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infecção urinária hospitalar por leveduras, Notas de estudo de Medicina

Em 1998, Candida spp. foi isolada na urina de 166 pacientes internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de. Medicina de Ribeirão Preto-SP. Os prontuários ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

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Rev Ass Med Brasil 2001; 47(3): 231-5
231231
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231
I
NFECÇÃO
URINÁRIA
HOSPITALAR
POR
CANDIDA
II
II
INFECÇÃONFECÇÃO
NFECÇÃONFECÇÃO
NFECÇÃO URINÁRIAURINÁRIA
URINÁRIAURINÁRIA
URINÁRIA HOSPITALARHOSPITALAR
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LEVEDURASLEVEDURAS
LEVEDURAS
DODO
DODO
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GÊNEROGÊNERO
GÊNERO CANDIDACANDIDA
CANDIDACANDIDA
CANDIDA
R.D.R.
DE
O
LIVEIRA
, C.M.L. M
AFFEI
, R. M
ARTINEZ
*
Trabalho realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, SP.
RESUMO  O
BJETIVO
. O isolamento de leveduras na urina não
indica necessariamente infecção, porém a infecção do trato
urinário por Candida constitui um problema hospitalar crescen-
te. Neste estudo, o significado clínico da candidúria foi investiga-
do em hospital universitário brasileiro.
M
ÉTODOS
. Em 1998, Candida spp. foi isolada na urina de 166
pacientes internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto-SP. Os prontuários médicos de 100
destes pacientes, com candidúria detectada depois de três ou
mais dias de hospitalização, foram revisados sobre aspectos
microbiológicos, epidemiológicos e clínicos referentes a esse epi-
sódio.
R
ESULTADOS
. C. tropicalis foi isolada em 53% e C. albicans em
36% dos casos. Em 76% do doentes, a urocultura mostrou mais de
20.000 colônias de leveduras/mL. Doenças subjacentes crônicas,
como neuropatias, cardiopatias e outras neoplasias e trauma
foram freqüentes. Dos pacientes, 25% tinham diabetes mellitus.
Os principais fatores predisponentes associados com candidúria
foram: antibioticoterapia prévia (93%), sonda vesical de demora
(83%), cirurgia nos últimos 60 dias (48%), insuficiência renal
(32%), infecção bacteriana simultânea (28%) e uso de corticos-
teróides (20%) ou imunossupressores (10%). Apenas 43/100
pacientes foram tratados, 42 com fluconazol ou anfotericina B.
No período de 60 dias após o episódio de candidúria, 40% dos
doentes faleceram.
C
ONCLUSÕES
. Na presente casuística, as espécies não-albicans
de Candida foram os principais agentes de candidúria, sendo
considerados patógenos emergentes do trato urinário em pacien-
tes gravemente enfermos. Foram, ainda, observadas doenças
subjacentes, fatores de risco e alta mortalidade comumente
associados com a candidíase do trato urinário.
U
NITERMOS
: Candidúria. Candida. Infecção do trato urinário. Infec-
ção hospitalar.
*Correspondência:
Roberto Martinez
Departamento de Clínica Médica, Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto – Av. Bandeirantes, 3.900
Cep: 14048-900 – Ribeirão Preto – SP
Tel: (16) 633-0436 – Fax: (16) 633-6695
I
NTRODUÇÃO
Os relatos de infecções invasivas por
leveduras do gênero Candida eram escas-
sos até a metade do século XX. Nas últimas
décadas, C. albicans e espécies não-albicans
vêm se tornando cada vez mais importantes
como causa de infecção. A transformação
da levedura, de comensal a importante
agente de infecções, ocorre em ambiente
hospitalar e resulta do próprio progresso da
medicina: surgimento de grande número de
procedimentos invasivos, quebrando bar-
reiras de proteção natural, uso intensivo de
antibióticos de amplo espectro e a capacida-
de de sustentar a vida de pessoas muito
debilitadas e susceptíveis a microorganis-
mos oportunistas1. Nessas circunstâncias,
acrescidas de alterações locais, são favore-
cidas a colonização e a infecção fúngica de
vias urinárias, em geral causadas por espéci-
es de Candida e que eventualmente trazem
complicações renais, como bola fúngica e
abscesso, além de complicações sistêmi-
cas2,3. Um estudo prospectivo realizado em
hospitais americanos no período 1980-
1990 constatou que Candida representava
o sexto agente mais freqüente de infecção,
passando para o quarto microorganismo
mais comum quando consideradas apenas
as unidades de tratamento intensivo4. O
mesmo trabalho mostrou que a incidência
de fungemia aumentou de 0,1/1000 paci-
entes para 0,5/1000 pacientes e que a inci-
dência de infecção fúngica do trato urinário
elevou-se de 0,9/1000 pacientes para 2,0/
1000 pacientes, na grande maioria das ve-
zes causada por espécies de Candida. O
principal sítio de infecção por esta levedura
foi o trato urinário, envolvido em 46% dos
casos4. No final da década de 80, espécies
de Candida causavam 7% do total de casos
de infecção urinária nosocomial nos Estados
Unidos5.
No Brasil, 145 episódios de fungemia
por C. albicans e espécies não-albicans fo-
ram detectadas em período de 22 meses
em seis hospitais de assistência médica de
Artigo Original
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I NFEC«√O URIN¡RIA HOSPITALAR POR CANDIDA

