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Uma introdução abrangente à terapia cognitivo-comportamental (tcc), explorando seus princípios fundamentais e aplicações práticas. O texto destaca a importância da formulação de problemas, da aliança terapêutica, da colaboração ativa do paciente e da orientação para objetivos. Através de exemplos e estudos de caso, o documento demonstra como a tcc pode ser utilizada para tratar uma variedade de transtornos psicológicos, incluindo a depressão.
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Por: Letícia Gouveia, graduanda em Psicologia.
Aaron Beck desenvolveu uma forma de psicoterapia no início da década de 1960, a qual denominou originalmente "terapia cognitiva". Para o tratamento da depressão, Beck concebeu uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais (inadequados/inúteis).
Em poucas palavras, o modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (que influencia o humor e o comportamento do paciente) é comum a todos os transtornos psicológicos. Quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm melhora no seu estado emocional e comportamental. A modificação das crenças disfuncionais subjacentes produz uma mudança mais duradoura.
A terapia cognitivo-comportamental tem sido amplamente testada desde que foram publicados os primeiros estudos científicos, em 1977. Até o momento, mais de 500 estudos demonstraram a eficácia da terapia cognitivo-comportamental para uma ampla gama de transtornos psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas médicos com componentes psicológicos.
Embora a terapia deva se adequar a cada indivíduo, existem determinados princípios que estão presentes na terapia cognitivo-comportamental para todos
os pacientes. Ao longo deste livro, uso o exemplo de uma paciente depressiva, Sally, para ilustrar esses princípios centrais.
Os princípios básicos da terapia cognitivo-comportamental são os seguintes:
Princípio nº 1 A terapia cognitivo-comportamental está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos.
Desde o início, identifico o pensamento central de Sally, que contribui para seus sentimentos de tristeza ("Eu sou um fracasso, eu não consigo fazer nada direito, eu nunca vou ser feliz") e seus comportamentos problemáticos (isolando-se, passando muito tempo improdutivo em seu quarto, evitando pedir ajuda). Em segundo lugar, identifico os fatores precipitantes que influenciam as percepções de Sally no começo de sua depressão (por exemplo: estar longe de casa pela primeira vez e sua dificuldade nos estudos contribuíram para a crença de que ela era incompetente). Em terceiro lugar, levanto hipóteses a respeito de eventos- chave do desenvolvimento e os padrões constantes de interpretação desses eventos que podem tê-la predisposto à depressão (por exemplo: Sally tem uma antiga tendência a atribuir à sorte os seus pontos fortes e conquistas, mas encara seus pontos fracos como um reflexo do seu verdadeiro "eu").
Princípio nº 2 A terapia cognitivo-comportamental requer uma aliança terapêutica sólida.
Esforço-me para demonstrar todos os ingredientes básicos necessários em uma situação de aconselhamento: afeto, empatia, atenção, interesse genuíno e competência. Demonstro meu interesse por Sally fazendo comentários empáticos, ouvindo atentamente e resumindo de forma adequada seus pensamentos e sentimentos.
Princípio nº 3 A terapia cognitivo-comportamental enfatiza a colaboração e a participação ativa.
Encorajo Sally a encarar a terapia como um trabalho em equipe; juntas decidimos o que trabalhar em cada sessão, a frequência com que devemos nos encontrar e
pensamentos e crenças, e planejar a mudança comportamental, mas também a ensino como fazer.
Princípio nº 7 A terapia cognitivo-comportamental visa ser limitada no tempo.
Os objetivos do terapeuta são promover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão do transtorno, ajudar o paciente a resolver seus problemas mais urgentes e ensinar habilidades para evitar recaídas. Sally, inicialmente, tem sessões semanais. Após dois meses, decidimos colaborativamente experimentar sessões quinzenais e, depois, sessões mensais. Mesmo após o término, planejamos sessões periódicas de "reforço" a cada três meses durante um ano.
Princípio nº 8 As sessões de terapia cognitivo-comportamental são estruturadas.
Independentemente do diagnóstico ou do estágio do tratamento, seguir uma estrutura definida em cada sessão maximiza a eficiência e a eficácia. Essa estrutura inclui uma parte introdutória (verificação do humor, exame da semana, definição colaborativa da pauta da sessão), uma parte intermediária (análise do exercício de casa, discussão dos problemas da pauta, definição de um novo exercício de casa, resumos) e uma parte final (solicitação de feedback).
Princípio nº 9 A terapia cognitivo-comportamental ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais.
Os pacientes podem ter dúzias ou até centenas de pensamentos automáticos por dia que afetam seu humor, comportamento e fisiologia (a última é especialmente pertinente para a ansiedade). O terapeuta ajuda o paciente a identificar as principais cognições e a adotar perspectivas realistas e adaptativas, o que leva o paciente a se sentir melhor emocionalmente, se comportar de maneira mais funcional e/ou diminuir sua excitação psicológica.
Princípio nº 10 A terapia cognitivo-comportamental usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento.
A estrutura das sessões é bastante semelhante para os vários transtornos, mas as intervenções podem variar consideravelmente de paciente para paciente. No início das sessões, você estabelecerá uma aliança terapêutica, verificará o humor, os sintomas e experiências do paciente durante a semana que passou, e pedirá para que ele nomeie os problemas que mais deseja resolver. Também examinará as atividades de autoajuda ("exercício de casa" ou "plano de ação") em que o paciente se envolveu desde a última sessão. A seguir, ao discutir um problema, conceituará cognitivamente as dificuldades do paciente (perguntando sobre seus pensamentos, emoções e comportamentos específicos associados ao problema) e planejará colaborativamente uma estratégia. Na maioria das vezes, a estratégia incluirá a solução objetiva e direta do problema, avaliação do pensamento negativo associado ao problema e/ou mudança no comportamento.
Para um observador não treinado, a terapia cognitivo-comportamental às vezes dá a falsa impressão de ser muito simples. Entretanto, os terapeutas experientes realizam muitas tarefas simultaneamente: conceituam o caso, desenvolvem o rapport , familiarizam e educam o paciente, identificam problemas, coletam dados, testam hipóteses e fazem resumos periódicos. O desenvolvimento de expertise como terapeuta cognitivo-comportamental pode ser visto em três estágios:
Estágio 1 Você aprende as habilidades básicas de conceituação de caso em termos cognitivos, com base na avaliação inicial e nos dados coletados na sessão, e também aprende a estruturar a sessão e usar a conceituação do paciente e o bom senso para planejar o tratamento.
Estágio 2 Você se torna mais proficiente na integração da sua conceituação ao seu conhecimento das técnicas. Você fortalece sua habilidade para compreender o fluxo da terapia e passa a identificar com maior facilidade os objetivos principais do tratamento.
Estágio 3 Você integra mais automaticamente os dados novos à conceituação e aperfeiçoa sua habilidade de formulação de hipóteses para confirmar ou corrigir sua visão do paciente.