Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Relação entre a poesia infantil de José Paulo Paes e seu pensamento crítico, Esquemas de Poesia

Um estudo sobre a relação entre a criação de poesia infantil de josé paulo paes e seu pensamento crítico. O autor analisa como o poeta trabalha com os quatro elementos fundamentais de uma poesia: som, forma, linguagem e imagem, e observa semelhanças entre o trabalho do poeta e as brincadeiras de crianças. Além disso, é feito um breve comparativo entre a poesia infantil de josé paulo paes e a poesia infantil com enfoque meramente pedagógico.

O que você vai aprender

  • Quais semelhanças podem ser observadas entre o trabalho do poeta e as brincadeiras de crianças?
  • Como José Paulo Paes trabalha com os quatro elementos fundamentais de uma poesia em sua obra infantil?
  • Qual é a importância do trabalho do poeta a partir do ponto de vista pedagógico na poesia infantil?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Andre_85
Andre_85 🇧🇷

4.5

(124)

218 documentos

1 / 9

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
SILVA, Marcia Cristina. José Paulo Paes: entre o crítico literário e o poeta para crianças.
Revista FronteiraZ, São Paulo, n. 8, julho de 2012.
1
JOSÉ PAULO PAES:
ENTRE O CRÍTICO LITERÁRIO E O POETA PARA CRIANÇAS
Marcia Cristina Silva
Doutoranda UFRJ
RESUMO: O presente trabalho propõe estudar a relação entre o processo de criação da poesia
infantil de José Paulo Paes e o seu pensamento crítico. Para o estudo do processo de criação da
poesia para crianças de José Paulo Paes, optou-se por analisar os quatro elementos fundamentais
para a construção de um poema: a sonoridade, a forma, a linguagem e a imagem. Ao analisar como
José Paulo Paes trabalha com esses quatro elementos em sua obra infantil, pode-se perceber
semelhanças entre o trabalho do poeta e as brincadeiras de criança. Acresceu-se a essa abordagem
um breve cotejo entre a poesia infantil de José Paulo Paes e a poesia infantil com enfoque
meramente pedagógico. Por fim, pretende-se demonstrar a importância do pensamento crítico no
processo criativo do poeta.
PALAVRAS-CHAVE: poesia infantil, jogo, sonoridade, forma, linguagem, imagem.
ABSTRACT: The present work intends to study the relationship between José Paulo Paes´ work
for children and his critical thought. In order to study the creation process of José Paulo Paes’
children’s poetry, we opted to analyze the four main elements required for the making of a poem:
sound, form, language and image. Through the analysis of José Paulo Paes’ work for children in
view of these four elements, we can perceive similarities between the poet’s work and the children’s
act of playing. In addition to this review, a brief comparison between José Paulo Paes’ children
poetry and the children’s poetry with pedagogical focus exclusively. Finally, we intend to show the
importance of critical thought in the poet´s creation process.
KEY WORDS: Children poetry, game, sound, form, language, image.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Relação entre a poesia infantil de José Paulo Paes e seu pensamento crítico e outras Esquemas em PDF para Poesia, somente na Docsity!

Revista FronteiraZ , São Paulo, n. 8, julho de 2012.

JOSÉ PAULO PAES:

ENTRE O CRÍTICO LITERÁRIO E O POETA PARA CRIANÇAS

Marcia Cristina Silva Doutoranda – UFRJ

RESUMO : O presente trabalho propõe estudar a relação entre o processo de criação da poesia infantil de José Paulo Paes e o seu pensamento crítico. Para o estudo do processo de criação da poesia para crianças de José Paulo Paes, optou-se por analisar os quatro elementos fundamentais para a construção de um poema: a sonoridade , a forma , a linguagem e a imagem. Ao analisar como José Paulo Paes trabalha com esses quatro elementos em sua obra infantil, pode-se perceber semelhanças entre o trabalho do poeta e as brincadeiras de criança. Acresceu-se a essa abordagem um breve cotejo entre a poesia infantil de José Paulo Paes e a poesia infantil com enfoque meramente pedagógico. Por fim, pretende-se demonstrar a importância do pensamento crítico no processo criativo do poeta.

PALAVRAS-CHAVE : poesia infantil, jogo, sonoridade, forma, linguagem, imagem.

ABSTRACT : The present work intends to study the relationship between José Paulo Paes´ work for children and his critical thought. In order to study the creation process of José Paulo Paes’ children’s poetry, we opted to analyze the four main elements required for the making of a poem: sound, form, language and image. Through the analysis of José Paulo Paes’ work for children in view of these four elements, we can perceive similarities between the poet’s work and the children’s act of playing. In addition to this review, a brief comparison between José Paulo Paes’ children poetry and the children’s poetry with pedagogical focus exclusively. Finally, we intend to show the importance of critical thought in the poet´s creation process.