III II^ NFECÇÃONFECÇÃONFECÇÃONFECÇÃONFECÇÃO^ URINÁRIAURINÁRIAURINÁRIAURINÁRIAURINÁRIA^ HOSPITALARHOSPITALARHOSPITALARHOSPITALARHOSPITALAR^ PORPORPORPORPOR^ LEVEDURASLEVEDURASLEVEDURASLEVEDURASLEVEDURAS

DODODODODO^ GÊNEROGÊNEROGÊNEROGÊNEROGÊNERO^ CANDIDACANDIDACANDIDACANDIDACANDIDA

**R.D.R. DE O LIVEIRA , C.M.L. M AFFEI , R. M ARTINEZ *** Trabalho realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, SP.

RESUMO ñ O BJETIVO. O isolamento de leveduras na urina n„o indica necessariamente infecÁ„o, porÈm a infecÁ„o do trato urin·rio por Candida constitui um problema hospitalar crescen- te. Neste estudo, o significado clÌnico da candid˙ria foi investiga- do em hospital universit·rio brasileiro. M …TODOS. Em 1998, Candida spp. foi isolada na urina de 166 pacientes internados no Hospital das ClÌnicas da Faculdade de Medicina de Ribeir„o Preto-SP. Os prontu·rios mÈdicos de 100 destes pacientes, com candid˙ria detectada depois de trÍs ou mais dias de hospitalizaÁ„o, foram revisados sobre aspectos microbiolÛgicos, epidemiolÛgicos e clÌnicos referentes a esse epi- sÛdio. R ESULTADOS. C. tropicalis foi isolada em 53% e C. albicans em 36% dos casos. Em 76% do doentes, a urocultura mostrou mais de 20.000 colÙnias de leveduras/mL. DoenÁas subjacentes crÙnicas, como neuropatias, cardiopatias e outras neoplasias e trauma foram freq¸entes. Dos pacientes, 25% tinham diabetes mellitus.

Os principais fatores predisponentes associados com candid˙ria foram: antibioticoterapia prÈvia (93%), sonda vesical de demora (83%), cirurgia nos ˙ltimos 60 dias (48%), insuficiÍncia renal (32%), infecÁ„o bacteriana simult‚nea (28%) e uso de corticos- terÛides (20%) ou imunossupressores (10%). Apenas 43/ pacientes foram tratados, 42 com fluconazol ou anfotericina B. No perÌodo de 60 dias apÛs o episÛdio de candid˙ria, 40% dos doentes faleceram. C ONCLUS’ES. Na presente casuÌstica, as espÈcies n„o-albicans de Candida foram os principais agentes de candid˙ria, sendo considerados patÛgenos emergentes do trato urin·rio em pacien- tes gravemente enfermos. Foram, ainda, observadas doenÁas subjacentes, fatores de risco e alta mortalidade comumente associados com a candidÌase do trato urin·rio.

U NITERMOS : Candid˙ria. Candida. InfecÁ„o do trato urin·rio. Infec- Á„o hospitalar.

