose estimada de 61

kg K

2

O ha

  • . O E. grandis também respondeu a aplicação de

calcário, com aumento de 13 % no volume de madeira em

relação aos tratamentos que não receberam calagem. Valeri

et al. (1996) estudaram o efeito do parcelamento e de doses

de potássio (0, 50 e 100 kg de K

2

O ha

) nos 5 primeiros

anos após o plantio, em neossolo quartzacênico e latosso-

lo vermelho escuro álico. Concluíram que no latossolo, o

maior incremento em volume foi obtido com a aplicação

de 50 kg de K

2

O ha

, parcelada nos 4 ou 5 primeiros anos,

enquanto que na areia quartzosa, com aplicação de 100 kg

de K

2

O ha

, parcelada em doses iguais nos cinco primeiros

anos ou em doses crescentes nos 4 primeiros anos.

Barros & Novais (1990) relataram que a necessidade de

potássio aumenta com o acúmulo de biomassa e, portanto,

com a idade do Eucalyptus. De acordo com os resultados de

Barros & Novais (1990), Rocha Filho et al. (1978) cultivando

mudas de E. urophylla para obtenção de sintomas de defici-

ência dos macronutrientes, boro e ferro, constataram que os

sintomas de carência de potássio foram os últimos a aparecer.

Plantas jovens requerem pouco potássio e solos com níveis de

K em torno de 0,51 mmol

c

dm

(20 mg kg

) são suficientes

para o crescimento inicial das mudas segundo Barros & No-

vais (1990). Entretanto, Barros et al. (1981) encontraram res-

postas à aplicação de potássio no plantio (27 g K

2

O planta

para E. saligna cultivado em solo com 0,67 mmol

c

de K dm

ocorrendo incrementos de 67 % no volume de madeira aos

78 meses de idade. Resultados semelhantes foram obtidos

quando estudaram o efeito da aplicação de potássio (0, 60,

120, 180 e 240 kg de K

2

O ha

) sobre a produção de biomassa

de E. grandis cultivado em solo com 0,54 mmol

c

de K dm

Verificaram que a produção máxima aos 6,5 anos foi obtida

com a dose de 179 kg de K

2

O ha

, a qual aumentou em 63 %

a produção quando comparada com a ausência de K na adu-

bação (Barros et al ., 1992). Esses resultados são concordantes

com os obtidos por Gava (1997), ao estudar o efeito da apli-

cação de K (0; 60; 120; 180; 240 e 360 kg de K

2

O ha

) em E.

grandis sob condição de 2ª rotação, plantados em dois solos,

um com teor de 0,35 (argissolo vermelho amarelo, distrófico,

textura arenosa/média localizado em Angatuba/SP) e outro

com 1,7 mmol

c

de K dm

(argissolo vermelho amarelo, tex-

tura média arenosa/argilosa localizado em São Miguel Arcan-

jo/SP). Observou resposta à aplicação de K até 256 kg de K

2

O

ha

, no solo mais pobre em potássio, com aumento de 118

% em volume de madeira em relação a testemunha ( Figura

15A ). A dose de K

2

O para a obtenção de 90 % da produção

máxima foi de 145 kg ha

  • . No entanto, para o solo com nível

mais elevado de potássio, a resposta à adição desse macro-

nutriente foi nula. Scatolini et al. (1996) também obtiveram

resultados similares para povoamentos de E. grandis localiza-

dos em solos com baixo teor de K trocável (0,7 mmol

c

dm

na região do Vale do Paraíba, ocorrendo respostas até 206 kg

de K

2

O ha

no argissolo vermelho amarelo textura argilosa

e 240 kg de K

2

O ha

no latossolo vermelho amarelo textura

média ( Figura 15B ). Em outro estudo, Galo (1993) encon-

trou que a dose para se alcançar 90 % da produção máxima

de madeira para E. grandis aos 6,5 anos de idade, foi de 108 kg

de K

2

O ha

, em solos do cerrado de Itamarandiba/MG, cujo

o teor original de K era de 0,59 mmol

c

dm

  • . Neste estudo,

os ganhos de produtividade com a aplicação de potássio fo-

ram de 92 % quando comparou-se a dose de 200 kg de K

2

O

ha

em relação a testemunha ( Figura 15C ). Na mesma área

experimental do trabalho realizado por Galo (1993) em pri-

meira rotação, Faria et al. (2002) observaram também ganhos

consideráveis no volume de madeira da rebrota com a aplica-

ção de potássio, sendo que a diferença de incremento médio

anual (IMA) entre a testemunha e 240 kg ha

de K

2

O foi de

63,7%. Constatou-se queda de produtividade da 1ª rotação

para a rebrota, independente da dose de potássio aplicada.

Na testemunha, o IMA da rebrota foi equivalente a 63% da

1ª rotação, na maior dose de potássio, a diferença percentual

foi de 46% ( Figura 15D ).

Stape & Benedetti (1997) constataram respostas de E.

grandis à aplicação de NK, em 2ª rotação na região de Itira-

pina/SP (solos arenosos), principalmente o potássio ( Figu-

ra 16A ). Nota-se que houve uma diferença de 4,45 m³ ha

ano

quando se compara parcelas com e sem NK, indepen-

dente da faixa de produtividade, mostrando que a dose de

NK (57 kg de N e 57 kg de K

2

O ha

) aplicada pós-desbrota

aos 16 meses, com maior influência do potássio, foi impor-

tante para o acréscimo de produtividade. Esses resultados

foram semelhantes aos verificados por Gava (1997) para E.

grandis na região sul do estado de São Paulo.