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Introdução à Análise Experimental do Comportamento, Notas de estudo de Psicologia

Introdução à Analise Experimental do Comportamento. Olavo de Faria Galvão e Romariz da Siva Barros

Tipologia: Notas de estudo

2012
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Introdução à
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Experimental do
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Olavo de Faria Galvão;
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Curso de

Introdução à

Análise

Experimental do

Comportamento

Olavo de Faria Galvão;

Romariz da Silva Barros

CopyMarket.com Curso de Introdução à Análise Experimental do Comportamento –Olavo de Faria Galvão e Romariz da Silva Barros^ i

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Título: Curso de Introdução à Análise Experimental do Comportamento Autor: Olavo de Faria Galvão e Romariz da Silva Barros Editora: CopyMarket.com, 2001

Plano de Curso

Olavo de Faria Galvão^1 Romariz da Silva Barros^2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

DISCIPLINA: Fundamentos de Psicologia Experimental FPE Professores: Solange Calcagno (Turma 010) e Romariz Barros (Turma 020) Monitores(as) : Turma 010: 02 bolsistas orientados por Solange Calcagno. Turma 020: 02 bolsistas orientados por Romariz Barros. Semestres : 1 º^ e 2º^ semestres de 2001 Carga Horária : 150 horas Créditos : 09 Horário : Turma 010: de 2ª a 6ª, das 08:00 às 10:00 Horas Turma 020: de 2ª a 6ª, das 14:00 às 16:00 Horas Locais : Atividades Teóricas - Sala 8 do Laboratório de Psicologia Experimental Atividades Experimentais - Laboratório de Condicionamento Operante (Sala 14) e Biotério.

PLANO DE CURSO

EMENTA: visa prover o aluno dos princípios básicos de Psicologia Experimental, nos seus aspectos metodológicos, epistemológicos e teóricos, com ênfase na teoria da aprendizagem. Devem ser cobertos os tópicos de condicionamento respondente e operante, modelagem e diferenciação de resposta, controle de estímulos, controle aversivo e assertivo, encadeamento, motivação, emoção, comportamento verbal e agências controladoras.

OBJETIVO GERAL : Tornar o aluno capaz de analisar o comportamento dos organismos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

. Descrever comportamentos de indivíduos humanos e não-humanos. . Inferir a função dos eventos antecedentes e consequentes ao comportamento. Identificar as relações entre eventos ambientais e comportamentais em situação de laboratório e do cotidiano do próprio aluno Usar adequadamente os termos técnicos da Análise Experimental do Comportamento.

METODOLOGIA

A disciplina FPE é caracterizada pelo uso da metodologia de ensino conhecida como Sistema Personalizado de Instrução iniciada por Keller (1972). A metodologia de ensino que visa a prover atenção individualizada aos alunos, respeitando seu ritmo de aprendizagem e atendendo a suas dificuldades específicas. O conteúdo da disciplina será dividido em 13 passos teóricos, um projeto de atividade prática e 2 relatórios de atividades práticas. Cada aluno receberá, no início do curso, o material didático relativo ao primeiro passo do curso, o qual deverá ser estudado e discutido com o professor e/ou com monitores até que as dúvidas sejam resolvidas. Quando cada aluno se sentir preparado, solicitará da equipe a avaliação relativa àquele passo, recebendo, imediatamente após a avaliação, comentários a respeito de seu desempenho. Se aprovado o aluno progredirá para o próximo passo, se não, deverá complementar estudos e se submeter a nova avaliação. Paralelamente ao estudo teórico, os alunos receberão orientação para realizar práticas de laboratório com ratos ( Rattus novergicus ) e/ou com macacos ( Cebus apella ) como sujeitos através das quais poderão aplicar os princípios de análise do comportamento que estudaram, conforme plano de curso em anexo. Em uma mesma aula, professor e monitores se dividem no atendimento de demandas variadas (resolução de dúvidas teóricas e de práticas de laboratório, indicação de material bibliográfico complementar, aplicação e correção de avaliações e de relatórios de práticas, aulas expositivas, controle de freqüência e produção, administração do material

(^1) Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – ofg@cpgp.ufpa.br (^2) Professor Adjunto II do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – rsb@cpgp.ufpa.br

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Exercício 6. Extinção da resposta de pressão à barra. Projeto de Pesquisa Exercício7. Elaboração e aprovação de um projeto de pesquisa abordando qualquer assunto visto na disciplina, desde que haja viabilidade de execução nos dois laboratórios disponíveis (a ser avaliada pelo/a professor/a). Relatório 2 Exercício 8. Execução do projeto de pesquisa. Exercício 9. Elaboração do Relatório da pesquisa executada. Exercício 10. Apresentação oral, para a turma, da pesquisa realizada.

Observações

  1. Os relatório deverão ser elaborados contendo: título, nome dos autores, índice, resumo, palavras-chave, introdução, método (sujeito, ambiente experimental, equipamento, procedimento) resultados, discussão, referências bibliográficas e anexos.
  2. Para cada exercício de laboratório, a dupla receberá instruções para a realização da prática e para a elaboração do relatório parcial, a qual deve ser lido e se necessário esclarecido, antes de a dupla iniciar o exercício. Após cada exercício de laboratório a dupla deverá elaborar o relatório parcial daquela prática antes de realizar o próximo exercício. Os relatórios serão corrigidos e, se necessário, devolvidos para correção/complementação.
  3. Os exercícios experimentais em geral exigem várias sessões experimentais. O critério para finalização de cada um destes exercícios é o desempenho do sujeito experimental e não pode ser previsto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3

Assis, G.J.A. (1986). Comportamento de Ordenação: Uma análise experimental de algumas variáveis. Disertação de Mestrado – Universidade de São Paulo, SP. Azrin, N.N. (1958). Some effects of noise on behavior. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 1, 183-

