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CONHECENDO A HISTÓRIA DA LÍNGUA DOS SINAIS: LIBRAS
Tipologia: Trabalhos
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Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial
Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Especial
B823d Brasil, Secretaria de Educação Especial Deficiência Auditiva / organizado por Giuseppe Rinaldi et al. - Brasília: SEESP, 1997.
VI. - (série Atualidades Pedagógicas; n. 4)
1.Deficiência Auditiva I. Rinaldi, Giuseppe. II - Título
CDU 376.
Série Atualidades Pedagógicas - 4/MEC/SEESP - Brasília: a Secretaria, 1997
Esta Publicação foi realizada dentro do Acordo MEC/UNESCO
Volume III
Fascículo 7: A Língua Brasileira de Sinais
Introdução
Estrutura Lingüística da LIBRAS
Aquisição da Linguagem por Crianças
Introdução à Gramática de LIBRAS
Este material - “Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS” trata-se de forma resumida, da gramática dessa língua, como forma de subsidiar o seu trabalho pedagógico.
LUCINDA FERREIRA BRITO Doutora em Lingüística Departamento de Lingüística e Filologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano.
Por isso, são complexas porque dotadas de todos os mecanismos necessários aos objetivos mencionados, porém, econômicas e “lógicas” porque servem para atingir todos esses objetivos de forma rápida e eficiente e até certo ponto de forma automática. Isto porque, tratando-se muitas vezes de significados que demandam operações complexas que devem ser transmitidas prontamente diante de diferentes situações e contextos, seus usuários terão que se utilizar dos mecanismos estruturais que elas oferecem de forma apropriada sem ter que pensar e elaborar longamente sobre como atingir seus objetivos linguísticos.
As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque utilizam-se de um meio ou canal visual-espacial e não oral auditivo. Assim, articulam-se espacialmente e são percebidas visualmente, ou seja, usam o espaço e as dimensões que ele oferece na constituição de seus mecanismos “fonológicos”, morfológicos, sintáticos e semânticos para veicular significados, os quais são percebidos pelos seus usuários através das mesmas dimensões espaciais. Daí o fato de muitas vezes apresentarem formas icônicas, isto é, formas linguísticas que tentam copiar o referente real em suas características visuais. Esta iconicidade mais evidentes nas estruturas das línguas de sinais do que nas orais deve-se a este fato e ao fato de que o espaço parece ser mais concreto e palpável do que o tempo, dimensão utilizada pelas línguas orais-auditivas quando constituem suas estruturas através de seqüências sonoras que basicamente se transmitem temporalmente.
Entretanto, as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou o retrato fiel da realidade. Cada língua de sinais representa seus refentes, ainda que de forma icônica, convencionalmente porque cada uma vê os objetos, seres e eventos representados em seus sinais ou palavras sob uma determinada ótica ou perspectiva. Por exemplo, o sinal ÁRVORE em LIBRAS representa o tronco da árvore através do antebraço e os galhos e as folhas através da mão aberta e do movimento interno dos seus dedos. Porém, o sinal para o mesmo conceito em CSL (língua de sinais chinesa) representa apenas o tronco com as duas mãos semiabertas e os dedos dobrados de forma circular. Em LIBRAS, o sinal CARRO/DIRIGIR é icônico porque representa o ato de dirigir, porém, é também convencional porque em outras línguas de sinais não toma necessariamente este aspecto dos referentes ‘carro’ e ‘ato de dirigir’ como motivação de sua forma mas sim outros.
acesso a uma língua materna que não seja veiculada através do canal oral-auditivo. Esta língua poderia ser uma língua cujo canal seria o tato. Porém, como a alternativa existente às línguas orais são as línguas de sinais estas se prestam às suas necessidades. As línguas de sinais são, pois, tão naturais quanto as orais para todos nós e, para os surdos, elas são mais acessíveis devido ao bloqueio oral-auditivo que apresentam, porém, não são mais fáceis nem menos complexas. Os surdos são pessoas e, como tal, são dotados de linguagem assim como todos nós. Precisam apenas de uma modalidade de língua que possam perceber e articular facilmente para ativar seu potencial lingüístico e, consequentemente, os outros e para que possam atuar na sociedade como cidadãos normais. Eles possuem o potencial. Falta-lhes o meio. E a Língua Brasileira de Sinais é o principal meio que se lhes apresenta para “deslanchar” esse processo.
