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Maçonaria Revelada, Notas de estudo de Religião

alfabeto hebraico (que constitui a inicial da palavra sagrada do Aprendiz) signifique exatamente casa, derivando sua forma do hieróglifo simbólico da ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Raimundo
Raimundo 🇧🇷

4.6

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Maçonaria Revelada

Os Segredos do Aprendiz Maçom

O que a maçonaria ensina de fato dentro de suas lojas para o A\M \

Instruções Fundamentais ao A\M\

Dedicado aos Irmãos Aprendizes

Qualquer que tenha sido o vosso propósito e o anseio de vosso coração ao ingressar na Augusta Instituição que fraternalmente vos acolheu, como um de seus membros, é certo que não tereis entendido, a princípio, toda a importância espiritual deste passo e as possibilidades de progresso que com ele vos foram abertas.

A Maçonaria é pois, uma Instituição Hermética no tríplice e profundo sentido da palavra. O segredo maçônico é de tal natureza, que não pode nunca ser violado ou traído, por ser mística e individualmente realizado por aquele maçom que o busca para usá-lo construtivamente, com sinceridade e fervor, absoluta lealdade, firmeza e perseverança no estudo e na prática da Arte.

A Maçonaria não se revela efetivamente senão a seus adeptos, aqueles que a ela se doam por inteiro, sem reservas mentais, para tornar-se verdadeiros maçons, isto é, Obreiros Iluminados da Inteligência Construtora do Universo, que deve manifestar-se em sua mente como verdadeira Luz que ilumina, desde um ponto de vista superior, todos os seus pensamentos, palavras e obras.

Isto é conseguido por intermédio das provas que constituem os meios pelos quais torna-se manifesto o potencial espiritual que dorme em estado latente na vida rotineira, as provas simbólicas iniciais e as provas posteriores do desânimo e da decepção. Quem se deixar vencer por elas, assim como aquele que ingressar na Associação com um espírito superficial, deixará de conhecer aquilo que a Ordem encerra sob sua forma e seu ministério exterior, deixará de conhecer seu propósito real e a Força Espiritual oculta que interiormente anima a Ordem.

Seu tesouro acha-se escondido profundamente na terra. Só escavando, ou seja, buscando-o por baixo da aparência, podemos encontrá-lo. Quem passa pela Instituição como se fosse uma sociedade qualquer ou um clube profano, não pode conhecê-la; somente permanecendo nela longamente, com fé inalterada, esforçando-nos em tornarmo-nos verdadeiros maçons e reconhecendo o privilégio inerente a esta qualidade, ela nos revelará o seu tesouro oculto.

Deste ponto de vista, e qualquer que seja o grau exterior que possamos conseguir, ou que já nos tenha sido conferido para compensar de alguma forma nossos anseios e desejos de progresso, dificilmente poderemos realmente superar o grau de aprendiz. Na finalidade iniciática da Ordem, somos e continuaremos sendo aprendizes por um tempo muito maior que os simbólicos três anos de idade. Oxalá fossemos todos bons aprendizes e continuássemos sendo-o por toda nossa existência!

Se todos os maçons se esforçassem primeiro em aprender, quantos males que tem sido lamentados e que ainda serão lamentados, não mais teriam razão de existir!

Este pequeno Guia Sintético para os aprendizes de todas as idades maçônicas, apresentando em suas páginas, de forma clara e simples, as explicações que nos parecem necessárias para entender e realizar individualmente o significado deste grau fundamental, no qual se encontra todo o programa iniciático, moral e operativo da Maçonaria.

Ser um aprendiz, um Aprendiz ativo e inteligente que envida todos os esforços para progredir

iluminadamente no caminho da Verdade e da Virtude, realizando e pondo em prática (fazendo-a carne de sua carne, sangue de seu sangue e vida de sua vida) a Doutrina Iniciática que se encontra escondida e é revelada no simbolismo deste grau, é sem dúvida muito melhor que ostentar o mais elevado grau maçônico, permanecendo na mais odiosa e destruidora ignorância dos princípios e fins sublimes de nossa Ordem.