Bacharach, A.J. (1975). Introdução à pesquisa psicológica. S.Paulo: E.P.U. Banaco, R.A. (Organizador) (1997). Sobre o Comportamento e Cognição. Vol. 1: Aspectos teóricos, metodológicos e de formação em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista – ARBytes Editora Barros, R.S.; Dolzany, M.C.; Barreto, M.J. e Maeda, C.H. (1997). Caderno de Textos de Psicologia. vol. 2, nº 1. Revista do Departamento de Psicologia da Universidade da Amazônia. Belém. Brito, R.C.S.; Amorim, A.C.F. e Fontes, J.C.S. (1994). Consequenciação de respostas corretas e incorretas na solução de problema sequencial. Psicologia Teoria e Pesquisa, vol. 10, nº 2, pp. 167-177. Brasília. Catania, C.A (1999). Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição. Porto Alegre: ArtMed. Costa, M.M.P. (1997). Considerações acerca do behaviorismo radical, análise do comportamento e análise experimental do comportamento. Caderno de Textos de Psicologia. vol. 2, nº 1. Revista do Departamento de Psicologia da Universidade da Amazônia. Belém. Costa, M.M.P. (2000). Comportamento encoberto e comportamento governado por regras: os cognitivistas tinham razão?. Sobre o Comportamento e Cognição. Vol. 5: Conceitos, pesquisa e aplicação, a ênfase no ensinar, na emoção e no questionamento clínico – ARBytes Editora. Dana, M.F. & Matos, M.A. (1982). Ensinando observação: Uma introdução. São Paulo: EDICON. De Rose, J.C.C. (1997). O que é comportamento? Capítulo 9 de Sobre o Comportamento e Cognição. Banaco, R.A. (Organizador), vol. 1 – ARBytes Editora, S.P. De Rose, J.C.C. (1999) O que é um skineriano? Uma reflexão sobre mestres, discípulos e influência intelectual. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Vol. I, nº 1 – Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, São Paulo.. Donahoe, J.W. e Palmer, D.C. (1994). Learning and complex behavior. Boston: Allyn and Bacon. Fagundes, A.J.F. (1981). Descrição, definição e registro do comportamento. S. Paulo: Edicon Ferster, C.B. & Skinner, B.F. (1957). Schedules of reinforcement. New York: Appleton Century Crofts. Fester, C.B., Culbertson, S. e Boren, M.C.P. (1977). Princípios do comportamento. S. Paulo: Hucitec. Gomide, P.I.C. e Dobrianskyj, L.N. (1985). Análise Experimental do Comportamento – Manual de Laboratório. Fundação da Universidade Federal do Paraná. Guidi, M.A. e Bauermeister, H.B. (1968). Exercícios de Laboratório em Psicologia. FUNBEC, SP.

(^3) Nem todas estas referências existem nas bibliotecas, Entretanto, todas elas são disponibilizadas aos alunos – pelos professores - para leitura em sala de aula, ou para cópia. E são sugeridas aos alunos quando o(a) professor(a) ou um(a) monitor(a) avalia a necessidade de leituras adicionais para melhorar a compreensão de um conteúdo por parte do aluno ou quando os mesmos solicitam ou mostram interesse por leituras adicionais.

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Harzem, P. & Harzem, A.L. (1981). Discrimination, inhibition, and simultaneous association of stimulus properties: a theoretical analysis of reinforcement. In P. Harzem and M.D.Zeiler (Eds.), Advances in Analysis of Behaviour, Vol. 2, Predictability, Correlation and Contiguity. New York: Wiley & Sons, pp. 81-124. Iversen, I.H. and Lattal, K.A. (1991). Experimental Analysis of Behavior – Part 1 and Part 2. Elsevier , Amsterdam. Keller, F.S. (1983). Adeus, Mestre! In Kerbauy (Org.) Keller – São Paulo, Ed. Ática. Keller, F.S. e Shoenfeld, W. N. (1974). Princípios de Psicologia. São Paulo: Herder. Lowe, C.F., Harzen, P. e Bagshaw, M. (1978). Species differences in temporal control of behavior II: Humam performance. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 29, 351-361. Matos, M.A. (1991). As categorias formais de comportamento verbal de Skinner. In Anais da XXI Reunião Anual de Psicologia. Ribeirão Preto: SPRP. Matos, M.A. (1991). Comportamento governado por regras ou por consequências? In Anais da XXI Reunião Anual de Psicologia. Ribeirão Preto: SPRP. Matos, M.A. (1997). Eventos privados: o sujeito faz parte de seu próprio ambiente? Capítulo 24 de Sobre o Comportamento e Cognição. Banaco,R. A. (Organizador), vol. 1 – ARBytes Editora, S.P. McGuigan, F.J. (1976). Psicologia experimental: Uma abordagem metodológica. São Paulo: EPU. Millenson, J.R. (1975). Princípios de Análise do Comportamento. Brasília: Coordenada Editora. Nico, Y. (1999) Regras e insensibilidade: conceitos básicos, algumas considerações teóricas e empíricas. Capítulo 4 de Sobre o Comportamento e Cognição. Banaco, R.A. (Organizador), vol 4 – ARBytes Editora, S.P. Pessotti, I. (1976). A pré-história do condicionamento. São Paulo: Reese, E.Q. (1976). Análise do Comportamento Humano. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio. Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. São Paulo: Editorial Psy. Skinner, B.F. (1978). O comportamento verbal. São Paulo: Cultrix. Skinner, B.F. (1981). Ciência e comportamento humano. 5ª Ed., S.Paulo: Martins Fontes. Souza, D.G. (1997). O que é contingência? Capítulo 10 de Sobre o Comportamento e Cognição. Banaco, R.A. (Organizador), vol. 1 – ARBytes Editora, S.P. Souza, D.G. (1997). A evolução do conceito de contingência? Capítulo 11 de Sobre o Comportamento e Cognição. Banaco, R.A. (Organizador), vol. 1 – ARBytes Editora, S.P. Staats, A.W. e Staats, C.K. (1973). Comportamento Humano Complexo. São Paulo: EPU/EDUSP. Teixeira, C.M.; Baptista, M.Q.G. e Aguiar, M.S.S. (1997). Dessensibilização sistemática a ratos de laboratório com estudantes de “Fundamentos de Psicologia Experimental”. Caderno de Textos de Psicologia. vol. 2, nº 1. Revista do Departamento de Psicologia da Universidade da Amazônia. Belém. Tourinho, E.Z. (1999). Eventos privados: o que, como e porque estudar. Capítulo 2 de Sobre o Comportamento e Cognição. Banaco, R.A. (Organizador), Vol. 4 – ARBytes Editora, S.P. Whaley, D.L. & Malott, R.W. (1980). Princípios Elementares do Comportamento. Vols. I e II. São Paulo: EPU.

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Durante a disciplina, a bibliografia complementar indicada fica usualmente à disposição na sala de aula e/ou na Biblioteca. O desempenho nas avaliações, entretanto, não depende das leituras adicionais. O estudo do material contido em cada um dos 13 Passos é suficiente para responder às questões das avaliações.

