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Um estudo transversal descritivo sobre a detecção de hipertrofia ventricular esquerda (hve) em angolanos adultos usando eletrocardiograma (ecg) e ecocardiograma. O estudo avalia a sensibilidade e especificidade de dois critérios comuns de análise dos resultados obtidos com o ecg: o índice de sokolow lyon e o índice de cornell.
Tipologia: Notas de estudo
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A Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE) é o aumento da massa ventricular na tentativa de adaptação miocárdica frente uma sobrecarga hemodinâmica. Este evento é comumente associado à Hipertensão Arterial (HA), atualmente definida como elevação sustentada dos níveis pressóricos acima de 140 e/ou 90mmHg (Sociedade Brasileira de Cardiologia 2016), sendo considerada como principal fator de risco para HVE (Garcia & Incerpi 2008, Nogueira 1999). Porém, independente da associação com a HA, a presença de HVE é considerada forte fator de risco de morbidade e mortalidade cardiovascular (Matos-Souza et al. 2008).
Como consequência da hipertrofia ventricular esquerda, destacam-se o desenvolvimento de algumas comorbidades, como Insuficiência Cardíaca (IC) e doenças coronarianas. Isso se deve ao fato de que a HVE causa, além de alterações na massa ventricular, alterações na micro e macrocirculação coronária. (Maciel 2001, Samesina & Amodeo 2001).
O diagnostico da HVE é essencial, devendo ser feito o mais precocemente possível, visando tanto prevenção de tais consequências supracitadas, como para regressão da hipertrofia, uma vez que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares lideram as causas de morte no mundo (OPAS/OMS 2017). O método considerado padrão ouro para diagnóstico é o ecocardiograma (ECO), uma vez que ele permite melhor detecção da HVE que o eletrocardiograma (ECG) (Póvoa e Souza 2008).
Apesar da baixa sensibilidade do ECG, ele permanece sendo o exame mais realizado, devido ao baixo custo, fácil realização e relação com prognostico (Póvoa & Souza 2008). Podem ser utilizados vários critérios para analise dos resultados obtidos com o eletrocardiograma, sendo dois considerados como principais: o índice de Sokolow Lyon e o índice de Cornell. Segundo Sokolow Lyon, é considerada HVE quando a soma da amplitude S na derivação V1 com a amplitude da onda R da derivação V5/V6 for maior que 35mm. Para Cornell, é dado como positivo quando a soma da amplitude da onda R na derivação aVL com a amplitude da onda S de V3 for maior que 28mm em homens e maior que 20mm em mulheres (Sociedade Brasileira de Cardiologia 2016). Assim, nosso objetivo foi descrever as prevalências de HVE em angolanos adultos, assim como avaliar a detecção da HVE pelo eletrocardiograma em comparação com o ecocardiograma.
Trata-se de um estudo transversal descritivo realizado com trabalhadores do setor público da Universidade Agostinho Neto (UAN) em Luanda, Angola. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UAN em junho de 2010. Conta com 609 indivíduos com idade entre 20 e 69 anos. Informações demográficas e socioeconômicas, assim como a avaliação clínica e os testes bioquímicos foram realizados em visita à clínica de investigação cardiovascular. Além disso, um eletrocardiograma de repouso e um ecocardiograma foram realizados para a detecção da HVE. Os resultados estão apresentados como média ± desvio padrão, e a significância estatística estabelecida para valores de P < 0,05.
A fim de determinar se a realização do eletrocardiograma é um método eficaz no diagnostico da hipertrofia ventricular esquerda, tendo em vista ser esse o único método disponível em alguns locais, e avaliando a possibilidade de diferentes resultados em populações distintas, foram analisados 609 negros angolanos, sendo 291 homens e 318 mulheres. A partir dos dados obtidos foram construídas duas tabelas, que avaliaram parâmetros obtidos pelo eletrocardiograma e ecocardiograma, para permitir o diagnóstico de HVE, e a sensibilidade e especificidade de cada critério.
