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irc dialitico, Notas de estudo de Nutrição

IRC dialitico

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 22/09/2014

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PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA HOSPITAL REGIONAL
DE SANTA MARIA
MÓDULO: PRONTO ATENDIMENTO
PRECEPTORES: JULIANE FERREIRA
MARIANA BATISTA
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
DIALÍTICO
Joseane Oliveira Silva
Brasília-DF, 2014
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PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA HOSPITAL REGIONAL

DE SANTA MARIA

MÓDULO: PRONTO ATENDIMENTO

PRECEPTORES: JULIANE FERREIRA

MARIANA BATISTA

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

DIALÍTICO

Joseane Oliveira Silva

Brasília-DF, 2014

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O nosso organismo passa continuamente por processos de metabolismo a nível celular e nestes processos a grande formação de resíduos que em altas quantidades trazem prejuízos ao organismo, tal como o dióxido de carbono. Além disso, pode também tem o excesso de água e calor. Nos processos como o catabolismo das proteínas tem-se como produto final toxinas nitrogenadas como a amônia e a uréia. Acúmulo de íons como o sódio, cloreto, sulfato, entre outros (TORTORA, 2000).

Com isso, para que a homeostase do organismo seja mantida é necessária a excreção destas substâncias, sendo que os rins têm importante papel neste processo através do controle da composição e volume sanguíneo (TORTORA, 2000).

2. RINS

Os rins são órgãos situados fora da cavidade peritoneal na parede abdominal posterior e tem o formato de um grão de feijão. Quanto à estrutura a superfície externa convexa e arredondada de cada rim situa-se lateralmente, já sua parte côncava, conhecida como hilo, está localizada na medial (figura 1) (EATON; POOLER, 2004). No hilo fica situado as estruturas vasculares e nervosas (artérias, veias renais, vasos linfáticos, plexos nervosos e pelve renal), dando origem ao ureter (MONKHOUSE, 2004)

O parênquima renal ao corte apresenta uma cortical (de cor avermelhada) e uma medular (de cor amarelo- pálida). Na região medular é possível observar projeções cônicas ou piramidais de aspecto estriado com as bases voltadas para o córtex e o ápice ao hilo renal e se projetam na pelve renal. Esse conjunto pirâmide renal juntamente com o córtex e denominado lobo renal. Quanto ao córtex a parte que encobre a base e denominado córtex centrolobar, e a localizada lateralmente à pirâmide renal é o septo renal. As colunas renais ou de Bertin, são a união dos septos renais adjacentes, e separam as pirâmides (MONKHOUSE, 2004).

proteínas de alto peso molecular, grandes para passar pela membrana de filtração (TORTORA, 2004).

No que diz respeito à função renal a mais conhecida delas é a remoção de restos metabólicos. Contudo outras funções também podem ser atribuídas aos rins (EATON; POOLER, 2004):

  1. Regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico.

O rim permite a eliminação de água e de minerais como sódio, potássio e magnésio quando em excesso para manutenção do equilíbrio corporal.

  1. Excreção de restos metabólicos.

Continuamente nosso corpo produz restos metabólicos que precisam ser excretados, tais como, uréia, ácido úrico, entre outros. Os rins contribuem na eliminação destes componentes do organismo.

  1. Excreção de substâncias bioativas.

Substâncias como os fármacos são removidos do corpo por processos renais.

  1. Regulação da pressão arterial.

Além de participar do controle do volume de água e eletrólitos, os rins também contribuem na síntese de substâncias vasoativas que mediam a regulação dos níveis pressóricos.

  1. Regulação da produção de Vitamina D.

No processo de transformações bioquímicas para formação da vitamina D algumas etapas ocorrem nos rins.

3. TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR

A Taxa de Filtração Glomerular é a quantidade de filtrado que se forma em ambos os rins a cada minuto. Um indivíduo adulto está taxa é de aproximadamente 125ml/min, cerca de 180 litros por dia. Para que o corpo mantenha a homeostase da filtração glomerular é necessário que a taxa de filtração se mantenha constante. Deste modo, se a

taxa estiver muito alta significa que as substâncias necessárias passam tão rapidamente pelos néfrons que não são absorvidas sendo excretadas do organismo como parte da urina. Porém se a taxa de filtração estiver muito baixa quase todo o filtrado é reabsorvido e os rins não eliminam os resíduos necessários (SINGI, 2004).

4. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC)

O processo da perda da função renal é caracterizada por estágios clínicos distintos. O primeiro é conhecido como reserva renal diminuída onde há uma perda de 40 a 75% da função do néfron, e em geral, o paciente não apresenta sintomas porque os néfrons remanescentes são capazes de realizar as funções normais do rim. O segundo estágio é conhecido como Insuficiência Renal, onde 75 a 90% da função do néfron foram perdidos (BERREDO; CARVALHO, 2004)

Para Ribeiro et al. (2009), define-se insuficiência renal quando os rins não são capazes de remover os produtos de degradação metabólica do corpo ou de realizar as funções reguladoras. As substâncias normalmente eliminadas na urina acumulam-se nos líquidos corporais em consequência da excreção renal comprometida, e levam a uma ruptura nas funções endócrinas e metabólicas, bem como a distúrbios hidroeletrolíticos e ácido- básicos. A insuficiência renal é uma doença sistêmica e consiste na via final comum de muitas diferentes doenças do rim e do trato urinário.

Na IRC ocorre uma perda gradual e irreversível no número de néfrons. Em diminuição de 20 a 30% de néfrons funcionantes concentrações sanguíneas relativamente normais da maioria dos eletrólitos e volumes normais dos líquido corporais podem ser mantidos. Isso ocorre, devido a mecanismos compensatórios, como aumento da vascularização renal que contribui para o aumento da irrigação dos glomérulos e o conseqüente aumento da filtração glomerular e do débito urinário (RIELLA, 2003).

Com o passar do tempo esses mecanismos compensatórios podem levar a lesões nos néfrons remanecentes, principalmente nos glomérulos. Estudos revelam que estas lesões podem está relacionadas com a vasodilatação funcional e com o aumento da pressão sanguínea que provoca a esclerose e o fibrosamento das arteríolas renais. Estas lesões podem ainda obliterar o glomérulo, levando à redução adicional da função renal, a

novamente ao corpo. O capilar é responsável pela filtração do sangue e utiliza o transporte baseado na difusão de solutos e fluidos através de membranas de cuprofano e de celulose acetato. Atualmente existem membranas que usam polissufonas, poliacrilonitrico ou poliamido como material básico. Estas ultimas membranas são mais permeáveis e tem maior possibilidade de tirar moléculas e maior peso molecular. É importante ressaltar que as membranas do capilar devem ser atóxicas e compatíveis com as hemácias, leucócitos, plaquetas e proteínas plasmáticas (DAURGIRDAS, 2003).

Figura 2. Processo da hemodiálise.

Para que o procedimento aconteça é necessário que o sangue passe pelo filtro capilar. Sendo assim, é fundamental ter um vaso sanguíneo resistente e acessível que possam ser puncionados três vezes por semana por agulhas especificas. Esse vaso sanguíneo é obtido através de uma fistula artéria venosa e é feita por um cirurgião vascular unindo uma veia e uma artéria vascular do braço, permitindo um fluxo de sangue superior a 250ml/minuto. O fluxo passa pelo filtro capilar por aproximadamente 4 horas retirando os resíduos indesejáveis (FERMI, 2003).

Na hemodiálise é necessário uma fistula artério- venosa com bom fluxo, condições hospitalares, maquinaria adequada e equipe médica permanente. Até que a fistula artério- venosa esteja em condições para hemodiálise o paciente usará um cateter de

duplo lúmen instalado em uma grande veia, podendo ser subclávias, jugulares ou femorais. O tempo de permanência com este cateter é de 2 meses, até a maturação da fistula artéria venosa (FERMI, 2003).

