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Entrevista com o professor edison luiz durigon, especialista em virologia, sobre o vírus h1n1 e sua relação com outros vírus da influenza. Durigon aborda a história do vírus, suas origens, evolução e diferenças entre os tipos a e b. Além disso, discute a gravidade da gripe asiática de 1957 e como o vírus se adapta ao homem e a outros animais.
Tipologia: Notas de estudo
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12 n^ agosto DE 2009 n^ PESQUISA FAPESP 162
entrevista
vírus, dissílabo que soa muito familiar à maior parte das pes- soas e que desde abril, na sua vestimenta A H1N1, tornou- -se personagem diária, às vezes de visibilidade escandalosa, na mídia de todo o planeta, ainda é capaz de intrigar, e muito, os cientis- tas que dedicam a vida a decifrá-lo. Pa- ra começar: trata-se de um organismo vivo? Não, ele não é classificado como ser vivo. Quando está fora da célula, é só um elemento químico. Mas, dentro dela, torna-se uma partícula infecciosa com enzimas e sequências de nucleotí- deos que fazem com que se replique e se comporte como ser vivo. Quem explica assim o caráter ambíguo e ambivalente do vírus é Edison Luiz Durigon, 53 anos, professor titular e chefe do Laboratório de Virologia do Departamento de Mi- crobiologia do Instituto de Ciências Bio- médicas da Universidade de São Paulo (USP). Outra questão: há vírus benéficos para o organismo humano, da mesma forma como há bactérias fundamentais para o metabolismo adequado do corpo do Homo sapiens? Não, ao que se sabe até aqui, nos diz Durigon. Nem todos pro- duzem patologias, há os que permane- cem inertes pela vida inteira até, mas não se conhecem benefícios de sua lavra. Com a pandemia da gripe A H1N que começou entre março e abril passa- dos no hemisfério Norte, e que a essa al- tura ainda está se alastrando no hemisfé- rio Sul, o professor Durigon tem se visto à volta com essas e outras perguntas mais
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pragmáticas que lhe são apresentadas por médicos, jornalistas e outros profissio- nais empenhados em explicar as origens, a evolução e os perigos de uma gripe que inicialmente se chamou de suína. E ele parece dar conta da tarefa com gosto. Um dos mais respeitados virologistas do país, coordenador da Rede de Diversi- dade Genética de Vírus (VGDN), mon- tada em 2000 com o apoio da FAPESP, Durigon dedica-se desde os anos 1980 à pesquisa de vírus. Primeiro, seu grupo se debruçou sobre os rotavírus causadores de diarreia, e ele está seguro de que con- tribuiu para a clara noção, preciosa para salvar tantas vidas, de que as diarreias infantis eram prioritariamente causadas por vírus, e não por bactérias. Depois, nos anos 1990, ele se voltou para os vírus relacionados a problemas respiratórios, incluindo os influenza. Os avanços ob- tidos nessa área o capacitaram a montar uma série de incursões pelo país, já na presente década, para monitorar nas aves migratórias o risco de entrada da chama- da gripe aviária no Brasil. Nesta entrevista Edison Durigon, que tem um pós-doutorado pelo Centro de Controle de Doenças Infecciosas (CDC), de Atlanta, nos Estados Unidos, fala so- bre o A H1N1, a gripe que ele provoca, e trata de muitos outros vírus, com suas mutações, incertezas e ameaças.
n O que há de específico no vírus da gripe suína, o A H1N1, e o que o diferencia dos outros tipos de vírus influenza_?_ — Ele é diferente. Temos dois vírus que
circulam há bastante tempo na população humana. São o H3N2 e o H1N1. Todos são descendentes do vírus da gripe espa- nhola, de 1918. Eles vão se modificando, se atenuando no homem e causam a gri- pe conhecida como sazonal. Anualmente temos gripe no mundo todo causada por esses dois tipos de vírus. Afora esses dois, que são da influenza A , há outros, da in- fluenza B , que nunca causaram nenhuma pandemia. Por isso, em termos de saúde pública, a preocupação é sempre com os vírus da influenza A.
n Existem, entre o A e o B , diferenças de gravidade? — Há dois tipos de vírus da influenza A. Um que tem a mesma gravidade do B , com baixa patogenicidade, e outro que tem alta patogenicidade e é muito perigoso. Ele se replica muito mais rápi- do, causa hemorragia pulmonar e pode infectar outros órgãos. Isso aconteceu em 1918 com o H1N1. Ele veio direto da ave para o homem e causou a pandemia em que morreram pelo menos 50 mi- lhões de pessoas, conhecida como gripe espanhola.
