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Este livro, produzido pelo laboratório de biologia da conservação de mamíferos aquáticos (labcma) da universidade de são paulo, oferece uma introdução abrangente ao mundo dos cetáceos, explorando suas características, adaptações, comportamento e ecologia. O livro é especialmente útil para jovens de 12 a 18 anos, com linguagem acessível e ilustrações detalhadas, e também foi adaptado para pessoas com deficiência visual.
Tipologia: Esquemas
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© 2023 - Laboratório de Biologia da Conservação de Mamíferos Aquáticos
Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reproduzido, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios sem permissão expressa por escrito pelo autor. Por ser um livro gratuito, sua venda é terminantemente proibida. Estimula-se o compartilhamento ao maior número possível de recipientes. Em caso de uso educativo e sem fins comerciais, os devidos créditos são solicitados ao autor do texto, aos autores e às autoras de fotografias, e ao autor das ilustrações compartilhadas neste livro.
Autores Ednéia Deodato dos Santos Barreto Marcos César de Oliveira Santos Projeto Gráfico e Diagramação
Este livro é mais um produto de extensão cultural do Laboratório de Biologia da Conservação de Mamíferos Aquáticos, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. É uma produção independente que atende aos anseios da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021 – 2030), declarada pela Organização das Nações Unidas, cujas perspectivas visam a mobilização de recursos e inovação tecnológica em ciência oceânica para entregar à sociedade um oceano limpo, saudável e resiliente, previsível, seguro, produtivo e explotado sustentavelmente, e com acesso aberto aos dados, informações e tecnologias.
23-180354 CDD-569.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Barreto, Ednéia Deodato dos Santos Conhecendo as baleias e os golfinhos / Ednéia Deodato dos Santos Barreto, Marcos César de Oliveira Santos. -- Ubatuba, SP : Entremarés : Entremarés,
Bibliografia. ISBN 978-65-995854-8-
Índices para catálogo sistemático:
Sobre o livro
O presente material aborda aspectos e informações básicas sobre as baleias e os golfinhos. O texto foi desenvolvido para difusão do conhecimento, destinando-se a jovens de 12 a 18 anos, também servindo como base para um projeto de extensão cultural voltado à produção de livros para pessoas com deficiência visual. Ele foi elaborado como uma proposta de Trabalho de Graduação da acadêmica Ednéia Barreto para formar-se em Oceanografia pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, sob a orientação do professor Marcos Santos.
Conhecendo as baleias e os golfinhos
Quem são as baleias e os golfinhos?
Baleias e golfinhos fazem parte de um grupo de animais conhecido, tecnicamente, como cetáceos. Esse termo um pouco estranho tem origem antiga. Ele vem do grego “ cetus ”, com o significado de “monstro marinho”.
Era assim que a humanidade os entendia antes de estudá-los e conhecê-los melhor. No passado, o tamanho das baleias gerava mais temor aos humanos do que a admiração que eles sentem hoje por elas. Já os golfinhos, com seu menor porte sempre e parecendo que estão sempre rindo, sempre geraram uma reação de amizade e carinho pelos humanos.
Os cetáceos são mamíferos que vivem exclusivamente em ambiente aquático. Mamíferos são seres vivos que apresentam pelos revestindo o corpo, e produzem leite para que seus filhotes sobrevivam. Nós, seres humanos, somos mamíferos como os cetáceos.
As 92 espécies atuais de cetáceos estão divididas em dois grupos, de acordo com a estrutura que possuem na boca para capturar alimento.
O primeiro grupo, por apresentar dentes na boca, envolve os odontocetos. Pela palavra fica fácil: “odonto” representa os dentes, e “cetos” representa os cetáceos.
São 77 espécies de odontocetos no total. Portanto, são a maioria. Esses cetáceos são, em geral, chamados de golfinhos. Tem alguns tipos de golfinhos que recebem outros nomes populares, como é o caso do cachalote, da orca e do boto-cinza.
