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Fisioterapia na Auto-Gestão da Dor Crónica: Um Novo Modelo de Cuidados em Portugal, Manuais, Projetos, Pesquisas de Fisioterapia

Uma análise da prevalência e impacto da dor crónica em portugal, particularmente na área osteoarticular e musculoesquelética. Os autores discutem as abordagens tradicionais de fisioterapia e a necessidade de modelos alternativos centrados na auto-gestão da condição pelo utente. O departamento de fisioterapia do instituto politécnico de setúbal desenvolveu o projecto 'o movimento é saúde' para melhorar a funcionalidade e reduzir a dor em indivíduos com dor lombar crónica e osteoartrose da anca e joelho. O documento também discute os resultados preliminares do projecto e as expectativas para o futuro.

O que você vai aprender

  • Quais são os principais objetivos e características do projecto 'O Movimento é Saúde'?
  • Por que as abordagens tradicionais de fisioterapia não são adequadas à natureza e evolução da dor crónica?
  • Qual é a prevalência e impacto da dor crónica em Portugal?

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Romar_88
Romar_88 🇧🇷

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ISIOTERAPIA
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Eduardo Cruz* - Fisioterapeuta e Subdirector da Escola Superior de Saúde do Insti-
tuto Politécnico de Setúbal; Carmen Caeiro** - Fisioterapeuta, Professora Adjunta
Equiparada do Departamento de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Insti-
tuto Politécnico de Setúbal; Rita Fernandes***
-
Fisioterapeuta, Professora Adjunta
Equiparada do Departamento de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Insti-
tuto Politécnico de Setúbal
As patologias do foro osteoarticular e músculo-esquelético constituem a principal
causa da elevada prevalência estimada para a dor crónica em Portugal (Plano
Nacional de luta contra a Dor 2008). De acordo com um trabalho desenvolvido a
nível europeu pela iniciativa Pain Proposal (2010) cerca de 36% da população
adulta portuguesa sofre de Dor Crónica (duração superior a 6 meses e presente
no último mês), sendo que as patologias osteoarticulares, em particular as lom-
balgias, foram identificadas como a principal causa, abrangendo mais de 40% dos
indivíduos. Aproximadamente 50% dos indivíduos com Dor Crónica referem que
esta afecta de forma moderada ou grave as suas actividade domésticas e laborais,
tendo-se verificado que 4% perderam o seu emprego devido à condição e 13%
obtiveram reforma antecipada. Em termos de impacto económico, estima-se que
os indivíduos com Dor Crónica apresentam em média 14 dias de baixa por ano, o
que representa anualmente mais de 290 milhões de Euros de custos salariais
suportados pela Segurança Social
(Castro-Lopes, Saramago, Romão & Paiva - Pain Proposal,
2010)
.
Segundo dados recolhidos num estudo realizado pela Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto (2007), as principais respostas a esta condição acontecem
ao nível dos cuidados de saúde primários, através de uma abordagem essencial-
mente baseada na medicação e/ ou fisioterapia tradicional. No que à Fisioterapia
diz respeito, continuam a prevalecer as abordagens tradicionais centradas no
modelo da dor aguda em que o sintoma (dor) é o principal objectivo da interven-
ção (Gil et al. 2009). As práticas mantêm-se centradas nos agentes físicos e elec-
troterapia e na passividade e dependência dos utentes, sem resultados aparentes.
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“A F 23

ISIOTERAPIA

NA

AUTO

-G

ESTÃO

DA

DOR

CRÓNICA

Eduardo Cruz*

  • Fisioterapeuta e Subdirector da Escola Superior de Saúde do Insti-

tuto Politécnico de Setúbal;

Carmen Caeiro**

  • Fisioterapeuta, Professora Adjunta

Equiparada do Departamento de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Insti-tuto Politécnico de Setúbal;

Rita Fernandes***

-^ Fisioterapeuta, Professora Adjunta

Equiparada do Departamento de Fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Insti-tuto Politécnico de Setúbal As patologias do foro osteoarticular e músculo-esquelético constituem a principalcausa da elevada prevalência estimada para a dor crónica em Portugal (PlanoNacional de luta contra a Dor 2008). De acordo com um trabalho desenvolvido anível europeu pela iniciativa

Pain Proposal

(2010) cerca de 36% da população

adulta portuguesa sofre de Dor Crónica (duração superior a 6 meses e presenteno último mês), sendo que as patologias osteoarticulares, em particular as lom-balgias, foram identificadas como a principal causa, abrangendo mais de 40% dosindivíduos. Aproximadamente 50% dos indivíduos com Dor Crónica referem queesta afecta de forma moderada ou grave as suas actividade domésticas e laborais,tendo-se verificado que 4% perderam o seu emprego devido à condição e 13%obtiveram reforma antecipada. Em termos de impacto económico, estima-se queos indivíduos com Dor Crónica apresentam em média 14 dias de baixa por ano, oque representa anualmente mais de 290 milhões de Euros de custos salariaissuportados pela Segurança Social

(Castro-Lopes, Saramago, Romão & Paiva -

Pain Proposal

,

Segundo dados recolhidos num estudo realizado pela Faculdade de Medicina daUniversidade do Porto (2007), as principais respostas a esta condição acontecemao nível dos cuidados de saúde primários, através de uma abordagem essencial-mente baseada na medicação e/ ou fisioterapia tradicional. No que à Fisioterapiadiz respeito, continuam a prevalecer as abordagens tradicionais centradas nomodelo da dor aguda em que o sintoma (dor) é o principal objectivo da interven-ção (Gil et al. 2009). As práticas mantêm-se centradas nos agentes físicos e elec-troterapia e na passividade e dependência dos utentes, sem resultados aparentes.

