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Guias e Dicas
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Linguística cognitiva, Trabalhos de Linguística

Resumo de linguística cognitiva

Tipologia: Trabalhos

2025

Compartilhado em 13/04/2025

haylanne-pereira
haylanne-pereira 🇧🇷

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ROTEIRO DA AULA SOBRE LINGUÍSTICA COGNITIVA
INTRODUÇÃO
Boa tarde, dando continuidade às discussões de teorias que se interessam pela relação
entre cognição e linguagem, hoje, trataremos da perspectiva cognitivista dos estudos
linguísticos. Bom, é senso comum entre linguistas que a gramática gerativa de Chomsky
revolucionou os estudos linguísticos, justamente por ter promovido uma guinada cognitivista
em relação à tradição estruturalista que a precedeu. Sendo assim, a princípio o termo
“linguística cognitiva” para nomear um novo paradigma teórico no âmbito da linguística,
poderia soar inadequado. Porém, o termo vingou e estabeleceu-se eficientemente no cenário
internacional e, até por sua compatibilidade com premissas básicas sobre a construção de
significados, teve sua legitimidade reconhecida na comunidade acadêmica.
* Essa nova vertente se estabeleceu nos anos de 1980 nos Estados Unidos, com
designação de um novo paradigma, o termo “linguística cognitiva” foi, inicialmente, adotado
por um grupo particular de estudiosos, entre os quais se destacam: George Lakoff; Ronald
Langacker; Leonard Talmy; Charles Fillmore e Gilles Fauconnier. O cenário dos estudos
linguísticos da época se caracterizava pelas tendências gerativistas. Como foi discutido pelo
colega, o gerativismo fundou uma tendência, nos estudos linguísticos, de considerar a
linguagem um sistema de conhecimento autônomo, depositado no cérebro dos seres humanos,
constituído de uma série de princípios inatos referentes à estrutura gramatical das línguas. Esses
princípios, por hipótese restringem as possibilidades de variação na estrutura das línguas, que
se manifestam como dados universais, ou seja, presentes em todas as línguas do mundo.
Como foi dito anteriormente, o gerativismo trouxe a perspectiva cognitiva para os
estudos linguísticos, entretanto limitou sua abordagem a questões relacionadas ao
desenvolvimento ou à maturação de uma capacidade biologicamente herdada, postulando uma
estrutura racional e universal inerente ao organismo humano. Essa busca por aspectos inatos e
universais das línguas naturais resultou no abandono das características sociais e interativas que
se apresentam no uso concreto de uma língua em situações reais de comunicação. Sendo assim,
Chomsky postula um falante e ouvinte ideal, pertencentes a uma comunidade linguística ideal,
cuja atividade criativa se limita à manipulação de um conjunto finito de regras para gerar um
conjunto infinito de sentenças.
Outro princípio característico do gerativismo é a questão da modularidade da mente,
teoria na qual acredita-se que a nossa mente é dividida em módulos, cada um responsável por
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ROTEIRO DA AULA SOBRE LINGUÍSTICA COGNITIVA

INTRODUÇÃO

Boa tarde, dando continuidade às discussões de teorias que se interessam pela relação entre cognição e linguagem, hoje, trataremos da perspectiva cognitivista dos estudos linguísticos. Bom, já é senso comum entre linguistas que a gramática gerativa de Chomsky revolucionou os estudos linguísticos, justamente por ter promovido uma guinada cognitivista em relação à tradição estruturalista que a precedeu. Sendo assim, a princípio o termo “linguística cognitiva” para nomear um novo paradigma teórico no âmbito da linguística, poderia soar inadequado. Porém, o termo vingou e estabeleceu-se eficientemente no cenário internacional e, até por sua compatibilidade com premissas básicas sobre a construção de significados, teve sua legitimidade reconhecida na comunidade acadêmica.

