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Amyr klink, velejador famoso, conta sua experiência de viagem de cinco meses ao redor da antártida, onde enfrentou isolamento, ventos e ondas temperamentais, e o frio intenso. O livro detalha a preparação do veleiro paratii, as reflexões de vida e as desafios enfrentados durante a travessia.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
Compartilhado em 07/11/2022
4.6
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Referência Bibliográfica: KLINK, Amyr. Mar Sem Fim. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2000. 267 páginas. REFLEXÕES DE UM CORAÇÃO QUENTE NUM OCEANO DE GELO Victor Monteiro Lopes Primeiro-Tenente (QC-IM) Quais as razões que podem levar um homem, um ser naturalmente sociável, a passar um período sozinho num ambiente hostil, de forma isolada? E mais ainda, passar por tal experiência a bordo de um Veleiro, desbravando a imensidão dos mares, e enfrentando ventos e ondas temperamentais? Essas intrigantes questões foram determinantes para que eu escolhesse a leitura do livro “Mar sem Fim” do autor Amyr Klink. Este autor, famoso velejador brasileiro, já realizou diversos percursos pelos mares e oceanos ao longo do mundo. No livro em questão, Amyr Klink revela os detalhes de uma viagem de 5 meses de duração, na qual ele circunavega a Antártida. O livro se inicia, com o autor ainda em terras brasileiras, mais precisamente na praia de Jurumirim, localizada na cidade de Paraty, onde mora com sua esposa e suas duas filhas, gêmeas, de apenas 1 ano e meio de idade. Neste momento, o autor já apresenta uma mistura de sentimentos que carrega ao longo de toda a obra: a saudade por partir e, ausentar-se pela primeira vez após o nascimento das filhas, com a obstinação em, novamente, sobrepujar-se aos desafios que os mares e oceanos o imporiam. Outro importante “personagem” da obra é o Veleiro “Paratii”. Embarcação que Amyr trata com tanto zelo e carinho que, por vezes, o personifica, descrevendo possíveis sentimentos que o veleiro apresenta. É a bordo do Paratii que o autor se lançaria ao desafio a qual se propôs nesta obra. Ao longo da viagem, o autor detalha as características do Veleiro, e conta nos mínimos detalhes, como foi o processo de preparação do barco, desde a modernização do sistema de velas, até a escolha dos materiais sobressalentes e a contribuição de amigos nessa empreitada de prontificação do Paratii, seja com conselhos técnicos ou ajuda em reparos e mão de obra. Outra faceta do livro, que mostrou grande riqueza, foram as reflexões de vida compartilhadas pelo autor ao longo da travessia. A solidão na qual Amyr se emergiu, trouxe para ele uma rara tranquilidade, que proporcionara uma conexão visceral dele consigo mesmo. Embrenhado em seus pensamentos, ele se remonta a experiências importantes que viveu, e lições valiosas que ganhou ao longo da vida. No tocante à travessia à Antártica, é importante trazer à tona, que, diferentemente de outras viagens, um dos grandes obstáculos que o autor enfrenta desta vez, além dos eventuais momentos de fúria dos ventos e mares, é o frio. Com temperaturas agudamente baixas, sempre abaixo de zero, Amyr lida constantemente
com a glacialidade e o ardente frio, para o qual há que se agasalhar, usando roupas bem robustas, capazes de atenuar o clima tão ultrajante. São exíguos os momentos em que o protagonista se depara com o sol na viagem. Por esta razão, ele os valoriza amplamente, e se propõe a desfrutar desses breves momentos de conforto. Em contrapartida, são constantes as situações em que Amyr se confronta com inimigos tão temidos pelos navios: os Icebergs. Em um determinado momento da obra, o autor, que sempre programa o fim de seus breves momentos de descanso com o uso do despertador, acorda assustado, notando que havia passado muito do horário programado de sono, e abismado por ter, milagrosamente, desviado de um grande Iceberg. Para a execução desta manobra, em tese, haveria que se contar com intervenção humana para se contornar um obstáculo titânico, como o que acabara de ver. Esse é mais um dos momentos em que ele agradece o Paratii, e o personifica, adjetivando-o como uma embarcação valente e de alma briosa. Num outro instante de tensão, no qual o autor já se encontrava quase na metade da travessia, no dia 31 de dezembro de 1998, a poucas horas da virada do ano, eis que Amyr se defrontou com um contexto de mar e vento tenebrosos. O oceano se desmoronava, enquanto o Paratii agonizava, e o protagonista gritava, ao mesmo tempo por desespero e automotivação, para tentar suplantar o momento de “caos completo”, como ele mesmo define na obra. O velejador ponderou, que, enquanto muitos celebravam de distintas formas a passagem de ano, a deliberação dele se resumia a uma só: “escapar vivo”. Em que pese o fato da viagem apresentar momentos de medo e apreensão angustiantes como os supracitados, ela também ensejou momentos de calmaria e conforto. Nestes, o autor aproveitava para refletir sobre alguns contornos de sua vida. Numa dessas reflexões, ele destacou a valiosa paz que Jurumirim, o local onde vive, lhe trazia. Praia onde se prescindia de energia elétrica para viver e, por isso, permitia a ele e sua família usufruir de um contato íntimo com a natureza, algo que um “ ser urbano eletrificado” jamais entenderia o quão valoroso é. Outra valiosa reflexão que o autor traz na obra, diz respeito à importância de se conhecer o diferente, para valorizar o que se tem. Ele demonstra, que é peremptório, por exemplo, conhecer o quanto o frio pode ser insultuoso, para valorizar os momentos de sol e calor. Nesse diapasão, ele, em lembrança ao pai, escreve uma frase, cuja a beleza me obriga a trazê-la sem nenhuma adaptação na escrita, mas sim literalmente: “Hoje entendo bem o meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos