Baixe Infecções cutâneas em crianças: impetigo, foliculite e erisipela e outras Resumos em PDF para Dermatologia, somente na Docsity!
Piodermites
Piodermites – Introdução
➢ Resistência da Pele : A pele de crianças e adultos é naturalmente resistente à penetração de bactérias devido à barreira mecânica cutânea e substâncias defensivas. ➢ Infecções Cutâneas :
- Primárias: Atingem pele previamente saudável.
- Secundárias: Ocorrem em lesões preexistentes causadas por doenças ou traumas.
- Crianças: Maior frequência de infecções devido a traumas e escoriações ➢ Agentes Infecciosos Comuns :
- Cocos Gram-positivos: Staphylococcus e Streptococcus.
- Glomerulonefrite Pós-estreptocócica: Alta prevalência em algumas regiões do Brasil.
- Mudança na Prevalência: Redução de Streptococcus e aumento de Staphylococcus. ➢ Staphylococcus Aureus Resistente (CA-MRSA): - Prevalência: Até 40% em crianças menores de 6 anos em alguns países. - Brasil: Relatos de CA-MRSA, mas epidemiologia não claramente definida. - Estudos Regionais: 1. Rio de Janeiro: 21,1% das culturas de Staphylococcus com perfil de CA-MRSA. 2. São Paulo: 34,2% em infecções na comunidade e 20,3% em infecções relacionadas à assistência em saúde. - Impacto: Mais infecções de pele, partes moles e osteomielite. Maior gravidade e tempo de hospitalização. Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria
Impetigo crostoso
Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Frequência:
- Forma clínica mais comum de impetigo. ➢ Causas:
- S. aureus (70% dos casos) e Streptococcus pyogenes. ➢ Localização e Características:
- Afeta comumente a face e extremidades.
- Caracteriza-se por pápulas ou vesículas eritematosas que evoluem para pústulas e crostas amareladas. ➢ Evolução das Lesões:
- Inicia como lesão maculopapular eritematosa.
- Evolui rapidamente para vesícula, que se rompe, seca e forma crostas cor de mel (melicéricas).
- Lesões medem de 1 a 2 cm, crescem centrifugamente e podem coalescer. ➢ Autoinoculação e Complicações:
- Lesões satélites frequentes devido à retirada das crostas pela criança.
- Linfadenopatia regional comum, indicativo de Streptococcus.
- Febre possível em casos com complicações.
Impetigo bolhoso
Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Causa:
- Exclusivamente por S. aureus produtor de toxinas.
- Associação: Forma localizada da síndrome da pele escaldada estafilocócica. ➢ Características das Lesões:
- Bolhas flácidas, de paredes finas, superficiais e frágeis.
- Bolhas rompem facilmente, deixando erosões rasas e eritematosas. ➢ População Afetada:
- Mais frequente em recém-nascidos, geralmente após a 2ª semana de vida. ➢ Sintomas Sistêmicos:
- Ocasional febre e linfadenopatia.
Impetigo - Tratamento
Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Antibióticos Tópicos:
- Indicados para pequeno número de lesões.
- Mupirocina: 3 vezes/dia por 7 dias.
- Retapamulina: 2 vezes/dia por 5 dias.
- Neomicina com bacitracina: Menos eficiente, risco de reações alérgicas.
- Ácido fusídico: Eficaz, mas resistência crescente.
- Rifampicina: Desencorajada devido ao risco de cepas resistentes. ➢ Prevenção de Contágio:
- Criança deve ser afastada das atividades por pelo menos 24 horas após início do tratamento.
- Avaliação de melhora antes de retorno para evitar falha terapêutica. ➢ Antibióticos Sistêmicos: o Associados à terapia tópica em casos de: - Lesões extensas ou múltiplas (> 2% da área de superfície corporal total). - Crianças < 1 ano de idade. - Etiologia suspeita/confirmada de MRSA. - Resposta insatisfatória ao tratamento tópico ou recidivas. o Tratamento: - Cefalexina ou amoxicilina com ácido clavulânico (para celulite). - Penicilina benzatina: Eficaz em regiões com predominância de cepas de Streptococcus que ocasionam glomerulonefrite. - Macrolídeos (azitromicina, claritromicina, eritromicina): Escolha dependendo da sensibilidade bacteriana local.
- Definição: Piodermite ulcerada.
- Localização: Principalmente nas áreas expostas
dos membros inferiores e nádegas de crianças.
- Causa: Principalmente por Streptococcus.
Ectima
Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria
Foliculite
➢ Definição: Inflamação superficial dos folículos pilosos com pápulas ou pústulas perifoliculares em base eritematosa. ➢ Tipos: Superficial ou mais profunda (furúnculos). ➢ Localização: Frequentemente nas nádegas, extremidades e coxas de crianças. ➢ Características das Lesões:
- Indolores, geralmente curam espontaneamente em 7 a 10 dias.
- Pode ocorrer hiperpigmentação pós-inflamatória. Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Causas: - Infecciosas: Principalmente bacterianas (S. aureus mais comum, Streptococcus, Pseudomonas aeruginosa), fungos e outras. - Não Infecciosas: Produtos químicos ou lesões físicas. - Exposição à água: "Foliculite da banheira de hidromassagem" por Pseudomonas aeruginosa. - Homens: Mais comum na área da barba devido ao ato de barbear. ➢ Diagnóstico: - Geralmente clínico, exames não são necessários a menos que haja falha no tratamento.
