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INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS DIFICULDADES DE. APRENDIZAGEM NO PERÍODO DE ... As técnicas utilizadas são instrumentos próprios da Psicopedagogia,.
Tipologia: Notas de estudo
Compartilhado em 07/11/2022
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Trabalho apresentado a coordenação da Faculdade Católica de Anápolis para obtenção do titulo de Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica sob orientação da professora especialista Ana Maria Vieira de Souza.
As contribuições da Psicopedagogia são indiscutivelmente comprovadas como favoráveis e benéficas na atuação da aprendizagem humana. Vê-se isto num estudo de caso a ser apresentado neste trabalho, partindo da investigação minuciosa das dificuldades de aprendizagem de uma criança em fase de alfabetização. Intenciona- se apresentar as influências da família, escola e sociedade no desenvolvimento cognitivo e afetivo do sujeito, utilizando procedimentos próprios da prática psicopedagógica.
Palavras-chave: Psicopedagogia. Dificuldades de aprendizagem. Alfabetização. Sujeito.
Psychopedagogy contributions are arguably proven to be favorable and beneficial role in human learning. This is seen in a case study to be presented in this paper, based on the thorough investigation of the learning difficulties of a child in beginning literacy. Intends to present the influences of family, school and society in the cognitive and affective development of the subject, using procedures psychopedagogical own practice.
Keywords: Psychopedagogy. Learning. Literacy. Subject.
O estágio foi realizado na E.M.D.A., que fica situada à Avenida Alameda dos Palmares, S/N, no bairro Jardim Alexandrina. A escola atende uma clientela diversificada nos turnos matutino, vespertino e noturno, com classes de ensino fundamental 1ª e 2ª fases e EJA. Sabendo da importância do setting terapêutico como ambiente propício na construção de vínculos entre psicopedagogo e sujeito, a escola concedeu um espaço para que fossem realizadas todas as atividades propostas para o estágio. O setting é ainda um recurso que se constitui um poderoso instrumento, que inclui desde a habilidade do analista para se relacionar com o paciente até o espaço físico compartilhado por ambos (HISADA, 2002). Os encontros aconteceram no período matutino, o setting foi preparado na medida do possível, para oferecer comodidade e privacidade aos envolvidos. Este mesmo ambiente é utilizado pela professora de métodos e recursos da escola, esta profissional atende crianças com dificuldades de aprendizagem procurando ajudá-las com atividades de reforço que contemplem sempre habilidades e competências.
As técnicas utilizadas são instrumentos próprios da Psicopedagogia, buscando sempre a investigação e análise dos dados obtidos nas sessões. Para Maria Lúcia Lemme Weiss estão incluídas como indispensáveis as técnicas que explorem a capacidade cognitiva e criativa do sujeito
[...] avaliação da produção pedagógica e de vínculos com objetos de aprendizagem escolar, busca de construção e funcionamentos das estruturas cognitivas (diagnóstico exploratório), desempenho em testes de inteligência e visomotores, análise de aspectos emocionais por meio de testes expressivos, sessões de brincar e criar. (WEISS, 2008, p. 38).
Os instrumentos utilizados como fonte de estudo e pesquisa neste estágio foram: Anamnese, E.F.E.S. (Entrevista Familiar Exploratória Situacional), E.O.C.A. (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem), Pareja Educativa, Os quatro momentos do meu dia, Dia dos meus compleãnios, Verificação ou não do realismo nominal, Observação em sala de aula, Observação do aluno fora da sala de aula, Avaliações Pedagógicas: ditado e escrita, Diagnóstico de Leitura, Prova de matemática, Provas operacionais de Piaget, A hora do jogo diagnóstica.
Os atendimentos aconteceram na E.M.D.A. no período matutino, as sessões foram agendadas para a segunda quinzena do mês de maio. Em seis sessões as atividades propostas foram realizadas, houve dias em que o tempo de cada atividade foi estendido devido a disponibilidade de dia e horário dos participantes, além disso, algumas atividades exigiram mais tempo para serem realizadas, por precisar de conversas, orientação e clareza dos objetivos das atividades. A sala usada para acolher os participantes foi preparada com antecedência e dentro das possibilidades que a escola poderia oferecer. Sobre a aparência do consultório Weiss diz que:
é fundamental na criação de um clima espontâneo de trabalho, no despertar o desejo de conhecer. Não deverá ser uma réplica da sala de visitas do lar, nem de salas de aula de diferentes escolas. Não é também um consultório de médico ou de psicanalista. É um lugar agradável de trabalho, que possibilita trilhar, de forma prazerosa, diferentes caminhos do aprender” (Weiss, 2008, p. 154). O estudo de caso foi realizado com E.B.P., respeitando o seguinte cronograma: Dia 13/05 , foi realizada a visita à escola e a Anamnese. Dia 16/05 a E.F.E.S.. Ainda no dia 16/05 seguiu-se a E.O.C.A. No dia 17/05 realizou-se a Pareja Educativa, em seguida Os quatro momentos do meu dia e Dia dos meus compleãnios.
O objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social (WEISS, 2008). O diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento. É necessário fazer o diagnóstico com muito cuidado observando o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito. De acordo com Alicia Fernandez deve-se pensar no problema de aprendizagem não apenas como derivado do organismo ou só da inteligência, caso assim o fosse, para sua cura não haveria necessidade de recorrer à família. Se, ao contrário, as patologias no aprender surgissem na criança ou adolescente somente a partir de sua função equilibradora do sistema familiar, não necessitaríamos, para seu diagnóstico e cura, recorrer ao sujeito separadamente de sua família. (FERNANDEZ, 1990). É possível então compreender que o diagnóstico psicopedagógico é um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo, é preciso contar com os conhecimentos práticos e teóricos da Psicopedagogia para elaborá-lo com exatidão. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico, através de intervenções e da "escuta psicopedagógica", para que "se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção" (BOSSA, 1994, p. 24).
Os instrumentos de avaliação podem incluir diferentes modalidades de atividades e testes padronizados. A responsabilidade no uso e nas escolhas corretas dos instrumentos é determinante para o sucesso de um diagnóstico. Dentre os instrumentos de avaliação que foram utilizados neste estágio destaco: a escrita livre e dirigida, visando avaliar a grafia, ortografia e produção textual; leitura (decodificação e compreensão); provas de avaliação
do nível de pensamento e outras funções cognitivas; cálculos; jogos simbólicos e jogos com regras e desenho.
A Anamnese é uma entrevista com perguntas simples, porém diretas sobre a rotina familiar, levando os entrevistados a fazerem um resgate do passado. Os participantes dessa entrevista geralmente são os pais ou responsáveis pela criança. Deve haver fidelidade aos registros para que se possa construir com as informações futuramente o levantamento de hipóteses, o diagnóstico e as intervenções em toda a dinâmica familiar. Sobre Anamnese, Weiss considera:
...um dos pontos cruciais de um bom diagnóstico. É ela que possibilita a integração das dimensões de passado, presente e futuro do paciente, permitindo perceber a construção ou não de sua própria continuidade e das diferentes gerações, ou seja, é uma anamnese da família> A visão familiar da história de vida do paciente traz em seu bojo seus preconceitos, normas, expectativas,a circulação dos afetos e do conhecimento, além do peso das gerações anteriores que é depositado sobre o paciente” (WEISS, 2008, p. 63). No caso apresentado a seguir, a anamnese aconteceu no dia 13 de maio de 2011, com a mãe de E.B.P., 11 anos e 11 meses, aluno da E.M.D.A., matriculado no 2º ano do ensino fundamental. A mãe queixava-se da dificuldade de aprendizagem do filho, que com a idade já mencionada não sabia ler nem escrever, ás vezes nem o seu próprio nome. A mãe de E.B.P. relata que ela e o esposo têm o ensino fundamental incompleto. Diz que a família têm um poder aquisitivo baixo e vivem a pouco tempo na cidade de Anápolis, moravam no estado do Pará e vieram à procura de emprego para terem uma condição de vida melhor. A família mora numa casa alugada próxima a escola. Têm mais três filhos e E.B.P. é o primogênito. Segundo a mãe, a gravidez de E.B.P. foi um muito tumultuada, pois ela não havia planejado a gravidez, era adolescente, não teve acompanhamento pré-natal devido os recursos serem poucos na zona rural do Pará e o parto foi prematuro com sete meses. O parto foi realizado em casa, o bebê
