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Machado de Asssis falenas
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Labouring up Tennyson*
Duas asas do céu: a esperança e a saudade. Uma vem do passado, outra cai do futuro; Com elas voa a alma e paira no éter puro, Com elas vai curar a sua mágoa estranha.
A terra da poesia é a nossa Alemanha.
No hay pájaros en los nidos de antaño Provérbio espanhol
Cobrem plantas sem flor crestados muros; Range a porta anciã; o chão de pedra Gemer parece aos pés do inquieto vate. Ruína é tudo: a casa, a escada, o horto, Sítios caros da infância. Austera moça Junto ao velho portão o vate aguarda; Pendem-lhe as tranças soltas Por sobre as roxas vestes. Risos não tem, e em seu magoado gesto Transluz não sei que dor oculta aos olhos; -- Dor que à face não vem, -- medrosa e casta, Íntima e funda; -- e dos cerrados cílios Se uma discreta muda Lágrima cai, não murcha a flor do rosto; Melancolia tácita e serena, Que os ecos não acorda em seus queixumes, Respira aquele rosto. A mão lhe estende O abatido poeta. Ei-los percorrem Com tardo passo os relembrados sítios, Ermos depois que a mão da fria morte Tantas almas colhera. Desmaiavam, Nos serros do poente, As rosas do crepúsculo. “Quem és? pergunta o vate; o sol que foge No teu lânguido olhar um raio deixa; -- Raio quebrado e frio; -- o vento agita Tímido e frouxo as tuas longas tranças. Conhecem-te estas pedras; das ruínas Alma errante pareces condenada A contemplar teus insepultos ossos. Conhecem-te estas árvores. E eu mesmo Sinto não sei que vaga e amortecida Lembrança de teu rosto.”
Desceu de todo a noite, Pelo espaço arrastando o manto escuro Que a loura Vésper nos seus ombros castos, Como um diamante, prende. Longas horas Silenciosas correram. No outro dia, Quando as vermelhas rosas do oriente
Musa dos olhos verdes, musa alada, Ó divina esperança, Consolo do ancião no extremo alento, E sonho da criança;
Tu que junto do berço o infante cinges C’os fúlgidos cabelos; Tu que transformas em dourados sonhos Sombrios pesadelos;
Tu que fazes pulsar o seio às virgens; Tu que às mães carinhosas Enches o brando, tépido regaço Com delicadas rosas;
Casta filha do céu, virgem formosa Do eterno devaneio, Sê minha amante, os beijos meus recebe, Acolhe-me em teu seio!
Já cansada de encher lânguidas flores Com as lágrimas frias, A noite vê surgir do oriente a aurora Dourando as serranias.
Asas batendo à luz que as trevas rompe, Piam noturnas aves, E a floresta interrompe alegremente Os seus silêncios graves.
Dentro de mim, a noite escura e fria Melancólica chora; Rompe estas sombras que o meu ser povoam; Musa, sê tu a aurora!
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A misérrima Dido Pelos paços reais vaga ululando. Garção
De quanto sonho um dia povoaste A mente ambiciosa, Que te resta? Uma página sombria, A escura noite e um túmulo recente.
Ó abismo! Ó fortuna! Um dia apenas Viu erguer, viu cair teu frágil trono. Meteoro do século, passaste, Ó triste império, alumiando as sombras. A noite foi teu berço e teu sepulcro. Da tua morte os goivos inda acharam Frescas *as rosas dos teus breves dias; E no livro da história uma só folha A tua vida conta: sangue e lágrimas.
No tranqüilo castelo, Ninho de amor, asilo de esperanças, A mão de áurea fortuna preparara, Menina e moça, um túmulo aos teus dias. Junto do amado esposo, Outra c’roa cingias mais segura, A coroa do amor, dádiva santa Das mãos de Deus. No céu de tua vida Uma nuvem sequer não sombreava A esplêndida manhã; estranhos eram Ao recatado asilo Os rumores do século.