Semanalmente é dada uma aula teórica complementar aos Passos, de freqüência optativa, permitida apenas para os estudantes que anteriormente foram aprovados na avaliação do passo correspondente. Assim, há uma contingência estabelecida para assistir à aula, planejada para funcionar como “reforço”, para que os estudantes procurem manter o ritmo de um passo por semana no mínimo. Nessa disciplina, portanto, a aula não deve ser uma obrigação chata, mas um direito conquistado e uma oportunidade de obter mais informações.

Além da sala de aula fica à disposição da disciplina um laboratório de condicionamento operante com “Caixas de Skinner” da FUNBEC, com controle manual, e alguns conjuntos com controle eletromecânico e registradores cumulativos acoplados. Hoje algumas escolas já dispõem de laboratórios informatizados, que permitem a impressão de relatórios completos com os dados das sessões experimentais. O grau de automatizacão do laboratório não é fundamental, já que os exercícios têm a finalidade de dar ao aluno a oportunidade de entrar em contato com os processos comportamentais operantes com controle de variáveis, e aprender a relatar essas experiências.

A disciplina, como vem sendo oferecida, está amplamente apoiada nas práticas de laboratório de condicionamento operante, com ratos como sujeito. No laboratório o estudante pode ter a insubstituível experiência de ver os princípios do condicionamento em funcionamento. Práticas alternativas em ambiente natural não substituem os exercícios de laboratório. O exercício da coleta de dados planejada com controle rigoroso das variáveis para a verificação de relações funcionais entre o comportamento e o ambiente é fundamental para a formação científica do profissional psicólogo. Isso independe de sua opção teórica ou metodológica posterior. Uma vez dominando as habilidades envolvidas na pesquisa de laboratório, o estudante poderá avançar muito quando fizer, em outras disciplinas, exercícios em condições naturais, em que os princípios demonstrados no laboratório são usados para interpretar situações complexas.

Os exercícios de laboratório, tradicionais no ensino de psicologia e de outras disciplinas que se baseiam no método experimental, fornecem ao aluno a oportunidade de verificar o comportamento pelas lentes conceituais da AEC em situações de laboratório, onde aprende a categorizar, quantificar o comportamento; manipular variáveis, fazer previsões, e a interpretar comportamento.

Os estudantes formavam duplas para execução dos exercícios de laboratório e respectivos relatórios. Cada dupla assumia um sujeito experimental, um rato ( Ratus norvergicus ) branco (Wistar) ou malhado (McColley), fornecido pelo Biotério Central do Centro de Ciências Biológicas da UFPA ou pelo Instituto Evandro Chagas, instituição à qual somos especialmente gratos. Os relatórios tinham a estrutura de um artigo científico, e eram revisados várias vezes durante sua confecção, para que ficassem corretos em termos formais e de conteúdo.

Coerente com os princípios da AEC, o planejamento prevê condições ambientais favorecedoras da aprendizagem. A cada passo completado pelo estudante, a evolução é lançada em um histograma colocado em lugar visível. Professores e monitores permanecem, no horário das aulas, à disposição para explicações e ajuda no estudo dos textos e instruindo no trabalho de laboratório, assim como na confecção dos relatórios. Os resultados parciais obtidos no laboratório são discutidos, assim como dúvidas teóricas e práticas.

Os histogramas de acompanhamento da evolução dos estudantes nos passos e nos exercícios de laboratório permitem detectar facilmente os alunos atrasados, que podem ser contactados para verificar as razões desse atraso e proporcionar-lhes a ajuda necessária e possível.

As equipes a quem este material interessar poderão contar com mais informações através da internet ou correspondência, temos o maior interesse em fornecer informações adicionais e receber críticas e sugestões.

Está incluído neste material um Plano de Curso, semelhante ao que efetivamente tem sido adotado na UFPA. Esse Plano (no caso específico o utilizado no segundo semestre letivo do ano 2000) pode servir de referência para a elaboração de Planos de Curso adequados para as condições das instituições em que essa disciplina ou semelhante esteja sendo oferecida.

Olavo de Faria Galvão – ofg@cpgp.ufpa.br – Doutor em Psicologia Experimental pela USP/SP – Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade Federal do Pará.

Romariz da Silva Barros – rsb@cpgp.ufpa.br - Doutor em Psicologia Experimental pela USP/SP – Professor Adjunto II do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade Federal do Pará.

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Curso de Introdução à Análise Experimental do Comportamento - Olavo de Faria Galvão e Romariz da Silva Barros

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Título: Curso de Introdução à Análise Experimental do Comportamento Autor: Olavo de Faria Galvão e Romariz da Silva Barros Editora: CopyMarket.com, 2001

Passo 1 – Descrição de Eventos Ambientais e Comportamentais

Olavo de Faria Galvão^1

Romariz da Silva Barros^2

Objetivos: definir, identificar e dar exemplos de:

  1. Eventos ambientais: públicos e privados; internos e externos; físicos e sociais; antecedentes e conseqüentes.

  2. Eventos comportamentais públicos e privados.

Atualmente a definição mais conhecida de Psicologia é a de que ela é o "estudo do comportamento". Essa não seria uma definição adequada, entretanto, para a Psicologia que se fazia há tempos atrás, e mesmo para toda a Psicologia científica de hoje. A “Psicologia”, que etimologicamente significa “estudo da psique ou da mente”, passou a se interessar cada vez mais pelo comportamento, porque o “processamento mental”, o funcionamento

da “mente”, só pode ser inferido^3 , não pode ser diretamente observado.

{©Por algum tempo, estudar o comportamento era apenas uma alternativa para a obtenção de dados que permitiam inferir sobre o objeto de estudo da Psicologia (a mente). Em outras palavras, observava-se o comportamento para inferir sobre a mente e, a partir de então, explicar o comportamento. Com o tempo, o comportamento assumiu um valor intrínseco, tornando-se, pelo menos para uma parte dos psicólogos, o próprio objeto de estudo da Psicologia, até mesmo porque uma parte do que tem sido chamado de mente (o pensamento, por exemplo), apesar de não ser observável para todos, é comportamento tanto quanto as ações publicamente observáveis. Outra parte dos psicólogos, contudo, continua a estudar o comportamento como uma forma de inferir o funcionamento da mente.

