





Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões por meio de suas respectivas obras Mensagem e Os Lusíadas. Para tanto, falaremos um pouco sobre a Literatura Portuguesa ...
Tipologia: Slides
1 / 9
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Revista Pandora Brasil – Artigos - ISSN 2175- 3318
Laís Gerotto de Freitas Valentim^1 Resumo: O presente trabalho tem como objetivo comparar o nacionalismo português de Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões por meio de suas respectivas obras Mensagem e Os Lusíadas. Para tanto, falaremos um pouco sobre a Literatura Portuguesa, além de analisarmos os conceitos de intertextualidade, nacionalismo entre os dois poetas e as características do herói em cada uma das obras. A análise feita nos permite entender que tanto em uma obra quanto em outra, o nacionalismo - o amor à pátria - está presente ora de maneiras iguais e ora de maneiras diferentes. Porém, o objetivo de ambos os poetas é um só: a exaltação do povo português e de Portugal. Palavras-chave: Fernando Pessoa, Luís Vaz de Camões, intertextualidade, nacionalismo, literatura portuguesa. Abstract: This study aims to compare the portuguese nationalism of Fernando Pessoa and Luís Vaz de Camões by means of respective opuses Message and The Lusiad. For this, we will discuss a little about Portuguese Literature, further, we will analyze the concepts of intertextuality, nationalism between the both poets and charactheristics of hero in the both opuses. This analysis is to do understand that as an opus as the other opus, the nationalism - love of their country - stand by similarities and differences. However, the aim of the both poet is one: exaltation of portuguese people and Portugal. Keywords: Fernando Pessoa, Luís Vaz de Camões, intertextuality, nationalism, portuguese literature. Um pouco sobre a História da Literatura Portuguesa Trataremos aqui sobre o movimento de grande cunho cultural e filosófico na Europa como um todo: O Renascimento. O Renascimento teve início na Itália e trouxe grandes descobertas no mundo das artes, da literatura, do comércio, da filosofia, da astrologia e de outras atividades industriais. Diferentemente do Trovadorismo, o Renascimento valorizava a cultura greco-romana e colocava o homem como centro do universo (era a famosa teoria do Antropocentrismo). Duas grandes descobertas que mais contribuíram para o avanço da Europa nessa época foram: a tipografia e as grandes navegações. Como afirma Antônio José Saraiva e Oscar Lopes no livro História da Literatura Portuguesa: O descobrimento do caminho marítimo para a Índia e o da América – ambos rapidamente divulgados pela imprensa – assim como o encontro de civilizações desconhecidas, como a chinesa, modificam as concepções
Revista Pandora Brasil – Artigos - ISSN 2175- 3318 multisseculares do Europeu acerca do planeta, dos costumes e das crenças (SARAIVA, LOPES, 2010, p.172) Porém, com o Quattrocento italiano (século XV ao XVI) passa-se do Renascimento ao Humanismo que nada mais é que novos métodos histórico-filológicos que surgem. Eles explicam: O Humanismo adoptou como modelos as regras, os gêneros, as formas métricas, os recursos estilísticos, a disciplina gramatical dos antigos autores gregos e romanos. Não cabe considerar-se aqui o uso das línguas literárias clássicas, que pôs os seus próprios problemas de adaptação vocabular e fonética então muito debatidos. Problemas ainda mais graves punha-os a adaptação das línguas modernas ao estilo antigo. As normas literárias prescritas pela Poética de Aristóteles, pela Arte Poética de Horácio, pelos preceitos retóricos de Cícero, Quintiliano e Plínio, o Moço, só limitadamente poderiam aproveitar aos escritores quatrocentistas e quinhentistas, de mentalidade diferente (embora nem sempre tendo consciência disso) e embaraçados por um meio lingüístico também diferente, que não permitia, por exemplo, a versificação antiga. (SARAIVA, LOPES, 2010, p. 175) Paralelo a esses dois movimentos, surge também o Classicismo. Em Portugal, podemos