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Este documento estuda a influência das escolas de administração científica e clássica na produção científica da enfermagem brasileira, especificamente entre as décadas de 30 e 80. A pesquisa se baseia em dois periódicos selecionados, um de enfermagem e outro específico de administração hospitalar. Foram identificados e classificados trabalhos relacionados à organização do serviço de enfermagem hospitalar, estudos de tempo e movimento, e modalidades de assistência de enfermagem.
Tipologia: Resumos
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**I N F L U Ê N C I A D A S E S C O L A S D E A D M I N I S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A E C L Á S S I C A N A P R O D U Ç Ã O C I E N T Í F I C A D A E N F E R M A G E M B R A S I L E I R A ***
_Maria Angélica Puntel Carrasco_**
CARRASCO, MA.P. Influência das escolas de administração científica e clássica na produção científica da enfermagem brasileira. Rev. Esc. Enf. USP., v. 27, n.l, p.43-65, abr. 1993.
Este trabalho estuda a influência de F.W. Taylor e H. Fayol na produção científica da enfermagem brasileira, desde 1930 até 1980. É estudada a produção científica da enfer- magem brasileira, procurando trabalhos baseados nas Escolas de Administração Científica e Clássica. A autora faz um levantamento bibliográfico baseado em duas publicações: a Revista Brasileira de Enfermagem e a Revista Paulista de Hospitais. Foram selecionados e estudados 68 trabalhos. Os achados mostram que Taylor/Fayol tiveram e ainda tem uma influência importante na fundamentação teórica da produção científica da enfermagem. A temática principal dos trabalhos se refere a estudos sobre "A Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar", e "Estudos de Tempo e Movimento de Atividades de Técnicas de Enfermagem ". A preocupação central destes textos é com a produtividade e a racionalidade do trabalho. Isto não leva em conta que a organização do trabalho na saúde e na enfermagem é um trabalho humano no atendimento das necessidades de saúde. UNITERMOS: Administração de enfermagem. Escolas de administração de enfer- magem.
I N T R O D U Ç Ã O O movimento de gerência científica iniciado por Frederic Wislow Taylor nos Estados Unidos e por Henry Fayol na^França, no inicio deste século, sobre o aumento da produtividade do trabalho ¿om a conseqüente racionalidade do mesmo, teve rápida aceitação nos meios industriais e empresariais. A influên- cia destes dois teóricos expandiu-se para vários setores da sociedade e atingiu também os trabalhos ditos não produtivos, como o trabalho na área da saúde e o trabalho de enfermagem. O trabalho no setor hospitalar foi comparado ao trabalho no setor industrial e empresarial, pois trazia no seu interior as mesmas características de divisão do trabalho daquelas organizações empresariais. Foi assim (^) f q u e as Escolas de Administração Científica e Clássica constituíram a fundamentação teórica para a organização do trabalho na saúde e na enfer- magem, principalmente no setor hospitalar.
Este artigo 6 parte da Dissertação de Mestrado do mesmo nome apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Prelo - USP - Departamento de Enfermagem Geral e Especializada -1987. Enfermeira, Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP - Campinas SP.
Taylor (1856-1915)23 foi o iniciador da eficiencia industrial, sendo chamado o Pai da Organização Científica do Trabalho. Contribuiu para a organização do desenvolvimento industrial no fim do século XIX e inicio do século XX na sociedade norte americana. Em 1911 publica "Principios de Administração Científica", onde conclui que a racionalização do trabalho do operário deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação da em- presa que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios: planejamento, preparo, controle e execução.
Fayol (1841-1925)13 viveu as conseqüências da revolução industrial e mais tarde, da I Guerra Mundial. Engenheiro de minas, trabalhou numa empresa metalúrgica e carbonífera onde desenvolveu toda a sua carreira. Em 1916 publicou sua teoria no livro "Administração Industrial e Geral". O Fayolismo, segundo um dos seus propagandistas é "uma escola de chefes". Fayol pôs a serviço dessa idéia sua grande experiência industrial e pode-se dizer que o êxito constitui principalmente em colocar-se um lugar ao alcance de todos.