O momento familiar gera expectativas para ambas as partes, terapeuta e família. É nesse momento que é possível observar a dinâmica e o relacionamento familiar em conjunto numa determinada atividade. Sobre as provas projetivas WEISS observa que: A E.F.E.S., visa a compreensão da queixa nas dimensões da escola e da família, a captação das relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, a expectativa em relação à atuação do terapeuta, a aceitação e o engajamento do paciente e de seus pais no processo diagnóstico, a realização do contrato e do enquadramento e o esclarecimento do que é um diagnóstico psicopedagógico” (WEISS, 2000, p.50). Para a realização da E.F.E.S. segue-se os passos propostos por Weiss em seu livro “Psicopedagogia Clínica uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar”. No primeiro momento procura-se criar um clima de confiança entre os participantes, faz-se a apresentação como Pedagoga e estudante de Psicopedagogia, comenta-se sobre a seriedade do trabalho a ser desenvolvido no decorrer do estágio, principalmente sobre as informações confidenciais que viriam à tona no decorrer das sessões. Estavam presentes apenas mãe e filho, o pai não compareceu devido o horário de trabalho. Após minha fala deixei o espaço aberto para que E.B.P. comentasse sobre o motivo da vinda ao setting, porém o menino disse apenas “não sei”, sabendo que essa expressão é fruto do inconsciente, registrei como um ponto a ser mais investigado. Ele estava demonstrando ansiedade e excessiva timidez na presença da mãe. Feito isso transfere-se a oportunidade da mãe apresentar sua queixa, e ela olhando para o filho disse que estavam ali pois gostaria muito que ele aprendesse e se interessasse mais pela escola e que eu iria ajudá-lo. Faz-se uma intervenção nesse momento conversando com a mãe sobre o que ela poderia fazer para melhor acompanhá-lo nas atividades escolares e solicitando a E.B.P. maior compromisso com suas atividades. Assim encerrou-se a entrevista familiar.
A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (E.O.C.A.) foi idealizado por Jorge Visca como um instrumento simples, porém rico em
resultados (BOSSA, 2000, p. 57). “A intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental” (VISCA, 1987, p. 72). Sobre E.O.C.A. Weiss diz que: As propostas a serem feitas na EOCA, assim como o material a ser usado, vão variar de acordo com a idade e a escolaridade do paciente. O material comumente usado para crianças é composto de folhas brancas de papel tipo ofício, papel pautado, folhas coloridas, lápis preto novo sem ponta, apontador, borracha, régua, caneta esferográfica tesoura, cola, pedaços de papel lustroso, livros e revistas” (WEISS, 2008, p. 57). Ao iniciar a EOCA apresenta-se a caixa com os materiais descritos acima por Weiss para E.B.P.. A princípio o aprendente demonstrou desinteresse, mas quando foi dito que poderia mexer nos materiais deu um singelo sorriso e começou a mexer na caixa. Solicitou-se a E.B.P. que poderia mostrar algo que saiba fazer com bastante capricho utilizando os materiais da caixa. Então E.B.P. pegou uma folha chamex, apontou o lápis e começou a desenhar sem comentários, apagou algumas vezes e percebe-se que coloca muita força para escrever, além de timidez, pois esconde o desenho com a mão, assim que deu uma pausa foi perguntado sobre o desenho e como resposta disse que era uma menina, depois acrescentou que era uma prima dele que morava no Pará. Em seguida escolheu as cores amarelo e laranjado para pintar a roupa da menina e preto para pintar os cabelos. Não demonstrou interesse em mais nada da caixa, então sugere-se que manuseie os papeis e escolha um para fazer algo mais. Ele pega uma folha chamex branca e a transforma em um aviãozinho de papel comenta que costuma fazer para os colegas na escola. Parabeniza-o pelo feito e encerra- se a sessão. Percebe-se nessa atividade E.B.P. uma criança tímida, introvertida, sem autonomia na tomada de decisão e pouca criatividade. Os questionamento e respostas referentes a esta atividade encontra-se no Anexo deste trabalho.
