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Guias e Dicas
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Alterações Sistêmicas e Uso de Medicamentos em Pacientes de Clínica Odontológica, Notas de aula de Odontologia

Um estudo sobre a incidência de doenças sistêmicas e uso de medicamentos entre pacientes atendidos em clínica odontológica. O estudo analisou 445 prontuários e identificou que 23,8% dos pacientes apresentavam alguma doença sistêmica e 26,06% faziam uso de algum tipo de medicamento. Além disso, foram identificadas as principais doenças sistêmicas encontradas e os medicamentos mais utilizados.

O que você vai aprender

  • Quais são as principais doenças sistêmicas encontradas entre pacientes atendidos em clínica odontológica?
  • Qual a porcentagem de pacientes atendidos em clínica odontológica que apresentam alguma doença sistêmica?
  • Quais são os medicamentos mais utilizados por pacientes atendidos em clínica odontológica?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Bossa_nova 🇧🇷

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Editoria l Ponto de v ista Artigo s Instr uções
para os autore s
ConScie ntiae Saúde, São Pau lo, v. 6, n. 2, p. 305 -311, 2007. ISSN 1677-1028. 305
Existe m pacientes portadores de alteraçõe s sistêmica s e usuá rios de alguns me -
dicame ntos, tidos como especi ais do ponto de vista odontoló gico, que, na maioria
das veze s, levam o c irurgião -dentista a a lterar su a conduta durante o t ratamento
odontológi co. Com a finalidade de conhec er a incidê ncia d essas alterações na
clín ica odontológica, foi rea lizado um levanta mento epidemiológic o c om 445
prontuá rios, na clí nica odontológic a do Centro Univer sitário Nove de Jul ho. Nos
arquivos dos pacientes, observou-se que 209 eram do s exo masc ulino e 236 do
sexo femin ino. Desse total, 23,8% apresenta ram alteração sistêmica, enqu anto
26,06% f aziam u so de algum tipo de medicament o. A h ipertensão foi a doença
sistêm ica mais fr eqüente, e os a nti-hiperten sivos, os medica mentos mais utiliza-
dos. Conc luiu-se que tant o as doenças si stêmicas qua nto o uso de med icamentos
para co ntrolá-las s ão relativamen te comuns n a clínic a odontológica, portanto o s
ciru rgiões-dent istas e alunos deve m estar preparados pa ra modifica r o plane ja-
mento e a e xecução do trata mento odontológico diante de tai s situações, vi sando
sempre ao bem-estar e à saúde do paciente.
Palavr as- chave: Do enças sistêm icas. Hiperte nsão. Medicame ntos. Pacientes
especiais.
Some patients with systemic disease s and taking some medicine s need special care
during dental t reatment and, most t he times, these conditions lead to mod ifica-
tions on the course of the dental cli nical protocol. In order to know the incidence of
these alterat ions in denta l clinic, a survey was ca rried out with 445 patient fi les, at
Nove de Julho University D ental Clinic. Among t he archives of the patients it was
observed that 209 were of the masc uline sex and 236 of the femini ne sex, among
these 23.8% had pres ented systemic alterations and 26.06% made use of s ome type
of medicine. T he hyperten sion was the more f requent system ic disease and the
antihyper tension medications were the mo st used. We conclude that the systemic
disease and the u se of medicine s are common findings in dental clin ic, therefo re
the dental-surgeon and student s must be prepared to modify t he planni ng and
execution of the denta l treatment to deal with these situat ions aiming the patient’s
health.
Key words: Hyper tension. Medicine. Special ca re. Systemic dise ase.
Incidência de alterações
sistêmicas e uso de medicamentos
em pacientes atendidos
em clínica odontológica
Incidence of systemic complications and medicine
use in patients taken care in dentistry
Maricy Oricchio Fedr i de Souza1; Amanda Rafaelly Honorio Sanches Perez2; Thaís Oricchio Fedri
de Souza3; Marco Antonio Trevizani Martins4; Sandra Ka lil Bussadori5; Kristianne Porta Santos
Fernandes6; Manoela Domingues Martins7
1 Graduan da em Odontolog ia – Uninove . São Paulo – SP [B rasil] mar icyoricch io@ig.com.br
2 Graduan da em Odontolog ia – Uninove . São Paulo – SP [B rasil] ama ndahonori o@hotmai l.com
3 Graduan da em Odontolog ia – Uninove . São Paulo – SP [B rasil] tha isoricch io@ig.com.b r
4 Mestr e em Diagnó stico Bucal ; Professor na graduaçã o [Odontologia] – U ninove. São Pau lo – SP [Brasi l] kekomart ins@ya hoo.com.br
5 Doutora e m Odontoped iatria – FO -USP. Professora do Curso de Mes trado em Ciên cias da Rea bilitação – Uninove. São Pa ulo – SP [Brasi l] skb@osite .com.br
6 Doutora e m Imunologi a – ICB-USP; Pro fessora do Cu rso de Mest rado em Ciênc ias da Reabi litação – Un inove. São Paul o – SP [Brasil] k ristia nneport a@terra.co m.br
7 Doutora e m Patologia Buc al – FO-USP; Pr ofessora do Curso de Mest rado em Ciênc ias da Reab ilitação – U ninove. São Pau lo – SP [Brasi l] mano@apcd .org.br
Recebido em 15 mar. 2006 / apr ovado em 13 abr. 2007
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Baixe Alterações Sistêmicas e Uso de Medicamentos em Pacientes de Clínica Odontológica e outras Notas de aula em PDF para Odontologia, somente na Docsity!