  • Essa nova vertente se estabeleceu nos anos de 1980 nos Estados Unidos, com designação de um novo paradigma, o termo “linguística cognitiva” foi, inicialmente, adotado por um grupo particular de estudiosos, entre os quais se destacam: George Lakoff; Ronald Langacker; Leonard Talmy; Charles Fillmore e Gilles Fauconnier. O cenário dos estudos linguísticos da época se caracterizava pelas tendências gerativistas. Como foi discutido pelo colega, o gerativismo fundou uma tendência, nos estudos linguísticos, de considerar a linguagem um sistema de conhecimento autônomo, depositado no cérebro dos seres humanos, constituído de uma série de princípios inatos referentes à estrutura gramatical das línguas. Esses princípios, por hipótese restringem as possibilidades de variação na estrutura das línguas, que se manifestam como dados universais, ou seja, presentes em todas as línguas do mundo. Como foi dito anteriormente, o gerativismo trouxe a perspectiva cognitiva para os estudos linguísticos, entretanto limitou sua abordagem a questões relacionadas ao desenvolvimento ou à maturação de uma capacidade biologicamente herdada, postulando uma estrutura racional e universal inerente ao organismo humano. Essa busca por aspectos inatos e universais das línguas naturais resultou no abandono das características sociais e interativas que se apresentam no uso concreto de uma língua em situações reais de comunicação. Sendo assim, Chomsky postula um falante e ouvinte ideal, pertencentes a uma comunidade linguística ideal, cuja atividade criativa se limita à manipulação de um conjunto finito de regras para gerar um conjunto infinito de sentenças. Outro princípio característico do gerativismo é a questão da modularidade da mente, teoria na qual acredita-se que a nossa mente é dividida em módulos, cada um responsável por

uma capacidade nossa, atuando separadamente um do outro, como foi explicado pelo colega. A esse princípio se relaciona a proposta gerativista de autonomia da sintaxe. É justamente nesse ponto que ocorre o rompimento da linguística cognitiva com as tendências gerativistas. Insatisfeitos com o papel da semântica\pragmática no modelo gerativista, os principais linguistas que inauguraram essa nova vertente cognitivista propuseram um afastamento da perspectiva modular de cognição adotada pelo gerativismo. Vale ressaltar que os linguistas cognitivistas não discordam da hipótese do inatismo, pois parece que realmente temos uma capacidade inata de desenvolver a linguagem, por mais que seja difícil de determinar o que é inato e o que é adquirido. *A linguística cognitivista propõe, portanto, que a linguagem não constitui um componente autônomo na mente, isto é, não é independente de outras faculdades mentais. Sua proposta teórica, que a distância do gerativismo, busca uma visão integradora da linguagem, baseando-se na hipótese de que não há necessidade de se separar conhecimento linguístico de conhecimentos não linguísticos. Os estudiosos da área afirmam que as línguas não podem ser explicadas apenas com base em mecanismos auto suficientes, pois é fundamental levar em consideração os processos de pensamento, à utilização de estruturas linguísticas e sua adequação aos contextos reais de uso, portanto, leva-se em conta aspectos relacionados a restrições cognitivas que incluem a captação de dados da experiência, sua compreensão e seu armazenamento na memória, assim como a capacidade de organização, acesso, conexão, utilização e transmissão adequada desses dados. Todos esses aspectos só se concretizam socialmente, refletindo o funcionamento da nossa mente como seres inseridos em um ambiente cultural e interativo. Portanto, há uma relação sistemática entre linguagem, pensamento e experiência. Por levar em consideração aspectos sociais, culturais e interativos, a linguística cognitiva também é chamada de “sociocognitivista”. Termo que reflete a importância desses aspectos no processo de significação. Por processo de significação, entende-se que para a linguística cognitiva não existem significados prontos, mas sim mecanismos de construção de sentidos a partir de dados contextuais ricos e dinâmicos. Assim, o significado deixa de ser um reflexo direto do mundo e passa a ser visto como uma construção cognitiva através do qual o mundo é apreendido e experienciado. Um bom exemplo de como a construção de significados acontece é o processo de categorização. Esse processo se caracteriza pelo agrupamento que fazemos de entidades semelhantes em classes específicas. Assim, a um conjunto de objetos semelhantes atribuímos o

