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DIVALDO PEREIRA FRANCO ... CAPÍTULO 2 = JESUS E REENCARNAÇÃO ... O encontro de Jesus com o jovem rico, que se dispôs a segui-lO, reveste-.
Tipologia: Notas de aula
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Enquanto as ambições desregradas conduzem as inteligências ao paroxismo e à alu cinação da posse, da fama, da glória, das disputas cegas, Ele ressurge na consciência moderna em plenitude, jovial e amigo, afortunado pela humanidade e a segurança íntima. A atualidade necessita urgentemente de Jesus descrucificado, companheiro e terapeuta em atendimento de emergência, a fim de evitar-lhe a queda no abismo. Pensando nesta inadiável questão, resolvemos apresentar, neste pequeno livro, vinte situações contemporâneas com ocorrências do cotidiano que aturdem a civilização, buscando respostas da conduta na terapia de Jesus, cujos resultados, obviamente, são a saúde, a paz e a felicidade como experiências ainda não fruídas individual e coletivamente pelos homens. Certa de que o caro leitor encontrará nestas páginas respostas para algumas das suas inquietações, rogamos a Ele que nos oriente e ampare no rumo que seguimos, ansiosos pela nossa realização total.
Salvador, 20 de fevereiro de 1989. Joanna de Ângelis
O processo de evolução constitui para o Espírito um grande desafio. Acostumado às vibrações mais fortes no campo dos sentidos físicos, somente quando a dor o visita é que ele começa a aspirar por impressões mais elevadas, nas quais encontre lenitivo, anelando por conquistas mais impor- tantes. Vivendo em luta constante contra os fatores constringentes do estágio em que se demora, vez por outra experimenta paz, que passa a querer em forma duradoura. No começo, são as dores com intervalos de bem-estar que o assinalam, até conseguir a tranqüilidade com breves presenças do sofrimento, culminando com a plenitude sem aflição. De degrau em degrau ascende, caindo para levantar-se, atraído pelo sublime tropismo do Amor. Conseguir o estágio mais alto, significa-lhe triunfar.
Aturdido e inseguro, descobre uma conspiração quase geral contra o seu fatalismo. São as suas heranças passadas que agora ressurgem, procurando retê-lo na área estreita do imediatismo, em nível inferior de consciência, onde apenas se nutre, dorme e se reproduz, com indiferença pelas emoções do belo, do nobre, do sadio. Anestesiado pelas necessidades vegetativas, busca apenas o gozo, que termina por causar-lhe saturação, passando a um estado de tédio que antecipa a necessidade premente de outros valores. Lentamente desperta para realidades que antes não o sensibilizavam e, de repente, passam a significar-lhe meta a conseguir, sentindo-se estimulado a abandonar a inoperância. O psiquismo divino, nele latente, responde ao apelo das forças superiores e desatrela-se do cárcere celular, qual antena que capta a emissão de mensagens alcançadas somente nas ondas em que sintoniza. O primeiro desafio, o de penetrar emoções novas, o atrai, impelindo-o a tentames cada vez mais complexos, portanto, mais audaciosos. Experimentando este prazer ético e estético, diferente da brutalidade do primarismo, acostuma-se com ele e esforça-se para novos cometimentos que, a partir de então, já não cessam, desde que, encerrado um ciclo, qual espiral infinita, outro prazer se abre atraente, parecendo-lhe cada vez mais fácil.
Tudo na vida são desafios às resistências. A “lei de entropia” degrada a energia que tende à consumpção, para manter o equilíbrio térmico de todas as coisas. O envelhecimento e a morte são fenômenos inevitáveis no cosmo biológico e no universo. Os batimentos cardíacos são desafios à resistência do músculo que os experimenta; os peristálticos são teste constante para as fibras que os sofrem;
Não fosse Jesus reencarnacionista e toda a Sua mensagem seria fragmentária, sem suporte de segurança, por faltar-lhe a justiça na sua mais alta expressão propiciando ao infrator a oportunidade reeducativa, com o conseqüente crescimento para a liberdade a que aspira. O amor por Ele ensinado, se não tivesse como apoio a bênção do renascimento corporal ensejando recomeço e reparação, teria um caráter de transitória preferência emocional, com a seleção dos eleitos e felizes em detrimento dos antipáticos e desditosos. Com o apoio na doutrina dos renascimentos físicos, Ele identificava de imediato quais os necessitados que estavam em condições de recuperar a saúde ou não, tendo em consideração os fatores que os conduziam ao sofrimento. E por isso mesmo, nem todos aqueles que Lhe buscavam a ajuda logravam-na ou recuperavam-se. Porque sabia ser enfermo o Espírito, e não o corpo, sempre se dirigia preferencialmente àindividualidade, e não à personalidade de que se revestia cada homem. Sabendo acerca da fragilidade humana, emulava à fortaleza moral, fiel à lei de causa e efeito vigente no mundo. Não apenas no diálogo mantido com Nicodemos vibrou a Sua declaração quanto à “necessidade de nascer de novo”. Ela se repete de forma variada, outras vezes, confirmando o processo das sucessivas experiências carnais, método misericordioso do amor de Deus para o benefício de todos os Espíritos. Nenhuma surpresa causara aos Seus discípulos a resposta a respeito do Elias que já viera, assim como a indagação em torno de quem Ele seria, segundo a opinião do povo, em razão de ser crença, quase generalizada à época, a pluralidade dos renascimentos.
