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Guias e Dicas
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Estudo da Tolerância à Dor através do Estímulo Elétrico: Análise de Variáveis Relacionadas, Notas de estudo de Direito

Diversas pesquisas que utilizam o estímulo elétrico para estudar a dor, demonstrando sua segurança. O estudo analisou variáveis como a entropia aproximada, área do sinal eletromiográfico, eva e rms, antes e depois da estimulação, em função da intensidade do estímulo elétrico aplicado. A tolerância à dor é medida pela eva.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pipoqueiro
Pipoqueiro 🇧🇷

4.5

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA
AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE ELETROMIOGRAFIA E A
SENSAÇÃO SUBJETIVA DA DOR
IRAIDES MORAES OLIVEIRA
UBERLÂNDIA, MG
2013
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Baixe Estudo da Tolerância à Dor através do Estímulo Elétrico: Análise de Variáveis Relacionadas e outras Notas de estudo em PDF para Direito, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA

AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE ELETROMIOGRAFIA E A

SENSAÇÃO SUBJETIVA DA DOR

IRAIDES MORAES OLIVEIRA

UBERLÂNDIA, MG

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA

AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE ELETROMIOGRAFIA E A

SENSAÇÃO SUBJETIVA DA DOR

IRAIDES MORAES OLIVEIRA

Tese de Doutorado apresentada à Universidade Federal de Uberlândia, perante a banca examinadora, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências. Aprovada em 28 de junho de 2013.

Banca examinadora:

Prof. Dr. Adriano Alves Pereira – UFU (orientador) Prof. Dr. Adriano de Oliveira Andrade – UFU (co-orientador) Prof. Dr. Sílvio Soares dos Santos – UFU Prof. Dr. Daniel Antônio Furtado – UNIUBE Profa. Dra. Erika Mattos Santangelo – UNIFESP

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Saber Viver

Cora Coralina

Não sei… Se a vida é curta Ou longa demais pra nós, Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita, Alegria que contagia, Lágrima que corre, Olhar que acaricia, Desejo que sacia, Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, É o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela Não seja nem curta, Nem longa demais, Mas que seja intensa, Verdadeira, pura… Enquanto dura.

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DEDICATÓRIA

À Deus.

Aos meus pais, Ilza e Vilmar.

Ao meu irmão Vilmar Filho.

Ao meu querido amigo e eterno professor Geraldo Wendel P. Silvério (in memorian).

iv

AGRADECIMENTOS

Aos profissionais que cuidam da minha saúde: Dr Carlos, Dra Elba, Dr Reverson, Dra

Renata, Dra Christina, Dra Marliseti, Dra Yassue.

Ao meu co-orientador Adriano de Oliveira Andrade. Ao companheiro de pesquisa Alessandro Ribeiro de Pádua Machado. Às minhas meninas de iniciação científica Talita e Vitória. Aos amigos Nayara e Guilherme Cavalheiro. À todos os amigos do Biolab: Laíse, Daniel, Maria Fernanda, Jeovane, Éder, Reuder,

Tati, Ródney, Bruno, Lucas, Angela, Maristela, Branquinho, Carlos Galvão.

Ao Professor Alcimar Barbosa Soares. Ao Professor Fabiano Politti. Ao Antonio Dutra. À todos os meus tios e familiares. À Madrinha Geralda, à Renilda, à Madalena e à Ivalda. À Dona Maria Helena, Dona Ivonete e o José. Ao John David e toda sua família. Ao meu professor e amigo Eduardo Vasconcelos. À minha professora e prima Adriana Vieira Macedo. Ao meu amigo Aécio Júnior. Aos meus orientadores de mestrado: Professora Erika e Professor Sergio Cravo. À Elba, Valé, Carlla Priscylla e Neto. À CAPES pelo apoio financeiro. À todos os sujeitos de pesquisa. Enfim, à todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta

pesquisa.