inicia-se os questionamentos sobre cada desenho resolveu desenhar a imagem de uma cama, segundo ele representando o quarto que ele dorme. Analisando essa atividade percebe-se que E.B.P. possui uma organização mental de seus pensamentos um pouco confusa e desorganizada, seus desenhos são empobrecidos de detalhes.
A Psicopedagogia se faz ciência a partir da comprovação de seus benefícios numa dinâmica de interação entre o cognitivo e o afetivo (BOSSA, 1994), onde o objeto de estudo é o sujeito cognoscente. Esta ciência espetacular não se limita apenas a não aprendizagem, mas sim aos processos mentais que envolvem a aprendizagem como um todo. Dentro desse parâmetro é preciso lançar mão de instrumentos capazes de despertar um pensamento reflexivo que elucide questões outrora escondidos. Ao realizar a atividade “Dia dos meus compleãnios”, solicita-se a E.B.P. que registre o dia do seu aniversário. No primeiro momento começou desenhando algumas pessoas e para surpresa começou a comentar sobre o desenho, falando que eram seus primos e seu irmão mais novo. Desenhou também alguns balões e um quadrado, que segundo ele era o forno onde a avó assou o bolo. Não citou outros membros da sua família. E.B.P. sente-se isolado e deslocado na família atualmente, seu desenho e sua fala poderiam ser mais ricos em detalhes.
De acordo com Ferreiro e Teberosky (1985), na obra Psicogênese da Língua Escrita, as crianças formulam concepções próprias sobre a leitura e a escrita. Para a criança, pessoas, animais e coisas precisam ser nomeados por palavras, mas quando não conseguem relacionar o falado ao escrito podem dizer que coisas grandes têm nomes grandes e coisas pequenas têm nomes pequenos. Neste caso a criança pensa a linguagem com relação ao
mundo material, não consegue abstrair, diz-se então que não supera a fase do realismo nominal. No caso de E.B.P. constata-se que ele ainda não supera o realismo nominal pois quando mostra-se figuras e fichas escritas “trem e carroça” ele não sabe dizer qual é o correto. Quando apresenta-se figuras e fichas escritas “leão e galinha” disse que achava que onde estava escrito leão era galinha. Nesta avaliação percebe-se que E.B.P. não supera o realismo nominal, não compreende sílabas e palavras, não é alfabetizado e está com o conhecimento formal muito aquém do que se espera de uma criança de 11 anos e 11meses.
2.1.8 OBSERVAÇÃO EM SALA DE AULA
O trabalho do psicopedagogo deve sempre buscar parcerias em prol do crescimento do aprendente. Sendo assim aconteceu a observação de E.B.P. na sala de aula, e na mesma oportunidade a professora cedeu algumas informações sobre o comportamento do aluno na sala. E.B.P. é bastante desorganizado com seus pertences, não consegue acompanhar as atividades propostas pela professora à turma de 2º ano que tem em média de 7 a 8 anos, os colegas são mais novos que ele. Começa a aula tranquilo, mas depois vai começando a distrair-se com alguns brinquedos que traz para aula. Levanta-se sem necessidade e passeia pela sala. Copia rápido do quadro mas sem nenhuma noção espacial, não respeita margem e nem linhas. O caderno está muito desorganizado. A professora comenta que ele tem muita dificuldade de memorização, até o próprio nome às vezes precisa de referência para escrever. Ele é repetente e provavelmente não conseguirá apropriar-se com segurança dos conteúdos necessários para passar de ano.