A alimentação desses cetáceos constitui-se, principalmente, de peixes e de lulas. Por essa razão, os odontocetos são carnívoros. Destacam-se como espécies de odontocetos o cachalote, a orca e o boto-cinza, que está representado na imagem a seguir.
Conhecendo as baleias e os golfinhos
Boto-cinza, o golfinho mais comum na costa brasileira. Ele pode chegar até dois metros de comprimento. Note a presença de dentes na boca. Isso faz com que o boto-cinza pertença ao grupo dos odontocetos. Note também, os nomes das suas nadadeiras. Nadadeira dorsal está no dorso ou nas costas e é uma só. Nadadeiras peitorais estão na região do peito e são duas. E nadadeira caudal, que não é um rabo, mas sim um leme com duas porções que executam a propulsão na água. Ilustração: Leandro Coelho.
O segundo grupo dos cetáceos é representado pelos misticetos. Os representantes desse grupo apresentam cerdas bucais na boca para filtrar alimento. Essas cerdas bucais também são chamadas de barbatanas.
Do nome, “misti” vem de “mustache”, a palavra em inglês que significa bigode. Era assim que os mais antigos viam as barbatanas na boca das baleias. Elas parecem com bigodes, porque as baleias só têm essas cerdas bucais na parte superior da boca. Do restante do nome, “cetos” representa os cetáceos.
As barbatanas assemelham-se aos fios de uma vassoura e ficam presos nos dois lados da boca desses cetáceos, porém apenas na parte superior, que é chamada de maxila. A parte inferior da boca é a mandíbula.
São 15 espécies de misticetos no total. Portanto, são a minoria. Esses cetáceos são, em geral, chamados de baleias. Elas se alimentam de organismos muito pequenos, como camarões e peixes, que medem entre 1 e 15 centímetros de comprimento. Por essa razão, os misticetos são carnívoros. Destacam-se como espécies de misticetos a baleia-azul, a baleia-jubarte, e a baleia-franca, como a que está representada na imagem a seguir.
Conhecendo as baleias e os golfinhos
Adaptações: os segredos dos cetáceos
A respiração dos cetáceos é feita por meio de pulmões, assim como a nossa. Para o processo de trocas gasosas, os odontocetos apresentam um orifício respiratório no topo da cabeça; ao passo que os misticetos apresentam dois orifícios respiratórios. Opa! Mais uma diferença entre esses dois grupos de cetáceos!!! Viver no meio marinho exigiu grandes adaptações aos cetáceos, tais como:
◊ Apresentar o corpo em forma de torpedo, conferindo-lhes hidrodinamismo, que reduz a resistência no deslocamento na água.
◊ Apresentar a pele lisa para diminuir o atrito com a água. Há pelos em recém-nascidos, que são perdidos logo nos primeiros dias de vida, e há pelos que se concentram na cabeça das baleias para captar vibrações do meio.
◊ Apresentar os membros posteriores transformados em uma nadadeira caudal, que permite melhor deslocamento no meio aquático, gerando a propulsão desses mamíferos.
◊ Apresentar os membros anteriores formados por duas nadadeiras peitorais, que atuam como lemes, e que ajudam os cetáceos a se direcionarem no meio aquático.
◊ A maioria das espécies de cetáceos apresenta uma nadadeira dorsal, que se adequa como elemento estabilizador. Mas, como foi comentado anteriormente, onze espécies de cetáceos não possuem nadadeira dorsal.
◊ Apresentar uma camada de gordura interna, que isola os cetáceos do meio externo líquido, para se manterem sempre aquecidos, independentemente da temperatura externa.
◊ A utilização do som para comunicação e orientação em meio aquático. Os odontocetos possuem uma peculiaridade: orientam-se com um sistema de sonar. Basicamente, funciona com a emissão de ondas sonoras ao meio e com a interpretação das reflexões destas ondas em objetos, em outros cetáceos, em presas, dentre outros. Eles podem assim, praticamente, enxergar com o uso do som! Apesar de também produzirem sons, misticetos não são ecolocalizadores; apenas os odontocetos.