n A gripe asiática de 1957 não foi causada pelo mesmo vírus? — Não, foi por um descendente dele, uma mistura com vírus de outros ani- mais, geralmente da ave e do porco. A ave é o reservatório natural do vírus da gripe, o homem é contaminado por ele e, com o passar do tempo, fomos nos adaptando. A mortalidade foi grande na
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gripe espanhola porque ela era provoca- da por um vírus de alta patogenicidade, que foi naturalmente se atenuando e se tornou de baixa patogenicidade. É o que está entre nós até hoje, depois de muitas recombinações. Ele se recombinou com suíno, depois de novo com ave, deu no H3N2, aí voltou para o H1N1...
n Como se sabe que a primeira vez que o H1N1 migrou diretamente da ave para o homem foi em 1918? Não pode ter havido muitas gripes parecidas antes? — A de 1918 é a primeira que temos documentada. Há, claro, relatos de epi- demias graves de gripe de muito antes, de 100, 200, 300 anos atrás. Mas não se sabe o que circulou. Já de 1918 para cá temos muitos relatos, soro de doentes da época, e ainda há pessoas vivas que se lembram do que aconteceu e de quem consegui- mos examinar o sangue para comprovar qual foi o vírus causador da epidemia.
n Ou seja, há uma comprovação empírica segura. — Seguríssima. Agora, o vírus que causa a gripe atual é uma combinação de qua- tro vírus: o suíno, o humano e o de aves, sendo que do suíno, há duas cepas de vírus: o H1N1que circula normalmente em suínos nas Américas, chamado de ce- pa americana, e o vírus também H1N que circula na Eurásia (Ásia e Europa), conhecido como cepa eurásica. Ambos se chamam H1N1 suíno, porém, gene- ticamente, eles são diferentes. Portanto, o vírus atual da gripe suína que atinge os seres humanos é uma mistura desses quatro: dois suínos – o americano e o eurásico –, um humano e um de aves. Em 2005 isolaram nos Estados Unidos um vírus de um rapaz de 17 anos que teve uma gripe forte. E perceberam que era um novo vírus, que já tinha uma mistura de outros três: influenza suína america- na, influenza humana e influenza de ave. Só que isolaram em apenas uma pessoa, não teve outros casos. Acredita-se que esse mix de três evoluiu para o atual, de quatro vírus.
n Podemos dizer então que a gripe atual deriva das mudanças no vírus pelo menos desde 2005? — Nos Estados Unidos há relatos de que o H1N1 suíno circulou na epidemia sa- zonal do ano passado. Atualmente esta- mos testando aqui amostras de crianças internadas na Santa Casa de São Paulo em 2008 e temos fortes evidências de que o H1N1 da chamada gripe suína já esta- va circulando entre nós no ano passado.
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tamina uns 10% do grupo com o qual ele trabalha. Esses 10% vão contaminar outros 10%. Em pouco tempo está todo mundo infectado. Mas, se o brasileiro não for trabalhar mesmo gripado, o che- fe acha que ele é muito mole. O ideal é ficar em casa. A criança gripada não deveria ir para a escola, mesmo que esteja se sentindo bem, porque ela ainda está eliminando vírus.
n Por quanto tempo se elimina vírus? — Por até sete dias, quando se está gripa- do. A transmissão pelo ar se dá quando espirramos. Mas essa não é a principal forma. Como eliminamos muita secre- ção, é inevitável colocar a mão no nariz, coçar, pôr o dedo na boca. É um hábito que temos como primatas, muito difícil de controlar, que favorece uma transmis- são maior. E estamos sempre tocando nas coisas, indo trabalhar, estudar, encontrar pessoas. O ideal seria ficar em casa por 10 ou 15 dias, até ficar curado.
n No trabalho que a sua equipe fez em 2005, de captura de aves na Floresta Ama- zônica, o objetivo era procurar o H5N1 nas aves migratórias. Achou-se algo? — Achamos bastante influenza de aves, mas não o H5N1, que era o pavor do Mi- nistério da Saúde e da Agricultura porque se trata de um vírus muito perigoso tanto para aves quanto para gente. Ele mata mais de 50% das pessoas que infecta. Mas só é transmitido de aves para seres humanos, não entre as pessoas. O que faz um vírus infectar o homem é o contato que ele tem com a célula superficial, com as células do nariz, da boca... Para que haja adesão do vírus e infecção, a célula tem de ter um re- ceptor específico para o vírus em questão. As espículas que se encontram na parte mais superficial do vírus da gripe suína são reconhecidas pelo receptor específico das células para ele, neste caso o ácido siá- lico. E uma determinada conformação nas espículas permite o encaixe vírus-célula. O vírus aviário não se encaixa bem na célula humana em razão de sua conformação. Até agora as infecções aviárias se deram por meio do contato direto com secreção de ave, pela qual a pessoa recebeu uma grande quantidade de vírus que chegaram até as células mais baixas de brônquios ou de pulmão.