*Correspondênci a: Roberto Martinez Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Av. Bandeirantes, 3. Cep: 14048-900 – Ribeirão Preto – SP Tel: (16) 633-0436 – Fax: (16) 633-

I NTRODU«√O

Os relatos de infecÁıes invasivas por leveduras do gÍnero Candida eram escas- sos atÈ a metade do sÈculo XX. Nas ˙ltimas dÈcadas, C. albicans e espÈcies n„o-albicans vÍm se tornando cada vez mais importantes como causa de infecÁ„o. A transformaÁ„o da levedura, de comensal a importante agente de infecÁıes, ocorre em ambiente hospitalar e resulta do prÛprio progresso da medicina: surgimento de grande n˙mero de

procedimentos invasivos, quebrando bar- reiras de proteÁ„o natural, uso intensivo de antibiÛticos de amplo espectro e a capacida- de de sustentar a vida de pessoas muito debilitadas e susceptÌveis a microorganis- mos oportunistas 1. Nessas circunst‚ncias, acrescidas de alteraÁıes locais, s„o favore- cidas a colonizaÁ„o e a infecÁ„o f˙ngica de vias urin·rias, em geral causadas por espÈci- es de Candida e que eventualmente trazem complicaÁıes renais, como bola f˙ngica e abscesso, alÈm de complicaÁıes sistÍmi- cas 2,3. Um estudo prospectivo realizado em hospitais americanos no perÌodo 1980- 1990 constatou que Candida representava o sexto agente mais freq¸ente de infecÁ„o, passando para o quarto microorganismo mais comum quando consideradas apenas

as unidades de tratamento intensivo 4. O mesmo trabalho mostrou que a incidÍncia de fungemia aumentou de 0,1/1000 paci- entes para 0,5/1000 pacientes e que a inci- dÍncia de infecÁ„o f˙ngica do trato urin·rio elevou-se de 0,9/1000 pacientes para 2,0/ 1000 pacientes, na grande maioria das ve- zes causada por espÈcies de Candida. O principal sÌtio de infecÁ„o por esta levedura foi o trato urin·rio, envolvido em 46% dos casos 4. No final da dÈcada de 80, espÈcies de Candida causavam 7% do total de casos de infecÁ„o urin·ria nosocomial nos Estados Unidos 5. No Brasil, 145 episÛdios de fungemia por C. albicans e espÈcies n„o-albicans fo- ram detectadas em perÌodo de 22 meses em seis hospitais de assistÍncia mÈdica de

Artigo Original

O LIVEIRA RDR ET AL.

nÌvel terci·rio 6. Quanto ‡ infecÁ„o urin·ria por Candida, sua existÍncia vem sendo re- velada por relatos de casos isolados 7,8^ e por estudos recentes que focalizaram condi- Áıes predisponentes especÌficas 9,10^ , contu- do, freq¸Íncia, caracterÌsticas e implicaÁıes da candid˙ria em pacientes brasileiros s„o amplamente desconhecidas. Neste traba- lho foram investigados a epidemiologia hos- pitalar e aspectos clÌnico-laboratoriais da candid˙ria em hospital p˙blico de prestaÁ„o de assistÍncia mÈdica em nÌvel terci·rio e tambÈm centro de ensino mÈdico.

M…TODOS

Durante o ano de 1998 foram isoladas espÈcies de Candida na urina de 166 pacientes do Hospital das ClÌnicas da Faculdade de Me- dicina de Ribeir„o Preto ñ SP. Cem destes pacientes foram selecionados de maneira ale- atÛria, porÈm incluindo apenas aqueles cuja candid˙ria foi detectada depois de trÍs ou mais dias de hospitalizaÁ„o. Os prontu·rios mÈdi- cos desses 100 casos foram revisados com auxÌlio de uma ficha padronizada para coleta de informaÁıes sobre a epidemiologia, a clÌnica e a abordagem diagnÛstica e terapÍutica relacio- n·veis com o achado microbiolÛgico. Pacien- tes com mais de um episÛdio de candid˙ria foram incluÌdos em apenas uma ocasi„o. Defi- niu-se doenÁa de base como molÈstias e con- diÁıes que motivaram a internaÁ„o dos doen- tes e, como fator predisponente, qualquer procedimento diagnÛstico ou terapÍutico e complicaÁıes surgidas durante a hospitali- zaÁ„o. A pesquisa de fatores predisponentes fixou-se nos dois meses prÈvios ao episÛdio de candid˙ria, enquanto a evoluÁ„o clÌnico-labo- ratorial foi analisada no perÌodo de dois meses seguintes a esse fato. Considerou-se cura laboratorial quando, no seguimento, na urina do paciente n„o mais foram detectadas levedu- ras em cultura e/ou no sedimento urin·rio. Candida isolada em nova cultura e/ou a pre- senÁa de leveduras em novo exame tipo I de

urina foi classificada como candid˙ria persisten- te. Todos os Ûbitos ocorridos no perÌodo de 60 dias apÛs o isolamento de Candida em cultura foram registrados, independentemen- te de sua causa. Para obter o isolamento de Candida spp; as amostras dos doentes foram se- meadas com alÁa calibrada em ·gar CLED ou ·gar Sabouraud, o que tambÈm permitiu calcular a contagem de colÙnias por mililitro de urina. Efetuou-se a inclus„o dos pacien- tes no estudo independentemente do n˙- mero obtido nesta contagem. A identifica- Á„o das espÈcies de Candida baseou-se na micromorfologia das colÙnias, na formaÁ„o de tubo germinativo e em testes convenci- onais de assimilaÁ„o e de fermentaÁ„o.