LUCINDA FERREIRA BRITO Doutora em Lingüística Departamento de Lingüística e Filologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico (o conjunto das palavras da língua) que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam especificidade mas seguem também princípios básicos gerais. Estes são usados na geração de estruturas lingüísticas de forma produtiva, possibilitando a produção de um número infinito de construções a partir de um número finito de regras. É dotada também de componentes pragmáticos convencionais, codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários usar estruturas nos diferentes contextos que se lhes apresentam de forma a corresponder às diversas funções lingüísticas que emergem da interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua. Veremos a seguir cada um desses conceitos da definição discutidos e ilustrados por estruturas da LIBRAS.
Agora sim temos uma palavra de LIBRAS. Podemos perceber que ela não articulada de forma linear como o são as soletrações em (1). Esta palavra ou sinal tem uma estrutura distinta daquela das soletrações ou das palavras em português. As palavras, em português, são formadas pela justaposição linear de seus componentes ou unidades mínimas distintas.
A palavra ou item lexical certo, em português, é formada dos seguintes componentes ou unidades:
em português falado
/sertu/
Temos aqui cinco sons ou fonemas, isto é, cinco componentes ou unidades mínimas da palavra falada certo.
em português escrito
certo
Temos aqui cinco letras ou grafemas componentes da palavra escrita. Não consideramos a letra uma unidade mínima como o fonema porque o fonema, às vezes , é representado, na escrita, por mais de uma letra, como é o caso de:
/xatu/ - chato /x/ - ch
ou, às vezes uma só letra pode representar mais de um fonema, como em :
/leksiku/ - léxico /ks/ - x
Assim, são cinco os componentes ou as unidades mínimas constitutivas das palavras em português. Essas unidades mínimas são chamadas fonemas que sabemos ser seqüencialmente combinadas para formar as palavras.
certo - /s e r t u/ chato - /x a t u/ léxico - /l e k s i k u/
Em LIBRAS, as unidades mínimas ou componentes da palavra ou sinal CERTO são os seguintes:
F é a configuração de mãos
l / é o movimento linear, para baixo com retenção final
TBd é o ponto de articulação do sinal, isto é tronco, busto, lado direito
(Y,Z) (x,y) é a orientação da palma da mão para a esquerda
S é a simetria no movimento ou uso da mão esquerda, realizando o mesmo movimento que a esquerda, também como articulador e não apenas como mão de apoio.
EDUCAR/EDUCAÇÃO ACOSTUMAR/COSTUME Par mínimo distinto pela Configuração de Mão
VERDE (SP) GELADO (SP) Par mínimo distinto pelo Movimento
Através dos exemplos acima em LIBRAS e em português, mostramos que as palavras da LIBRAS também são constituídas a partir de unidades mínimas distintivas chamadas, em línguas orais, de fonemas. O número dessas unidades é finito e pequeno porque, seguindo o princípio de economia, eles se combinam para gerar um número infinito de formas ou palavras.
Então, o léxico da LIBRAS, assim como o léxico de qualquer língua, é infinito no sentido de que sempre comporta a geração de novas palavras. Antigamente, pensava-se que a LIBRAS era pobre porque apresentava um número pequeno de sinais ou palavras. Pode acontecer o fato de que uma língua que não é usada em todos os setores da sociedade ou que é usada em uma cultura bem distinta da que conhecemos não apresente vocábulos ou palavras para um determinado campo semântico, entretanto, isso não significa que esta língua seja pobre porque potencialmente ela tem todos os mecanismos para criar ou gerar palavras para qualquer conceito que vier a ser utilizado pela comunidade que a usa. Por exemplo, a LIBRAS não tinha um sinal para o conceito “linguística” até há poucos anos. À medida que os surdos foram se inteirando do que se faz em linguística, do que significa linguística, houve a necessidade de gerar um sinal para esse conceito. O sinal LINGUÍSTICA não é soletração da palavra em português, porém, tem um vestígio de empréstimo porque a configuração de mão escolhida é L (apenas os dedos polegar e indicador estendidos), uma configuração própria da LIBRAS, porém, que costuma representar a letra “L”no alfabeto manual. Este sinal é realizado com as duas mãos, palmas para baixo com o polegar de uma mão quase tocando o da outra, na frente do busto, fazendo movimentos de rotação positiva e de translação retilínea para os lados.
Entretanto, não é qualquer combinação de unidades mínimas distintivas que será permitida pela língua. Há restrições e devido a elas é que vamos dizer que certas formas não são aceitas naquele sistema linguístico enquanto outras o são. Uma forma como lbresk não será identificado pelos falantes do português como uma forma bem formada ou como uma palavra dessa língua. Isto porque o padrão fonológico do português é CV (consoante + vogal) e devido a outros tipos de restrições. Na forma
lbresk o uso de várias consoantes e a sequência de certos tipos de consoantes faz com que esta forma fuja aos padrões aceitos pela Língua Portuguesa. Da mesma forma, uma forma constituída a partir das unidades mínimas da LIBRAS não será aceita enquanto palavra dessa língua se fugir aos padrões que regem a formação de suas palavras. Por exemplo, um sinal em que o articulador principal é a mão esquerda ou em que a mão direita é a mão de apoio não será considerado uma palavra bem formada da LIBRAS.