Conhecendo as baleias e os golfinhos
Do elegante e brincalhão boto-cinza, até a colossal baleia-azul, por mais diferentes que sejam, todos os cetáceos estão adaptados à vida aquática. Os cetáceos são verdadeiros mestres do mergulho. Alguns podem mergulhar até mais de dois mil metros de profundidade. Há espécies que podem ficar submersas por mais de duas horas sem respirar.
No quadro a seguir, há um comparativo de informações sobre o tempo de submersão e a profundidade de mergulho de quatro espécies de cetáceos: a baleia-azul, a baleia-jubarte, o cachalote e a orca.
Misticetos Odontocetos
Espécie Baleia-azul Baleia-jubarte Cachalote Orca
Tempo máximo de submersão (minutos) 50 21 138 15
Profundidade máxima atingida (metros) 153 148 2000 260
Até o momento, foram apresentados alguns termos técnicos que podem ser novos para você. Antes de apresentar algumas espécies de misticetos e de odontocetos, e para que compreendamos melhor as diferenças entre esses dois grupos de cetáceos, segue uma tabela comparativa.
Características morfológicas Misticetos^ Odontocetos
Estrutura para apreensão de alimento Barbatanas: apenas namaxila Dentes: na maxila e namandíbula
Porte corporal médio 16 metros 4 metros
Quantidade de orifícios respiratórios 2 1 Processo de ecolocalização Não desenvolvido Desenvolvido
Número de espécies 15 77
Conhecendo as baleias e os golfinhos
Considerada como um dos maiores seres vivos que já viveu no nosso planeta, a baleia-azul pode chegar aos 32 metros de comprimento. É superada, em tamanho, por alguns seres vivos modernos e outros que já foram extintos. Alguns dinossauros chamados Titanossauros e que não existem mais, chegavam aos 42 metros de comprimento. Um verme que vive sob o solo e que chega aos 55 metros de comprimento supera o tamanho de uma baleia-azul. Há uma espécie de água-viva enorme, que chega aos 35 metros de comprimento. Nenhuma outra espécie de cetáceo supera a baleia-azul em tamanho. Em peso, a baleia-azul é, possivelmente, insuperável quando comparada a qualquer outro organismo, vivo ou extinto, com até 190 toneladas!
Ela possui esse nome devido à coloração de sua pele. Suas nadadeiras peitorais e sua nadadeira dorsal são pontiagudas. Apresenta sulcos em seu ventre que se expandem quando ela vai capturar as suas presas por meio de grandes goles de água do mar. Alimenta-se, principalmente, de um camarão conhecido como krill. Seu estômago tem a capacidade de processar uma tonelada de krill de uma vez. É encontrada em todos os oceanos do planeta, mas em águas muito mais afastadas das praias. Já foi notificada na costa brasileira, porém, raríssimas vezes.
Eis a ilustração de uma baleia-azul, com as indicações das partes que formam o seu corpo:
Clique para ouvir o som deste cetáceo
Conhecendo as baleias e os golfinhos
A baleia-franca-austral, também conhecida por baleia-franca, é menor que a baleia-azul. Na idade adulta, ela chega aos 15 metros de comprimento. A forma do seu corpo difere um pouco da baleia-azul. Na região da cabeça, a baleia-franca apresenta uma série de estruturas chamadas de calosidades. Trata-se de espessamentos da pele, assim como as verrugas que os humanos podem apresentar. Concentram-se apenas na cabeça, conferindo-lhes uma aparência um tanto estranha.