Não devemos ter, portanto, demasiada pressa na ascensão a graus Superiores. O grau que nos foi outorgado, e pelo qual exteriormente somos reconhecidos, é sempre superior ao grau real que alcançamos e realizamos interiormente, e a permanência neste primeiro grau dificilmente poderá ser taxada de excessiva, por maiores que sejam nossos desejos de progresso e os esforços que façamos nesse sentido. Compreender efetivamente o significado dos símbolos e cerimônias que constituem a fórmula iniciática deste grau, procurando a sua prática todos os dias da vida, é muito melhor que sair prematuramente dele, ou desprezá-lo sem tê-lo compreendido.

A condição e o estado de aprendiz, referem-se, de forma precisa, à nossa capacidade de apreender; somos aprendizes enquanto nos tornamos receptivos, abrindo-nos interiormente e colocando todo o esforço necessário para aproveitarmos construtivamente todas as experiências da vida e os ensinamentos que de algum modo recebemos. Nossa mente aberta, e a intensidade do desejo de progredir, determinam esta capacidade. Estas qualidades caracterizam o Aprendiz e o distinguem do profano, seja dentro ou fora da Ordem.

No profano, (segundo se entende maçonicamente esta palavra) prevalecem a inércia e a passividade, e, se existe um desejo de progresso, uma aspiração superior, encontram-se como que sepultados ou sufocados pela materialidade da vida, que converte os homens em escravos completos de seus vícios, de suas necessidades e de suas paixões.

O que torna patente o estado de aprendiz, é exatamente o despertar do potencial latente que se encontra em cada ser e nele produz um veemente desejo de progredir, caminhar para a frente, superando todos os obstáculos e limitações, tirando proveito de todas as experiências e ensinamentos que encontra em seus passos. Este estado de consciência é a primeira condição para que seja possível tornar-se maçom no sentido verdadeiro da palavra.

Toda a vida é para o ser ativo, inteligente e zeloso, uma aprendizagem incessante; tudo o que encontramos em nosso caminho pode e deve ser um proveitoso material de construção para o edifício simbólico de nosso progresso, o Templo que assim erigimos, cada hora, cada dia e cada instante à G. D. G. A. D. U. isto é, do Princípio Construtivo e Evolutivo em nós mesmos. Tudo é bom no fundo, tudo pode e deve ser utilizado construtivamente para o Bem, apesar de que possa terse apresentado sob a forma de uma experiência desagradável, de uma contrariedade imprevista, de uma dificuldade, de um obstáculo, de uma desgraça ou de uma inimizade.

Heis aqui o programa que o Aprendiz deve esforçar-se em realizar na vida diária. Somente mediante este trabalho, inteligente, zeloso e perseverante, pode converter-se num verdadeiro obreiro da Inteligência Construtora, e companheiro de todos os que estão animados por este mesmo programa, por esta mesma finalidade interior.

O esforço individual é condição necessária para este progresso. O Aprendiz não deve contentar-se em receber passivamente as idéias, conceitos e teorias vindas do exterior, e simplesmente assimilálas, mas trabalhar com estes materiais, e assim aprender a pensar por si mesmo, pois o que caracteriza a nossa

Capítulo I

AS ORIGENS DA INSTITUIÇÃO CONSIDERAÇÕES

PRELIMINARES

Das três perguntas; "De onde viemos? Quem somos? e Aonde vamos?", nas quais pode subdividir-se e expressar-se o Grande Mistério da experiência, assim como, o princípio de todo o verdadeiro conhecimento e toda a sabedoria, a primeira delas é a que especialmente diz respeito ao Aprendiz.

Aplicada a nossa Instituição, para dar a conhecer sua essência, esta pergunta suscita-nos em primeiro lugar o problema em suas origens, ou seja, aquelas instituições, sociedades, costumes e tradições, nas quais a Maçonaria tem sua raiz, seu princípio espiritual, ainda que sem nelas diretamente ter origem.