Foliculite
➢ Tratamento:
- Remover a causa subjacente. ➢ Casos leves:
- Limpeza com água e sabão.
- Sabonetes antissépticos (triclosan, iodopovidona, clorexidina) por curtos períodos.
- Antibióticos tópicos com mupirocina. ➢ Casos mais extensos ou resistentes:
- Cefalosporina de 1ª geração.
- Macrolídeos (azitromicina, eritromicina, claritromicina).
- Se sem melhora, realizar culturas e considerar clindamicina para possível CA-MRSA. Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria Figura 5 Foliculite por Pseudomonas: pápulas eritematosas e pústulas no tronco. Figura 4 Foliculite: pústulas no braço.
ABSCESSO E FURÚNCULO
➢ Agentes:
- Principal: S. aureus.
- Outros: espécies de Streptococcus e Staphylococcus coagulase- negativo.
- Gram-negativos e anaeróbios: menos de 10% dos casos. ➢ Resistência bacteriana:
- S. aureus: 46 a 77% resistentes à meticilina.
- Resistência à clindamicina: 12,4%.
- Resistência a TMP-SMX: 0,5 a 2,6%. Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Manifestações clínicas:
- Edema, endurecimento eritematoso, sensível e doloroso.
- Pode apresentar pústula central (carnegão).
- Abscessos grandes: circundados por celulite, podem estar associados a sintomas sistêmicos (p. ex., febre, mal-estar, aumento de marcadores inflamatórios sanguíneos e de leucócitos, linfadenite regional). ➢ Fatores de risco:
- Dermatite atópica, picadas de insetos, imunodeficiências (síndrome de hiperimunoglobulina E, síndrome de Wiskott-Aldrich).
- Higiene precária, colonização por MRSA, contato domiciliar com abscesso cutâneo.
ABSCESSO E FURÚNCULO
Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Tratamento:
- Abscessos pequenos podem drenar espontaneamente sem tratamento.
- Uso de antibióticos sistêmicos pós- drenagem não é sustentado por evidências em populações adultas.
- Estratégias de descolonização sugeridas: sabonete líquido com clorexidina, banhos de água sanitária, pomada nasal de mupirocina, inclusive para todos os contatos domiciliares. ➢ Esquema de descolonização: - Higiene: banho diário, unhas limpas e cortadas, evitar compartilhamento de itens pessoais. - Clorexidina 4% no banho, 1 vez/dia por 5 dias. - Shampoo de clorexidina 4% nos dias 1, 3 e 5. - Mupirocina nasal 2 vezes/dia durante 5 dias. - Sem evidências atuais para apoiar essas estratégias na prevenção de infecções recorrentes.
Celulite
Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Tratamento hospitalar:
- Internação necessária para lesões na face, região cervical, lesões extensas ou pacientes em mal estado geral.
- Solicitar culturas
- Tratamento endovenoso com penicilina resistente a penicilinase (oxacilina: 100 a 200 mg/kg a cada 6 horas).
- Alternativas: cefalosporinas de 2ª ou 3ª geração, amoxicilina ou ampicilina associada a inibidor de betalactamase, claritromicina ou mesmo a clindamicina.
- Após 48 horas de melhora, trocar para antibiótico via oral de espectro semelhante.
- Coleta de cultura das lesões (aspirado com agulha fina) e hemocultura fortemente recomendada. ➢ Considerações adicionais:
- Escolha do antibiótico deve considerar o perfil de resistência local.
- Culturas são fundamentais para avaliar o perfil de resistência.
- Mudança de esquema recomendada com 10 a 15% de resistência ao antibiótico de primeira linha. Figura 8 Celulite periorbitária bilateral: edema e eritema de limites mal definidos em ambos os olhos.
➢ Definição de erisipela:
- Infecção bacteriana da derme superficial e tecido linfático.
- Geralmente causada por Streptococcus do grupo A, mas também pelos grupos B, C, G e ocasionalmente Staphylococcus. ➢ Porta de entrada e localização:
- Bactéria geralmente penetra através de trauma na pele (ferimentos, queimaduras, picadas de insetos).
- Pode ter origem hematogênica.
- Preferencialmente localiza-se na face e membros inferiores. ERISIPELA Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria
ERISIPELA Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria ➢ Diagnóstico e culturas:
- Culturas por aspiração com agulha fina indicadas para pacientes graves necessitando internação e casos decorrentes de lesões prévias (mordeduras de animais, imersão em água, imunossuprimidos).
- Hemoculturas recomendadas, embora com baixa positividade (~5%). ➢ Complicações:
- Abscessos, fasceíte necrosante, sepse.
ERISIPELA Tratado de pediatria (volume 1) - Sociedade Brasileira de Pediatria
➢ Tratamento:
- Semelhante ao da celulite, dependendo da extensão e
localização.
- Casos leves: penicilina benzatina intramuscular,
penicilina V oral, ou macrolídeos como eritromicina e
azitromicina.
- Terapia parenteral considerada para crianças com
infecção persistente ou progressiva após 48 a 72 horas
de terapia oral.