R ESULTADOS

DistribuÌdos segundo o sexo, foram en- contrados 51 pacientes masculinos e 49 fe- mininos. Tinham idade entre 1 mÍs e 91 anos, sendo 54 anos a mediana. No perÌodo de ocorrÍncia da infecÁ„o por Candida esta- vam hospitalizados nos seguintes setores: 42 em enfermarias clÌnicas, 14 em enfermarias cir˙rgicas, oito em enfermarias pedi·tricas e berÁ·rio, 33 em unidades de terapia intensiva e trÍs em unidade para transplantados renais. Verificou-se perÌodo mediano de 20 dias entre a internaÁ„o e a detecÁ„o de Candida na urina, sendo que para 87% dos doentes esse perÌodo superou a 10 dias. A candid˙ria foi causada principalmente por espÈcies n„o-albicans (64%), destacan- do-se C. tropicalis que foi identificada em 53/101 isolamentos (Tabela 1). A contagem de colÙnias de Candida superou a 20.000/ mL de urina em 76% das 98 amostras quantificadas. Dos 66 pacientes nos quais foi realizado o exame de urina tipo I no dia da candid˙ria, em 79% havia a presenÁa de leveduras no sedimento urin·rio; outros achados foram leucocit˙ria ñ 58% e bacte- ri˙ria ñ 18%.

InfecÁ„o f˙ngica disseminada, caracteri- zada pela presenÁa da mesma espÈcie de levedura isolada da urina em culturas de outras amostras do paciente, verificou-se em 18 casos. Fungemia foi detectada em seis doentes. Em relaÁ„o aos fatores predisponentes da infecÁ„o f˙ngica do trato urin·rio, na grande maioria dos pacientes registrou-se o uso prÈvio de antibiÛticos, alÈm de sondagem vesical como procedimento invasivo. Cirurgia recente, insufi- ciÍncia renal aguda e uso de medicamentos imunossupressores tambÈm estavam freq¸en- temente associados ‡ candid˙ria (Tabela 2). Predominaram como condiÁıes subjacentes as doenÁas crÙnico-degenerativas, salientando-se a importante associaÁ„o de diabetes mellitus com candid˙ria (Tabela 3). CondiÁıes cir˙rgicas agudas e trauma fo- ram a causa da hospitalizaÁ„o de 25% dos casos. Adicionalmente, cinco pacientes haviam recebido transplante de rim e outros apresen- tavam anomalias de vias urin·rias, como hiper- plasia prost·tica benigna (dois casos), dilataÁ„o pielocalicial (dois casos), hidronefrose (um caso) e refluxo vÈsico-ureteral (um caso). No dia da candid˙ria, 64% dos doentes tinham febre, porÈm sintomatologia mais diretamente atribuÌvel ‡ infecÁ„o f˙ngica estava presente em poucos casos: 6% quei-

Tabela 1 ñ N˙mero de uroculturas positivas de acordo com a espÈcie de Candida.

EspÈcie de Candida N˙mero de pacientes

C. tropicalis 53 C. albicans 36 C. glabrata 08 C. parapsilosis 03 C. famata 01 Total 101*

*Em uma urina havia duas espÈcies de Candida

O LIVEIRA RDR ET AL.