Deste ponto-de-vista é certo, conforme nos dizem os catecismos, que suas origens perderam-se "na noite dos tempos", ou seja; naquelas remotas civilizações pré-históricas das quais tem-se perdido os vestígios e a memória, e que remontam provavelmente a centenas de milhares de anos antes da era atual.

Os primeiros rituais baseados nas tradições bíblicas, uma vez que seus redatores apoiaram-se pela fé nessas tradições, contam que: "Adão foi iniciado na Ordem do Éden, pelo G.A. em todos os ritos da Maçonaria, isto significando, evidentemente, que as origens da Maçonaria devem remontar à primeira sociedade humana, da qual Adão é um símbolo, correspondendo à Era Saturniana ou Idade de Ouro da tradição greco-romana, e ao Satra Yoga dos hindus.

É certo, pois, que esse íntimo desejo de progresso, essa profunda aspiração em direção à Verdade e à Virtude, esse desejo de trabalhar reta e sabiamente, de que a maçonaria constitui, para seus adeptos a encarnação nasceram, já na aurora da civilização (que todas as tradições concordam em considerar luminosa).

Mas, se o espírito maçônico existiu desde as primeiras épocas conhecidas e desconhecidas – da história, e não foi alheio ao primeiro homem esse mesmo espírito (se realmente tiver existido tiver se expressado naturalmente de uma forma adaptada e conveniente nas primeiras comunidades – íntimas e por tanto secretas - de homens que se isolavam dos demais pelo seu desejo de saber e penetrar o Mistério Profundo das coisas, é igualmente correto que nem sempre ter-se-á manifestado exatamente da forma em que hoje se conhece, se exerce e se pratica.

Entretanto, os princípios imutáveis sobre os quais foi estabelecido essa manifestação, e que constituem seu espírito e sua característica fundamental, não podem ter sofrido variações substanciais, e uma vez que foram estabelecidas em épocas de antigüidade incalculável, devem também ter permanecido basicamente os mesmos através de todas suas metamorfoses ou encarnações exteriores.

Também devem remontar os sinais, símbolos e toques, a íntima essência da alegorias e o significadodas palavras que correspondem aos diferentes graus, (por seu caráter e sua transmissão ininterrupta) até a mais remota antigüidade. Ainda que as alterações das lendas - em sua forma exterior – possam ter sido notáveis, entretanto, face ao reduzido e eliminado meio social no qual foram disseminadas, pela própria aparência exterior e ainda, pelas provas e a fidelidade que eram solicitadas aos iniciados, essas alterações sempre se reduziram ao mínimo, sendo mais intencionais (isto é, causadas por necessárias adaptações) que causais.

Além disso, por terem tais alegorias girado ao redor de um mesmo tema ou Idéia Mãe Fundamental, estas alterações devem ter sido geralmente cíclicas, gravitando ao redor de um mesmo ponto, passando, em conseqüência, mais de uma vez pela mesma forma ou por formas análogas. Apesar do segredo que deve ter caracterizado constantemente a atividade da Ordem, nas diferentes formas assumidas exteriormente, em diversos locais podemos encontrar alguns vestígios que confirmam esta asserção: nos Templos sagrados de todos os tempos e de todas as religiões, entre as estátuas, gravuras, baixos-relevos e pinturas; nos escritos que nos foram transmitidos, em representações simbólicas de origens diversas, nas próprias letras do alfabeto, podemos encontrar vários traços de uma intenção indubitavelmente iniciática ou maçônica (sendo os dois termos, até certo ponto, equivalentes); e eventualmente ocorre não aparecerem nestas representações os mesmos sinais de reconhecimento.

Da mesma forma na mitologia, e nas lendas e tradições que constituem o folclore literário e popular, há muitos traços dos mistérios iniciáticos, daquela Palavra Perdida à qual se refere nossa Instituição, com seu ensinamento esotérico revelado de uma forma simbólica. O aspecto esotérico da religião - conhecida exotericamente - deve ter conservado através dos tempos esta dupla característica, qualquer que tenha sido a forma exterior particular na qual tenha se manifestado nos diferentes povos e nas mais variadas épocas da história.