dizer que a Corte Portuguesa difundiu esses movimentos lá e, a partir daí, tornou-se obrigatória a difusão da cultura literária e também o aprendizado da gramática no país. Tais movimentos foram de grande importância para os portugueses; principalmente, as grandes navegações. Vejamos: Como iniciadores dos Descobrimentos marítimos, os Portugueses tiveram um grande papel no Renascimento. As viagens ao largo da costa africana exigiam numerosos aperfeiçoamentos, adaptações e invenções técnicas. O astrolábio, instrumento utilizado pelos astrólogos, foi adaptado à determinação das latitudes no alto mar. O conhecimento dos ventos e das correntes marítimas contribuiu muito para a determinação da rota que permitiu dobrar o cabo da Boa Esperança. (SARAIVA, LOPES, 2010, p. 179) Foi no Humanismo que surgiu Camões, uma das grandes e mais determinantes personalidades da metade do século para Portugal, e António Ferreira. Passaremos agora a falar sobre outro movimento de destaque que teve origem nas vanguardas européias e também teve grande repercussão na Europa e no mundo, por revolucionar as artes: O Modernismo. Em Portugal, especificamente, vale a pena falar de uma geração talentosa e uma das que mais contribuiu para isso: A Geração Orpheu. A Geração Orpheu foi assim denominada porque os primeiros modernistas, aqueles que introduziram o Modernismo em Portugal, revolucionaram as artes e as letras no país e criaram a revista Orpheu a qual teve duas publicações em 1915. Faziam parte desse grupo: Mario de Sá Carneiro, Almada-Negreiros e Fernando Pessoa. A obra de Pessoa é rica em todos os sentidos: vocabulário, temas, imaginação, criatividade - podemos entender por criatividade a criação dos três heterônimos famosos do poeta e cada um deles tem uma personalidade, um jeito de escrever e sabemos distingui-los por meio disso. Por ser um homem muito culto, Pessoa sabe usar muito bem a linguagem. Sobre isso, diz Saraiva e Lopes: Pessoa apreende, assim, todo um conjunto de vivências, intuições, em pleno conflito. A explícita carga inquisitiva da sua poesia é inesgotável, e seria necessário ir a Camões para encontrarmos na literatura um poeta comparável sob este aspecto. Quase não há recanto na sua personalidade que não tenha noutro recanto uma antítese justa, mas também precária. (SARAIVA, LOPES, 2010, p. 999) Sobre a comparação com Camões feita na citação acima, os autores fazem-na ainda em outras passagens do livro: Tudo criticando ou desvalorizando, depois de anulado qualquer sentido do progresso, o espírito reflexivo de Pessoa acaba, em certos momentos, por desvalorizar a sua própria razão humana. Daí um estado de
Revista Pandora Brasil – Artigos - ISSN 2175- 3318 Os Lusíadas é a principal obra da literatura portuguesa e de certo modo revolucionou o poema épico, pois o aspecto narrativo predomina e não o descritivo; temos também outros aspectos na obra. São eles: os excursos do poeta tanto externos - que são os comentários do próprio Camões - quanto internos - que são as tramas paralelas à trama principal. Podemos dizer que é uma obra suasória (persuasiva), porque Vasco da Gama não é bem o herói, ele está lá representando o “ilustre peito lusitano” (SPINA, 2010, p.138). Além de haver uma mistura da lírica – e Camões faz isso muito bem - com a épica. Podemos dizer que outras obras do mesmo gênero de outras línguas não têm tais atributos e; para Portugal, país que foi grande na época do Império e, principalmente, na época das Grandes Navegações, foi importante esse “passo” a mais já que os próprios portugueses passaram a conhecer melhor a história deles e passaram a ter orgulho da terra deles. O poeta, ao escrever a obra, exalta o passado de glórias do país como podemos ver em um trecho abaixo: «E porque, como vistes, têm passados Na viagem tão ásperos perigos, Tantos climas e céus exprimentados, Tanto furor de ventos inimigos, Que sejam, determino, agasalhados Nesta costa Africana como amigos; E, tendo guarnecida a lassa frota, Tornarão a seguir sua longa rota. Estas palavras