Os princípios gerais de administração postulados por Fayol são: divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, disciplina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação do interesse particular ao interesse geral, remuneração do pessoal, centralização, hierarquia ou cadeia escalar, ordem, equidade, estabilidade do pessoal, iniciativa escalar, união do pessoal ou espírito de equipe. Estes princípios compõem os elementos centrais da admin- istração: a previsão, a organização, comando, coordenação e controle. A organização da enfermagem moderna no Brasil teve início em 1923 com a crição da Escola Ana Neri cujo modelo foi trazido por enfermeiras norte- americanas. Na década de 40, implanta-se na enfermagem brasileira a admin- istração baseada nos princípios de Taylor e Fayol, que já era utilizada pela enfermagem norte-americana. Durante estes 60 anos observa-se que os princípios destes autores continuam sendo a fundamentação utilizada pela enfermagem na organização do trabalho profissional. Algumas pesquisas da enfermagem brasileira nos últimos anos de 80, ALMEIDA4; M E L 0 1 5 ; REZENDE18; SILVA21; TREVISAN25, discutem e criticam a aplicação destes princípios na organização do trabalho de enfer- magem. Até 1988 não foi produzido nenhum trabalho que estudasse empíri- camente o grau desta influência. Portanto, propõe-se com este trabalho estudar a influência das Escolas d e Administração Científica e Clássica na produção científica da enfermagem brasileira, a partir desta década de 30 até a de 80, tentando identificar as razões desta influência em períodos históricos determinados. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizado um estudo da produção científica da enfermagem buscando aquelas produções que se fundamentam nas Escolas supracitadas.
Este levantamento foi realizado em bibliotecas, que continham o acervo mais completo possível dos dois periódicos selecionados. Trabalhou-se em três bibliotecas: Biblioteca Central do Campus Universitário de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo; Biblioteca da Escola de Enfermagem da Univer- sidade de São Paulo e Biblioteca da Faculdade de Administração de Empresas da USP, S.P.
1. C R I T É R I O S PARA A SELEÇÃO E ANÁLISE DOS A R T I G O S Foram selecionados os artigos sobre enfermagem fundamentados nos dois teóricos da administração científica e clássica. Aqueles artigos, Tn <jsmo fun- damentados nestes dois autores e que se referiam à organização hospitalar ou de saúde como um todo, foram excluídos, pois, o objeto central deste estudo é a influência da administração científica e clássica na enfermagem. O critério utilizado para definir a fundamentação teórica foi verificar se os autores estudados estavam sendo indicados explicitamente no texto ou se seus fundamentos estavam sendo utilizados mesmo sem ser explicitada a autoria.
2. P E R I O D I Z A Ç Ã O Após a leitura integral dos artigos selecionados, cada um foi resumido em cada período histórico. O período total do estudo, que correspondeu a seis décadas, (de 30 até 80), foi dividido em três períodos subsequentes: 1) décadas de 30 e 40; 2) décadas de 50 e 60; 3) décadas de 70 e 80. Esta periodização foi assim demarcada pelo fato de na década de 30 ter surgido a REBEn. E na década de 50 (1953) ter surgido a R.P.H. e quando se inicia os Cursos de Administração Hospitalar na então Faculdade de Higiene e Saúde Pública e de Administração de Unidade de Enfermagem em 1959 na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. É neste período que se dá o incremento dos estudos sobre administração hospitalar. O último período que tem início em 70 é marcado pelo maior desenvolvimento do setor hospi- talar brasileiro e pela reforma universitária com a criação da pós-graduação senso estrito. Os artigos de cada um destes períodos foram analisados, classificados e m "Tipos de Estudo", "Fundamentação Teórica Utilizada pelos Autores" e "Profissão do Autor", de acordo com sua contextualização em cada período histórico. 3. TIPOS DE ESTUDO A classificação, segundo a temática dominante dos m e s m o s , foi a seguinte: a) Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar: neste item foram classificados trabalhos que discutem responsabilidade do serviço, subordi-
nação hierárquica, níveis de autoridade , organograma e princípios gerais de administração. Estes trabalhos baseiam-se principalmente nos princípios gerais de administração estudados por Fayol.
b) Organização de pessoal: a base para essa classificação encontra-se nos trabalhos que descrevem o recrutamento, seleção, orientação e educação em serviço. Estes trabalhos discutem ainda distribuição de pessoal, rotinas de serviço, horário de trabalho, cooperação e responsabilidade.
c) Estudo do Tempo e Movimento: neste item foram classificados trabal- hos que estudam a economia de tempo e movimento na execução das técnicas de enfermagem. Também inclui trabalhos que localizam o detalhamento exagerado das tarefas que a enfermeira deve executar com padronização de procedimentos, normas e técnicas de enfermagem.