Para muitos psicólogos, portanto, as teorias psicológicas são modelos de como funciona a mente e de como ela produz eventos mentais, como a consciência e a memória, e comportamentais, como a agressão, a fala etc. É interessante ressaltar que, mesmo pensando que as teorias psicológicas explicam como a mente produz eventos psicológicos e comportamentais (teorias internalistas^4 ou mentalistas ), esses psicólogos dependem da observação do comportamento e de sua interpretação para, indiretamente, verificar se as teorias estão corretas.

Os analistas do comportamento procuram explicar a ocorrência dos eventos comportamentais (João beijou Maria; Roberta levantou-se cedo) verificando que relações esses eventos mantém com as alterações nos eventos ambientais com os quais o organismo em questão mantém intercâmbio (exatamente por isso, podemos dizer que ela é uma abordagem externalista ). Nesse contexto: 1) uma parte da atividade que é tida em outras áreas como atividade mental, para os analistas do comportamento pode ser considerada enquanto processamento cerebral, fisiológico, e, portanto, deve ser estudado pela neuropsicologia; 2) outra parte pode ser analisada enquanto eventos (comportamento ou ambiente) encobertos (ou seja acessíveis apenas para o sujeito “onde” eles ocorrem). Quando faço um cálculo “de cabeça” ou “mentalmente”, estou me comportando tanto quanto se tivesse feito esse cálculo de maneira aberta a outros observadores, usando papel e caneta. Isso quer dizer que, mesmo quando pensamos algo ou cantarolamos uma música de maneira inaudível para os outros, estamos nos comportando e este comportamento não tem uma natureza diferente de outros comportamentos observáveis

(^1) Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – ofg@cpgp.ufpa.br (^2) Professor Adjunto II do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – rsb@cpgp.ufpa.br (^3) Inferir é supor, com base em fatos observados, a ocorrência de um fato não observado. Maria verificou que João estava deitado no sofá,

imóvel e com os olhos fechados. Ela inferiu que João estava dormindo. Apesar da inferência fazer parte da atividade científica (na formulação de hipóteses, por exemplo), a construção de conhecimento científico requer verificação. Uma parte do conhecimento da Psicologia é constituído de inferências a respeito de “instâncias psíqicas” (como Id, Ego, Superego) formuladas a partir da observação de comportamentos. Conflitos entre o Id e o Superego jamais foram observados. Eles são inferências. 4 Essas teorias podem ser denominadas de internalistas porque consideram os eventos mentais ou internos como causa dos comportamentos observáveis, o que é uma visão radicamente diferente da defendida pelos analistas do comportamento.

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Um mesmo evento pode ser considerado ambiental ou comportamental, dependendo de qual organismo (sujeito) está sob análise. Para que fique mais claro, considere o seguinte exemplo.

“Um grupo de colegas de classe estava reunido em frente ao Laboratório de Psicologia. Pedro contou uma piada. Todos riram ruidosamente.”

Se estivermos analisando o comportamento de Pedro, podemos dizer que o grupo reunido é um evento ambiental (antecedente) ao evento comportamental “contar uma piada”, e que os risos são um evento ambiental (conseqüente) ao evento comportamental promovido por Pedro. Se resolvermos analisar o comportamento de outro membro do grupo, a piada contada por Pedro passa a ser um evento ambiental antecedente ao evento comportamental “rir”, promovido por todos os membro do grupo.

Perceba, contudo, que há uma parte dos eventos ambientais que afetam o comportamento do sujeito que estamos analisando e outra parte que não afeta. Por exemplo, este texto é provavelmente o evento ambiental que mais está afetando o seu comportamento agora. Neste momento, entretanto, o sinal de trânsito da esquina da José Bonifácio com a Barão de Igarapé Mirim deve estar vermelho. Esse evento ambiental, entretanto, não está tendo qualquer efeito sobre o seu comportamento. Aos eventos ambientais que efetivamente estão mantendo intercâmbio com o comportamento do sujeito sob análise damos o nome de “estímulos”. Não há eventos ambientais visuais que afetem o comportamento de um cego, por exemplo. Podemos dizer que o comportamento do cego não é afetado por estímulos visuais. Contudo, há uma diversidade muito grande de eventos ambientais auditivos, táteis, olfativos e gustativos que podem funcionar como estímulo para ele (ou seja, podem manter intercâmbio ou podem alterar seu o comportamento).

Para os interesses da análise científica do comportamento, os eventos podem ser classificados em função da sua localização , ou em função da sua disponibilidade à observação ou, ainda, quanto à sua natureza.

Quanto à sua localização, os eventos podem ser externos ou internos, conforme ocorram dentro ou fora do corpo do indivíduo cujo comportamento está em estudo. É possível que um exemplo seja esclarecedor. “Considere o comportamento de Mariana. Ela está tomando remédios para gastrite, de acordo com uma receita médica. Às cinco horas da tarde, o despertador tocou (evento ambiental antecedente externo ). Ela, então, tomou um comprimido (evento comportamental) e sua mãe a elogiou pelo auto-cuidado (evento ambiental conseqüente externo ). Juliana também está fazendo um tratamento para gastrite mas freqüentemente deixa de tomar os remédios na hora certa. Um dia, ela estava assistindo a um filme na TV quando de alguma maneira detectou excesso de acidez no seu estômago (evento ambiental antecedente interno ). Ela tomou o remédio (evento comportamental) e a acidez começou a diminuir e finalmente acabou (evento ambiental conseqüente interno ). Observe, contudo que, apesar da acidez estomacal ser um evento interno ela é acessível a outros observadores através de uma endoscopia, por exemplo. Esse detalhe é importante para compreender o próximo item deste texto.

Quanto ao acesso à observação, os eventos podem ser públicos, quando mais de um observador pode ter acesso a eles , ou privados, quando não podem ser observados por outros. Apesar do dentista poder observar o nervo inflamado no dente de Maria, apenas Maria pode experimentar a dor decorrente da inflamação. A dor de dente de Maria é, portanto, um evento ambiental privado. Eventos comportamentais podem ser públicos e privados também. Podemos, por exemplo, falar em silêncio de tal maneira que ninguém possa ter acesso a essa nossa ação (evento comportamental privado). É possível que mais um exemplo seja útil.