OS MISTÉRIOS

Em todos os povos conhecidos da história, na era pré-cristã, houve instituição de mistérios: no Egito como na Índia, na Pérsia, Caldeia, Síria, Grécia e em todas as nações mediterrâneas, entre os druidas, os godos, os escitas e os povos escandinavos na China e entre os povos indígenas da América.

Traços deles podem ser observados nas curiosas cerimônias e costumes das tribos da África e Austrália, e em todos os chamados povos primitivos, aos quais possivelmente, de forma mais justa, deveríamos considerar como originários da degeneração de raças e civilizações mais antigas.

Tiveram fama especialmente os Mistérios de Isis e de Osiris no Egito; os de Orfeu e Dionísios e os Eleusinos na Grécia; os de Mitra, que da Pérsia se estenderam com as legiões romanas, por todos os países do império. Menos conhecidos e menos brilhantes, especialmente em seu período de decadência e degeneração, foram os de Creta e os da Samotrácia; os de Vênus em Chipre; os de Tammuz na Síria, e muitos outros.

Também a religião cristã teve no princípio seus Mistérios, como deixam transparecer os indícios de natureza inequívoca que encontramos nos escritos dos primitivos Pais da Igreja, ensinando aos mais adiantados um aspecto mais profundo e interno da religião, à semelhança do que fazia Jesus, que instruía o povo por meio de parábolas, alegorias e preceitos morais, reservando ao pequeno círculo eleito dos discípulos - os que escutavam e punham em prática a Palavra seus ensinamentos esotéricos. A essência dos Mistérios Cristãos tem-se conservado nas cerimônias que constituem atualmente os Sacramentos.

Igualmente a religião muçulmana, assim como o Budismo e a antiga religião brahmânica, tiveram e têm seus Mistérios, que conservaram e em alguns casos conservam até hoje muitas práticas sem dúvida anteriores ao estabelecimento de ditas religiões, reminiscência daqueles que eram celebrados entre os antigos árabes, caldeus, aramaicos e fenícios, pelo que se refere à primeira, e entre os povos da Ásia Central e Meridional, pelos segundos.

Ainda que os nomes difiram e sejam parcialmente discordantes, a forma simbólica e as particularidades dos ensinamentos e suas aplicações tem sido característica fundamental e originária de toda a transmissão de uma mesma Doutrina Esotérica, em graus diversos e sucessivos, conforme a maturidade moral e espiritual dos candidatos, os quais eram submetidos a provas (muitas vezes difíceis e espantosas) para reconhecê-la, subordinando-se a comunicação do ensino simbólico, e os instrumentos ou chaves para interpretá-la, à firmeza e fortaleza de ânimo demonstradas na superação destas provas.

A própria Doutrina nunca variou em si mesma, ainda que tenha-se revestido de formas diferentes (mas quase sempre análogas ou muito semelhantes) e interpretada mais ou menos perfeita ou imperfeitamente e de uma maneira relativamente profunda ou superficial, por efeito da degeneração, à qual com o tempo sucumbiram os instrumentos ou meios humanos aos quais aquela havia sido confiada. Esta unidade fundamental, assim como a analogia entre os meios, pode considerar-se como prova suficiente da unidade de origem de todos os Mistérios de um mesmo e único Manancial, do qual tem emanado, ou pelo qual foram inspiradas, as diferentes instruções e tradições religiosas, e a própria Maçonaria em suas formas primitivas e recentes.

