






























Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este estudo abordará a antropofagia no âmbito sexual, através do caso do canibal de rotemburgo. Os capítulos abordarão temas relacionados à antropofagia sexual, ilustrados pelo caso do açougueiro mestre. O documento discutirá a importância de explorar a antropofagia sexual, a importância dos conteúdos sexuais nas fantasias, a sublimação e a parafilia, incluindo o canibalismo como crime sexual.
Tipologia: Esquemas
1 / 38
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Pré-projeto de pesquisa, apresentado ao Centro Universitário UNIFACVEST, como pré-requisito para obtenção do título de psicólogo. Orientadora: Profª. Msc. Rejane Bergamaschi LAGES 2019
“É preciso ser igual ao outro para entendê-lo.” Hannibal Lecter.
Isabel Zotto Fernandes^1 Rejane Dutra Bergamaschi^2 RESUMO O presente estudo tratará a respeito da antropofagia no âmbito sexual, a partir do caso do Canibal de Rotemburgo. Apresentará o caso desde a infância do canibal até o fato ocorrido, e quais as consequências após seus atos. Será descrito sobre o desenvolvimento psicossocial da criança e o estágio sádico-oral a partir da teoria de Melanie Klein. Para finalizar, será descrito sobre as parafilias, seu significado e algumas de suas definições. Serão utilizados o método revisão de literatura, esta modalidade de estudo consiste em um trabalho descritivo de revisão bibliográfica. Palavras-chave: Antropofagia. Sádico-oral. Armin Meiws. Parafilias. (^1) Acadêmica da 9ª fase do Curso de Psicologia do Centro Universitário UNIFACVEST. (^2) Psicóloga – professora do Curso de Psicologia do Centro Universitário UNIFACVEST, especialista em Avaliação Psicológica e Psicologia Clínica, mestre em Ambiente e Saúde.
8 1 INTRODUÇÃO Antropofagia é um ritual de comer uma ou várias partes de um ser humano. Os povos que praticavam esse ritual faziam pensando que, assim, iriam adquirir as habilidades, força e virilidade do prisioneiro. O sentido original da palavra "antropófago" (do grego anthropos, " homem " e phagein, " comer ") foi sendo substituído pelo seu uso comum, que designa o caso particular de canibalismo na espécie humana (HOUAISS, 1979). Este trabalho está estruturado da seguinte maneira: no capítulo um será descrito o caso do Açougueiro Mestre, Armin Meiwes, um homem aparentemente comum, que praticou canibalismo, como foi sua infância, o relacionamento com sua mãe, como encontrou um voluntário para ser morto e comido por ele, e como foi sua prisão e sentença. No segundo capítulo, será descrito o desenvolvimento psicossocial de acordo com as teorias de Melanie Klein, autora importante que se destacou no campo psicanalítico não só por ter confirmado a teoria freudiana do desenvolvimento libidinal, mas por ter feito suas próprias descobertas. Será descrito sobre o estágio sádico-oral, e as fantasias do ser, a importância de se pesquisar sobre o assunto se confirma, pois, é no desenvolvimento infantil que a personalidade é estruturada, e irá influenciar em suas escolhas futuras. Para finalizar, o capítulo três, abordará a respeito das parafilias, seu significado no DSM
10 2 JUSTIFICATIVA O interesse pelo tema surgiu em 2010, enquanto estava navegando pela internet atrás de notícias menos faladas pela mídia. Li sobre o caso do canibal da Alemanha e fiquei interessada em entender melhor de onde vem esta vontade no ser humano. Desde então, comecei a pesquisar mais sobre esse assunto e outros casos menos falados. Então, foi aí que eu decidi que gostaria de fazer Psicologia, para estudar casos de criminosos, compreender suas mentes e seus comportamentos. Assim, decidi que o tema do meu TCC seria sobre o canibalismo, a respeito da história de Armin Meiwes. O canibalismo é o ato de comer todo ou apenas uma parte de um indivíduo da mesma espécie, é uma prática antiga, e tem diversas motivações, mas não se sabe exatamente quais são seus significados e consequências psicológicas, os quais levam um indivíduo a cometer tal ato. Entre os humanos, denomina-se antropofagia. A antropofagia é a prática na qual um ser humano se alimenta de toda a carne de outro ser humano, ou apenas pedaços. Foi praticada no passado por vários povos de diferentes eras, etnias e culturas. A origem desta prática é cheia de mistério e certamente assim permanecerá. Acredita-se que o canibalismo exista desde os mais antigos estágios de desenvolvimento da humanidade, e tenha surgido por vários motivos, desde sobrevivência à fome, tentativa de tranquilizar os deuses, até o desejo de vingar-se ou exercer controle sobre os inimigos. O que me desperta interesse pelo tema, é que todos temos nossas fantasias sexuais, inconscientemente elas podem ser sádicas, e o ato de comer de fato a carne humana, é a concretização de uma fantasia. Mas, diferentemente dos canibais, procuramos outros meios de nos satisfazermos.