antif˙ngicos^12. Uma parcela dos 57 doentes n„o recebeu antif˙ngicos apesar de haver indicaÁ„o de uso destas drogas. Este fato e a inexistÍncia ou insuficiÍncia de seguimento da candid˙ria po- dem revelar despreparo mÈdico para lidar com um problema emergente de infecÁ„o hospitalar, tendo sido constatados em iguais proporÁıes em estudo norte-americano de 861 pacientes com fung˙ria^13. Em estudo multicÍntrico, fluco- nazol na dose de 200 mg/dia, durante duas semanas, eliminou a candid˙ria em 50% dos pacientes vs 29% dos que receberam pla- cebo^22. Uma das causas de persistÍncia de Candida em pacientes adequadamente medica- dos È a insuficiÍncia renal^22. Outra raz„o È o significativo aumento da resistÍncia do fungo ao fluconazol, especialmente C. tropicalis e C. glabrata^23. Portanto, a abordagem terapÍutica da infecÁ„o urin·ria persistente por Candida pode- r· requerer a identificaÁ„o da espÈcie, alÈm da realizaÁ„o de testes de sensibilidade e da con- centraÁ„o mÌnima inibitÛria^10. A elevada letalidade de 40% encontrada nos 60 dias subsequentes ao diagnÛstico da candid˙ria supera largamente os valores de 17-20% de outras sÈries 13 e aproxima-se do percentual de 57% observado em 106 casos de candidemia 20. Certamente, alÈm da infecÁ„o f˙ngica, infecÁıes bacterianas, disfunÁıes org‚nicas e v·rios outros fatores contribuÌram para a morte dos pacientes. No presente estudo n„o se procurou dis- tinguir a candid˙ria como causa direta ou secund·ria do Ûbito, porÈm o trato urin·rio pode ter sido o sÌtio de invas„o da corrente sang¸Ìnea verificada em seis doentes, con- diÁ„o na qual Candida pode ser causa direta da morte de pacientes 18.

CONCLUS√O Os dados apresentados confirmaram a import‚ncia de certas condiÁıes org‚nicas e fatores predisponentes para o surgimento de infecÁ„o urin·ria por Candida e a cres- cente participaÁ„o de espÈcies n„o-albicans

nas infecÁıes hospitalares. Trata-se de um problema mÈdico emergente, que tambÈm atinge outros hospitais brasileiros dedicados ‡ assistÍncia mÈdica de nÌvel terci·rio e que, portanto, requer maior atenÁ„o no sentido de se reduzir taxas de infecÁıes, acelerar o diagnÛstico e de instituir terapÍutica correta e ‡ tempo de beneficiar o paciente.

S UMMARY

N OSOCOMIAL URINARY TRACT INFEC - TIONS BY C ANDIDA SPECIES B ACKGROUND. Isolation of a yeast in urine does not necessarily indicate infection, but Candida urinary tract infection is an increa- sing nosocomial problem. In this study the clinical significance of candiduria was inves- tigated in a Brazilian university hospital. M ETHODS. Between January and De- cember 1998 species of Candida were isola- ted in the urine of 166 patients admitted to a tertiary-care general hospital at Ribeir„o Pre- to, SP, Brazil. The data of 100 of these patients were retrospectivelly reviewed con- cerning microbiological, epidemiological, and clinical aspects of candiduria. R ESULTS. C. tropicalis was found in 53% of the patients and C. albicans in 36%. Urine

cultures yielded more than 20.000 yeast colonies/ml in 76% of cases. Neurological, cardiac and other chronic diseases, cancer, and trauma were frequent underlying illnes- ses. Diabetes mellitus was present in 25% of patients. The major predisposing factors associated with candiduria were previous antibiotic therapy (93%) indwelling urinary catheter (83%), surgery in the last 60 days (48%), renal failure (32%), concomitant bacterial infections (28%), use of corticos- teroids (20%), and use of other immu- nosuppressive drugs (10%). Therapy for candiduria, fluconazole or amphotericin B with one exception, was given only to 43/ 100 patients. The overall mortality in the 60 days after the candiduria episode was 40%. C ONCLUSIONS. The non-albicans species of Candida were the major agents of candi- duria and are emergent pathogens of the urinary tract in critically ill patients. The underlying illnesses, risk factors and high mortality commonly associated with Candida urinary tract infection were also observed in a Brazilian university hospital. [Rev Ass Med Brasil 2001; 47(3): 231-5]

K EY WORDS : Candiduria. Candida. Urinary tract infection. Nosocomial infection.

Tabela 4 ñ AvaliaÁ„o da candid˙ria, no perÌodo de 2 meses apÛs sua primeira detecÁ„o, com urocultura e/ou exame do sedimento urin·rio.

Candid˙ria em exame controle Esquema terapÍutico N∫ de casos Persistente Regress„o Ignorado

Fluconazol VO 27 7 10 10 Fluconazol EV 6 1 1 4 Anfotericina B TÛpica 4 1 2 1 Anfotericina B EV 5 0 3 2 Cetoconazol 1 0 0 1 Total ñ Tratados 43 9 16 18 N„o tratados 57 16 13 28 Total 100 25 29 46

I NFEC«√O URIN¡RIA HOSPITALAR POR CANDIDA

Artigo recebido: 25/09/ Aceito para publicaÁ„o: 19/04/

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