Espírito puro, jamais enfermou, enfrentando os fatores climáticos e ambientais mais diversos com a mesma pujança de força e saúde a se refletir na expressão de beleza e de paz nEle estampada. Quem O visse, jamais O olvidaria, e todo aquele que Lhe sentisse o toque amoroso, ficaria impregnado pelo Seu magnetismo para sempre. É verdade que não poucos homens, que foram comensais da Sua misericórdia, aparentemente O esqueceram... Todavia, reencarnaram-se através da História, recordando-O às multidões, e ainda hoje se encontram empenhados em fazê-lO conhecido e amado.
A psicoterapia que Ele utilizava era centrada na reencarnação, por saber que o homem éo modelador do próprio destino, vivendo conforme o estabeleceu através dos atos nas experiências passadas. Por tal razão, jamais condenou a quem quer que fosse, sempre oferecendo a ocasião para reparar o prejuízo e recuperar-se diante da própria, bem como da Consciência Divina.
Sem preferência ou disputa por alguém ou coisa alguma, a tudo e a todos amou com desvelo, albergando a humanidade de todos os tempos no Seu inefável afeto. Espalhou missionários pela Terra, falando a linguagem da reencarnação, até o momento em que Ele próprio veio confirmá-la, acenando com esperança futura de felicidade para todas as criaturas.
Não te crucifiques na consciência de culpa, após reconheceres o teu erro. Não te encarceres em sombras, depois de identificares os teus delitos. Não te amargures em demasia, descobrindo-te equivocado. Renasce dos teus escombros e recomeça a recuperação de imediato, evitando futuros retornos expiatórios, injunções excruciantes, situações penosas. Pede perdão e reabilita-te, ante aquele a quem ofendeste e prejudicaste. Se ele te desculpar, será bom para ambos. Porém, se não o fizer, compreende-o e segue adiante, não mais errando. Infelicitado por alguém, perdoa-o e desatrela-te dele, facultando-lhe a paz e vivendo o bem-estar que decorre da ação correta. A reencarnação de que te utilizas é concessão superior, que não podes desperdiçar. Cada momento é valioso para o teu trabalho de sublimação, de desapego, de amor puro. Abrevia os teus renascimentos agindo corretamente e servindo sem cansaço, com alegria, porqüanto, para adentrares no reino dos céus, que se estende da consciência na direção do infinito, é necessário nascer de novo, conforme Ele acentuou.
paisagens nas quais atende a dor, e deixa-se mergulhar em meditações pro- fundas sob o faiscar das estrelas luminferas do Infinito. Jesus, na humanidade, significa a luz que a aquece e a clareia.
Se te deixaste fossilizar por doutrinas ortodoxas que pretendem nEle ter o seu fundador, renasce e busca-O, na multidão ou no silêncio da reflexão, fazendo uma releitura das Suas palavras, despidas das interpretações forjadas. Se te decepcionaste com aqueles que se dizem seguidores dEle, mas não Lhe vivem os exemplos, olvida-os, seguindo-O na simplicidade dos convites que Ele te endereça até agora e estão no conteúdo das Suas mensagens, ainda vivas quão ignoradas. Se não lhe sentiste o calor, rompe o frio da tua indiferença e faze-te um pouco imparcial, sem reações adrede estabelecidas, facultando-Lhe penetrar-te o coração e a mente. Na tua condição humana necessitas dEle, a fim de cresceres, saindo dos teus limites para o infinito do Seu amor. Jesus veio ao homem para humanizá-lo, sem dúvida. Cabe-te, agora, esquecer por momentos das tuas pequenezes e recebê- lO, assim cristificando-te, no logro da tua realização plena e total.