n Ainda se teme esse tipo de transmissão na gripe aviária? — Ah, sim! A conformação depende de apenas três mutações no genoma do ví- rus, e uma já ocorreu. Faltam duas. Esta- mos com 486 casos de influenza aviária,
com 260 mortes [ dados de junho ] na Ásia e Europa. É muito, mais de 50%. Na Chi- na é de quase 100%. Este ano eles tiveram sete casos com cinco mortes.
n No caso da gripe aviária, havia a pers- pectiva de desenvolvimento de uma vacina eficaz, que não ocorreu. — Como o vírus ainda não sofreu a mu- tação que precisa para passar de pessoa para pessoa, não adianta fazer uma vacina para o que está ocorrendo agora. Ela não funcionará quando ele sofrer a mutação. É o caso semelhante ao do H1N1 suíno. Na vacina contra gripe sazonal que as pessoas tomaram este ano tem o H1N1, só que ele não funciona 100% contra o vírus suíno, embora talvez proteja algumas pessoas.
n Então temos mais um problema: a mu- tação que o A H1N1 ainda pode sofrer no próximo ano. Portanto, as vacinas teriam de prever essa mutação. — Já tem algumas vacinas feitas para esse H1N1 suíno que devem estar no mercado em setembro. Os grandes laboratórios pri- vados estão correndo porque a epidemia de gripe vai começar novamente no hemis- fério Norte mais ou menos em outubro e novembro e todos querem ter a vacina à mão antes. Mas elas estão sendo feitas para combater a versão atual do vírus. Não dá
para fazer vacina para o próximo se não sabemos como vai ser a mutação.
n Se ocorrer de o vírus da gripe aviária mutar, dá para fazer uma vacina rapidamente? — Um dos grandes medos que todos tinham quando surgiu o H1N1 suíno é que ele entrasse na China porque lá ainda está tendo casos de H5N1. Haveria o risco de o mesmo paciente ser infectado com os dois vírus e criar um mutante. A Chi- na tomou medidas muito mais rígidas que no resto do mundo, como impedir a entrada de pessoas ou fazer quarentena. Só que é muito difícil criar barreira pa- ra vírus. Eles têm muitos casos da gripe suína e alguns poucos da gripe aviária. A China vai ser nosso grande problema, porque o H1N1 já recombinou de todos os lados. O risco de fazer isso mais uma vez não é pequeno.
n Parece que esta é a primeira vez em que é possível acompanhar o surgimento de um novo vírus desde o começo. Não é uma vantagem? — É um vantagem, lógico. Mas está to- do mundo muito assustado, inclusive os médicos nos hospitais aqui de São Paulo. Chega uma pessoa com uma gripe forte, fez o teste, deu H1N1 suíno, eles têm de isolar o paciente. Mas isolar onde? Se vo-
H1N1 isolado de um paciente brasileiro
c.s.gol
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cê chega com algum outro problema, os médicos não têm como internar porque está cheio de gente com a gripe.
n Mas o Adolfo Lutz poderia ajudar e dar um resultado em algumas horas, em vez de gastar sete dias. — Só o Adolfo Lutz não tem condições de fazer os testes para o Brasil todo, para o estado todo ou para a cidade toda. O que tem de ser feito é distribuir os tes- tes para todos os laboratórios, sejam eles públicos ou privados. Os Estados Uni- dos são o país do qual temos mais dados porque quando a epidemia começou, em março, o governo produziu kits de diag- nóstico e distribuiu para os laboratórios americanos que tinham competência para isso, públicos e privados. Para os que não tinham o equipamento, o CDC comprou e distribuiu. Em qualquer es- tado americano há laboratórios capazes de fazer o diagnóstico no mesmo dia. O nosso HU tem um excelente laboratório e poderia estar fazendo o diagnóstico. O paciente chegaria com os sintomas, faria o teste, que sai em três horas e, se estivesse com o vírus, já tomaria o me- dicamento indicado, que é o oseltamivir, que tem o nome comercial de Tamiflu. É uma droga que funciona apenas se for tomado nas primeiras 72 horas. O pro- blema é que não tem Tamiflu suficiente.
n Por que não há Tamiflu suficiente? — Quem fabrica é o laboratório Roche. Ocorre que a demanda no mundo inteiro é tamanha que eles não estão dando con- ta de fabricar. Essa é uma droga muito específica. E o Brasil nunca usou muito o Tamiflu porque o paciente normalmente chega ao hospital com mais de três dias de infecção e aí não adianta mais. Além disso, se o médico não está seguro de que o paciente tem influenza , não adianta dar essa droga.
n Como a população pode saber se está in- fectada pelo H1N1 suíno ou por influenza sazonal?