A tabela 1 foi construída a partir dos parâmetros obtidos pelo ECG e pelo ecocardiograma. Em análise dos resultados obtidos pelo eletrocardiograma segundo o índice de Cornell, notou-se que, nos homens, o menor valor obtido foi 2 mm e o maior 44 mm, obtendo-se uma média equivalente a aproximadamente 12 mm, enquanto nas mulheres o menor foi 2 mm e o maior 36 mm, com média próxima de 9,5 mm. Já pelo índice de Sokolow Lyon, os homens apresentaram como menor valor 15 mm e como maior 62 mm, com média de 31 mm, enquanto as mulheres tiveram como menor 10 mm e como maior 65 mm, com uma média de 23 mm aproximadamente. A partir desses valores, obteve-se que, segundo os critérios de Cornell, 31,95% dos homens e apenas 8,8% das mulheres tem HVE, enquanto pelos critérios de Sokolow Lyon, essa alteração cardiovascular é diagnosticada em 47% dos homens e 9,6% das mulheres. Ao analisar os resultados obtidos pelo ecocardiograma, notou-se que 59,9% dos homens e 80,2% das mulheres apresentam HVE, correspondendo a um total de 69,9% dos indivíduos diagnosticados com hipertrofia do ventrículo esquerdo.
A tabela 2 foi feita a partir de análises de curvas ROC que construímos, a fim de determinar a capacidade dos critérios de Sokolow e Lyon na detecção da HVE, tendo em vista os grupos de homens e mulheres, e avaliando as variáveis hipertensos, normotensos e todos. A sensibilidade e a especificidade de ambos os índices, apesar de significativas, foi abaixo de 80%, independente do sexo, quando não foi corrigido o critério da pressão. Porem, semelhante ao já encontrado na literatura, ao avaliar separadamente os normotensos e os hipertensos, a sensibilidade e a especificidade dos dois índices foi insatisfatória, também independentemente de ser homem ou mulher.
Corroborando com o que foi encontrado na literatura, nota-se, a partir dos resultados apresentados, que o eletrocardiograma não é um exame seguro para análise de HVE em africanos, e apresenta sensibilidade e especificidade insatisfatórias, sendo que tais características variam de acordo com sexo, idade, etnia e comorbidades prévias, principalmente hipertensão. Em mulheres, por exemplo, até os 60 anos de idade, a amplitude das ondas R, S e T são menores e com menor duração no complexo QRS (Póvoa & Souza 2008), o que talvez justifique tamanha discrepância dos valores obtidos de HVE pela ecocardiografia, diferentemente do ocorrido no sexo masculino, que não houve uma diferença tão exorbitante. Além disso, percebe-se que, apesar de 45% dos indivíduos pesquisados serem hipertensos, 69,9% tem hipertrofia ventricular esquerda, o que corrobora com a ideia de que a hipertrofia pode se desenvolver em outras condições que sobrecarregam o miocárdio, e não apenas na HA.
Conclui-se que o melhor método de diagnostico de hipertrofia ventricular esquerda permanece sendo o ecocardiograma, uma vez que os resultados obtidos pelo eletrocardiograma ainda são discrepantes quando comparados com a ecocardiografia, especialmente dentro de algumas variantes como sexo, etnia, raça e pressão arterial prévia. Entretanto, o ECG ainda é o método mais utilizado devido seu baixo custo e fácil manuseio, devendo, então, buscar um melhor critério para avaliá-lo de acordo com a singularidade de cada população.
À Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) pelo apoio e incentivo dado aos estudantes para realização de atividades de pesquisa.
Referências bibliográficas
GARCIA, J. A. D.; INCERPI, E. K. Fatores e mecanismos envolvidos na hipertrofia ventricular esquerda e o papel anti-hipertrófico do óxido nítrico. Arq Bras Cardiol 2008; 90(6): 443-450. NOGUEIRA, B. J. Hipertrofia Ventricular Esquerda na hipertensão arterial: beneficio da sua regressão. Arq Bras Cardiol vol.73(1), 1999. MACIEL, B. C. A hipertrofia cardíaca na hipertensão arterial sistêmica: mecanismo compensatório e desencadeante de insuficiência cardíaca. Rev Bras Hipertens vol.8(4), 2001. MATOS-SOUZA, J. R.; FRANCHINI, K. G.; NADRUZ JUNIOR, W. Hipertrofia Ventricular Esquerda: o caminho para a insuficiência cardíaca. Rev Bras Hipertens vol.15(2):71-74, 2008. PÓVOA, R., SOUZA, D. Análise critica do eletrocardiograma e do ecocardiograma na detecção da hipertrofia ventricular esquerda. Rev Bras Hipertens vol.15(2):81-89,
SAMESINA, N.; AMODEO, C. Hipertrofia Ventricular Esquerda. Rev Bras Hipertens vol.8(3), 2001.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre análise e emissão de laudos eletrocardiográficos. ISSN-
OPAS/OMS. Doenças Cardiovasculares. 2017. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5253:doencas- cardiovasculares&Itemid=839. Acesso em: 05 set. 2018.