O processo da hemodiálise tem capacidade de filtração igual ao rim humano. A diferença é que a hemodiálise é realizada em três sessões de quatro horas contabilizando 12 horas semanais. O rim normal trabalha 24 horas por dia 168 horas semanais (RIELLA, 2003; DAUGIRDAS, 2003). Quanto as complicações da hemodiálise é possível citar a hipertensão e hipotensão arterial, anemia severa, descalcificação, desnutrição, aumento de peso pela água ingerida (FERMI, 2003).

6. HEMODIALISE E ESTADO NUTRICIONAL

O processo da hemodiálise acarreta em vários impactos no estado nutricional. Sabendo disso, essas mudanças de ordem nutricional em pacientes em hemodiálise devem ser precocemente diagnosticadas e corrigidas (SEGALL et al, 2009), pois podem piorar a evolução do quadro clínico do individuo. Como consequência pode-se citar o aparecimento de quadros infecciosos, o aumento do tempo de permanência hospitalar, as comorbidades e a mortalidade aumentadas, e a piora da qualidade de vida do paciente passa a ser uma realidade comum (PIFER et al., 2002).

A desnutrição é uma das consequências mais comum nos pacientes dialisados condição (SEGALL et al, 2009) e tem significativa relação com a morbidade e a mortalidade dos pacientes com IRC em hemodiálise (CANOA et al., 2006). Dados epidemiológicos demonstram que a desnutrição variando de moderada a grave, com redução de sobrevida, têm sido encontrada em mais de 20% dos pacientes em hemodiálise (CANOA et al., 2006).

A fisiopatologia da desnutrição nos pacientes dialisado pode ser explicada através de vários fatores, tais como: anorexia, pela redução do consumo alimentar (BELLIZZI et al., 2003); distúrbios gastrointestinais (gastroparesia e náuseas e vômitos decorrente da toxicidade urêmica), acidose metabólica; fatores associados ao procedimento dialítico propriamente dito, como eficiência e tempo; distúrbios hormonais (resistência à ação de

A acidose também é outro fator responsável pelo aumento do catabolismo protéico, induzindo balanço nitrogenado negativo em indivíduos com IRC. Essa se desenvolve de forma secundária à redução da massa renal e inabilidade dos néfrons remanescentes em excretar as principais cargas ácidas pela amoniogênese. Enquanto a capacidade global do rim em excretar os ácidos diminui, a amoniogênese por néfron aumenta, como compensação do decréscimo no número de néfrons funcionais. A amônia ativa sistema complementar alternativo que pode causar inflamação tubulointersticial e injúria (SHAH et al., 2009).

7. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO PACIENTE EM HEMODIALISE

A avaliação nutricional é procedimento essencial na conduta clínico nutricional. O Dialysis Outcome Quality Initiative (DOQI) recomenda a avaliação nutricional regular de todos os pacientes dialisados, tanto nos estágios de pré-diálise quanto de diálise (SEGALL et al., 2009).

O principal objetivo da avaliação nutricional é identificar distúrbios nutricionais, possibilitando intervenção mais adequada para cada paciente de forma a auxiliar na recuperação e/ou na manutenção do estado de saúde do indivíduo (YAMADA et al., 2008). Essa avaliação e o acompanhamento desses pacientes podem retardar a evolução da doença e as complicações, contribuindo principalmente para a prevenção de má nutrição (NUNES et al., 2008).

O processo de HD pode levar à remoção de um a quatro litros de fluido no período médio de quatro horas, dependendo do paciente e da eficiência da diálise. As alterações no volume do fluido corporal podem resultar em situações que variam desde edema e congestão pulmonar até hipotensão e desidratação. Estas constantes variações hídricas podem tornar imprecisas as medidas da composição corporal, dificultando a avaliação e o acompanhamento do estado nutricional (SEGALL et al., 2009).