As unidades descritas acima são chamadas unidades mínimas distintivas porque distinguem palavras, como nos exemplos citados para a LIBRAS, APRENDER e SÁBADO, que se distinguem pelo ponto de articulação: testa e boca, respectivamente. Da mesma forma, as palavras pata e bata, em português, se distinguem pela característica fonética sonoridade, ou seja, a primeira é surda e a segunda é sonora. Assim, /p/ e /b/ são duas unidades mínimas distintivas ou fonemas e os pontos de articulação /na testa/ e /na boca/ também são unidades mínimas, desta vez da LIBRAS, ou “fonemas”. Daqui para frente, quando falarmos de “fonemas” da LIBRAS estamos nos referindo às suas unidades espaciais que não têm nada a ver com som ou fone, porém, que funcionam igualmente aos fonemas das línguas orais.
Como pudemos observar, os princípios e mecanismos que são utilizados na estruturação de palavras a partir de unidades mínimas são os mesmos em português e em LIBRAS. O que difere é a natureza das características das unidades que são restritas pela modalidade oral-auditiva, em português, e pela modalidade visual- espacial, em LIBRAS. É devido às mesmas restrições que as unidades ou fonemas do português se organizam ou estruturam sequencialmente ou linearmente no tempo enquanto que as unidades ou “fonemas” da LIBRAS se estruturam simultaneamente ou ao mesmo tempo no espaço.
As unidades mínimas distintivas em LIBRAS são as seguintes de acordo com os parâmetros Configuração de Mãos, Ponto de Articulação, Movimento-Orientação e Expressão Facial. Vejamos esses parâmetros no sinal CERTO/CERTEZA, ilustrado a seguir:
Figura do sinal certo com seus parâmetros
Configurações de Mão da LIBRAS
L1 lado do indicador L2 lado do dedo mínimo D dedos Dp ponta dos dedos Dd nós dos dedos (junção entre os dedos e a mão) Dj nós dos dedos (primeira junta dos dedos) D1 dedo mínimo D2 anular D3 dedo médio D4 indicador D5 polegar V Interstícios entre os dedos V1 Interstício entre o polegar e o indicador V2 Interstício entre os dedos indicador e médio V3 Interstício entre os dedos médio e anular V4 Interstício entre os dedos anular e mínimo p PERNA EN ESPAÇO NEUTRO
Na descrição dos pontos de articulação, são ainda usados os seguintes termos:
Movimentos e Tipos de Orientação da LIBRAS
Movimentos internos das mãos:
[ ~ 5 ] extensão gradual dos dedos começando pelo indicador
[ As ~ 5 ] extensão gradual dos dedos começando pelo dedo mínimo
[ As ] abertura simultânea dos dedos
[ As ] fechamento simultâneo dos dedos
[ bO] pinçamento (com o indicador e o polegar)
[ mov ] movimento de tamborilar com os dedos curvos
[ 5 + mov ] movimento de tamborilar com os dedos estendidos
[ 54 ~ G ] fechamento gradual de todos os dedos, exceto indicador
[5 ~ ] fechamento gradual de todos os dedos, exceto polegar
[ B B ] flexão da mão, com os dedos estendidos
[ V V ] dobramento e extensão repetidos dos indicador e dedo médio nas juntas do meio
[ V + mov ] movimento de tamborilar com os dedos
[ V. mov ] movimento de tesoura
[ As ] extensão do polegar
[ As L ] polegar e indicador estendidos simultaneamente
[ B V ] fechamento súbito de todos os dedos exceto indicador e médio, que flexionam-se
[ As 3 ] extensão simultânea do polegar, indicador e médio
[ As 3 ] extensão simultânea de todos os dedos, exceto o polegar
[ As 5] extensão simultânea de todos do dedos
[ L ] extensão do indicador
[ 3 ] extensão simultânea do indicador e do médio
[ 5 ] extensão simultânea de todos os dedos, com o polegar já estendido
[ G1 X ] flexão repetida do indicador
[ As V] extensão do indicador e do médio
[As I ] extensão do mínimo
Expressão não manuais da LIBRAS
Rosto Parte Superior sobrancelhas franzidas olhos arregalados lance de olhos