A UNIDADE DA DOUTRINA

Esta Doutrina-Mãe Eclética que tem sido perpetuamente Fonte inesgotável dos ensinamentos mais elevados de todos os tempos (foco de luz inextinguível, conservado zelosa e fielmente no Mistério da Compreensão e do Amor, que nunca deixou de brilhar mesmo nas épocas mais obscuras da História, para os que tiveram "olhos para ver e ouvidos para ouvir", é a própria Doutrina Iniciática manifestada nos Mistérios Egípcios, Orientais, Gregos, Romanos, Gnósticos e Cristãos, e é a mesma Doutrina Maçônica revelada por meio do estudo e da interpretação dos símbolos e cerimônias que caracterizam nossa Ordem.

É a Doutrina da Luz interior dos Mistérios Egípcios, que era desperta no candidato e tornava-se para sempre mais firme e ativa na medida em que chegava a "osirificar-se", ou seja conhecer sua unidade e identidade com Osiris, o Primeiro e Único Princípio do Universo. É a mesma Doutrina da luz simbólica que os candidatos procuram em nossos Templos, e que se realiza individualmente na medida em que cada um se afasta da influência profana ou exterior dos sentidos, e busca o secreto entendimento no íntimo de seu ser.

É a Doutrina da Vida Universal encerrada no simbólico grão de trigo de Elêusis, que deve morrer e ser sepultado nas entranhas da terra, para poder renascer como planta, à luz do dia, depois de abrir caminho através da escuridão em que germina. É a mesma doutrina pela qual o candidato, tendo passado por uma espécie de morte simbólica no quarto de Reflexões, renasce a uma nova vida como Maçom e progride por meio do esforço pessoal dirigido pelas aspirações verticais que o prumo simboliza.

É a Doutrina da redenção cristã, obtida por intermédio da fidelidade na palavra, com a qual o Cristo ou Verbo Divino (nossa percepção interior ou reconhecimento espiritual da verdade) nasce ou se manifeste em nós e nos conduz, segundo a antiga expressão brahmânica "da ilusão à Realidade, das trevas à luz, da morte à Imortalidade". É a mesma doutrina do Verbo ou Logos sobre a qual colocamos nossos instrumentos simbólicos ao abrirmos a Loja, isto é, ao iniciar a manifestação do Logos.

É pois, sempre e onde quer que seja, um mesmo ensinamento que se revela por infinitas formas, adaptando-se à inteligência e à capacidade de compreensão dos ouvintes; uma Doutrina secreta ou hermética, revelada por meio de símbolos, palavras e alegorias que só podem entender e aplicar em seu real sentido os ouvidos da compreensão. É uma doutrina vital que deve fazer-se carne em nós, sangue e vida, para produzir o milagre da regeneração ou novo nascimento, que constitui o Télos ou "fim da iniciação".

AS COMUNIDADES MÍSTICAS

Ao lado das mais antigas instituições oficiais dos Mistérios - protegidas por reis e governos com leis e privilégios especiais, por sua influência reconhecidamente benéfica e moralizadora e instintivamente veneradas pelos novos - existiram em todo o Oriente, e especialmente na Índia, Pérsia, Grécia e Egito, muitas comunidades místicas que, se por um lado podem ser comparadas aos atuais conventos e ordens monásticas, por outro, algumas de suas características as relacionam intimamente com a moderna Maçonaria.

Estas comunidades - algumas das quais tiveram, embora outras não caráter decididamente religioso - nasceram, evidentemente, da necessidade espiritual de agrupar-se para levar, ao abrigo das condições contrárias do mundo exterior, uma vida comum mais de acordo com os ideais e íntimas aspirações de seus componentes.

As características destas comunidades, que constituem um laço de união com nossa Ordem, referemse igualmente à sua dupla finalidade operativa e especulativa - enquanto se dedicavam igualmente a trabalhos e atividades materiais, assim como aos estudos filosóficos e contemplação - à iniciação como condição necessária para nelas serem admitidos, e aos meios de reconhecimento (sinais, palavras e toques que usavam entre si e por intermédio dos quais abriam suas portas ao viajante iniciado que se fazia reconhecer como um deles, tratando-o como irmão, qualquer que fosse sua procedência.