A figura humana de Jesus confirma a Sua procedência e realização como o Ser mais perfeito e integral jamais encontrado na Terra. Toda a Sua vida se desenvolveu num plano de integração profunda com a Consciência Divina, conservando a individualidade em um perfeito equilíbrio psicofísico. Como conseqüência, transmitia confiança, porque possuía um caráter com transparência diamantina, que nunca se submetia às injunções vigentes, características de uma cultura primitiva, na qual predominavam o suborno das consciências, o conservadorismo hipócrita, uma legislação tão arbitrária quanto parcial e a preocupação formalística com a aparência em detrimento dos valores legítimos do individuo. Portador de uma lidima coragem, se insurgia contra a injustiça onde e contra quem se apresentasse, nunca se omitindo, mesmo quando o consenso geral atribuía legalidade ao crime. Paciente e pacífico, mantinha-se em serenidade nas circunstâncias mais adversas, e jovial, nos momentos de alta emotividade, demonstrando a inteireza dos valores íntimos em ritmo de harmonia constante. Numa sociedade agressiva e perversa, elegeu o amor como a solução para todos os questionamentos, e o perdão irrestrito como terapêutica eficaz para todas as enfermidades. Não apenas ministrava-o através de palavras, mas, sobretudo, mediante atitudes claras e francas, arriscando-se por dilatá-lo especialmente aos infelizes, aos detestados, aos segregados, aos carentes. Em momento algum submeteu-se às conveniências perniciosas de raça, ideologia, partido e religião, em detrimento do amor indistinto quanto amplo a todos que O cercavam ou O encontravam.
Por amor, elegeu um samaritano desprezado, para dele fazer o símbolo da solidariedade. Com amor, liberou uma mulher equivocada, tirando-lhe o complexo de culpa. Pelo amor, atendeu à estrangeira siro-fenícia que Lhe pedia socorro para a enfermidade humilhante. De amor estavam repletos Seu coração e Suas mãos para esparzi-lo com os espezinhados, fosse um cobrador de Impostos, uma adúltera, o filho pró- digo, a viúva necessitada, ou a mãe enlutada. Sempre havia amor em Sua trajetória, iluminando as vidas e amparando as necessidades dos corpos, das mentes, das almas.
Compadecia-se de todos; no entanto, mantinha a energia que educa, edifica, disciplina e salva. Chorou sobre Jerusalém, invectivou a farsa farisaica, advertiu os distraídos, condenou a hipocrisia e deu a própria vida em holocausto de amor.
Em termos de psicologia profunda, a questão do julgamento das faltas alheias constitui um grave cometimento de desumanidade em relação àquele que erra. O problema do pecado pertence a quem o pratica, que se encontra, a partir daí, incurso em doloroso processo de autoflagelação, buscando, mesmo que inconscientemente, liberar-se da falta que lhe pesa como culpa na economia da consciência. A culpa é sombra perturbadora na personalidade. responsável por enfermidades soezes, causadoras de desgraças de vária ordem. Insculpida nos painéis profundos da individualidade, programa, por automatismos, os processos reparadores para si mesma. Toda contribuição de impiedade, mediante os julgamentos arbitrários, gera, por sua vez, mecanismos de futura aflição para o acusador, ele próprio uma consciência sob o peso de vários problemas. Julgando as ações que considera incorretas no seu próximo, realiza um fenômeno de projeção da sua sombra em forma de autojustificação, que não consegue libertá-lo do impositivo das suas próprias mazelas. A tolerância, em razão disso, a todos se impõe como terapia pessoal e fraternal, compreendendo as dificuldades do caído, enquanto lhe distende mãos generosas para o soerguer. Na acusação, no julgamento dos erros alheios, deparamos com propósitos escusos e vingança-prazer em constatar a fraqueza dos outros indivíduos, que sempre merecem a misericórdia que todos esperamos encontrar quando em circunstâncias equivalentes.
Jesus sempre foi severo na educação dos julgadores da conduta alheia. Certamente, há cortes e autoridades credenciadas para o ministério de saneamento moral da sociedade, encarregadas dos processos que envolvem os delituosos, e os julgam, estabelecendo os instrumentos reeducativos, jamais punitivos, pois que, se o fizessem, incidiriam em erros idênticos, se não mais graves. O julgamento pessoal, que ignora as causas geradoras dos problemas, demonstra o primitivismo moral do homem ainda “lobo” do seu irmão. O Mestre estabeleceu a formosa imagem do homem que tem uma trave dificultando-lhe a visão, e no entanto vê o cisco no olho do seu próximo. A proposta é rigorosa, portadora de claridade iniludível, que não concede pauta a qualquer evasão de responsabilidade. Ele próprio, diante da multidão aflita, equivocada, perversa, insana, ao invés de a julgar, “tomou-se de compaixão” e ajudou-a. Naturalmente não solucionou todos os problemas, nem atendeu a todos, como eles o desejavam. Não obstante, compadecido, os amou, envolvendo-OS em ternura e ensinando-lhes as técnicas de libertação para adquirirem a paz.