Mesmo considerando que o tratamento efectuado é apropriado, o tipo de respos-ta preconizado no modelo de prática encontrado não é adequado à natureza eevolução das condições de dor crónica de natureza músculo-esquelética, e dassuas co-morbilidades, em particular do seu impacto na capacidade de funcionar eexercer uma participação activa na sociedade (OMS 2002).Para obter resultados adequados e duradouros neste tipo de condição crónica, osindivíduos necessitam muitas vezes de modificar seu estilo de vida, adquirirconhecimento actualizado e adequado sobre a sua condição ( 24

literacia em saúde

ser pro-activos, ter auto-controlo (

capacitação

), e desenvolver a máxima autono-

mia possível no que respeita ao seu

“empowerment”

(In

Cidadania e Saúde, um

caminho a percorrer, Plano Nacional de Saúde 2011-16).Assim, quer a naturezadas condições, quer a sua evolução, sugerem modelos alternativos de cuidadosnos quais o utente e a sua capacitação para controlar e lidar com os problemas ecom a condição deve estar no centro de cuidados. Estes modelos, centrados naauto-gestão da condição por parte do utente, pressupõem a aceitação de que osprofissionais de saúde são quem mais sabe sobre o que é mais adequado para oproblema clínico do indivíduo, mas que são os indivíduos quem sabe o que émelhor para a sua vida. O desenvolvimento de programas específicos de controlee gestão da dor crónica devem, por isso, enfatizar a intervenção na pessoa comdor crónica e não na dor crónica em si (OMS 2002).Com estas preocupações como pano de fundo, o Departamento de Fisioterapiadesenvolveu um projecto intitulado “O Movimento é Saúde”, dirigido a utentescom dor lombar crónica e osteoartrose da anca e joelho com o principal objectivode melhorar os níveis de funcionalidade e reduzir a dor destes indivíduos. O pro-jecto englobou o desenho de dois programas de intervenção baseados em doisprincípios fundamentais: 1) na melhor evidência científica actual acerca dos resul-tados da intervenção em fisioterapia, que valoriza programas com componenteseducacional e de exercício; 2) centrados nas necessidades e potencialidades decada utente e promovem a auto-gestão da sua condição, através da partilha deexperiências e conhecimento entre os diferentes intervenientes (fisioterapeuta eutentes).

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Sara Vaz

  • Fisioterapeuta da URAP do DACES-BA

**^ Em Portugal, as doenças reumáticas, onde se incluem a dor crónica lombar (DCL)e a osteoartrose (OA), têm uma prevalência aproximada de 20 a 30% e são res-ponsáveis por 30% dos casos de mobilidade limitada ao domicílio e por 40 a 60%das situações de incapacidade prolongada. Estima-se ainda que sejam a causa de16 a 23% das consultas de clínica geral, ocupando o 2º ou 3º lugar dos encargosdecorrentes do consumo de fármacos (Programa Nacional contra as Doenças Reu-máticas, 2005). No ano de 2009, estas condições representavam o maior contri-buto para as listas de espera referentes à prestação de cuidados directos de fisio-terapia nos gabinetes de movimento do ACESBA, sem que existisse uma capacida-de de resposta organizada e efectiva.De acordo com as necessidades identificadas, foi desenvolvido um protocolo decooperação entre a ULSBA e o Departamento de Fisioterapia da ESS-IPS com ointuito de desenvolver um projecto que permitisse uma resposta sistematizada,com monitorização e avaliação contínua, baseada na melhor evidência científica edirigida aos utentes que mais possam beneficiar da mesma. O projecto engloba 2programas de intervenção dirigidos a utentes com DCL e OA. Os programas cen-tram-se na capacitação do utente para auto-gerir a sua condição crónica, utilizama abordagem em grupo como estratégia fundamental para promover a aprendiza-gem e combinam uma vertente de educação e exercício físico, com o intui-to final de diminuir a intensidade da dor e aumentar os níveis de funcionali-dade e participação social dos utentes.

Carmen Caeiro

Fisioterapeuta, Professora Adjunta Equiparada do Departamento de Fisioterapia da Escola

Superior de Saúde do Instituto Politécnico de SetúbalDoutoranda em Fisioterapia na University of Brighton, Reino Unido;Membro do Grupo de Investigação “Chronic Pain Research Group”.***

Rita Fernandes

Fisioterapeuta, Professora Adjunta Equiparada do Departamento de Fisioterapia da Escola

Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal;Doutoranda em Biomecânica na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de LisboaMembro do Grupo de Investigação “Chronic Pain Research Group”.