Destas místicas comunidades muito nos fala Filostrato em sua Vida de Apolônio de Tiana, baseandose nos apontamentos de Damis, discípulo do grande filósofo reformador do primeiro século de nossa Era (ou melhor dizendo, companheiro de viagem, pois por não ser um iniciado, quase sempre Damis era obrigado a ficar na porta dos Templos e Santuários que não possuíam segredos para seu Mestre), Mestre que viajou constantemente de uma a outra comunidade, assim como de Templo em Templo nas mais diversas religiões, e onde sempre encontrou hospitalidade e acolhida fraternal, neles compartilhando o Pão da Sabedoria.

As mais conhecidas foram as comunidades dos Essênios entre os hebreus, dos Terapeutas do Alto Egito e dos Ginosofistas na Índia. Este último termo - que literalmente significa sábios despidos - parece muito bem aplicar-se aos iogues, em seu tríplice sentido moral, material e espiritual, quando se despojavam de toda sua riqueza ou posse material e reduziam seu traje ao que de mais simples havia, despindo-se espiritualmente com a prática da meditação que em seus aspectos mais profundos é um despojo completo da mente (a "Criadora da Ilusão") e das faculdades intelectuais, das quais está revestido nosso Ego ou Alma para sua atuação como "ser mental".

AS ESCOLAS FILOSÓFICAS

Não podemos esquecer igualmente, nesta sintética enumeração das origens da Maçonaria, as grandes alexandrina no Ocidente, as quais, indistintamente, tiveram sua origem e inspiração nos Mistérios.

Da primeira, diremos simplesmente que seu propósito foi a interpretação dos livros sagrados dos Vedas (Vedanta significa etimologicamente fim dos Vedas), antigas escrituras brahmânicas inspiradas, obras dos Rishis, "videntes" ou "profetas" com propósito claramente esotérico, como é demonstrado por sua característica primitivamente adavaita ("antidualista" ou unitária), com o reconhecimento de um único Princípio ou Realidade, operante nas infinitas manifestações da Divindade, consideradas estas como diferentes aspectos desta Realidade Única.

A escola estabelecida por Pitágoras, como comunidade filosofico educativa, em Crotona, na Itália meridional (chamada então Magna Grécia), tem uma íntima relação com nossa instituição. Os discípulos eram inicialmente submetidas a um longo período de noviciado que pode comparar-se ao nosso grau de Aprendiz, onde eram admitidos como ouvintes, observando um silêncio absoluto, e outras práticas de purificação que os preparavam para o estado sucessivo de iluminação, no qual permitia-se que falassem, tendo uma evidente analogia como grau de Companheiro, enquanto o estado de perfeição relaciona-se evidentemente como nosso grau de Mestre.

A escola de Pitágoras teve uma decidida influência, também nos séculos posteriores, e muitos movimentos e instituições sociais foram inspirados pelos ensinamentos do Mestre, que não nos deixou nada como obra direta sua, já que considerava seus ensinamentos como vida e preferia, como ele mesmo o dizia, gravá-las (outro termo caracteristicamente maçônico) na mente e na vida de seus discípulos, do que confiá-las como letra morta ao papel.

Em relação a Pitágoras cabe recordar aqui um curioso e antigo documento maçônico , no qual atribui-se ao Filósofo por excelência (foi quem primitivamente usou este termo, distinguindo-se como amigo da sabedoria dos sufis ou sufistas, que ostentavam, com orgulho inversamente proporcional ao mérito real, o título de sábios) o mérito de ter transportado as tradições maçônicas orientais ao mundo ocidental greco- romano.

Desta escola platônica e de sua conexão com os ensinamentos maçônicos, é suficiente que recordemos a inscrição que existia no átrio da Academia (palavra que significa etimologicamente "oriente"), onde eram celebradas as reuniões: "Ninguém deve aqui entrar se não conhecer a Geometria"; alusão evidente à natureza matemática dos Primeiros Princípios, assim como ao simbolismo geométrico ou construtor que nos revela a íntima natureza do Universo e do homem, bem como, de sua evolução.