Estendia-se Em frente o largo mar, tranqüila face Como a da consciência alheia ao crime, E o céu, cúpula azul do equóreo leito. Ali, quando ao cair da amena tarde, No tálamo encantado do ocidente, O vento melancólico gemia, E a onda murmurando, Nas convulsões do amor beija a areia, Ias tu junto dele, as mãos travadas, Os olhos confundidos, Correr as brandas, sonolentas águas,
Nos teus sonhos de louca, e um grito apenas, Um soluço profundo reboando Pela noite do espírito, parece Os ecos acordar da mocidade. No entanto, a natureza alegre e viva, Ostenta o mesmo rosto. Dissipam-se ambições, impérios morrem. Passam os homens como pó que o vento Do chão levanta ou sombras fugitivas. Transformam-se em ruína o templo e a choça. Só tu, só tu, eterna natureza, Imutável, tranqüila, Como rochedo em meio do oceano, Vês baquear os séculos. Sussurra Pelas ribas do mar a mesma brisa; O céu é sempre azul, as águas mansas; Deita-se ainda a tarde vaporosa No leito do ocidente; Ornam o campo as mesmas flores belas... Mas em teu coração magoado e triste, Pobre Carlota! o intenso desespero Enche de intenso horror o horror da morte. Viúva da razão, nem já te cabe A ilusão da esperança. Feliz, feliz, ao menos, se te resta, Nos macerados olhos, O derradeiro bem: -- algumas lágrimas!
Que tienes? que estás pensando Gloria de mi pensamiento?* Cervantes*
Quando, assentada à noite, a tua fronte inclinas, E cerras descuidada as pálpebras divinas, E deixas no regaço as tuas mãos cair, E escutas sem falar, e sonhas sem dormir, Acaso uma lembrança, um eco do passado, Em teu seio revive? O túmulo fechado Da ventura que foi, do tempo que fugiu, Por que razão, mimosa, a tua mão o abriu? Com que flor, com que espinho, a importuna memória Do teu passado escreve a misteriosa história? Que espectro ou que visão ressurge aos olhos teus? Vem das trevas do mal ou cai das mãos de Deus? É saudade ou remorso? é desejo ou martírio?
Quando em obscuro templo a fraca luz de um círio Apenas alumia a nave e o grande altar E deixa todo o resto em treva, -- e o nosso olhar Cuida ver ressurgindo, ao longe, dentre as portas, As sombras imortais das criaturas mortas, Palpita o coração de assombro e de terror; O medo aumenta o mal. Mas a cruz do Senhor, Que a luz do círio inunda, os nossos olhos chama; O ânimo esclarece aquela eterna chama; Ajoelha-se contrito, e murmura-se então A palavra de Deus, a divina oração.
Pejam sombras, bem vês, a escuridão do templo; Volve os olhos à luz, imita aquele exemplo; Corre sobre o passado impenetrável véu; Olha para o futuro e vem lançar-te ao céu.
A LUIZ DE ALVARENGA PEIXOTO
Vi de um lado o Calvário, e do outro lado O Capitólio, o templo-cidadela. E torvo mar entre ambos agitado, Como se agita o mar numa procela.
Pousou no Capitólio uma águia; vinha Cansada de voar. Cheia de sangue as longas asas tinha; Pousou; quis descansar.
Era a águia romana, a águia de Quirino; A mesma que, arrancando as chaves ao destino, As portas do futuro abriu de par em par. A mesma que, deixando o ninho áspero e rude, Fez do templo da força o templo da virtude, E lançou, como emblema, a espada sobre o altar.
Então, como se um deus lhe habitasse as entranhas, A vitória empolgou, venceu raças estranhas, Fez de várias nações um só domínio seu. Era-lhe o grito agudo um tremendo rebate. Se caía, perdendo acaso um só combate, Punha as asas no chão e remontava Anteu.
Vezes três, respirando a morte, o sangue, o estrago, Saiu, lutou, caiu, ergueu-se...e jaz Cartago; É ruína; é memória; é túmulo. Transpõe, Impetuosa e audaz, os vales e as montanhas. Lança a férrea cadeia ao colo das Espanhas. Gália vence; e o grilhão a toda Itália põe.
Terras da Ásia invadiu, águas bebeu do Eufrates, Nem tu mesma fugiste à sorte dos combates, Grécia, mãe do saber. Mas que pode o opressor, Quando o gênio sorriu no berço de uma serva? Palas despe a couraça e veste de Minerva; Faz-se mestra a cativa; abre escola ao senhor.
Agora, já cansada e respirando a custo, Desce; vem repousar no monumento augusto. Gotejam-lhe inda sangue as asas colossais. A sombra do terror assoma-lhe à pupila. Vem tocada das mãos de César e de Sila.
Vê quebrar-se-lhe a força aos vínculos mortais.