Preocupa-se com a organização das técnicas de enfermagem, a postura corporal, os passos necessários, o controle do tempo e a racionalização dos movimentos;
d) Ensino de Enfermagem em Administração: classifica neste item trabal- hos que localizam o valor dos conhecimentos que deve possuir uma enfer- meira, assim como trabalhos que salientam o ensino de alguns princípios de administração no preparo e formação da enfermeira chefe. Estes princípios estão arrolados nos estudos de Fayol que menciona o ensino administrativo nas escolas. Também foram classificados trabalhos que apontam a necessidade da criação de cursos de emergência em administração e supervisão na for- mação da enfermeira;
e) Estudo de Modalidade de Assistência de Enfermagem: neste item foram classificados trabalhos que discutem as modalidades de assistência de enfer- magem - funcional ou por tarefa, cuidado integral ou global e trabalho de equipe. Buscou-se essa classificação porque a modalidade de assistência funcional tem origem na divisão técnica do trabalho que foi estudada por Taylor.
4. F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A (TAYLOR E FAYOL) UTILIZADA P E L O S A U T O R E S ESTUDADOS Foram classificados os trabalhos de acordo com a Fundamentação Teórica baseada e m Taylor e ou Fayol e se os autores dos artigos são a favor ou contra os teóricos em estudo ou ainda se mencionaram ou não os mesmos nos artigos.
O último critério utilizado foi a profissão do autor dos artigos, que pretende verificar a influência de outros profissionais da área da saúde na produção científica da enfermagem.
a instituição de saúde. Enquanto a empresa objetiva a produção de mercadorias e a realização da mais valia, a instituição de saúde é uma produtora de serviço e como tal objetiva a realização da satisfação de necessidades em saúde. Esta transposição quando feita exige todas as precauções necessárias para um serviço de saúde. Uma vez que as atividades administrativas constituem uma parte das ações de enfermagem crê-se que a fundamentação destas ações devem ultrapassar as Escolas de Administração Científica e Clássicas para responder à finalidade do trabalho na saúde, que é o acolhimento aos homens doentes.
O segundo tipo de estudo que apareceu neste período histórico foi a ênfase dada ao Ensino de Administração em Enfermagem ainda conforme a Tabela
Os autores deste tipo de estudo criticam o fato de que embora a formação das enfermeiras seja voltada para o cuidado individual do paciente, quando formadas elas são obrigadas a assumir cargos de chefia, tendo que desempen- har funções administrativas. Esta preocupação foi motivo da Associação Brasileira de Enfermagem (1978) através da comissão de Educação criada e m 1944 mostrar-se preocupada com esta questão e reconhecer a necessidade de cursos para a formação de enfermeiras chefes e instrutoras. Esta preocupação com a formação da enfermeira em administração aparece nas décadas seguin- tes, mas não como temática central e sim nos estudos que tratam da "Organi- zação do Serviço de Enfermagem". Como temática central não há menção nas outras décadas.
O terceiro tipo de estudo que aparece é sobre "Modalidade d e Assistência de Enfermagem", e é interessante notar que a modalidade predominante no período era a funcional, porém as duas autoras enfermeiras VERDERESE e SANIOTO20; são frontalmente contra este tipo de modalidade e criticam a influência negativa de Taylor no trabalho de Enfermagem, porém sem men- cioná-lo. São a favor da assistência integral de enfermagem ao paciente.