KEY WORDS: Children poetry, game, sound, form, language, image.

Revista FronteiraZ , São Paulo, n. 8, julho de 2012.

José Paulo Paes foi um poeta que nunca esqueceu que a brincadeira com as palavras faz parte da criação de qualquer poema, bem como do processo de interação entre o poema e o leitor, que tem de deixar levar-se pelos versos, construindo seu próprio e único mundo imaginário. Além de poemas para crianças e adultos, José Paulo Paes também foi um poeta crítico, escreveu 10 livros de ensaios literários, dando palestras em universidades e instituições culturais do Brasil e do exterior. Como ele mesmo afirmou em Quem, eu? Um poeta como outro qualquer (1996) tornou- se ensaísta porque não acreditava em poeta que não pensasse acerca do seu ofício. Por isso, iremos analisar ao longo desse trabalho algumas de suas ideias a respeito da criação poética desenvolvidas em seus poemas, confrontando-as com sua visão crítica. Um aspecto importante na poesia para crianças é a sonoridade que pode ser percebida nas rimas, aliterações, assonâncias, repetições de palavras, onomatopeias, enfim, em todas as figuras de efeito sonoro que dão musicalidade ao poema. O ritmo , portanto, é resultado de uma sequência de palavras combinadas, de uma ordem que o poeta busca pela combinação experimentando diversas palavras até encontrar aquela que parecia já estar pronta para entrar naquele lugar, do mesmo modo como só determinada peça se encaixa em um quebra-cabeça. Ao contrário, na poesia para adultos o ritmo é apenas mais um elemento, que pode ser usado ou não. Poetas como Sebastião Uchôa Leite e João Cabral de Melo Neto deram uma enorme contribuição para a poesia brasileira, exatamente por buscarem o antimelódico, criando a poesia do estranhamento, negando o ritmo, dando preferência aos versos secos numa poesia que recusa a melodia da música, apesar de ter um potencial lírico implícito. O adulto aceita e reconhece o valor de uma poesia atonal com ruídos dissonantes. Já as crianças não, elas têm uma forte ligação com o ritmo, porque a sonoridade está próxima à linguagem da fala, ao afeto e à brincadeira. Para a criança, um poema sem musicalidade, nada mais é do que um violino quebrado. O som antecede ao próprio pensamento. A criança encanta-se com a repetição simplesmente lúdica de sons verbais parecidos (rimas, aliterações, assonâncias...) É possível observar nos poemas de José Paulo Paes a importância que ele dá para a experiência do ritmo, do som, da melodia em Poemas para brincar (1990):

Patacoada A pata empata a pata porque cada pata tem um par de patas e um par de patas um par de pares de patas. Agora, se se engata pata a pata cada pata

Revista FronteiraZ , São Paulo, n. 8, julho de 2012.

indica que o embrião do poeta nasce por si, fruto de uma intuição ou inspiração. À artesania do poeta compete levar o embrião até o fruto final. As mais das vezes, tal embrião é feito de uma ou mais proteínas da infância. Todavia, só as descobrimos a posteriori, quando o poema se completa_._ (PAES, 2003, sem página)

Paul Valéry considera a poesia equivalente a uma dança, pois explora o movimento em si. Não busca um objeto preciso, como faz a prosa. Seu objetivo é criar e manter certo estado. Mas para que o mesmo aconteça, é preciso trabalhar muito_._ Há de se ter uma interação fundamental entre o “estado de poesia” e o fazer poético. Dois momentos que aparentemente se excluem, mas que na realidade se comunicam. Valéry afirmou em Variedades (1999) que “a poesia é a arte da linguagem e a linguagem, contudo, é uma criação da prática”. Isso se aplica perfeitamente à criação de poemas para crianças, pois não basta apenas se deixar levar pelo espírito do jogo com as palavras, pelo ritmo, pela brincadeira. É preciso nunca esquecer a técnica. Esse trabalho com a linguagem está também inteiramente ligado à capacidade crítica do poeta. Só é possível o desenvolvimento da técnica através de constantes leituras de outros poetas e de várias releituras dos próprios poemas. Assim como é importante chegar até o “estado de poesia”, é igualmente importante fazer e refazer os poemas, não se deixar iludir com a ideia de que o poema já vem todo pronto. Raramente isso pode acontecer, contudo o poeta deve estar sempre aberto, disposto a fazer um trabalho lúcido, tentando colocar-se o mais distante daquele estado inicial que deu origem ao poema. É de fundamental importância conseguir afastar-se da inspiração e trabalhar com um olhar crítico, mais neutro. Muitas vezes o poema que, a princípio parece já estar pronto, está apenas começando a ser gerado, mas o poeta, devido ao seu entusiasmo, não consegue perceber isso, no momento inicial. Se o trabalho a posteriori não fosse de fundamental importância, diríamos que toda criança poderia fazer poemas para crianças, pois ninguém mais do que ela está ligada ao ritmo, ao jogo da linguagem. José Paulo Paes considera no artigo Infância e Poesia (1998) a importância de distinguir-se o gosto natural da criança pela poesia da capacidade de criação. O poema faz-se através da forma, pois a ideia reivindica sua voz, ela precisa de uma construção. A poesia é inseparável da forma sensível, ela só vai poder dizer algo através dessa forma. Sendo assim, podemos observar, em Poemas para brincar que José Paulo Paes não ensina ao leitor como transformar os poemas em brincadeiras, ao contrário, ele brinca com as palavras, mostrando ao leitor como fazer, fazendo, e não teorizando. Observemos este poema:

