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Psicologia do Crime
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
A Influência dos grupos sociais na construção de valores subjetivos e do discurso majoritário sobre a marginalização comportamental ¹ Thiago Kozorosky Palmeiro² Profª Carolina Suptitz³
Resumo
A nossa realidade é fragmentada em vários núcleos sociais, onde estes, em uma ordem hierárquica, exercem maior ou menor influência na construção de nossa personalidade. Nossas atitudes nada mais são do que o conjunto dessa carga de valores e princípios morais oriundas destes núcleos e agregadas com o filtro de nossos posicionamentos e escolhas, onde em alguns casos, não temos a prerrogativa desta última. Vivemos em uma pluralidade e coexistimos com pessoas nas mesmas circunstâncias, onde realidades distintas lutam pela constante harmonização social, porém, isso nem sempre é possível. Por consequência dessa diversidade e potencializada pela existência de determinadas patologias sociais, algumas pessoas possuem comportamentos desconexos do senso comum padecendo por isso, ora, há um motivo para tamanho distanciamento. O artigo desvenda nesse choque de realidades, algumas causas destas transgressões que, muitas vezes, estigmatizam os envolvidos para todo o sempre. Palavras-chave: Psicologia do Crime. Grupos Sociais. Estigmatização. Valores.
Entretanto, além dos ditames morais majoritários, o homem, por ser um ser social fadado a conexões de inúmeros núcleos sociais durante sua trajetória, é passível a incorporar essa carga de valor agregada a cada grupo para a conformação de sua personalidade.
¹Artigo elaborado como instrumento de avaliação da disciplina de Metodologia da Pesquisa e do Direito do Curso de Direito da Faculdade de Direito de Santa Maria – FADISMA. ²Aluno do Curso de Direito da FADISMA – 1º Semestre – email: thiagopalmeiro@gmail.com. ³Professora do Curso de Direito da FADISMA – email: carolina@fadisma.com.br. Há uma certa identificação preponderante por determinados núcleos, onde estes, acabam gerando maior influência na construção de sua personalidade. Esta,
consubstanciada por inúmeras questões: quer seja por afirmação social ou imposição, quer seja por falta de escolha ou mera conveniência. O fato é que o homem, através dos núcleos com os quais se insere cria uma realidade muito singular, um mundo próprio, só seu, onde os princípios e valores morais dessa contextualização sobressaem diante aos princípios e valores morais impostos pela grande maioria.
E é por essa capacidade de subversão da hierarquia de valores que, muitas vezes, o homem é estigmatizado, execrado por quem sequer conheça sua trajetória, o seu meio. Não defendo por meio deste artigo a impunidade, mas sim, pretendo elucidar determinadas atitudes e buscar contextualizarmos para que tenhamos uma real percepção do que leva o homem a cometer determinados atos infracionários. Proponho- me a vislumbrar o conhecimento das mazelas sócias, das circunstâncias de cada realidade, para então, dar um parecer fundamentado para efetivamente exercermos nossa função de cidadãos e propormos melhorias.
A sociedade capitalista, assim como inúmeros benefícios, carrega algumas mazelas pontuais tais como a supervalorização do “ter” em detrimento do “ser” e, não obstante, a segregação dos menos favorecidos, não só financeiramente, mas com características passíveis a prejulgamentos levianos. Em sociedades de capitalismo extremado esses fatores são responsáveis por verdadeiros ostracismos sociais causando transtornos psicológicos consideráveis, conforme (SILVA, 2008).
E é exatamente essa cultura que faz com que os jovens bem-nascidos optem por caminhos rápidos como a venda de drogas e produtos contrabandeados para obterem o status social dos bem-sucedidos. Para esses rapazes e moças, o caminho dos estudos, do saber e do "ser" é longo demais. Eles querem tudo, aqui e agora. (SILVA, 2008: p.153). A família, núcleo social primeiro, não deixa de ter substancial influência na formação do caráter do indivíduo, embora em alguns casos, conforme (SEABRA,
Com o conflito de culturas oportunizado pela globalização nos deparamos com costumes, valores e princípios que nos causam certa estranheza tamanho distanciamento do nosso. Em uma guerra de valores não podemos sobrepor o nosso em detrimento dos demais, pois nesse conflito ninguém tem a razão, mas todos têm a responsabilidade.
Temos que nos conscientizar que o crime é uma constante em nossa sociedade e que provavelmente jamais será exaurido para todo o sempre como na mais bela fábula infantil. Conforme (BARATTA, 2004).
O crime é parte, como um elemento funcional da fisiologia e patologia, da vida social. Apenas formas anormais, tais como o seu aumento excessivo pode ser considerada como patológica. Portanto, a limites quantitativos e qualitativos de sua função psicossocial, o crime não é só "um fenômeno inevitável, repugnante, devido à irredutibilidade da maldade humana", mas também é uma parte integrante de qualquer sociedade saudável.(BARATTA, 2004: p.57, tradução nossa). Portanto, não se deve achar que o crime vai acabar por completo, assim como, não se deve estigmatizar todo e qualquer contraventor de “monstro incurável”. Pois, muitas vezes, como bem vimos anteriormente, ele é fruto de um choque de realidades, um conflito cultural onde a realidade vigente prepondera sobre os ditames morais da sociedade. Nem todo bandido deve ser solto, bem como, nem todo bandido é um monstro. Temos que ponderar e nos resignar que essa mácula, de uma forma ou de outra, vai sempre encontrar mecanismos para sua manifestação, seja com a moeda de 1 real que alguém achou e não devolveu, seja com os futuros e indevidos mensalões em escala nacional.
Na seara dos casos populares um grande e recente exemplo de estigmatização ocorreu no caso da boate Kiss. Hoje, questiono se os principais responsáveis pela tragédia possam sair nas ruas sem o risco de padecerem pela justiça popular. Estigmatização esta, extremamente imediatista e passional, sendo nesse ponto onde o
direito deva intervir, protegendo a sociedade contra ela mesma. Pois, assim como constatamos em outras boates, a maioria estava estruturalmente vulnerável, porém, caiu sobre a Kiss, a desventura de ser o alvo da tragédia. Não estou eximindo a reponsabilidade dos culpados, mas e os proprietários das outras boates cuja estrutura era tal qual ou pior, o que os isenta de serem monstros foi à mera sorte da fatalidade não ter ocorrido em seus respectivos estabelecimentos?
Temos que ser prudentes, pois acontecimentos meramente comuns, dentro da lógica valorativa contemporânea, podem nos estigmatizar se forem advindos de uma fatalidade. É perfeitamente compreensível que em virtude da responsabilidade sejamos passíveis a truculências e falácias, porém, podemos ser os responsáveis, mas estamos longe de sermos sociopatas em todo e qualquer caso.
Como pudemos observar temos que ser criteriosos para o julgamento de determinadas atitudes sabendo que ela não é um mero impulso transgressor, mas sim, toda uma estória de conflitos e diferenças sociais canalizadas naquele ato. Sabemos que o homem pode ser perverso por si só, mas que existem condicionantes para tal redirecionamento comportamental e, que em alguns casos, são oriundos da conivência da própria sociedade com a qual estamos diretamente relacionados.
SEABRA, Hugo Martinez de. Delinquência a preto e branco: estudo de jovens em reinserção. 1 ed. Lisboa: Textype, 2005.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: O Psicopata mora ao lado. 1ed: Fontanar, 2008.
BARATTA, Alessandro. Criminología Crítica del Derecho Penal: Introducción a-la sociologia Jurídico-penal. 1 ed. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina, 2004.