“Dona Evanilde experimentou um conjunto de reações emocionais que podemos resumir sob o nome de ansiedade quando o barco em que viajava para Macapá balançou intensamente (evento ambiental). Esse evento ambiental, o balançar do barco, provocou um conjunto de eventos comportamentais do qual uma parte eram privados, as respostas de ansiedade, as quais, por sua vez, também tinham propriedades de estímulo (uma vez que D Evanilde podia interagir com esse evento, a ansiedade). E assim o fez. Ela rezou em silêncio (evento comportamental privado ). Aos poucos a ansiedade foi passando (evento ambiental privado ).

Vale ressaltar que, de acordo com essas definições que você acaba de conhecer, “publico” não corresponde a “externo” e nem “privado” corresponde a “interno”. Existem eventos internos que são publicamente observáveis e eventos externos que dificilmente podem ser observados. Uma alteração na taxa cardíaca, apesar de ser normalmente sentida apenas pelo indivíduo no qual ela ocorreu, pode ser observada por outro indivíduo, através do ouvido encostado no tórax, ou colocando o polegar sobre o pulso (retorne também ao exemplo da

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acidez estomacal, acima apresentado). Hoje existem técnicas de registro da atividade cerebral que permitem a observação de que partes do cérebro ficam mais ativas quando certas atividades são executadas. Dessa forma, mesmo o pensamento, nossa atividade mais privativa, já pode, de certa forma, ser acompanhado, apesar de ainda não poder ser considerada um evento público. É evidente que o que se observa é a atividade de certas partes do cérebro, não o pensamento propriamente dito, da mesma forma que ocorre com a dor de dentes, que ela mesma não pode ser vista, mas sim a inflamação correspondente.

Quanto à natureza, os eventos podem ser físicos ou sociais. Assim, a função dos eventos sobre o comportamento pode decorrer estritamente de suas características físicas ou pode decorrer de aspectos sociais e culturais envolvidos no evento em questão. Se um golpe atinge alguém, a reação imediata resulta das características físicas do golpe: se for uma rasteira a pessoa pode levar um tombo, se for um murro na barriga a pessoa pode se curvar para a frente e perder a respiração por algum tempo. Assim, às vezes nos interessa a relação das propriedades físicas intrínsecas dos eventos ambientais com o comportamento. Um outro exemplo de evento cujo efeito sobre o comportamento pode decorrer de suas características físicas é o escurecimento ou iluminação da sala de aula, quando estamos interessados em evidenciar a função da luminosidade, intrínseca da energia luminosa, sobre o comportamento (como os movimentos dos músculos da íris, abrindo e fechando a pupila). O som da campainha de um telefone pode, também, afetar o comportamento em função de suas características físicas, quando, por exemplo, nos ajuda a nos orientar no escuro. O ruído de um motor, um relâmpago, o perfume de uma flor etc são também eventos cujas características físicas afetam, ou podem afetar, o comportamento.

Mas também é possível que o efeito dos eventos sobre o comportamento resulte não apenas de suas propriedades físicas mas também do “significado” que esse evento tem num contexto histórico e cultural, ou seja, alguns eventos podem exercer funções sociais. Os eventos sociais são uma categoria de eventos físicos que são produzidos pelo comportamento de outras pessoas (que não o sujeito sob análise) e cujo efeito sobre o comportamento do sujeito não resulta apenas de suas propriedades físicas, mas de convenções estabelecidas pelos grupos sociais. Uma luz de sinal de trânsito, vermelha, não pára os carros por sua intensidade (ou por qualquer outra propriedade física intrínseca), mas por convenção social. Assim, não é qualquer propriedade física da luz vermelha que pára os carros numa esquina sinalizada mas sim contingências socialmente estabelecidas. Apesar da luz ser um evento físico como qualquer outro, o que faz os motoristas pararem seus carros na presença desse evento é um conjunto de convenções que compõem as regras de trânsito.

Veja outro exemplo: uma professora se aproxima de um grupo de crianças e diz: "Quem quer ouvir uma história?". As crianças saem pulando e gritando: "Eu! Eu! Eu!". Podemos considerar que o efeito do “ruído vocal” da professora sobre o comportamento das crianças (elas pularam e gritaram) resultou do significado que aquele ruído assumiu num contexto lingüístico convencionado pela sociedade. A energia despendida pela professora para emitir a frase foi ínfima, e não explica, sozinha, o fato das crianças saírem pulando e gritando. A função do evento "Quem quer ouvir uma história?" decorre da história de interação dos indivíduos na sociedade em que vivem, e não apenas da energia intrínseca desse evento.

Os eventos sociais são, portanto um tipo especial de eventos físicos. Para encerrar, vamos a mais dois exemplos: a incidência de raios solares sobre a pele das pessoas pode ser um evento ambiental que tem efeito sobre o comportamento das pessoas que estão à espera de um ônibus em um ponto de parada. Esse evento ambiental pode determinar que algumas pessoas se abriguem. Os aspectos estritamente físicos da incidência dos raios solares sobre a pele das pessoas são suficientes para explicar porque elas se abrigam. Estamos falando de um evento físico simplesmente. Consideremos agora o comportamento do motorista do ônibus. Ele está conduzindo o veículo por uma via, quando um pedestre, parado em um ponto de ônibus, estende o braço horizontalmente e faz sinal em direção ao ônibus. O motorista pára o ônibus. Neste caso, o sinal feito pelo pedestre é que foi o evento antecedente que determinou que o motorista parasse o ônibus. Entretanto, os aspectos estritamente físicos do gesto do pedestre não explicam porque o motorista parou o ônibus. Se você não considerasse que “por trás” daquele gesto do pedestre há uma convenção social jamais seria possível explicar porque o motorista parou o ônibus. O sinal do pedestre é um evento físico social para o motorista.

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Título: Curso de Introdução à Análise Experimental do Comportamento Autor: Olavo de Faria Galvão e Romariz da Silva Barros Editora: CopyMarket.com, 2001

Passo 2 – Definições Morfológicas e Funcionais do

Comportamento

Olavo de Faria Galvão^1

Romariz da Silva Barros^2

Objetivos:

  1. responder perguntas sobre duas diferentes maneiras de se definir comportamentos (morfológica e funcional)

  2. identificar e dar exemplos desses tipos de definição.

Ao analisar um comportamento, há basicamente dois aspectos a serem considerados: o morfológico e o funcional.