avaliar nossa situação, etc. Portanto, a cognição humana é ancorada no corpo e de base social, cultural e interativa. Para exemplificar temos a metáfora de espaço x tempo, ou seja, passado e futuro sendo conceptualizados a partir das noções espaciais de frente e atrás. Essa metáfora é construída a partir da nossa percepção corporal mais básica. Temos, portanto, a cabeça, parte do corpo humano, onde se localizam os olhos, nariz e boca que são responsáveis por algumas de nossas percepções sensoriais, certo? Todos esses sentidos sensoriais da visão e motora são direcionados para frente, principalmente no caso dessa metáfora, pois nos movimentamos para frente e fomos feitos para se movimentar para frente. Assim, é essa organização corporal possui implicações no modo como organizamos a nossa percepção da realidade e conceptualizamos o mundo. Pode-se destacar o fato de que nos habituamos a pensar em situações da nossa vida que já vivenciamos e que vamos vivenciar, em termos de locais pelos quais já passamos e lugares à nossa frente que ainda pretendemos chegar. No exemplo de martelotta “atrás” e “daqui para frente” são termos originalmente espaciais que foram utilizados para conceptualizar a noção de tempo, tendo sua origem na nossa percepção sensório-motora. Essa hipótese tem caráter universal, pois todas as línguas parecem ter no corpo a fonte de conceptualização da realidade. Exemplo, a língua Mayara do Andes. Eles concebem o passado como estando na frente e o futuro atrás. O padrão pode ser visto na linguagem cotidiana. "Nayra pacha" significa "tempos antigos", onde "Nayra" é a palavra para "olho" ou "frente" e "Pacha" significa "tempo\época". Já "Qhipa marana" significa "próximo ano", onde "Qhipa" é a palavra para "trás" e "Marana" é "ano". Essa concepção se dá pela percepção sensorial da visão, pois o que visualizamos já passou e o futuro não visualizamos ainda por isso está em nossas costas, ou seja, para trás. Os cognitivistas concluem, portanto, que a experiência humana mais básica, que se estabelece a partir do corpo, fornece as bases do nosso sistema conceptual. Ou seja, nos baseamos nas noções mais concretas para conceptualizar noções mais abstratas, a partir de um processo de extensão de sentidos por meio de metáforas. Como exemplificado no esquema: Pessoa (corpo) - Objeto - Atividade - Espaço - Tempo - Qualidade. O processo não precisa seguir exatamente essa ordem, a premissa é que sempre significamos noções abstratas com relação a nossa percepção sensorial e motora que são mais concretas. Os autores apontam que esse processo também se reflete na construção de frases. No exemplo retirado do manual, os aspectos semânticos são associados à construção sintática. As preposições são elementos de valor gramatical, ou seja, em termos sintáticos, sua função é basicamente a de estabelecer uma relação entre dois termos. Entretanto, nos exemplos, os

autores explicam que há questões semânticas envolvidas nos usos da preposição "Para". Esta proposição originalmente denomina um movimento em direção a um ponto no espaço (a). Em (b) movimento no tempo. Em (c) finalidade e objetivo. Em (d) movimento de um objeto para um receptor. Esse exemplo demonstra que a relação sintática foi estruturada em relação a noções espaciais, portanto, aspectos semânticos participam na construção sintática, o que, segundo os cognitivistas, põe em xeque a hipótese de autonomia da sintaxe. *Os cognitivistas tomam os sentidos como sendo entidades conceptuais, e as palavras e as estruturas da língua como recursos para simbolizar a construção que o falante faz de cenas ou de fatos da vida cotidiana. Toda informação é posicionada no sentido de que, normalmente, não falamos a respeito do mundo como ele é, mas da visão que temos dele. Ou seja, os conceitos humanos associam-se à época, à cultura, às inclinações individuais caracterizadas no uso da linguagem. O sujeito é incorporado como ponto central no processo de construção de significados. Portanto, os elementos linguísticos possuem a função de garantir a perspectiva que o falante quer transmitir no ato comunicativo. Nesse sentido, os cognitivistas proem noções como: “ponto de vista” (diferentes possibilidades de falar\descrever e realizar mentalmente uma cena ou um acontecimento, ex. ela entrou na sala, ela saiu da sala), “alinhamento de figura e fundo” (focalização de elementos mais importantes e desfocalização de elementos secundários) e “conhecimento de base” em relação a qual outro conhecimento é apreendido (Estrutura de conhecimento subjacente pertencente a algo mais amplo, parte\todo, perna domínio cognitivo de joelho, pois acessamos esse todo para apreender o sentido da parte). Os domínios conceptuais são espaços de referenciação ativadas quer por formas linguísticas quer por formas pragmáticas, ajudando, assim, no processo de construção de significados. Sendo, portanto, o modo como nossos conhecimentos se organizam. Eles são de dois tipos: A) domínios estáveis e B) domínios locais A) domínios estáveis: conjunto de conhecimentos armazenados na memória pessoal ou social que se constituem como herança da espécie humana, isto é, que o homem aprendeu a partilhar, se subdivide em três tipos: Domínios cognitivos idealizados - estruturas estáveis das quais nossos conhecimentos se organizam. Alivia a memória, organizando a grande quantidade de informações adquiridas no nosso dia a dia. Ex. convenções humanas, fundamentos culturais, domínios semânticos, etc. Ex. o sentido de “domingo” só é apreendido porque acessamos o conceito de “semana” que constitui sete dias, e o conceito de “dia” que implica um ciclo determinado pelo movimento do sol, assim como implica nossa experiência perceptual ao longo desse período, sendo, portanto,