v

RESUMO

A dor é uma sensação desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial. A avaliação da dor é muito importante para estabelecer a eficácia de analgésicos e terapias, no entanto, por ser uma experiência complexa e subjetiva torna-se necessário um método que a quantifique objetivamente. Biopotenciais, como os sinais de eletromiografia (EMG) podem auxiliar no estudo da dor. O reflexo de flexão nociceptivo (RFN), que é observado no músculo bíceps femoral com a estimulação elétrica no nervo sural ipsilateral, tem sido utilizado como um indicador nociceptivo fisiológico. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é analisar se há relação entre a intensidade do estímulo elétrico, percepção subjetiva do voluntário e o RFN obtido através da EMG do músculo bíceps femoral após eletroestimulação do nervo sural ipsilateral. Participaram do experimento 10 indivíduos saudáveis do gênero masculino, com faixa etária de 20 a 27 anos no Laboratório de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. No membro inferior direito (dominante) do voluntário, foi posicionado sobre a via retromaleolar externa do nervo sural o eletrodo de eletroestimulação. No músculo bíceps femoral do mesmo membro, foi fixado o eletrodo de EMG de superfície. Os parâmetros do estímulo foram determinados no equipamento Neuropack S1 MEB-9400 Nihon Kohden, os quais foram os seguintes: 5 trens de pulso retangulares com 0,2 ms de duração e intervalo de 10 ms entre os pulsos. A aquisição dos sinais eletromiográficos foi controlada pelo software Myosystem-Br versão 3.5.6. Utilizando-se a Escala Visual Analógica (EVA), foi determinado o limiar de dor e o nível de tolerância do sujeito de pesquisa, os quais foram normalizados com 0% e 100% respectivamente. Foi analisada a entropia aproximada, a área do sinal eletromiográfico, a EVA e o RMS ( root mean squared ) em função da intensidade do estímulo elétrico aplicado. A entropia aproximada foi avaliada, através do sinal eletromiográfico, 100 ms antes (PréEn) e 200 ms depois (PósEn) do estímulo elétrico. Os dados foram armazenados em .txt e analisados com o software MatLab, onde foi desenvolvida uma interface específica para processar os sinais coletados. Fez-se a análise estatística com base no Coeficiente de Correlação de Pearson (r), Coeficiente de Determinação (r^2 ) e regressão linear. Houve uma correlação linear forte positiva da EVA em função do estímulo, com r = 0,998307 e r^2 = 0,9966. A PréEn demonstrou uma correlação linear fraca negativa, sendo r = -0,67741 e r^2 = 0,4589 e a PósEn uma correlação linear forte negativa em relação ao estímulo, com r = -0,93315 e r^2 = 0,8708. A área apresentou correlação linear forte positiva em relação ao estímulo aplicado (r = 0,974094 e r^2 = 0,9489), bem como o RMS 200 ms após o estímulo (r = 0,97 e r^2 = 0,946). Portanto, foi possível observar que as variáveis PósEn, RMS e área do reflexo de flexão são parâmetros relevantes na correlação subjetiva da dor.

Palavras chave: Dor, eletromiografia, reflexo de flexão nociceptivo.

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADP: adenosina difosfato

Ag/AgCl: Prata/cloreto de prata

ApEn: entropia aproximada

ATP: adenosina trifosfato

Aβ: A Beta

Aδ: A delta

CEP: Comitê de Ética em Pesquisa

CGRP: peptídeo relacionado ao gene da calcitonina

cm: centímetros

demg: sinal eletromiográfico

EMG: eletromiografia

EVA: Escala Visual Analógica

Hz: Hertz

IASP: International Association for the Study of Pain

IMC: Índice de massa corpórea

ISEK: International Society of Electrophysiology and Kinesiology

kg: quilogramas

kHz: 10³ Hertz

m/s: metros por segundo

m: comprimento de um padrão

m: metros

mA: miliampere

ms: milissegundos

nível DC: contínuo

viii

PósEn: entropia aproximada em um período de 200 ms após a estimulação

PréEn: entropia aproximada em um período de 100 ms antes da estimulação

r: Coeficiente de Correlação de Pearson

r²: Coeficiente de Determinação

RFN: Reflexo de Flexão Nociceptivo

RMS: root mean squared

s: critério de similaridade ou tolerância de comparação

SENIAM: Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles

SNC: Sistema Nervoso Central

TENS: Transcutaneous electrical nerve stimulation

UFU: Universidade Federal de Uberlândia

V: voluntário

α: alfa

μm: micrometros

x

Figura 4.2 Valores da EVA relatados pelos voluntários visualizados na interface gráfica desenvolvida no MatLab. A Figura A mostra cada voluntário individualizado e a Figura B mostra a média entre os mesmos