Morfologia diz respeito à forma do comportamento, isto é, à postura, aparência e movimentos apresentados pelo organismo (Danna e Matos, 1982, p.110). Um termo bastante utilizado para referir-se à forma do comportamento é o termo "topografia". Esta palavra se origina das palavras gregas “topos” (lugar) e “grafia” (escrita) e, quando aplicada à descrição de comportamento, enfatiza referências a posições assumidas pelas partes do corpo em relação a outras partes do corpo ou em relação a referenciais externos.

{©Dois elementos são também importantes para descrever comportamento do ponto de vista morfológico: postura e movimento. Postura é uma posição do corpo, e pode ser descrita em detalhes ("o caranguejo estava com suas pinças abertas, apontadas para o nariz do invasor com seus olhos para fora dos encaixes"), mas há várias posturas comuns que têm nome, como por exemplo: agachado, ajoelhado, posição fetal. Os movimentos também podem ser descritos em detalhes ("a surucucu levantava o pescoço até uns 15 cm do chão, na posição vertical, virava a cabeça para um lado, abria a boca e soltava um ruído baixo, antes de abaixar novamente o pescoço e arrastar-se naquela direção, serpenteando mais alguns centímetros, repetidas vezes, até que o cabo da enxada..."), mas vários são conhecidos pelo nome, como dar um passo à frente, piscar, andar etc. Tanto posturas como movimentos são descritos em termos de estruturas, ou partes do corpo e do ambiente, e suas posições relativas (perto, embaixo etc).

O termo "função" diz respeito aos efeitos produzidos pelo comportamento no ambiente, ou seja, às modificações que produzimos no nosso ambiente quando nos comportamos. Na nossa vida diária, o interesse pelo comportamento se origina muito mais pelos seus resultados, do que por sua topografia. Na linguagem comum, referimo-nos, amiúde, diretamente aos resultados, sem darmos atenção explícita para a topografia, cuja relevância é maior quando estamos aprendendo uma dada tarefa. "Ir para casa.", "Virar a página.", "Trocar um pneu.", são expressões que apontam para os resultados, não para a forma. Posso ir para casa andando ou de ônibus, virar a página pegando-a pelo canto superior entre o indicador e o polegar ou por baixo, apoiando o polegar e erguendo-a. Trocar um pneu envolve uma série de movimentos, mas pode ser feito até, simplesmente, pedindo-se a alguém para trocar.

Quando você relata que o professor está com os ombros caídos, ou que abaixa a cabeça, você está focalizando os aspectos morfológicos dos comportamentos apresentados pelo professor (uma postura: ombros caídos; e um movimento: abaixar a cabeça). Mas quando diz que o monitor acendeu a luz, que o mágico estalou os dedos, ou que o monitor abriu o livro, você está apontando as conseqüências dos desempenhos, isto é, os efeitos produzidos no ambiente (luz acesa ou apagada, ruído característico do estalar dos dedos, ou livro aberto, respectivamente).

As definições comportamentais podem focalizar aspectos morfológicos, aspectos funcionais, ou ambos, sendo, neste último caso, denominadas de definições mistas.

Em uma definição morfológica, devemos utilizar como referencial o próprio corpo da pessoa. Ou seja, ao descrever um movimento, devemos indicar a direção e sentido do mesmo, tomando como referência as partes do

(^1) Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – ofg@cpgp.ufpa.br (^2) Professor Adjunto II do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – rsb@cpgp.ufpa.br

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corpo (cabeça, tronco, pés etc) ou suas regiões (região central; regiões laterais: direita e esquerda; região anterior e posterior); devemos ainda complementar a definição utilizando referenciais externos ("A osga estava imóvel na parede, com a pata dianteira direita para a frente, a esquerda para trás, estendida quase no sentido vertical, com a cabeça para cima.")

Na definição funcional, em geral, o referencial utilizado é o ambiente externo (físico e/ou social), ressaltando-se as alterações decorrentes da resposta em descrição, e não o próprio corpo (posturas e movimentos).

A seguir, apresentamos exemplos onde o mesmo comportamento é descrito morfologicamente, funcionalmente, e morfo-funcionalmente (descrição mista).

Descrição Morfológica: A monitora estava com o dedo indicador orientado na posição horizontal, com a ponta do dedo em contato com a extremidade superior do botão do interruptor da lâmpada, que estava mais alta em relação à parede, e moveu o dedo para a frente.

Descrição Funcional: A monitora acionou o interruptor. A monitora ligou a lâmpada.

Descrição Mista: A monitora pressionou o botão do interruptor com o dedo indicador da mão direita estendido, ligando a lâmpada.

Em situações cotidianas, somos levados a enfatizar os aspectos funcionais ou morfológicos do comportamento dependendo do que é importante para as circunstâncias específicas. Por exemplo, se você está ensinando a uma criança os primeiros passos de balet clássico, além de servir como modelo, você poderá descrever o comportamento a ser emitido pela criança com ênfase nos aspectos morfológicos, ou seja destacando as posturas e os movimentos que devem ser executados (ficar sobre as pontas dos pés com os braços abertos e girando o corpo). Se, entretanto, você está ensinando a alguém como fazer um bolo, provavelmente você fará descrições dos comportamentos a serem emitidos enfatizando os aspectos funcionais (alterações a serem produzidas tais como colocar trigo ali, misturar a massa até que fique homogênea, colocar ovos etc) sem se importar muito com quais as possíveis topografias que poderão gerar estes resultados. Na maioria dos casos, entretanto, lançamos mão de descrições mistas ou seja enfatizamos posturas, movimentos e resultados envolvidos no comportamento.

Na prática de pesquisa também é assim, ou seja, dependendo dos objetivos da pesquisa em andamento, podemos enfatizar na descrição de comportamentos os aspectos morfológicos, funcionais ou ambos. O importante para você cumprir o presente passo teórico é identificar aspectos funcionais e/ou morfológicos em descrições de comportamento, mesmo que elas não sejam essencialmente morfológicas ou funcionais.

Bibliografia Complementar

Catania, C. A (1999). Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição. Porto Alegre: ArtMed. Trad. Deisy de Souza.

Danna, M. F. e Matos, M. A. (1982). Ensinando observação: Uma introdução. S.Paulo: Edicon.

Fagundes, A. J. F. (1981). Descrição, definição e registro do comportamento. S. Paulo: Edicon

Questões de Estudo

  1. Quais são os elementos importantes das descrições morfológicas do comportamento?
  2. Defina o termo topografia de resposta.
  3. Qual é a topografia da resposta que o barqueiro emite repetidamente usando o remo?
  4. Liste cinco expressões comuns que se referem aos resultados do comportamento, e cinco que se referem à forma.