Não aparece neste período histórico nenhum artigo sobre "Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar". É de se esperar este resultado, pois será somente na década de 50 que começam a surgir os estudos sobre esta temática com a influência da administração hospitalar norte-americana e com o surgimento dos grandes hospitais gerais e de ensino, como o Hospital das Clínicas de São Paulo em 1944. Nestas duas primeiras décadas a preocupação central da questão saúde no Brasil ainda é com a Saúde Pública que teve seu auge nas primeiras décadas do século com as questões do sanitarismo. Neste período começa também a haver a participação estatal nas questões da as- sistência médica individual. Este movimento foi configurado de um lado, pelas reivindicações dos assalariados que começam a se organizarem no incipiente desenvolvimento industrial, e do outro, o estado dando possibilidade de preservação da ordem social capitalista. É o período da organização da as-
Rcv. Esc. Enf. USP, v. 27 n. 1, p. 43-65, abr. 1993 49
sistcncia medica através de Caixas Bcncficientes*. Portanto a assistência médica hospitalar ainda não se configura como uma grande e eficiente organi- zação. Daí vem a inexistência de estudos sobre administração e organização do serviço de enfermagem como um todo e a grande presença de estudos sobre a racionalização do trabalho em si como os estudos de técnicas de enfermagem.
1.2. Análise dos artigos s e g u n d o a F u n d a m e n t a ç ã o Teórica utilizada pelos autores estudados A metade dos artigos, ou seja 6, Tabela 4, está fundamentada em Taylor e são aqueles sobre "Estudo de Tempos c Movimentos", 5 destes artigos fundamentam-se nos princípios de Taylor, porém não fazem citação ao autor. Seis artigos referem-se aos princípios de Fayol e são aqueles que mencionam a importância do preparo da enfermeira para exercer a função de chefia no serviço de enfermagem. Fayol enfatiza em seu livro "Administração Industrial e Geral "que o ensino de administração deve fazer parte dos currículos esco- lares desde o primário até o superior. 1 .3. Análise dos artigos s e g u n d o a Profissão do A u t o r Dos 14 autores, a maioria, ou seja, 13 é de enfermeiras e um não foi identificado, Tabela 5. A grande maioria dos autores enfermeiros era professor de escolas de enfermagem, que ao mesmo tempo, eram, naquela época, chefes de enfermarias do hospital.
2. S E G U N D O P E R Í O D O H I S T Ó R I C O - D É C A D A S DE 50 e 60
Neste período os dados referem-se aos artigos da REBEn e da R.P.H. (a listagem dos mesmos encontra-se no Anexo 2). A produção científica dessas duas décadas perfaz um total de 74 textos levantados em administração geral, dos quais 36 ou seja, 48,6% fazem parte do objeto em estudo, Tabela 1. Na REBEn selecionamos para o estudo 17 textos e na R.P.H. 19, Tabela 2. 2. 1. Análise dos artigos s e g u n d o os tipos de estudo Quanto aos tipos de estudo desta produção nestas décadas de 50 e 60, Tabela 3 , dos 36 textos do período, a grande maioria, ou seja, 25 são referentes à "Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar"sendo 13 da REBEn e 12 da R.P.H. A ênfase destes trabalhos recai principalmente nos princípios gerais de administração do Departamento ou Serviço de Enfermagem, como plane- jamento, organização, direção, coordenação c controle. Mencionam delegação de autoridade e responsabilidade, assim como atribuições e funções do pessoal de enfermagem. Dão ênfase aos instrumentos administrativos utilizados para
*** Ver a respeito: DONHANGELO, M.C.F. - Medicina e Sociedade. Livraria Pioneira de Ciências Sociais,**
1975. Capítulo I - Estado e Assistência Médica, p. 1 - 46.
preocupação de racionalidade da seqüência dos passos, do tempo gasto e da diminuição dos movimentos desnecessários.
O terceiro "Tipo de Estudo" que aparece neste período é a "Organização de Pessoal", em número de 4, Tabela 3, que corresponde a grande maioria de todas as décadas que tem um total de 6. Dois encontram-se na REBEn e dois na R.P.H. Descrevem o recrutamento, seleção, orientação c educação em serviço. Também mencionam a atribuição do pessoal de enfermagem. Dis- cutem que o trabalho de enfermagem pode ser realizado de maneira simples, racional e eficiente se buscar os princípios da racionalidade científica de Taylor. Estes autores fortaleceram-se nos estudos de Taylor e Fayol que tratam da Organização do Pessoal.