Figura 4.3 Gráfico da regressão linear e da correlação entre as variáveis PréEn e estímulo de dor. No eixo x, têm-se 0% e 100% correspondendo às intensidades de limiar e tolerância à dor, respectivamente

Figura 4.4 Valores da PréEn visualizados na interface gráfica desenvolvida no MatLab. A Figura A mostra cada voluntário individualizado e a Figura B mostra a média entre os mesmos

Figura 4.5 Gráfico da regressão linear e da correlação entre as variáveis PósEn e o estímulo de dor. No eixo x, têm-se 0% e 100% correspondendo às intensidades de limiar e tolerância à dor, respectivamente

Figura 4.6 Valores da PósEn visualizados na interface gráfica desenvolvida no MatLab. A Figura A mostra cada voluntário individualizado e a Figura B mostra a média entre os mesmos

Figura 4.7 Gráfico da regressão linear e da correlação entre as variáveis área e o estímulo de dor. No eixo x, têm-se 0% e 100% correspondendo às intensidades de limiar e tolerância à dor, respectivamente

Figura 4.8 Valores da área visualizados na interface gráfica desenvolvida no MatLab. A Figura A mostra cada voluntário individualizado e a Figura B mostra a média entre os mesmos

Figura 4.9 Gráfico da regressão linear e da correlação entre as variáveis valor RMS 100 ms antes da estimulação e o estímulo de dor. No eixo x, têm-se 0% e 100% correspondendo às intensidades de limiar e tolerância à dor, respectivamente

Figura 4.10 Valores do RMS 100 ms antes da estimulação visualizados na interface gráfica desenvolvida no MatLab. A Figura A mostra cada voluntário individualizado e a Figura B mostra a média entre os mesmos

Figura 4.11 Gráfico da regressão linear e da correlação entre as variáveis valor RMS 200 ms depois da estimulação e o estímulo de dor. No eixo x, têm-se 0% e 100% correspondendo às intensidades de limiar e tolerância à dor, respectivamente

Figura 4.12 Valores do RMS 200 ms depois da estimulação visualizados na interface gráfica desenvolvida no MatLab. A Figura A mostra cada voluntário individualizado e a Figura B mostra a média entre os mesmos

Tabela 2.1 Classificação das fibras sensórias dos músculos 24 Tabela 4.1 Dados antropométricos da amostra estudada 36 Tabela 4.2 Intensidade da corrente limiar e tolerância de cada sujeito de pesquisa

Tabela 4.3 Dados estatísticos 37

xi

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Segundo a IASP ( International Association for the Study of Pain ) a dor é definida como uma experiência sensitiva e/ou emocional que pode estar associada ou relacionada à lesão tecidual real ou potencial (Iasp). Dessa forma, percebe-se que a definição da dor é em termos da experiência humana (Ong e Seymour, 2004). No Brasil, entre 10% e 50% da população procuram assistência médica devido à dor que está presente em mais de 70% dos pacientes que chegam aos consultórios (Rocha, Kraychete et al. , 2007), podendo causar consequências psicossociais. Lacert e Shah (Lacerte e Shah, 2003) afirmam que a dor sempre é um fenômeno subjetivo, o que prejudica a sua observação direta e objetiva. As pesquisas por um método de mensuração da dor ainda são um verdadeiro problema e existem muitas dificuldades na realização desses estudos, pois há, por exemplo, a influência da ansiedade ou o grau de motivação do sujeito de pesquisa e dos mecanismos reflexos somáticos e autonômicos, que podem ser iniciados por outros fenômenos, independentes da dor, como medo ou surpresa (Willer, 1977). Além disso, a determinação da natureza da dor, severidade e experiência é frequentemente baseada no relato do indivíduo e não em uma doença tecidual ou anormalidade anatômica (Lacerte e Shah, 2003). A avaliação clínica da dor auxilia no diagnóstico, sendo que uma medida confiável, válida e sensível da intensidade da mesma é necessária para estabelecer a eficácia de analgésicos e outras terapias para condições dolorosas (Noble, Clark et al. , 2005). Existem alguns instrumentos psicofísicos para avaliar a dor, como, por exemplo, o Questionário de dor de McGill, escala de categoria numérica/verbal e a escala visual analógica (Ong e Seymour, 2004 ; Breivik, Borchgrevink et al. , 2008; Bottega e Fontana, 2010). No entanto, dependendo do quadro clínico e da capacidade do sujeito de se comunicar, a utilização desses instrumentos torna-se um problema desafiador (Bottega e Fontana, 2010). Assim, de acordo com Chan e Dallaire (Chan e Dallaire, 1989), é desejável validar a mensuração da dor através de instrumentos psicofísicos, simultaneamente, com alguma correlação fisiológica da nocicepção. O reflexo de flexão do membro inferior ou reflexo de flexão nociceptivo (RFN), evocado a partir de estimulação elétrica, tem sido proposto como