Tem compaixão de quem cai. A consciência dele será o seu juiz. Ajuda aquele que lhe constitui punição. Tolera o infrator. Ele é o teu futuro, caso não disponhas de forças para prosseguir bem. A tolerância que utilizares para com os infelizes se transformará na medida emocional de compaixão que receberás, quando chegar a tua vez, já que ninguém é inexpugnável, nem perfeito.
Honra é a coragem de eleger o melhor. A dubiedade na decisão entre os que O desejavam reter e aqueles que Lhe necessitavam da presença e das lições, seria a lamentável falência dos objetivos que buscava. Não há, aí, desrespeito aos familiares. Estes, sim, presunçosos e amedrontados, sem O consulrem, desrespeitavam-Lhe a opção de homem independente, que viera para um apostolado que jamais negara qual seria o término: a humilhação, a cruz, a morte. A Sua honra levava-O ao prosseguimento, mesmo lutando contra todos os fatores hostis. Ele viera romper os impedimentos, arrancar a escultura modelada do homem integral, do mármore frio da sociedade utilitarista e escravocrata. O cinzel e o martelo para arrebentar a pedra eram a honra e o dever. Nada podia emparedá-lo nos limites das conveniências, dos receios pueris, das afeições imaturas. Vinte séculos depois, ei-lO o mesmo escultor de almas, trabalhando o granito das vidas, a fim de libertá-las.
Tua honra deve modelar-se na dEle. Tua decisão para a felicidade, rompendo as estruturas passadistas e acomodadas, é a força do teu empreendimento. Entra em ti mesmo e ausculta a consciência, o teu guia íntimo, a fim de saberes o que pretendes, o que é melhor para ti e como conquistá-lo. A tua libertação diferirá daquela que rompe vínculos de afetividade para soltar-se, escravizando-se a outras situações piores. A honra de encontrar um guia interno, que te orienta nos fundamentos da vida de Jesus, éo desalgemar-se de tudo quanto constitui retentiva, para que sigas plenamente. Após isto, não serás mais o mesmo, nem te repetirás. A consciência do dever se manifestará a ti na honra de seguir em padrões de respeito a todos e a tudo, porém, de liberdade total sob a liderança de Jesus.
Tem por objetivo a justiça reparar o dano causado e corrigir o infrator, tornando-o útil à sociedade na qual se encontra. A justiça trabalha em favor da educação utilizando-se de métodos disciplinares, inclusive limitando a liberdade do delinqüente, a fim de poupá-lo, bem como a comunidade, de males mais graves. O delito resulta do desrespeito aos códigos estabelecidos de leis que regem os povos, propiciando direitos e deveres iguais aos indivíduos. Quando a justiça se corrompe, o homem tresvaria e o abuso da autoridade conduz aos extremos da sandice. Em uma sociedade justa, todos desfrutam de oportunidades iguais de progresso, face a uma idêntica distribuição de rendas. Nela, o forte ampara o fraco, o sadio socorre o enfermo, o jovem ajuda o idoso, comportamento natural, decorrente de uma consciência clara de dever, que estabelece a felicidade como conseqüência da solidariedade entre as diversas criaturas. À medida que o homem desenvolve os sentimentos e a inteligência se aprimora, as suas leis são mais brandas e a sua justiça mais eqüânime. Nos povos primitivos, a “lei do mais forte” prevalecia, substituída, mais tarde, pela condição absurda da hereditariedade, até alcançar os elevados princípios sóciodemo cráticos, nos quais, a responsabilidade pessoal tem prioridade na ação livre dos seus membros. É longo, porém, ainda, o caminho a percorrer, para que seja alcançado o respeito do homem pela vida, pelo próximo, pela natureza, pela justiça sem arbitrariedade, sem punição.