— Não tem como saber. Nem os mé- dicos sabem. Os sintomas de gripe são comuns a vários vírus.
n E os chamados resfriados de inverno em que as pessoas não têm febre? — Esse é outro tipo de vírus chamado de rinovírus. O sintoma é coriza, um pequeno problema respiratório, alguma indisposição, mas sem febre. O influenza geralmente dá febre, e alta, com outros sintomas. Dos testes que temos feito para o HU, quase 100% é H1N1 suíno. Não estamos tendo nem H3N2 e nem H1N sazonal. Isso vale para as últimas duas semanas de julho. Em junho, estava entre 30% e 50%. A época do H3N2 e do H1N sazonal começa em maio, vai até o come- ço de agosto e desaparece. Não que não tenha gripe durante o ano inteiro, tem, mas o pico é no período junho-agosto, quando mais circulam os dois vírus. Este ano eles circularam junto com o H1N suíno e pararam de circular porque es- tão dentro da sazonalidade. Ocorre que a transmissão do suíno começou agora. Por isso daqui para a frente só deveremos ter um tipo de vírus, o suíno. Aconteceu o mesmo nos outros países.
n Até quando esse o H1N1 vai dominar este ano? — Acredito que até outubro. Em agosto e setembro, seguramente.
n E nesse período dá para que as pessoas sai- bam mais sobre ele para tentar evitá-lo? — Acho que sim. As pessoas estão assus- tadas, mas não há uma grande neurose, com todos andando de máscara. No Mé- xico, por exemplo, entraram em deses- pero e botaram máscara na população. E usar máscara não reduziu a epidemia, embora eles digam que sim. Além disso, é preciso saber usar máscara. Num voo de Porto Alegre para cá vi um passageiro que tirou a máscara para comer e colo- cou no assento do lado, no braço da pol- trona onde as pessoas colocam a mão. Do que adianta? Lavar as mãos ajuda muito, é uma das melhores medidas que exis- tem. Mas no dia a dia é difícil fazer isso o tempo todo porque estamos sempre tocando em objetos que outros tocaram. Enfim, lavar as mãos ajuda, mas o vírus vai continuar sendo transmitido, cau- sando 10% das infecções, vão continuar ocorrendo alguns casos de gravidade e algumas mortes.
n Como é o trabalho de seu laboratório na investigação sobre o influenza em aves migratórias?
— Em 2000, nosso grupo montou um projeto com apoio da FAPESP, a Rede de Diversidade Genética de Vírus, a VGDN, chamado de Rede Vírus, do qual fui um dos coordenadores. Estudamos vários vírus como HIV, o da hepatite C, o vírus respiratório sincicial , o hantavírus – que é altamente patogênico –, entre outros. Montamos uma equipe de campo para ir à Amazônia capturar aves migratórias.
n Vocês fizeram um safári à procura de vírus... — Exatamente. Fizemos várias expedi- ções para passar um mês em vários esta- dos. Foi todo um trabalho para monito- rar a possibilidade do vírus da influenza viária, o H5N1, entrar no Brasil. Não ha- via nada sendo feito na época. A primeira expedição foi em 2005. Antes tivemos de criar a infraestrutura para isso, a partir de 2001, como montar um laboratório de segurança máxima, o NB3+, e trans- porte seguro, dentro de todas as normas de segurança internacionais. Não dava para ir colher vírus na Amazônia de ave migratória e trazer para uma região com 20 milhões de habitantes sem segurança. Seria uma irresponsabilidade enorme.
n A Rede Vírus criou outros laboratórios? — Montamos seis deles no estado de São Paulo só para diagnóstico desses vírus. Hoje estão todos funcionando com capacidade para fazer os testes de H1N1. Nesse período surgiram algumas epidemias que assustaram a todos, co- mo a Sars [ Síndrome respiratória aguda grave ]. Quando ela surgiu, em 2003, só tínhamos o meu laboratório de seguran- ça para trabalhar com o coronavírus , da Sars. Na época, peguei os dados de tudo o que estava acontecendo no mundo e levei para o professor José Fernando Perez, o diretor científico da FAPESP na ocasião. Disse para ele que tínhamos uma rede para estudar vírus, mas se o Sars che- gasse ao Brasil não teríamos laboratório