Dum lado e de outro lado, azulam-se Os vastos horizontes; Vida ressurge esplêndida Por toda a criação. Luz nova, luz magnífica Os vales enche e os montes... E além, sobre o Calvário, Que assombro! que visão!
Fitei o olhar. Do píncaro Da colossal montanha Surge uma pomba, e plácida Asas no espaço abriu. Os ares rompe, embebe-se No éter de luz estranha: Olha-a minha alma atônita Dos céus a que subiu.
Emblema audaz e lúgubre Da força e do combate, A águia no Capitólio As asas abateu. Mas voa a pomba, símbolo Do amor e do resgate, Santo e apertado vínculo Que a terra prende ao céu.
Depois... Às mãos de bárbaros, Na terra em que nascera, Após sangrentos séculos, A águia expirou; e então Desceu a pomba cândida Que marca a nova era, Pousou no Capitólio, Já berço, já cristão.
Fecha o missal do amor e a bênção lança À pia multidão Dos teus sonhos de moço e de criança; A bênção do perdão. Soa a hora fatal, -- reza contrito As palavras do rito: Ite missa est.
Foi longo o sacrifício; o teu joelho De curvar-se cansou; E acaso sobre as folhas do Evangelho A tua alma chorou. Ninguém viu essas lágrimas ( ai tantas!) Cair nas folhas santas. Ite missa est
De olhos fitos no céu rezaste o credo, O credo do teu deus; Oração que devia, ou tarde ou cedo, Travar nos lábios teus. Palavra que se esvai qual fumo escasso E some-se no espaço. Ite missa est.
Votaste ao céu, nas tuas mãos alçada, A hóstia do perdão, A vítima divina... e profanada Que chamas coração. Quase inteiras perdeste a alma e a vida Na hóstia consumida. Ite missa est.
Pobre servo do altar de um deus esquivo É tarde; beija a cruz; Na lâmpada em que ardia o fogo ativo, Vê, já se extingue a luz. Cubra-te agora o rosto macilento O véu do esquecimento. Ite missa est.
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Eu conheço a mais bela flor; És tu, rosa da mocidade, Nascida, aberta para o amor. Eu conheço a mais bela flor. Tem do céu a serena cor, E o perfume da virgindade. Eu conheço a mais bela flor, És tu, rosa da mocidade.
Vive às vezes na solidão, Coma *^ filha da brisa agreste. Teme acaso indiscreta mão; Vive às vezes na solidão. Poupa a raiva do furacão Suas folhas de azul celeste. Vive às vezes na solidão, Como filha da brisa agreste.
Colhe-se antes que venha o mal, Colhe-se antes que chegue o inverno; Que a flor morta já nada val. Colhe-se antes que venha o mal. Quando a terra é mais jovial Todo o bem nos parece eterno. Colhe-se antes que venha o mal, Colhe-se antes que chegue o inverno.
Folhas com que alastrei o solo ardente De verde e mole alfombra.
Pelas ondas do tempo arrebatados, Até à morte iremos, Soltos ao longo do baixel da vida Os esquecidos remos. Calmos, entre o fragor da tempestade, Gozaremos o bem que amor encerra; Passaremos assim do sol da terra Ao sol da eternidade.
3 A Ernesto Cybrão
Está naquela idade inquieta e duvidosa, Que não é dia claro e é já o alvorecer; Entreaberto botão, entrefechada rosa, Um pouco de menina e um pouco de mulher.
Às vezes recatada, outras estouvadinha, Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor; Tem coisas de criança e modos de mocinha, Estuda o catecismo e lê versos de amor.
Outras vezes valsando, e*^ seio lhe palpita, De cansaço talvez, talvez de comoção. Quando a boca vermelha os lábios abre e agita, Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.
Outras vezes beijando a boneca enfeitada, Olha furtivamente o primo que sorri; E se corre parece, à brisa enamorada, Abrir asas de um anjo e tranças de uma huri.
Quando a sala atravessa, é raro que não lance Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.
Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia, A cama da boneca ao pé do toucador; Quando sonha, repete, em santa companhia, Os livros do colégio e o nome de um doutor.
Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra; E quando entra num baile, é já dama do tom; Compensa-lhe a modista os enfados da mestra; Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.
Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo Para ela é o estudo, excetuando talvez A lição de sintaxe em que combina o verbo To love , mas sorrindo ao professor de inglês.
Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço, Parece acompanhar uma etérea visão;