Revista FronteiraZ , São Paulo, n. 8, julho de 2012.

Letra mágica Que pode fazer você para o elefante tão deselegante ficar elegante? Ora, troque o f por g! Mas se trocar, no rato, o r por g transforma-o você (veja que perigo!) no seu pior inimigo o gato. (PAES, 1990, sem página)

Nele, como na maioria de seus poemas, José Paulo Paes brinca com os significantes e significados das palavras. O poema de Paes torna-se bem sucedido porque segue uma ordem, todos os signos estão devidamente ligados entre si: o elefante só torna-se elegante devido à solução que se apresenta com a troca de letras. Ao trocar o f pelo g da palavra elefante, o significante começa a imitar a transformação do significado, e, como num passe de mágica, torna o elefante em elegante, aproximando os significantes pela coincidência sonora. A mesma brincadeira entre significantes, significados, e a relação entre signos continua na segunda estrofe, em que a comutação da letra inicial de R ato e G ato aproxima as palavras pela coincidência sonora e ao mesmo tempo as distancia pelo significado biológico, já que um é o predador do outro. O rato e o gato, apesar das semelhanças sonoras, estão distanciados (o rato aparece no primeiro verso da segunda estrofe em contraposição ao gato, que aparece somente no último verso). A significação não é a mesma, ocorre um processo de diferenciação, onde cada signo é constituído de diferenças. A surpresa do trabalho de José Paulo Paes com a poesia infantil resulta dos recursos utilizados pelo poeta. Por exemplo: o poema Letra mágica já começa num tom de conversa infantil, como se fosse uma criança propondo um desafio para outra, ou até mesmo para um adulto: “Que pode fazer você para...” Além do próprio conteúdo implícito nas palavras, devemos observar a forma. Numa brincadeira ligeira, como nas adivinhações que as crianças tanto gostam de fazer umas para as outras, José Paulo Paes cativa o leitor, prendendo a atenção sem muita demora em desvendar o enigma proposto. Adivinhações, trava-línguas, trocadilhos, parlendas e piadas, recheados de aliterações, onomatopeias e rimas internas, são características da obra poética para crianças de José Paulo Paes que reconheceu Edgar Allan Poe, e principalmente o poema O Corvo , como uma de suas influências literárias:

Revista FronteiraZ , São Paulo, n. 8, julho de 2012.

José Paulo Paes escreveu sobre a poesia que tem a finalidade apenas educacional em seu livro de ensaios Gregos e Baianos :

O pior no meu entender está na poesia brasileira, tanto quanto a nossa literatura não imediatamente comercial, ter sido convertida, no empenho de fazê-la alcançar um público mais amplo do que o cada vez mais arredio público frequentador de livrarias, em remédio chato de tomar. Indicados pelos professores como leitura obrigatória a alunos sem maior curiosidade intelectual, ciosos mais de obter um diploma universitário, qualquer que seja, do que aprimorar a sua sensibilidade ou o seu repertório de conhecimentos, esses livros, essas antologias ministradas sob receita pedagógica e engolidos a contragosto traem a finalidade precípua da literatura, que é a de deleitar. Dou a este verbo uma etimologia poética, pouco me importando saber se é falsa, possível ou verdadeira. Vejo-o nucleado na palavra “leite”, o alimento primeiro e essencial que reconcilia o nascituro com o mundo no qual se vê repentinamente atirado, sem consulta prévia, e que o faz imaginá-lo, como nos poemas de William Blake, antes o paraíso dos prazeres da idade da inocência que o prosaico reino de deveres da idade da experiência.(PAES, 1985, p.294)