um indicador nociceptivo fisiológico (Willer, 1977; Chan e Dallaire, 1989; Rhudy e France, 2007 ). O RFN é tipicamente avaliado monitorando-se a atividade eletromiográfica do músculo bíceps femoral ipsilateral ao nervo sural estimulado eletricamente, o qual é um nervo cutâneo do membro inferior (Willer, 1977; France, Rhudy et al. , 2009). A intensidade de estimulação requerida para elicitar o RFN é usada como indicador objetivo do limiar de nocicepção, sendo empregada em estudos clínicos e experimentais nociceptivos e de modulação da dor (Rhudy e France, 2007; France, Rhudy et al. , 2009). Portanto, diversas estratégias vêm sendo utilizadas para a quantificação da dor. A maioria delas é baseada no uso de escalas subjetivas. É justamente o uso dessas escalas que torna difícil o acompanhamento da reabilitação de pacientes com dor. Conforme discutido por Skljarevski e Ramadan (Skljarevski e Ramadan, 2002), é importante que pesquisas que objetivam desenvolver ferramentas para mensurar a dor levem em consideração o uso de técnicas que possibilitem a reprodução de experimentos juntamente com medições estáveis, ou seja, é importante eliminar o tanto quanto possível variáveis subjetivas do processo de avaliação da dor. Um dado importante, é que este projeto propõe uma pesquisa de base, um estudo controlado, cujos resultados poderão ser aproveitados para estudos futuros em relação à dor. A presente pesquisa também faz parte de um projeto maior, com o título “Análise quantitativa da dor por meio do estudo de biopotenciais”. Este projeto foi aprovado no Edital CAPES PRÓ-ENGENHARIAS NR. 01/2007, sob o número PE 030/2008 com coordenação geral do Professor Adriano de Oliveira Andrade. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo verificar se existe relação entre a intensidade do estímulo, percepção subjetiva e o RFN obtido na eletromiografia (EMG) do músculo bíceps femoral após estimulação do nervo sural ipsilateral.

1.1 Objetivo Geral

Analisar se há relação entre a intensidade do estímulo elétrico, percepção subjetiva do sujeito de pesquisa e o RFN obtido através da EMG do músculo bíceps femoral após eletroestimulação do nervo sural ipsilateral.

CAPÍTULO 2

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Dor

A dor é uma experiência complexa, que inicia-se por uma informação sensorial, sendo grandemente modificada por fatores emocionais, culturais e perspectivas cognitivas (Serpell, 2006 ; Moffat e Rae, 2010). Deste modo, a dor é uma percepção, uma sensação desagradável que está associada a um dano tecidual real ou potencial (Kandel, Schwartz et al. , 2003). É importante distinguir dor e nocicepção, pois apesar da dor ser mediada pelo sistema nervoso, a nocicepção é o processo neural envolvendo a transdução e transmissão de um estímulo nocivo para o cérebro através das vias de dor e não há nenhuma implicação ou exigência de consciência desse estímulo (Steeds, 2009). Já no caso da dor, a percepção sensorial de eventos é uma exigência, mas uma lesão tecidual real não é (Holdcroft e Jaggar, 2005 ). Existem receptores e vias aferentes exclusivas da dor, específicos para todos os estímulos que são capazes de exceder os limites fisiológicos e provocar lesão do organismo. Assim, a dor tem uma função primordial, alertando sobre lesões ou danos que devem ser evitados e tratados (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Lent, 2004).