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Algumas vezes, pode ser que uma mesma variável tenha duas formas de ser avaliada, dependendo do instrumento de medida e da escala usada para medi-la. A propriedade física de reflectância corresponde à cor, para a visão humana normal, ou seja, dada uma fonte luminosa com vários comprimentos de onda incidindo sobre um objeto, parte da energia luminosa (determinados comprimentos de onda) o objeto absorve, parte ele reflete. Essa luz refletida, ao atingir nosso sistema visual nos leva a responder dando nomes a cada faixa particular de combinação de comprimentos de onda. Podemos dizer que a propriedade “comprimento de onda” se distribui em um continuum, mas a propriedade cor assume valores discretos: violeta, azul, verde, amarelo, laranja, vermelho, com diferentes comprimentos de onda sendo classificados na mesma categoria, o que corresponde ao fato de que existem, na verdade, vários amarelos, vários azuis etc.

VARIÁVEIS E FUNÇÕES

Já desde o Passo 1, você vem se familiarizando com a atividade de “analisar o comportamento”. Ao pé da letra, analisar significa dividir em partes. De fato, quando analisamos o comportamento, nós o “dividimos” em suas “partes constituintes” (eventos ambientais e eventos comportamentais) e tentamos estabelecer a relação entre estas ‘”partes”. Analisar o comportamento consiste, pois, em elucidar as relações funcionais que existem entre os eventos comportamentais (públicos ou privados) e os eventos ambientais (públicos ou privados, internos ou externos, meramente físicos ou físico-sociais). Na busca de estabelecer estas relações funcionais, os analistas do comportamento freqüentemente lançam mão do método experimental.

Estabelecer uma relação funcional entre um evento A e outro evento B implica que, mudanças introduzidas no evento A produzirão conseqüentemente mudanças correspondentes no evento B. Se dizemos, por exemplo, que há relação funcional entre “a temperatura média verificada em uma determinada região” (evento A) e o seu “índice pluviométrico” (evento B) estamos afirmando que mudanças na temperatura produzirão mudanças no índice pluviométrico. Nesse exemplo particular, portanto, “índice pluviométrico” e temperatura são as VARIÁVEIS que mantêm entre si uma RELAÇÃO FUNCIONAL.

Uma característica fundamental do método experimental é, portanto, a busca de relações entre variáveis. Essa característica está na base do raciocínio científico. Toda mudança na natureza resulta de outra mudança. Nada ocorre sem causa. E na ciência, hoje, uma causa é um aspecto da natureza que está relacionado a outro, em determinadas condições. O mesmo fenômeno que um pesquisador, ao analisar um conjunto de fenômenos, vê como causa, no dia seguinte pode ser olhado como efeito ao analisar um outro conjunto de fenômenos.

Na ciência, as variáveis são representadas, em geral, por letras minúsculas. As letras mais usadas são "x" e "y". A letra “K” (maiúscula) é reservada para designar uma constante. Uma constante assume um valor invariável dentro de um determinado contexto.

Uma relação funcional (ou simplesmente função ) é representada pela letra "ƒ". A expressão y = ƒ (x)^3 quer dizer que os valores da variável y mudam quando são modificados os valores da variável x, estando constantes, é claro, todas as outras variáveis que interferem nos valores de y. Voltando ao nosso exemplo sobre a função entre a temperatura e o índice pluviométrico , seria possível representá-la assim: IP = ƒ ( T ), onde IP é o índice pluviométrico, que é função da variável T (temperatura). Isso não quer dizer que o índice pluviométrico dependa APENAS da temperatura.

Dado o que já foi discutido até o momento sobre variáveis e funções, procure responder a seguinte pergunta: Quando dizemos que o comportamento é função do ambiente, o que queremos dizer?

MÉTODO EXPERIMENTAL

Na busca do estabelecimento de relações funcionais entre eventos (análise), as variáveis envolvidas (sejam discretas ou contínuas) podem ser classificadas, de acordo com um outro critério, em variáveis dependentes, independentes e estranhas.

Variável dependente (VD) é a variável que sofre o efeito de outras variáveis no contexto da análise que estamos conduzindo (é nesse sentido que ela é “dependente”). A VD é, portanto, a variável que medimos ou observamos com o objetivo de detectar o efeito de outras variáveis sobre ela. Em resumo ela é a variável a qual estamos

(^3) Leia-se: “ipsilon é função de xis”

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interessados em elucidar. Nos estudos conduzidos pelos analistas do comportamento, por exemplo, a VD é sempre o comportamento.

A variável independente (VI) é a variável que supomos que afeta a VD. A VI é, portanto, a variável que manipulamos (modificamos) para poder observar ou medir os efeitos dessas manipulações na VD. Na Análise do Comportamento, as variáveis independentes que buscamos relacionar com o comportamento são eventos ambientais. A nomenclatura “dependente” e “independente”, pode, entretanto gerar alguma distorção se você não atentar para o fato de que essas variáveis são dependentes ou independentes num sentido muito restrito, ou seja, essa nomenclatura só é válida para a análise específica que se está conduzindo. Eventualmente, a variável que hora está sendo denominada de dependente (índice pluviométrico) pode ser considerada uma variável independente quando confrontada com uma nova variável (crescimento de um determinado tipo de vegetação, por exemplo). Nesse sentido, seria inclusive adequado nomear essas variáveis de “variável manipulada” (VI) e “variável observada” (VD).

Bom, questões de nomenclatura à parte, quando as manipulações na VI produzem conseqüentemente mudanças na VD, podemos dizer que encontramos uma RELAÇÃO FUNCIONAL. Por exemplo, mudanças sistemáticas e duradouras na temperatura (VI) de uma determinada região produzem mudanças em seu índice pluviométrico (VD).

Essa conclusão, entretanto, só pode ser extraída se as demais variáveis que afetam a VD (umidade, densidade da vegetação etc) forem momentaneamente impedidas de produzir modificações na VD. A essas variáveis que podem afetar a VD e que, portanto, prejudicam a elucidação de uma relação funcional, chamamos de variáveis estranhas (VE’s). Elas devem ser eliminadas ou controladas.