TAYLOR22 em seu livro "Princípios de Administração Científica" con- firma isto quando descreve as atribuições do pessoal. Já FAYOL13 em "Admi- nistração Industrial e Geral" define claramente a missão administrativa do corpo social.
Outra razão apontada para este tipo de estudo de "Organização de Pessoal" foi que, nesta época, o número de enfermeiras era incipiente c era necessário preparar o pessoal auxiliar de enfermagem para prestar assistência nas 24 horas do dia. E este pessoal era composto por um grande número de atendentes, práticos de enfermagens e enfermeiros práticos, e um pequeno número de auxiliares. Os dados do COFEN-ABEnlO mostram que a pirâmide popu- lacional no ano de 1956 do pessoal de enfermagem era assim constituída: 11,3% de enfermeiros, 4,6% de auxiliares de enfermagem e 8 4 , 1 % de atenden- tes. A institucionalização da formação do auxiliar de enfermagem se deu com a lei 775/49. E o Técnico de Enfermagem foi criado em 1966 pelo parecer n. 171/66 da Escola Ana Neri e n. 224/66 da Escola de enfermagem Luiza de Marilac. Os outros 2 tipos de Estudo "Ensino de Enfermagem", "Estudo de Modali- dades de Assistência de Enfermagem", não aparecem neste período estudado. Quanto ao item "Ensino de Enfermagem na Administração", o fato de não haver nenhum texto sobre este assunto não significa que os autores não tratam da importância do preparo da enfermeira chefe para a função administrativa. Pelo contrário, vários autores mencionam este assunto no item referente a "Organização do Serviço de Enfermagem", apesar de não ser temática central. Quanto ao outro item: "Estudo de modalidade de Assistência de Enfer- magem" é de esperar a ausência temática na enfermagem brasileira neste 2° período estudado. Passa a ser objeto de reflexão na década de 80 quando tem início um movimento de análise crítica da enfermagem brasileira, produto da pós-graduação.
2.2. Analise dos artigos s e g u n d o a F u n d a m e n t a ç ã o Teórica utilizada pelos autores e s t u d a d o s.
Dos 36 textos estudados, Tabela 4, 13 fundamentam-se cm Fayol, porém sem mencioná-lo acrescido de 4 que o mencionam perfazendo um total de 17 textos que se fundamentam na teoria da Escola de Administração Clássica, correspondendo a metade dos textos deste período. Pode-se ainda acrescentar aos 17 textos, aqueles 5 que são a favor de Taylor e Fayol. Este grande número de textos fundamentados em Fayol é devido ao fato que a temática central deste período c sobre "Organização do Serviço de Enfermagem"c é Fayol , muito mais que Taylor, aquele que trata da estrutura da organização, enquanto este estuda a dinâmica da distribuição do trabalho ao nível do trabalhador. O número de textos, fundamentados neste autor são em número de 7.
2.3. Análise dos artigos s e g u n d o a profissão do autor
Dos 36 autores estudados, 23 são enfermeiras, Tabela 5, sendo que elas escreveram cm proporção relativamente igual tanto na REBEn com na R.P.H. Destas enfermeiras, 4 são americanas que apresentaram seus estudos em congressos internacionais de enfermagem e cujas traduções são de enfermeiras brasileiras. A influência da enfermagem norte-americana, alem de ter sido marcante na institucionalização da enfermagem no Brasil continua ainda presente nestas duas décadas de 50 c 60. Há neste período um número razoável de médicos, 8 que tratam dos estudos de tempo e movimento cm técnicas hospitalares e de enfermagem, como organização hospitalar, incluindo aí o Serviço de Enfermagem. De 10 autores médicos em todas as décadas es- tudadas, 8 estão nestas décadas de 50 c 60 sendo que um é estrangeiro tendo apresentado o seu estudo no Congresso Internacional de Enfermagem em Estocolmo em 1950. Ainda classificados como "outros" estão 4 administradores hospitalares e um assistente social que tratam respectivamente da "Organização do Serviço de Enfermagem" e "Estudo de Tempo e Movimento" em textos da REBEn e R. P. H.. 3. T E R C E I R O P E R Í O D O H I S T Ó R I C O - D É C A D A S DE 70 E 80 A produção científica dessas duas terceiras e últimas décadas do estudo perfaz um total de 35 textos levantados sobre administração de um modo geral, dos quais foram estudados 18 textos, 5 1 , 4%, Tabela 1 (A listagem dos artigos encontra-se no Anexo 3). A Revista Brasileira de Enfermagem, neste período, editou 70 números, sendo que foram levantados 8 textos sobre administração e destes somente 4, Tabela 2, tratam do objeto em estudo. Os outros 14 textos deste período são os estudados na R.P.H. Nota-se, nestas duas últimas décadas do estudo, um acentuado decréscimo numérico cm relação aos dois períodos anteriores.