Além disso, a perda de massa muscular nos pacientes hemodialisados é frequentemente associada à massa gorda relativamente bem preservada. Isso, juntamente com os desequilíbrios na homeostase fluida pode levar a mudanças no IMC e a interpretações ambíguas quando este é usado como marcador nutricional (EYRE et al., 2008).

Os indicadores bioquímicos podem ser alterados pelo estado hídrico e inflamatório. Já os métodos de recordatório dietético podem ser prejudicados devido à memória dos pacientes (influenciada negativamente pela idade e uremia). Assim, de modo geral, muitos parâmetros são influenciados negativamente pelas diversas alterações metabólicas decorrentes da própria doença renal, do tratamento dialítico e das comorbidades adjacentes que alteram o estado nutricional, inflamatório e clínico (STEIBER et al., 2007).

Então, é importante a adoção de várias técnicas, de preferência simples, de baixo custo, que não ofereçam riscos e que possam identificar adequadamente os pacientes desnutridos, prevendo risco de desenvolvimento de complicações e de mortalidade (SEGALL et al., 2009)

Diversos métodos podem ser utilizados para a avaliação do estado nutricional de indivíduos renais crônicos, tais como métodos clínicos, bioquímicos e antropométricos. No entanto, a utilização de vários parâmetros se faz necessária para que diagnóstico mais preciso seja realizado (SEGALL et al., 2009).

8. TERAPIA NUTRICIONAL NO PACIENTE IRC EM HEMODIALISE

A terapia nutricional nos pacientes em hemodiálise tem como objetivos manter ou atingir um estado nutricional, com o adequado consumo de energia, proteína, vitaminas e minerais; controlar a ingestão de sódio, potássio e líquidos para evitar o desequilíbrio eletrolítico e o edema; ponderar a ingestão da vitamina D, cálcio e fósforo para evitar a osteodistrofia renal e propiciar ao paciente uma dieta adequada ao seu estilo de vida o mais próximo possível (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

A ingestão de energia deve ocorrer de acordo com as recomendações para essa população, para poupar proteína para a formação proteica tecidual. É essencial ao paciente renal crônico uma ingestão adequada de carboidratos e lipídios, para que as proteínas não sejam usadas como fonte energética (MARTINS; RIELLA, 2001).

As recomendações de energia para a manutenção de peso têm o valor estimado de 30- 35kcal/kg/dia, para a repleção de peso o valor ideal varia de 35-50kcal/kg/dia. A

em 24 horas, aumentando a ingestão hídrica em casos como diarreia e transpiração excessiva (MARTINS; RIELLA, 2001).

REFERÊNCIAS

EATON, D. C.; POOLER, J. P. Fisiologia renal de Vander. Artimed. 6ª ed. São Paulo,

TORTORA, G. J. Corpo Humano : fundamentos de anatomia e fisiologia. 4. ed. Porto Alegre: Universitária e Artemed, 2004.

MONKHOUSE, S. Anatomia Clínica : um texto essencial com auto avaliação. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

FIELD, M; POLLOCK, C.; HARRIS, D. O Sistema renal : ciência básica e condições clínicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

SINGI, G. Fisiologia Dinâmica. 1. ed. Porto Alegre: Atheneu, 2004.

RIELLA, M.C.; MARTINS, C. Avaliação e Monitorização do Estado Nutricional em pacientes renais. In: RIELLA, M.C.; MARTINS, C. Nutrição e o rim. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

RIELLA, L.V.; RIELLA, M.C. Noções de Anatomia e Fisiologia Renal. In: RIELLA, M.C.; MARTINS C. Nutrição e o rim. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. p.103-13.

DAUGIRDAS, J. T.; BLAKE, P. G.; ING, T. S. Manual de dialise. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora mdsi, 2003.