11 3 PROBLEMA DE PESQUISA Antropofagia é um ritual, normalmente religioso ou de magia, em que é praticado o ato de comer carne humana, motivado pela crença de que a força e as habilidades do indivíduo sejam transferidas para quem o come. De algum modo, ela também se faz presente nas relações afetivas e sexuais, deste modo, tendo em vista este conceito, cabe perguntar: Qual a importância de explorar a respeito da antropofagia no âmbito sexual?
13 5 CAPÍTULO 1 - O AÇOUGUEIRO MESTRE Este capítulo será dedicado a apresentar a história de Armin Meiwes, as fontes consultadas foram a Folha de São Paulo do ano de 2003, G1 de 2007. Armin Meiwes ficou conhecido no mundo todo quando resolveu realizar seu desejo de experimentar o sabor da carne humana. Tudo aconteceu em março de 2001, quando ele encontrou na internet um voluntário para realizar seu sonho. Armin nasceu em 1 de dezembro de 1961, em Rotemburgo, na Alemanha. Teve uma infância solitária, o pai e seus dois irmãos mais velhos o abandonaram com a mãe depressiva, em uma casa enorme quando ainda tinha seis anos de idade. Foi quando ele criou um amigo imaginário chamado Frank para suprir a falta de ter outra criança por perto. Meiwes sempre quis ter um irmão mais novo, alguém que pudesse fazer parte de quem ele era. Na escola, era humilhado. Em casa, Meiwes dissecava bonecas e as queimava, já fantasiando com canibalismo. A relação com sua mãe era estranha, ela abusava de seu poder de mãe e o pressionava psicologicamente para que ele nunca a abandonasse. Ele pedia permissão para sair de casa até seus 30 anos. Quando adolescente começou a ter fantasias canibais, mas só procurou colocar suas vontades em prática depois da morte da mãe. Aos 39 anos de idade, engenheiro de computação, decidiu ir atrás de seu sonho de comer carne humana. Publicou então um anúncio em um site chamado The Cannibal café (um site de blogs para pessoas com fetiches canibais), com o nickname de “ antropófago ” procurando uma pessoa forte de 18 a 30 anos de idade para ser abatida e depois consumida por ele. Relatou que manteve contato com mais de 400 homens, muitas pessoas responderam ao anúncio, mas recuaram, Meiwes não tentou forçá-las a fazer nada contra sua vontade. Até que encontrou a pessoa perfeita, Bernd Jürgen Armando Brandes, de 42 anos de idade, um engenheiro de Berlim. Mantiveram contato durante alguns dias e trocaram mensagens do tipo “ espero que me ache saboroso ” e “ estou ansioso para saboreá-lo ”. No dia 9 de março de 2001, os dois se encontraram na casa de Meiwes, tiveram uma relação sexual e então Brandes tomou 20 comprimidos de calmantes e uma garrafa inteira de Vodka. Armin iniciou uma gravação em fita de vídeo porque gostaria de ter para sempre a cena
14 dos dois juntos. Começando a ficar dopado, ele pediu para que Armin arrancasse seu pênis com os dentes. Ele deu algumas mordidas, mas não conseguiu arrancar o membro, então pegou uma faca e o cortou fora. Meiwes fritou o pênis em uma panela com sal, pimenta, vinho e alho e serviu para que os dois comessem juntos. Brandes já estava ficando fora de si e não conseguiu comer nem um pedaço, tentou, mas alegou que estava muito duro. Meiwes em seguida levou Brandes para um banho, o deixou na banheira enquanto estava lendo um livro. Voltava a cada 15 minutos para verificar Brandes que estava sangrando. Ao retirá-lo da banheira, Brandes entrou em colapso, caindo inconsciente devido a hemorragia. Meiwes o colocou em uma mesa de aço no porão e fez longas orações e lhe deu um beijo antes de apunhala-lo na garganta. Após drenar o corpo de Brandes, Armin pendurou o corpo em ganchos de açougueiro, daí o apelido de Açougueiro Mestre, e começou a fatiar em partes. Ele guardou 20 quilos de carne que consumiu durante os próximos meses. Quando a carne estava acabando, ele voltou ao site e postou que precisava de mais um voluntário pois seu estoque estava chegando ao fim. Foi então que um estudante da Austrália ao ver sua publicação, o denunciou a polícia, que ao chegar na casa de Armin encontrou restos do corpo de Brandes e a fita