Rev. Esc. Enf. USP, v. 27 n. 1, p. 43 65, abr. 1003 53
que se refere à assistência médica gerando uma grande crise na Previdência. Estas distorções geraram o Plano de Reorganização da Assistência Médica à saúde no âmbito da Previdência Social, elaborado pelo Conselho construtivo de Administração de Saúde Previdenciária - CONASP - no ano de 1983.
Apesar de toda a modernização técnica da assistência medica, os artigos, mesmo tratando da "Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar", não trazem propostas inovadoras, estão centrados mais na "macro organização do serviço de enfermagem do que propriamente na administração da assistência de enfermagem".
O outro fato importante nestas duas décadas que também explica a pro- dução de textos em "Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar", foi a mudança de direcionamento do ensino de enfermagem. O Parecer n° 163/ de 1972 determinou o currículo mínimo dos cursos de Enfermagem e Ob- stetrícia propondo uma especialização precoce nos cursos de graduação.
Nota-se ainda nestas duas últimas décadas, a temática sobre "Estudo de Tempo e Movimento" que está publicada na R.P.H. São 4 trabalhos, sendo 3 publicados por enfermeiras e um por médico. Há ainda uma preocupação com a elevação da produtividade do trabalho hospitalar sem levar em conta a dinâmica social do micro ambiente hospitalar.
Ainda em relação a "Tipos de Estudo" tem início nestas duas últimas décadas uma preocupação com o trabalho de enfermagem em si que são os "Estudos de Modalidade de Assistência de Enfermagem" em número de 3: TIBIRIÇA24, ÉVORA 12, e N A K A 0 1 6. As duas primeiras estudam algumas modalidades de assistência de enfermagem como a funcional, o trabalho em equipe e o método integral e se posicionam a favor do trabalho em equipe. NAKAO avança em sua análise e consegue perceber que não existe trabalho em equipe ou que este continua sendo realizado de forma fragmentada.
3.2. A n á l i s e dos artigos s e g u n d o a " F u n d a m e n t a ç ã o Teórica" utilizada pelos autores estudados Dos 18 textos estudados, Tabela 4, 6 baseiam-se cm Fayol, porém sem mencioná-lo, acrescido de 2 que mencionam, perfazendo um total de 8 textos que se fundamentam na teoria da Escola de Administração Clássica. O número de textos fundamentados em Taylor neste período é 3, acrescido de 3 textos que mencionam o nome deste autor juntamente com Fayol e um que não menciona mas utiliza a fundamentação teórica dos dois autores, perfazendo um total de 7. O número de textos fundamentados em Taylor c em Taylor e Fayol mas, que contrariam o pensamento destes autores totalizam 3.
3. 3. Análise dos artigos s e g u n d o a profissão do autor
Dos autores estudados, 15 são enfermeiras, Tabela 5, sendo que elas escreveram mais na R. P. H. do que na REBEn, talvez por ser aquela revista
que trata de assuntos de administração. Há, neste período, um numero insig- nificante de médicos, 2 em relação ao anterior que era de 8. Um deles trata da organização do serviço de enfermagem hospitalar e o outro discute as regras de economia de um centro cirúrgico.