Talvez seja adequado encerrar essa rápida abordagem do método experimental através de um exemplo baseado em fatos do cotidiano e que, portanto, não requer domínio de termos técnicos da Análise do Comportamento. Consideremos, então, que precisamos saber mais a respeito do tempo que é necessário para cozinhar um ovo. Essa é portanto a nossa VARIÁVEL DEPENDENTE, ou seja, variável observada. Sabemos que a quantidade de água que usamos para cozinhar, a espessura da panela, a quantidade de calor dissipada pela fonte calorífica, a temperatura inicial do ovo e da água etc, são VARIÁVEIS ESTRANHAS, ou seja, variáveis que afetam a nossa VD. Estamos interessados, contudo, em responder a seguinte pergunta: o teor calórico do ovo (VARIÁVEL INDEPENDENTE, ou variável manipulada) afeta o seu tempo de cozimento (VARIÁVEL DEPENDENTE)? Para efeito de nosso exemplo, essa é, então, nossa questão-problema. Ela é, portanto, o ponto de partida para nosso “estudo experimental”.

Para responder a nossa questão, precisaríamos obter ovos de diferentes valores calóricos (variações nos valores da VI) e verificar se eles ficam cozidos em tempos diferentes (observação de alterações na VD). É claro que precisaríamos definir claramente o que estamos considerando como cozido e, principalmente, deveríamos controlar todas as variáveis estranhas.

Com base nesse exemplo quase anedótico, você poderia tentar elaborar uma maneira de responder, através do método experimental, a seguinte pergunta:

“A conseqüência do comportamento dos organismos afeta a freqüência desses comportamentos?”

Você poderá se dedicar especialmente a essa questão quando estiver confeccionando o seu Relatório I.

Vamos às considerações finais:

De acordo com o que estudamos no Passo 1 e no Passo 2, e considerando também o contexto da discussão sobre a Psicologia enquanto ciência, pode-se dizer

Do objeto de estudo:

"A Psicologia é o estudo da interação entre organismo e ambiente". (Harzem & Miles, 1978, p.47).

"O termo comportamento deve incluir a atividade total do organismo - o funcionamento de todas as suas partes." (Skinner, 1961, p. 337).

"O termo ambiente presumivelmente significa qualquer evento no universo capaz de afetar o organismo. Mas parte do universo está encerrado dentro da própria pele de cada um" (Skinner, 1981, pp. 247-248).

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Bacharach, A. J. (1975). Introdução à pesquisa psicológica. S.Paulo: E.P.U.

Catania, C. A (1999). Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição. Porto Alegre: ArtMed. Trad. Deisy de Souza.

Keller, F. S. & Schoenfeld, D. (1966). Princípios de Psicologia. São Paulo: EPU.

McGuigan, F. J. (1976). Psicologia experimental: Uma abordagem metodológica. São Paulo: EPU.

Millenson, J. R. (1975). Princípios de Análise do Comportamento. Brasília: Coordenada.

Skinner, B. F. (1981). Ciência e comportamento humano. 7ª Ed., S.Paulo: Martins Fontes.

QUESTÕES DE ESTUDO

  1. Escreva a fórmula da relação funcional entre comportamento e ambiente. Dê o significado de cada uma das incógnitas.
  2. Em uma relação funcional os valores de uma variável dependente são manipulados direta ou indiretamente?
  3. Porque as explicações em termos de causa e efeito foram substituídas por relações funcionais?

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Passo 4 – Funções do Estímulo I

Olavo de Faria Galvão^1

Romariz da Silva Barros^2

Objetivos: 1) Diferenciar reflexos incondicionado e condicionado; 2) Definir e dar exemplos de contingências respondentes; 3) Identificar a função eliciadora dos estímulos; 4) Identificar os termos da contingências em exemplos dados; 5) Formular exemplos de contingências respondentes.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O que a ciência estuda?

A atividade científica, da forma como a conhecemos hoje, consiste basicamente em sistematizar, através de descrições e mensurações, as relações que ocorrem entre eventos, seja em condições naturais, seja em condições criadas pelo homem, com o objetivo de permitir ao ser humano prever e controlar fenômenos da natureza. A ciência estuda, portanto, como é que uma parte da natureza se comporta ao ser colocada em contato com outra em determinadas condições conhecidas. Na Química, por exemplo, estuda-se como uma substância se comporta quando colocada em contato com outra. O estudo científico do comportamento dos organismos vivos (humanos e não humanos) segue o mesmo padrão, isto é, busca entender a relação indivíduo-ambiente em condições conhecidas.

Qual é a base para o estudo funcional do comportamento dos organismos?

Os organismos estão em constante movimento sem que, necessariamente, sejam visíveis as “causas” desses movimentos. A atividade dos organismos pode ser vista como uma seqüência ininterrupta de movimentos e posturas (visão morfológica), mas também como uma seqüência de interações entre os organismos e o ambiente (visão funcional). A descrição morfológica do comportamento permite a verificação de posturas e movimentos, cujo interesse científico fica limitado, se não forem relacionadas às condições nas quais ocorrem. Relacionar as ações às suas condições de ocorrência é a base do estudo funcional do comportamento.

Qual a diferença entre os comportamentos no laboratório e em condições normais?

{©O uso de uma análise funcional preserva a compreensão de que ambos, o organismo e o ambiente estão em constante mudança e que juntos formam um sistema dinâmico. As medidas feitas no laboratório nos permitem detectar, em condições controladas, processos comportamentais, ou seja, relações entre variáveis ambientais especificadas e as atividades dos organismos. Entretanto, em condições normais, essas relações são complexas, com muitas variáveis e processos interagindo simultaneamente, de forma que o conhecimento dos processos básicos (muitas vezes obtido em estudos feitos em laboratório) é importante para a interpretação das situações complexas da vida comum, apesar do certo grau de imprecisão que resulta do caráter intrinsecamente multideterminado do fenômeno comportamental. Os princípios do condicionamento que estaremos estudando ao longo deste curso nos ajudam a compreender o comportamento e seus processos básicos, mas não são a explicação final e completa, mesmo para os nossos mais simples atos.

Comportamento, ação, resposta, desempenho?

Daqui para a frente, quando utilizarmos o termo “comportamento”, estaremos nos referindo às complexas interações entre as ações dos organismos e o ambiente (atente para a definição de ambiente, referida no Passo 3). Na verdade é praticamente impossível referir-se a atividades dos organismos sem referirmo-nos ao ambiente.

(^1) Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – ofg@cpgp.ufpa.br (^2) Professor Adjunto II do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – rsb@cpgp.ufpa.br