A filiação destas escolas aos Mistérios é evidente pelo fato de que Platão, como Pitágoras e todos os grandes filósofos daqueles tempos, foram iniciados nos Mistérios do Egito e da Grécia (ou em ambos), e todos deles nos falam com grande respeito, ainda que sempre superficialmente, por ser então toda violação do segredo castigada pelas leis civis até com a própria morte.

Da escola eclética ou neoplatônica de Alexandria, no Egito, podemos estabelecer a dupla característica de sua origem e de sua finalidade, uma vez que nasceu da convergência de diferentes escolas e tradições filosóficas, iniciáticas e religiosas, como síntese e conciliação destas, do ponto de vista interior no qual se revela e torna patente sua fundamental unidade.

A ESCOLA GNÓSTICA

Diretamente relacionada com a escola eclética alexandrina, a tradição ou escola gnóstica do cristianismo, tem sido considerada e foi posteriormente perseguida como heresia pela Igreja de Roma.

O gnosticismo tentou conciliar e fundir até o limite possível, o cristianismo então nascente, com as religiões e tradições iniciáticas mais antigas, substituindo o dogma (doutrina ortodoxa, da qual pedese uma aceitação incondicional como “ato de fé”) pela gnosis (conhecimento ou compreensão por meio da qual alcança-se a Doutrina Interior). De acordo com esta escola, o Evangelho, à semelhança de todas as escrituras e ensinos religiosos, deve ser interpretado em seu sentido esotérico, isto é, como expressão simbólica e apresentação dramática de Verdades espirituais.

O Cristo, mais que uma atribuição pessoal de Jesus, seria o conhecimento ou percepção espiritual da Verdade que deve nascer e realmente nasce em todo iniciado, que assim, torna-se seu verdadeiro cristoforo ou cristão. O próprio Jesus seria também o nome simbólico deste princípio salvador do homem, que o conduz “do erro à Verdade e da Morte à Ressurreição”.

A própria Fé (pistis), considera-se como meio para chegar à Gnosis, preferivelmente à aceitação passiva e incondicional de qualquer afirmação dogmática, apresentada como uma Verdade revelada. Apesar das posteridades interpolações, é certo que o Evangelho, as Epístolas e o Apocalipse de São João, revelam claramente um fundamento gnóstico (a mesma doutrina ou tradição gnóstica dizia-se instituída pelos discípulos ou seguidores de São João), e esta tradição gnóstica ou joanita representa no Cristianismo o ponto de contato mais direto com a Maçonaria.

A CABALA HEBRAICA

As antigas tradições orientais e herméticas encontram na Cabala e na Alquimia duas novas encarnações ocidentais que não foram estranhas às origens da moderna Maçonaria.

A Cabala (do Hebraico kabbalah, “tradição”) representa a Tradição Sagrada conhecida pelos Hebreus, e por sua vez deriva de antigas tradições caldéias, egípcias e orientais em geral. Trata especialmente do valor místico e mágico dos números e das letras do alfabeto relacionadas com princípios numéricos e geométricos, que encerram em si outros tantos significados metafísicos ou espirituais, dos quais aparece a íntima concordância e a fundamental das religiões.

A antigüidade do movimento cabalista e sua proximidade aos hebreus tem sido negada por alguns críticos modernos, mas, geralmente, admite-se sua existência após o cativeiro da babilônia, tornandose assim manifesta sua afirmação doutrinária dos magos caldeus. Especial importância possuem na cabala as palvras sagradas e os Nomes divinos, atribuindo-se aos mesmos um poder que se faz operativo por meio de sua correta pronúncia

  • doutrina comum a todas as antigas tradições, que também tem sido desenvolvida de forma racional na Filosofia da Índia, onde o som ou o Verbo é considerado como um espírito da divindade (Shabdabralman).