Ainda classificados como "outros" está uma assistente social que discute a administração de uma unidade de internação assentada nos princípios de Fayol. C O N C L U S Ã O A influência da fundamentação teórica de Taylor e Fayol, dois teóricos da organização do trabalho industrial nas primeiras décadas do século, foi mar- cante na enfermagem brasileira no período de 1930 a 1980. No primeiro período estudado encontra-se 70% dos artigos analisados fundamentados em Taylor e Fayol. As porcentagens dos outros dois períodos giraram em torno de 50%. Quanto ao "Tipo de Estudo" da produção científica em todas as décadas há uma grande concentração de textos sobre "Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar", seguido de "Estudos de Tempo e Movimento". Na "Organização do Serviço de Enfermagem Hospitalar", os textos não tratam da Administração da Assistência de Enfermagem e sim da Organização do Serviço como um todo, que inclui previsão, organização, comando, coor- denação e controle. Observa-se que estes elementos da administração são muito enfatizados e trabalhados ao nível da organização global dos serviços de enfermagem. Apesar do nível central da coordenação do trabalho de enfermagem ser importante, há na produção científica estudada ausência de estudos administrativos que tratam da assistência de enfermagem. Quando a temática se dirige para o processo de trabalho em si, esta se refere a "Estudo de Tempo e Movimento" o que não acrescenta muito para ampliar a compreen- são deste processo de trabalho. Vários autores na década de 80, mostram que suas atividades vão do cuidado à administração da assistência c da unidade como um todo. Portanto são imprescindíveis estudos sobre a administração da assistência de enfermagem. Através dos achados deste trabalho, observa-se que até a década de 80 um vazio de investigações que tratam do processo de trabalho da enfermagem. Em relação à profissão do autor em todas as décadas e periódicos es- tudados encontra-se um número relativamente grande de enfermeiras (51), em relação ao número de médicos (10). Também observa-se que há um número pequeno de outros profissionais (7), que escreveram tanto na REBEn como na R.P.H.. Objetivou-se estudar não só a influência destas escolas administrativas na produção científica da enfermagem, mas buscou-se também, entender as
CARRASCO, M.AP. Influence of the scientific and classical schools of administration in the scientific output of brazilian nursing. Rev. Esc. Enf. USP., v. 27, n. 1, p.43-65, apr, 1993. This paper traces the influence of F. W. Taylor and H. Fayol in the scientific output of brazilian nursing from 1930 to 1980. The scientific output of brazilian nursing is reviewed, looking for work based upon the Scientific and Classical Schools of Administration. The author executes a bibliografic survey based upon two periodicals: Revista Brasileira de Enfermagem and Revista Paulista de Hospitais. A total of 68 articles were selected and studied. Findings have shown that Taylor/Fayol had and still have an important influence on the theoretic foundation of nursing output. The central theme of the texts centers upon "Studies on the Organization of Hospital Nursing Sen'ices", and "Time and Motion Studies concerning Nursing Techniques and Activities:. The central preocupation in these texts refers to productivity and rationality of work, regardless of the fact that the organization of health and nursing work is a human task, referring to the satisfaction of health needs. UNITERMS: Nursing administration. Nursing administration schools.
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
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A N E X O I
ARTIGOS SELECIONADOS DAS DÉCADAS DE 30 c 40 - REBEn
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. Teorias de Taylor e Fayol: sua aplicação no hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 6, n. 9, p. 20-3,1958. FERRARINI, Cet al O departamento de enfermagem do hospital moderno. Rev. Paul. Hosp.., v. 3, n. 1, p. 25-32,1955.
FRAGUAS, R. O administrador hospitalar: seu preparo. Rev. Paul. Hosp.., v. 4, n. 12, p. 11-3,1956.