É através da palavra que o leitor e o poeta irão encontrar a principal finalidade de todo e qualquer poema: o prazer, tanto para quem escreve, como para aquele que lê. Essa busca está em sentido contrário aos poemas criados com a finalidade apenas de educar a criança. As palavras aliadas ao som, à forma e à imagem conduzem o poeta e não podem ser manipuladas por ele para atender a uma finalidade prévia e exterior à própria poesia. Essa é uma preocupação constante nos depoimentos de José Paulo Paes acerca da poesia infantil: “O importante é fazer do contato com a poesia antes fonte de prazer gratuito que de obrigações escolares.” (1998, p.5). O poeta destaca a importância de chamar a atenção da criança para a fruição lúdica da forma e do sentido do poema, e não deixar a escola usar a poesia como simples auxiliar no ensino de noções de gramática, sem considerar os valores estéticos da escrita. Segundo ele, a poesia está além de um aspecto meramente educacional:

Não tenho nenhuma definição de bolso. Aliás, sou cético quanto as definições de bolso. Mas poderia dizer que, ao longo de minha experiência pessoal deparei-me com três concepções de poesia. Os professores do curso primário me incutiram a ideia de que ela era um tipo especial de linguagem rimada, metrificada e enfeitada, para se declamada, mão no peito, durante as festas escolares. Mas os versos metafísicos de Augusto dos Anjos, com que travei contacto aos 15 ou 16 anos, abalaram essa ideia primeira ao convencer-me, pela força do exemplo, de que a poesia é a linguagem de descoberta do mundo e das perplexidades que ele podia suscitar em nós. Um pouco mais tarde, com os poemas desafetados que estilizavam a linguagem coloquial, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade me ensinaram que a poesia é a redescoberta da novidade perene da vida nas pequenas/grandes coisas do dia a dia. Desde então, em maior ou menor grau, venho tentando ser fiel, em quanto escrevo, a essas duas últimas concepções. Meu ideal poético é a desafetação, a concisão e a intensidade postas todas a serviço da minha própria visão de mundo. (PAES, 2003, sem página)

Revista FronteiraZ , São Paulo, n. 8, julho de 2012.

Chamamos atenção para a primeira aproximação que Paes teve com a poesia: a escola, que conforme sua declaração, lhe incutiu uma ideia errada sobre a poesia como uma linguagem ritmada, metrificada e enfeitada. Segundo depoimento do próprio José Paulo Paes ao jornal Folha de São Paulo (1998, p.5-8), o pensamento da criança, assim como o do poeta, tem um tipo sui generis de lógica a que se poderia chamar de paralógica, um pensamento caracterizado pela intuição. É um pensamento de base analógica, mas que não é oposto ao pensamento lógico. Apesar de diferente, há uma lógica no pensamento infantil, “com uma racionalidade ao pé da letra”. A paralógica é definida por Paes como uma lógica circunstancial, dependendo do contexto ou da situação. Os poemas para crianças de José Paulo Paes trabalham sempre com um material concreto, a partir de referenciais do mundo infantil. Em seu livro Um número depois do outro (1993), o poeta parte da representação gráfica dos números para a criação das imagens. José Paulo Paes ensina as crianças a contar, porém de modo totalmente lúdico:

  • Você sabe quanto é 6?
  • É o mesmo que meia dúzia.
  • e meia dúzia, quanto é?
  • é o mesmo que 6, ué.
  • mas como é que eu conto então?
  • com os 5 dedos da mão segure 1 dedo do pé. (PAES, 1993, sem página)

O poeta faz com que aquilo que parece ser mais abstrato e distante de nossa percepção sensível, como fazer contas matemáticas, transforme-se em algo concreto, como uma experiência física: “com os 5 dedos da mão / segure 1 dedo do pé .” A ideia de quantidade então é transmitida à criança de uma maneira palpável e operacional para o pensamento infantil. Podemos perceber nos poemas como a linguagem (a escolha por palavras concretas, relacionadas ao mundo infantil) está associada também à criação das imagens, à sonoridade e à forma, como se o poeta estivesse sempre em constante interação com um leitor implícito e o poema fosse uma brincadeira e não um ensinamento. É nesse conjunto de brincadeiras com sons, palavras, formas e imagens, que José Paulo Paes criou sua poesia que tem como base a surpresa, levar o leitor ao espanto com a descoberta do humor, da ironia, da sátira que se esconde por trás da exploração dos signos e das outras características constitutivas da língua. Na poesia há uma construção, uma ordem necessária que o poeta segue para chegar mais perto do olhar infantil. O que a princípio parece apenas resultado de um brincar casual, é também construído, arquitetado, planejado rigorosamente, por um olhar não apenas criativo, mas, sobretudo, crítico. Quanto melhor for esse planejamento, mais natural e espontâneo parecerá o poema. Assim, a poesia de José Paulo Paes