O ventre da baleia-franca é liso, ou seja, ela não tem sulcos ventrais. Ela não possui nadadeira dorsal. Suas nadadeiras-peitorais são em forma de trapézio, quase parecendo um quadrado. Quando captura suas presas, abre a bocarra e suas barbatanas, que chegam aos dois metros de comprimento, e filtram pequenos camarões do oceano. Ela é encontrada em todos os oceanos, mas apenas no hemisfério sul. Diferentemente da baleia-azul, a baleia-franca prefere utilizar áreas bem mais próximas às praias, sendo notificada na costa do Brasil em centenas de indivíduos todos os anos. Utiliza a costa sul e sudeste do Brasil, onde encontra águas mais aquecidas, para reprodução e cuidados dos filhotes nas primeiras semanas de vida.
Eis a ilustração de uma baleia-franca, com as indicações das partes que formam o seu corpo. Compare essa ilustração com a da baleia-azul e perceba as diferenças e semelhanças:
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Conhecendo as baleias e os golfinhos
O cachalote é o maior entre os cetáceos odontocetos. Os machos adultos são maiores que a baleia-franca e a baleia-jubarte, porém são menores que a baleia-azul. O cachalote macho pode chegar aos 18 metros de comprimento, enquanto a fêmea chega a 13 metros. Apesar de ter um tamanho considerável, ele não é uma baleia, porque na boca dele apresenta dentes e não barbatanas. O cachalote é, tecnicamente, um golfinho. A coloração de seu corpo é cinza- escura. Ele apresenta uma enorme cabeça, que representa quase um terço do seu tamanho. As laterais do corpo são enrugadas, a nadadeira dorsal e as nadadeiras peitorais são pequenas quando comparadas ao seu corpo, a mandíbula é estreita, e é onde concentram-se os seus dentes. O cachalote não tem dentes na maxila. Eles se alimentam de peixes e de lulas.
O cachalote chega a mergulhar até 2000 metros de profundidade e a resistir até 2 horas sob a superfície da água sem respirar. Ocorre na costa brasileira, porém distante das praias, em mar aberto. O cachalote ficou bastante conhecido devido a um clássico da literatura chamado “ Moby Dick ”. Esse foi o nome que o autor, Herman Melville, chamou o cachalote que foi alvo de um caçador que prometeu capturá-lo na estória contada no livro.
Eis a ilustração de um cachalote, com as indicações das partes que formam o seu corpo. Compare essa ilustração com a da baleia-azul, da baleia- franca e da baleia-jubarte, e perceba as diferenças e semelhanças:
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Conhecendo as baleias e os golfinhos
A orca enquadra-se entre os maiores cetáceos odontocetos, com os machos chegando, na idade adulta, a quase dez metros de comprimento. A nadadeira dorsal desses machos possui um formato ereto, medindo até um metro e oitenta centímetros. Nas fêmeas, elas chegam a 90 centímetros de altura e são curvadas. O padrão de coloração em preto e branco das orcas lembra um urso-panda. Seu ventre é claro e seu dorso é escuro. A orca possui dentes tanto na mandíbula, quanto na maxila. A espécie ocorre em todos os mares do planeta, das águas frias às mais quentes. Há notificações na costa do Brasil, mas são raras. A alimentação constitui-se, principalmente, de peixes e de lulas. Há algumas populações de orcas com um cardápio diferenciado, que inclui focas, pinguins, golfinhos e até baleias.
Em razão destas populações de orcas que se alimentam de animais de sangue quente, elas receberam a inadequada denominação de “baleia- assassina”. Inadequada porque, primeiramente, ela não é uma baleia, mas um golfinho, por ter dentes na boca e não barbatanas. Em segundo lugar, ela não é assassina, pois esse termo foi criado para descrever o ser humano que tira a vida de outro ser humano; não podendo ser aplicado aos animais. Portanto, o ideal é que todos nós chamemos as orcas simplesmente de orcas.
Eis a ilustração de uma orca, com as indicações das partes que formam o seu corpo. Compare essa ilustração com a do cachalote, e perceba as diferenças e as semelhanças:
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