GILDA, I.M. Aplicação das teorias de Fayol no departamento de enfermagem. Rev. Paul. Hosp.., v. 4, n. 4, p. 22-4, 1956. GUIMARÃES, O.S. Estudo de tempoe movimento: sua aplicação no hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 10, n. 6, p. 27-37,1962. MUNGIOFI, L. E ; PODOLSKY, W; SEBASTI ANY, M T. Estudo de tempo e movimento aplicado ao trabalho da auxiliar de enfermagem. Rev. Paul. Hosp.., v. 10, n. 6, p. 15-8,1962. NOGUEIRA, IJC.G. O serviço de enfermagem em face do administrador. Rev.Paul. Hosp.., v. 3, n. 12, p. 40-3,1955. RODRIGUES, J.S. O papel da enfermagem no hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 10, n. 10, p. 14-8,1962. SANCHES, S. O centro de material esterilizado. Rev. Paul. Hosp.., v. 13, n. 8, p. 39-45, 1965. SEBASTI ANY, M.T. Tipos de organização e sua aplicação no hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 9, n. 6, p. 7-14,1961.
. A s fases do trabalho organizador. Rev. Paul. Hosp.., v. 15, n. 9, p. 24-36,1967. . Atividades da enfermeira chefe da unidade de internação. Rev. Paul. Hosp..,v. 16, n. 7, p. 3-7, 1968. SILVA, J.M. Posto, sala de serviço e roupa ria de uma unidade de enfermagem: planejamento e equipamento. Rev. Paul. Hosp.., v. 14, n. l l , p. 5 - 9 , 1966.
ANEXO 3
ARTIGOS SELECIONADOS DAS DÉCADAS DE 70 E 80 - REBEn ADAMI, N.P. A função supervisora de enfermagem de saúde pública. Rev. Bras. Enf., v. 28, n. 1, p. 20-3,1976. BARROS, S.M.P.F. de; ARAÚJO, MJ.S. Pratica administrativa de enfermagem na rede dc serviços de saúde. Rev. Bras. Enf., v. 36, n. 3/4, p. 255-9, 1983.
CASTRO, M.K.R. et al Organização de um serviço de enfermagem em nível central. Rev. Bras. Enf., v. 12, n. 6, p. 482-500, 1973.
RIBEIRO, C M. Organização do serviço de enfermagem. Rev. Bras. Enf., v. 6, n. 3, p. 121-47,1973.
R.P.H.
BAPTISTAjWA. Como melhorar a produtividade do trabalho hospitalar. Rev. Paul. Hosp.., v. 19, n. 9, p. 14-9,1971.
CAMARGO, L.T. Introdução a administração hospitalar. Rev. Paul. Hosp.., v. 26, n. 4, p. 158-67, 1978.
CARVALHO, L.F. O papel da enfermagem no hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 22, n. 5, p. 218-20, 1974.
CEZAR, K.L.P. Organização do serviço de enfermagem. Rcv. Paul .Hosp.., v. 28, n. 3, p.73-80,1980.
CURADO, M.L.S.O. Funções do "staff". Rev. Paul. Hosp.., v. 18, n. 11, p. 18-23,1970.
ÉVORA, Y.O.M. A propósito do trabalho de equipe no serviço de enfermagem. Rcv. Paul. Hosp., v. 32,n. 1/2, p. 37-40, 1984. LIMA, A.S. Como obter melhor rendimento de uma equipe de enfermagem no hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 22, n. 2, p. 64-7,1974. MOTTA, M.A. Administração de uma unidade de internação. Rev. Paul. Hosp.., v. 21, n. 2, p. 80-7, 1973.
NAKAO, J.R.S. Assistência de enfermagem: modalidade, trabalho de equipe. Rev. Paul. Hosp.., v. 3 3 , n. 3/4, p. 68-70, 1985. PIMENTA, L.G.; SILVA, L.L. Centro cirúrgico, vinte sugest_es de economia. Rev. Paul. Hosp... v. 3 2 , n. 1/2, p. 5-10, 1984.
SCAPUZZI, K.O. Como elevar los índices de productividad de un centro quirúrgico en un hospital. Rev. Paul. Hosp.., v. 19, n. 6, p. 42-6, 1971.
TIBIRIÇA, C.C Alguns aspectos da supervisão em enfermagem. Rev. Paul. Hosp.., v. 19, n. 8, p. 12-4, 1971.
**. Delegação de atribuições em enfermagem. Rev. Paul. Hosp.., v. 22, n. 8, p. 375-7,
. Métodos de distribuição de serviços de enfermagem. Rev. Paul. Hosp.., v. 18, n. 11, p.8-13, 1970.**