Júpiter dizia, Quando os Deuses, por ordem respondendo, Na sentença um do outro diferia, Razões diversas dando e recebendo. O padre Baco ali não consentia No que Júpiter disse, conhecendo Que esquecerão seus feitos no Oriente Se lá passar a Lusitana gente. ” (Os Lusíadas, Canto I, p.5) Comprova ainda Segismundo Spina: o herói do poema é o “ilustre peito lusitano”: são todos aqueles que colaboraram na consolidação poética do Reino, na construção do seu grande império ultramarino e na dilatação da fé cristã. Aliás, Camões nunca disse que iria cantar as façanhas do famoso capitão. O que o poeta propõe, na introdução do seu poema, é cantar as guerras, as navegações e a história portuguesa: as guerras – a de Ourique, a de Slado, a de Aljubarrota – como história da terra; as navegações – como a história do mar; e a história medieval e dos vice-reinados – numa conjugação de história da terra com a história do ultramar [...] (SPINA, 2010, p.138-
Figura importante na obra, Dom Sebastião é o enviado de Deus e o poema é dedicado a ele, há uma valorização do passado (o Império português está feito e acabado, completo), é uma narrativa comentada da história portuguesa. Ele ( Dom Sebastião) é elevado à condição de mito, pois acreditam que um dia ele voltará e salvará Portugal da profunda tristeza e esquecimento em que se encontra. Há três mitos que formam a espinha dorsal do poema: o gigante Adamastor, o velho do Restelo e a ilha dos amores; há ação, há temporalidade e Camões eleva Portugal à condição de cabeça da Europa. Não nos esqueçamos da dualidade que há: síntese pagã x síntese cristã. No plano pessoal do poeta, podemos dizer que Camões é
Revista Pandora Brasil – Artigos - ISSN 2175- 3318 preocupado com a valorização dos heróis porque, no final de cada canto, ele faz comentários a respeito do passado, presente e futuro português em um misto de idealização e realidade. Falaremos agora sobre Mensagem. Mensagem, no entanto, não fica atrás da obra acima citada no quesito nacionalismo. Pessoa retrata um Portugal glorioso de modo diferente; para ele, a nação deve olhar para o passado para poder viver bem o presente e reconstruir tudo novamente no futuro. De acordo com Pessoa, haverá um Quinto Império que deverá ser Portugal – olhando aqui novamente para o futuro - como afirma: «Nesse esquema, porém, que é de Impérios materiais — escreve em 1934 —, o último é plausivelmente entendido como sendo o Império de Inglaterra. Desse modo se interpreta naquele País; e creio que, nesse nível, se interpreta bem. Não é assim no esquema português. Esta, sendo espiritual, em vez de partir, como naquela tradição, do Império material da Babilónia, parte, antes, com a civilização em que vivemos, do império espiritual da Grécia, origem do que espiritualmente somos. E, sendo esse o Primeiro Império, o Segundo é o de Roma, o Terceiro, o da Cristandade, e o Quarto o da Europa – isto é, da Europa laica de depois da Renascença. Aqui o Quinto Império terá que ser outro que o inglês, porque terá que ser de outra ordem. Nós o atribuímos a Portugal, para quem o esperamos.» [ PESSOA apud CARREIRO
Revista Pandora Brasil – Artigos - ISSN 2175- 3318 condição humana. simbólicos, como por exemplo D. Sebastião – “ Por isso onde o areal está/ Ficou meu ser que houve, não o que há ”
Revista Pandora Brasil – Artigos - ISSN 2175- 3318 Referências CAMÕES, L. V. Os Lusíadas. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=1870. Acesso em: 15 fev 2016. CARREIRO, J. Fernando Pessoa, autor da Mensagem. Disponível em: http://lusofonia.x10.mx/literatura_portuguesa/Fernando_Pessoa.htm. Acesso em: 28 mar 2016. CÁTEDRA Padre Antonio Vieira de Estudos Portugueses. Estudos Camonianos – Os Lusíadas e Mensagem: um jogo intertextual. Disponível em: http://www.letras.puc- rio.br/unidades&nucleos/catedra/livropub/camoes08.html. Acesso em: 28 mar 16. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss Eletrônico. [CD-ROM]. Produzido e distribuído por Editora Objetiva LTDA. São Paulo, Instituto Antônio Houaiss, 2009. 1 CD-ROM, FHS-