Jesus fez-se paladino da justiça equânime. Sua atitude para com as pessoas era sempre a mesma: de benevolência, com o objetivo da educação. A Nicodemos, que era doutor da alta câmara do Sinédrio, concedeu uma entrevista, nada diferente daquela que facultou a Zaqueu, o cobrador de impostos, ou à convivência com Lázaro e suas irmãs, em Betânia, ou ao ladrão, na cruz, que Lhe buscara apoio. Reconhecendo que os homens se diferenciam pelas suas conquistas intelectuais e morais e que a hierarquia na qual se encontram é de aquisição pessoal e sem jactância ou privilégios, a todos proporcionava as mesmas condições e oportunidades, jamais se excedendo com qualquer um deles. À adúltera, ou à vendedora de ilusões, ou aos sacerdotes que o interrogaram, ou aos saduceus hábeis, ou aos fariseus hipócritas, sempre concedeu o mesmo tratamento. Quando invectivou os que tentavam envolvê-lo em ciladas sofistas, comprometedoras, usou de energia sem esquecer da compaixão, por sabê-los enfermos da alma, da qual procedem todos os fenômenos do comportamento. Num período de arbitrariedades, foi magnânimo; de abuso do poder, falou sobre a renúncia à arrogância, e fez-se humilde; de exploração, ensinou a generosidade e viveu-a. Propõs que a nossa não fosse a “justiça dos fariseus” que. moralmente
Por certo, de maneira inconsciente, incontáveis indivíduos se crêem merecedores de tudo. Supõem que até o Sol brilha porque eles existem, a fim de facultar-lhes claridade, calor e vida. Fecham-se nos valores que se atribuem possuir e, quando defrontam a realidade, amarguram-se ou rebelam-se, partindo para a agressividade ou a depressão. Não assumem responsabilidades, nem cumprem com os deveres que lhes cabem. As vezes comprometem-se, para logo abandonarem a empresa acusando os outros, sentindo-se injustiçados. São exigentes com a conduta alheia e benevolentes com os próprios erros. Sempre estremunhados, tornam-se pesado fardo na economia social, criando situações desagradáveis. Fáceis e gentis quando favorecidos, tornam-se rudes e ingratos, se não considerados como acreditam merecer. Afáveis no êxito, apresentam-se agressivos no esforço. Olvidam-se de que a vida é um desafio àcoragem, ao valor moral e que todos temos deveres impostergáveis para com ela, para com nós mesmos e para com os nossos irmãos terrestres. Ninguém tem o direito de fruir sem trabalhar, explorando o esforço de outrem. O prêmio é a honra que se concede ao triunfador que se empenhou por consegui-lo. Palmo a palmo, o viajante ganha o terreno que percorre, fitando com desassombro a linha de chegada. O dever de cada um o conduz na empreitada da evolução. Esse esforço resulta da conquista moral que a consciência se permite, em plena sintonia com o equilíbrio cósmico. Ser útil em toda e qualquer circunstância, favorecer o progresso, viver com dignidade, são algumas expressões do dever diante da vida.
Em inolvidável parábola, Jesus delineou o comportamento do homem que se esforça e merece respeito, demonstrando-lhe a fragilidade e, ao mesmo tempo, o desejo de renovação. Mateus recorda que “havia um homem que tinha dois filhos. Falou ao primeiro: “Filho, vai hoje trabalhar na vinha”, ao que ele respondeu: “Sim, senhor”; porém, refletindo, mais tarde, resolveu não ir. Ao segundo filho fez a mesma proposta e ele disse: “Não quero”. Todavia, arrependido, foi. “— Qual dos dois atendeu a vontade do pai?”, pergunta o Mestre. E os interrogantes responderam a Jesus: “O segundo”. (*) Defrontamos, nessa experiência, a ação e a promessa, o fato e a intenção. A ação deve predominar porque é resultante do dever. Para ela não se tornam necessárias palavras melífluas ou confortadoras, mas sim a decisão
para realizá-la corretamente. Jesus sempre propõe o dever, a ação; bem entender, a fim de melhor atuar. Ele não induz ninguém à alienação da realidade objetiva do mundo. Ele estabelece uma escala de valores que devem ser respeitados, merecendo primazia os mais relevantes, que se tornam a pauta de conquistas do homem de bem, que cumpre com o seu dever. Diante dEle, estagnação é morte e esta é crime cometido contra o “reino de Deus” que está dentro do próprio homem, necessitando de ser conquistado. Todas as parábolas que Ele nos ofereceu estão plenas de ação, sem impositivos externos, antes como resultado de espontânea lucidez da consciência desperta.
Nunca prometas realizar o que não pretendes fazer. Jamais permaneças inoperante em um lugar já conquistado. Identifica as possibilidades aí vigentes e segue adiante. O dever que te impõe renúncia e sacrifício, também te alça à harmonia, liberando-te dos conflitos e das dúvidas. Não cesses de crescer interiormente. A insatisfação com o que já lograste sem rebeldia, será a tua motivação para conquistas mais expressivas. És servidor do mundo. Jesus, que se originara nas estrelas, afirmou ser o servo de todos e assim se fez, para que “tivéssemos vida e esta em abundância”.
(*) Mateus: 21, 28 e seguintes.