2.2 Mecanismos periféricos da dor

Estímulos nocivos ativam classes de terminais nociceptivos, os terminais periféricos dos neurônios sensitivos primários que possuem corpos celulares localizados nos gânglios da raiz dorsal e nos gânglios trigêmeos (Kandel, Schwartz et al. , 2003). Esses receptores da dor estão distribuídos em praticamente todos os tecidos do organismo, excetuando-se o sistema nervoso central (SNC). Nas meninges e vasos sanguíneos cerebrais mais calibrosos há nociceptores, os quais podem ser classificados em térmicos, mecânicos e polimodais (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Lent, 2004). Os nociceptores térmicos ativam-se em temperaturas maiores que 45 °C ou menores que 5°C, possuindo fibras Aδ de pequeno diâmetro, que são finamente mielinizadas e conduzem os sinais de 5 a 30 m/s (Kandel, Schwartz et al. , 2003). Os nociceptores mecânicos

são ativados quando há pressão intensa aplicada na pele e também possui fibras Aδ finamente mielinizadas, conduzindo os sinais de 5 a 30 m/s (Kandel, Schwartz et al. , 2003). Já os nociceptores polimodais podem ser ativados por estímulos mecânicos, térmicos e químicos, possuindo fibras C de pequeno diâmetro e não mielinizadas, que conduzem os sinais de forma lenta, de 0,5 a 2 m/s (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Usunoff, Popratiloff et al. , 2006). Vale ressaltar que os nociceptores térmicos e mecânicos são denominados como unimodais, porque respondem somente a estímulos nocivos que sejam térmicos ou mecânicos, respectivamente (Bishop, 1980). Nas vísceras existem nociceptores silentes, que não respondem à estimulação nociva, porém, tornam-se responsivos em condições inflamatórias. Os aferentes viscerais são principalmente fibras C e Aδ polimodais, sensibilizadas por mediadores químicos do processo inflamatório (Holdcroft e Jaggar, 2005). Todos esses nociceptores são, em sua maioria, terminações nervosas livres (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Guyton e Hall, 2006). Ainda não é bem conhecido o mecanismo pelo qual os estímulos nocivos despolarizam as terminações nervosas livres e geram potencial de ação (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Rosenow e Henderson, 2003). O que deve ocorrer é a tradução dos estímulos nocivos, ou seja, a transformação da energia do estímulo nocivo em potenciais elétricos despolarizantes gerados pelas membranas dos receptores, que possuem proteínas que convertem essa energia (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Holdcroft e Jaggar, 2005; Meyr e Steinberg, 2008). Essa tradução da energia incidente em potenciais receptores é chamada de transdução, sendo que a conversão análogo-digital para potenciais de ação é denominada codificação. Para ocorrer a transdução, há primeiramente absorção de energia incidente por determinadas proteínas da membrana plasmática dos receptores, o que provoca a abertura de canais iônicos e gera o potencial receptor. Os mecanismos para o surgimento do potencial receptor variam de acordo com os tipos de estímulos físicos e grande parte dos receptores sensitivos é seletiva a um único tipo de energia do estímulo, o que é chamado de especificidade do receptor. Um dado relevante é que a intensidade e a duração de uma estimulação são representados pelos padrões de disparo dos neurônios sensórios ativados (Kandel, Schwartz et al. , 2003; Lent, 2004 ). Os nociceptores térmicos, mecânicos e polimodais distribuem-se na pele e tecidos profundos. Muitas vezes esses nociceptores trabalham em conjunto como no caso da dor rápida e lenta. Quando um indivíduo leva uma pancada em um dedo, uma primeira dor ou dor rápida é sentida prontamente e logo depois, uma segunda dor, lenta, difusa, prolongada e de ardência (Kandel, Schwartz et al. , 2003).