TEMPLÁRIOS E ROSA-CRUZES

As tradições herméticas orientais encontram no Ocidente, durante a Idade Média e o princípio da Idade Moderna, outros tantos canais para sua expressão nas muitas sociedades e ordens místicas e secretas, que se manifestaram aqui e acolá, ainda que aparentemente com diversa finalidade exterior, mas todas intimamente relacionadas com a Tradição Iniciática e ligadas interiormente pela afinidade de seus meios de manifestação e de uma identidade fundamental de orientação...

Entre estes movimentos, os dois mais conhecidos e que mais influenciaram a Maçonaria, são a Ordem do Templo, que teve seu apogeu e seu período de esplendor no século XIII, e a Fraternidade Rosa-Cruz que a influenciou especialmente no século XVII.

A Ordem dos Cavaleiros do Templo nasceu das Cruzadas e do contato estabelecido por ocasião destas, entre os cavaleiros vindos do Ocidente e as místicas comunidades orientais depositárias de tradições esotéricas. Como Ordem, foi fundada em 1118 por dois cavaleiros franceses, Hugues de Payens e Godefroid de St. Omer, com o fim de proteger os peregrinos que iam a Jerusalém depois da Primeira Cruzada.

Os cavaleiros faziam os três votos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, como as demais ordens religiosas, e a Ordem compreendia em si um corpo eclesiástico próprio, dependente direta e unicamente do Grão Mestre da Ordem e do Papa. Assim, os místicos segredos dos quais a Ordem se fez depositária, podiam ser guardados com toda a segurança.

O segredo dentro do qual eram desenvolvidos as cerimônias de recepção e se comunicavam os mistérios aos que se reputavam dignos e maduros para possuí-los, foi o pretexto das acusações de imoralidade e heresia que se fizeram à Ordem, sendo em realidade motivadas pela ignorância, o ciúme e a cobiça de sua imensa riqueza. Esta última foi principalmente a razão que levou a Felipe o Belo, rei da França no ano de 1307, a prender sem prévio aviso a todos os Templários, que foram torturados e julgados sumariamente pelo Tribunal da Inquisição, como preciso objetivo de acabar com a Ordem, cujo fim foi tragicamente selado em 1314 com a bárbara morte infligida a seu Grão Mestre Jacques de Molay, que foi queimado vivo diante da catedral de Notre Dame de Paris (quatro meses depois da abolição da Ordem ter sido decretada por obra do pontífice.

Também o movimento filosófico conhecido com o nome de Fraternitas Rosae-Crucis teve sua origem no contato do Ocidente com o Oriente, e com as secretas tradições que aqui puderam conservar-se mais livre e fielmente. Cristhian RosenKreutz, seu místico fundador, nasceu segundo a tradição da qual se fala na Fama Fraternitatis, em 1378, e ainda muito jovem viajou para Chipre, Arábia e Egito, aonde lhe foram revelados muitos importantes segredos que levou consigo para a Alemanha, aonde fundou a Fraternidade, destinada a reformar a Europa. Depois de sua morte foi sepultado secretamente numa tumba preparada expressamente para ele, que devia permanecer desconhecida para os membros da mesma Fraternidade, até que foi casualmente descoberta, lendo-se mesma a inscrição: Post CXX anos patebo.

Esta estória, assim como os segredos e maravilhas que se encontram na tumba, é evidentemente um simbolismo da Tradição Iniciática da Sabedoria, personificada pelo mesmo Cristian Rosenkreutz, que vem do Oriente para o Ocidente, e é conservada zelosamente em sua tumba hermética, onde a buscam e encontram seus adeptos, os fiéis buscadores da Verdade.

Quanto à influência destes dois movimentos sobre a Maçonaria, que é a que neste momento mais nos interessa, é certo que não somente muitas tradições templárias e rosa-cruzes encontram seu caminho em nossa Ordem, senão que também esta se fez a intérprete e natural herdeira de seus objetivos ideais e da Grande Obra que constitui o objeto de todas as diferentes tendências. Hermetistas, templários, rosa- cruzes e filósofos, sempre se confraternizaram com os maçons, e desta comunhão espiritual nasceu a Maçonaria conforme hoje a conhecemos.