de vídeo que ele gravara cada passo naquela noite. Meiwes foi preso em dezembro de 2002, acusado de homicídio por razões sexuais, já que canibalismo não era um item presente no Código Penal alemão (no brasileiro, existe o crime de “vilipêndio a cadáver”, artigo 212, ato sujeito a detenção de 1 a 3 anos). Foi condenado à prisão perpétua (primeiramente havia sido condenado a 8 anos de prisão, mas a promotoria recorreu). O caso gerou uma grande polêmica jurídica na Alemanha, com muitas pessoas defendendo Meiwes das acusações mais graves. Durante seus dois julgamentos, em 2004 e 2006, Meiwes disse que sempre sonhou em ter um irmão mais novo – “ alguém para fazer parte de mim ” - e ficou fascinado pelo canibalismo como meio de satisfazer esta obsessão. “ Peguei meu melhor aparelho de jantar e fritei um pedaço de suas costas, fiz também o que chamo de batatas princesa com brotos. Então preparei meu jantar e comi. A primeira mordida foi estranha, muito estranha. Foi um sentimento que não posso descrever. Passei mais de 30 anos sonhando com isso. E agora, eu estava começando realmente a atingir esta conexão íntima e perfeita com ele através de sua carne. ”, disse Meiwes em entrevista. “ A carne tem sabor de porco, um pouco mais amarga e mais forte. Tem um gosto muito bom”, disse ele. Afirmou também que quando era criança gostava de ouvir sua mãe ler para ele a história de “João e Maria”, sobre uma bruxa que
16 Estão no cardápio Porque você é o que você come E você sabe o que ele é é minha parte (não) Minha parte (não) Essa é minha parte (não) Minha parte (não) A boa lâmina dura e certa Eu sangro demais e sinto-me mal Também devo lutar contra o desmaio Continuarei comendo mesmo sob espasmos Está tão bem temperado e bem flambado E tão adoravelmente servido em porcelana Com um bom vinho e suave luz de vela Sim, vou devagar, devo ser elegante Porque você é o que você come E você sabe o que é Um grito percorrerá o céu E passará através de um rebanho de anjos Do topo das nuvens cairão penas com carne Em minha infância com gritos FONTE: vagalume.com
17 Na sitcom britânica The IT Crowd , há uma referência ao acontecido. No episódio terceiro da 2ª temporada com o nome de "Moss and the German". Foi feito um filme de terror, produzido na Alemanha em 2006 , baseado na história real, intitulado no Brasil de " O Canibal " (Rohtenburg). A música Eaten da banda Bloodbath fala sobre o incidente; Eu tenho um desejo desde que nasci De ver meu corpo rasgado e dilacerado De ver minha carne devorada diante dos meus olhos Estou aqui para você eu sou voluntário como sacrifício humano Me corte, me fatie Chupe minhas entranhas, lamba meu coração Me corte em pedaços eu gosto de ser machucado Beba minha gordura e sangue como sobremesa Devorado... meu maior desejo, meu único desejo é ser Devorado... quanto mais eu vivo mais morro de vontade de sentir a dor Devorado... eu faria qualquer coisa pra ser Devorado... meu maior desejo, meu único desejo é ser Devorado... Eu finalmente te achei, meu estripador pessoal Como um aperitivo, eu te deixarei provar da minha filha Me chame de doente, mas isso é o que preciso Meu único propósito aqui é de te alimentar
19 6 CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DE ACORDO COM MELANIE KLEIN A teoria do desenvolvimento psicossexual foi proposta pelo psicanalista Sigmund Freud, o qual descreveu como a personalidade era desenvolvida ao longo da infância. Freud acreditava que a personalidade era desenvolvida através de uma série de estágios de infância, em que as energias da busca do prazer do ID tornam-se focadas em determinadas áreas erógenas. Esta energia psicossexual, ou libido, foi descrita como a força motriz por trás do comportamento (FADIMAN; ROBERT, 1976). Melanie Klein (1996), destacou-se no campo psicanalítico não só por ter confirmado a teoria freudiana do desenvolvimento libidinal, mas por ter feito suas próprias descobertas dos estágios iniciais do desenvolvimento da criança. Enquanto Freud teve, na análise de adultos, o sustento para construir suas teorias, Klein se baseou em