A) Projeção entre domínios conceptuais estruturados: Projetam partes de um domínio em outro. Formado por um domínio-fonte no qual suas estruturas são projetadas em um domínio-alvo para criar novos sentidos. Os processos metafóricos e de analogias são bons exemplos. B) Projeção entre espaços mentais: Corresponde à projeção entre domínios locais. A partir de conexões em um contexto discursivo e situacional, construímos sentidos através dessa rede de espaços mentais que operam sistemas de referenciação entre domínios cognitivos. C) Projeção de funções pragmáticas: função característica do processo de construção de metonímias, por exemplo. Desempenha um papel importante na organização do nosso conhecimento, pois possibilita identificar elementos de um domínio através de outro domínio. Se estabelece por um princípio de identificação no qual temos um gatilho e um alvo. Explicação com roteiro mental dos exemplos.

  • A mesclagem estabelece conexões entre diferentes domínios conceptuais. É um espaço que herda características parciais de outros domínios considerados fonte, porém possui uma estrutura emergente própria. A partir da mescla construímos novos sentidos. Esse processo se dá pela conexão entre, pelo menos, quatro domínios. Dois espaços-fonte (EF1 e EF2), um esquema genérico (EG) e o espaço-mescla. A mesclagem também é chamada de integração conceptual. É uma operação mental que pode ser considerada a origem da nossa aptidão para inventar novos sentidos. Um processo que envolve analogia e inferência, mesclando informação de domínios-fontes para criar novos sentidos. Basicamente, o processo de integração conceptual causa um insight global, ou seja, ela é a sensação de súbita apreensão e compreensão profunda de um determinado conteúdo. Fala-se em insight porque essa compreensão não se dá a partir de uma construção gradual do entendimento; pelo contrário, a sensação é de uma percepção instantânea. Ao mesmo tempo, esse insight é global porque não envolve o entendimento concatenado de cada parte componente de um dado problema; entende-se o todo de uma única vez, e não suas partes logicamente encadeadas. É, portanto,um fenômeno complexo que se dá pela junção de informações conceituais de entidades distintas na emergência de um conceito novo e criativo. As informações são recrutadas de dois conceitos diferentes, depois são selecionadas informações a serem processadas no espaço genérico, orientadas pelas relações vitais entre um conceito e o outro e, finalmente, informações são projetadas num espaço mescla que contém partes das informações prévias e outras novas não previstas em nenhum dos inputs. Em resumo a mesclagem:

Une de forma criativa um ou mais conceitos em um só. Um mecanismo de criação e compreensão de sentidos. A chave da cognição e desenvolvimento humano. Esse fenômeno arquiteta uma vasta rede de significados simbólicos e culturais. Este mecanismo desempenha um papel decisivo no pensamento e nas ações humanas, criando uma diversidade sem limites de manifestações linguísticas. Roteiro mental para explicação dos exemplos. Enfim, a mesclagem conceptual fundamenta e possibilita toda essa diversidade de realizações humanas, que são responsáveis pelas origens da linguagem, arte, religião, ciência e outras proezas humanas singulares, e que é tão indispensável para o pensamento cotidiano básico quanto para o artístico e habilidades científicas. (final depois dos exemplos) *Outros estudos em linguística cognitiva, temos os estudos de gestos, ou seja, os processos cognitivos que envolve a compreensão e processamentos da linguagem gestual. Temos também a relação inerentemente multimodal da conceptualização humana, ou seja, a participação de conhecimentos não linguísticos na construção de sentidos. E as teorias de aquisição da linguagem sociocognitivas em que a linguagem é adquirida pela interação da criança com a sua comunidade de falantes, a partir do momento em que ela percebe que há uma intenção no ato comunicativo, passando a participar de cenas de atenção compartilhadas no quais os papéis comunicativos são intercambiáveis. *Outras leituras que eu indico para quem tem interesse no assunto é o livro da Lilian Ferrari “Uma introdução à linguística cognitiva”, pois o manual é muito resumido, assim como tem que ser um manual né? (sorrir). Também indico “metaphor we live by” de Lakoff e Jonhson, pois nele temos a “gênesis” dos estudos cognitivistas. *Bom, essas são as minhas referências, obrigada.