sua vasta experiência com a clínica de crianças. Para Klein (1952), o mundo interno do bebê é recheado por fantasias, ansiedades, figuras más e boas, sendo que, desde o nascimento, o bebê está exposto à luta entre as forças de vida e de morte, representadas pelos impulsos libidinais e agressivos. De acordo com a teoria Kleiniana, há de se considerar que cada criança nasce com um “dote pulsional”, uma importância de acesso de vida e de morte, cujo equilíbrio se mantém quando o bebê está livre de tensões internas e/ou externas. Desta forma, as experiências gratificantes - como o carinho da mãe - reforçam a pulsão de vida e as experiências frustradoras - como a falta da mãe - intensificam o desejo de morte. No primeiro ano de vida, as experiências entre mãe e bebê são marcadas por uma modificação importante no que diz respeito às relações de objeto: a relação com o objeto parcial dá lugar à relação com o objeto total. Com base nestes pressupostos, Klein (1935) descreveu os primeiros meses de vida do bebê a partir de duas posições: a posição esquizo-paranoide e a posição depressiva. A autora localizou a posição esquizo-paranoide, entre o nascimento e o terceiro ou quarto mês de vida do bebê, período em que os processos de divisão do seio em seio bom (gratificador) e seio mau (frustrador) estão em seu ponto máximo, assim como os impulsos destrutivos. Assim, os impulsos amorosos projetados pelo bebê dão origem ao seio bom e os impulsos destrutivos dão origem ao seio mau. Há o objeto amado e o objeto odiado, que o bebê imagina serem separados.
20 Já numa idade muito tenra, as crianças passam a se familiarizar com a realidade através das privações que lhes são impostas. Elas se defendem da realidade repudiando-a. No entanto, o ponto fundamental, que servirá de critério para toda capacidade posterior de adaptação à realidade, é o grau em que consegue tolerar as privações resultantes da situação edipiana (Klein, 1926, p. 153). Como o ego se identifica com os objetos bons, a ansiedade está intimamente ligada à sua preservação, já que há o perigo de que os impulsos destrutivos do bebê ataquem os objetos bons e, consequentemente, o ego, provocando sua separação. A divisão do seio entre bom e mau se relaciona ao equilíbrio entre impulsos libidinais e agressivos. Se há frustrações, os impulsos agressivos se tornam predominantes e o equilíbrio se rompe, dando origem ao desejo, essencialmente oral. O aumento do desejo, por sua vez, reforça a frustração e os impulsos agressivos. No estágio sádico-oral descrito por Klein (1932), o bebê, inicialmente, apresenta um grande prazer em sugar o seio da mãe, mas, quando surge o impedimento de satisfação, o resultado é uma frustração, já que o bebê deseja uma satisfação ilimitada. Mordendo, ele realiza o desejo sádico de destruir o objeto que gerou frustração. No bebê, as necessidades físicas provocam um aumento de tensão que faz com que a libido não realizada se torna em ansiedade. A ansiedade se aumenta a raiva, expressa pela fantasia de chupar o seio da mãe até esvaziá-lo. O seio frustrador é sempre o primeiro alvo dos ataques das fantasias sádicas e depois elas se estendem ao interior do corpo da mãe que, na fantasia do bebê, contém o pênis do pai, além de dejetos e os possíveis irmãos. Klein (1930) explica que o bebê fantasia que, devido à relação sexual entre os pais, o pênis do pai foi absorvido pela mãe. As fantasias sádicas apontam para a imagem de um bebê destruidor, com o qual Klein (1932) teve contato a partir da análise de seus pequenos pacientes. De acordo com a teorização kleiniana, as fantasias são naturais do sujeito, uma vez que são as representantes dos instintos, libidinais e agressivos, os quais agem na vida desde o nascimento. Elas apresentam componentes corporais e psíquicos, dando origem a processos pré-conscientes e conscientes, e acabam por determinar, a personalidade. O primeiro alvo das fantasias da criança é o corpo da mãe, já que ela é o principal alvo com o qual a criança se relaciona em seus primeiros dias de vida. As fantasias a respeito da