Editorial

Ponto de vista

Artigos

Instruções

para os autores

Existem pacientes portadores de alterações sistêmicas e usuários de alguns me- dicamentos, tidos como especiais do ponto de vista odontológico, que, na maioria das vezes, levam o cirurgião-dentista a alterar sua conduta durante o tratamento odontológico. Com a finalidade de conhecer a incidência dessas alterações na clínica odontológica, foi realizado um levantamento epidemiológico com 445 prontuários, na clínica odontológica do Centro Universitário Nove de Julho. Nos arquivos dos pacientes, observou-se que 209 eram do sexo masculino e 236 do sexo feminino. Desse total, 23,8% apresentaram alteração sistêmica, enquanto 26,06% faziam uso de algum tipo de medicamento. A hipertensão foi a doença sistêmica mais freqüente, e os anti-hipertensivos, os medicamentos mais utiliza- dos. Concluiu-se que tanto as doenças sistêmicas quanto o uso de medicamentos para controlá-las são relativamente comuns na clínica odontológica, portanto os cirurgiões-dentistas e alunos devem estar preparados para modificar o planeja- mento e a execução do tratamento odontológico diante de tais situações, visando sempre ao bem-estar e à saúde do paciente. Palavras-chave: Doenças sistêmicas. Hipertensão. Medicamentos. Pacientes especiais.

Some patients with systemic diseases and taking some medicines need special care during dental treatment and, most the times, these conditions lead to modifica- tions on the course of the dental clinical protocol. In order to know the incidence of these alterations in dental clinic, a survey was carried out with 445 patient files, at Nove de Julho University Dental Clinic. Among the archives of the patients it was observed that 209 were of the masculine sex and 236 of the feminine sex, among these 23.8% had presented systemic alterations and 26.06% made use of some type of medicine. The hypertension was the more frequent systemic disease and the antihypertension medications were the most used. We conclude that the systemic disease and the use of medicines are common findings in dental clinic, therefore the dental-surgeon and students must be prepared to modify the planning and execution of the dental treatment to deal with these situations aiming the patient’s health. Key words: Hypertension. Medicine. Special care. Systemic disease.

Incidência de alterações

sistêmicas e uso de medicamentos

em pacientes atendidos

em clínica odontológica

Incidence of systemic complications and medicine

use in patients taken care in dentistry

Maricy Oricchio Fedri de Souza^1 ; Amanda Rafaelly Honorio Sanches Perez 2 ; Thaís Oricchio Fedri de Souza 3 ; Marco Antonio Trevizani Martins 4 ; Sandra Kalil Bussadori 5 ; Kristianne Porta Santos Fernandes 6 ; Manoela Domingues Martins^7 1 Graduanda em Odontologia – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] maricyoricchio@ig.com.br 2 Graduanda em Odontologia – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] amandahonorio@hotmail.com 3 Graduanda em Odontologia – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] thaisoricchio@ig.com.br 4 Mestre em Diagnóstico Bucal; Professor na graduação [Odontologia] – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] kekomartins@yahoo.com.br 5 Doutora em Odontopediatria – FO-USP. Professora do Curso de Mestrado em Ciências da Reabilitação – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] skb@osite.com.br 6 Doutora em Imunologia – ICB-USP; Professora do Curso de Mestrado em Ciências da Reabilitação – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] kristianneporta@terra.com.br 7 Doutora em Patologia Bucal – FO-USP; Professora do Curso de Mestrado em Ciências da Reabilitação – Uninove. São Paulo – SP [Brasil] mano@apcd.org.br

Recebido em 15 mar. 2006 / aprovado em 13 abr. 2007

Incidência de alterações sistêmicas e uso de medicamentos…

1 Introdução

Há pacientes considerados especiais, do ponto de vista odontológico, que são porta- dores de alterações sistêmicas ou fazem uso de medicamentos e necessitam de cuidados especiais durante tratamento odontológi- co. Muitas vezes, essas alterações sistêmicas interferem no plano terapêutico; por isso, é extremamente importante que o dentista as conheça para que possa planejar o tratamen- to sem causar danos ao paciente. Entre as do- enças sistêmicas mais comuns que afetam a população mundial encontram-se a hiperten- são, problemas cardíacos, diabetes, doenças da tireóide, doenças infecciosas e epilepsia (SONIS; FAZIO; FANG, 1996). A hipertensão – doença caracterizada pela elevação anormal da pressão sangüínea –, acomete cerca de 10% a 20% da população adul- ta. Estudos epidemiológicos mostraram que a hipertensão moderada, quando não tratada, contribui para aumentar os índices de morbi- dade e mortalidade por doença cerebrovascu- lar, vascular periférica, renal e cardiovascular. Nas consultas corriqueiras, o dentista pode detectar facilmente a hipertensão por meio do histórico médico, do exame físico e pelo con- tato com o médico do paciente. Vale lembrar que o tratamento de hipertensão requer o uso prolongado de medicamentos, o que pode afe- tar a condução da pratica odontológica (MASK JUNIOR, 2000). Antes do início do tratamento de pa- cientes cardiopatas, duas situações reque- rem do profissional cuidados especiais em relação a dois riscos: o do desenvolvimento de endocardite infecciosa e o secundário à administração de anticoagulantes. O risco de endocardite exige medidas profiláticas es- pecíficas guiadas pelas normas de prevenção de endocardite infecciosa da American Heart Association. Além disso, o fato de alguns pa- cientes fazerem uso de anticoagulantes após a colocação de válvulas protéticas determina a necessidade de tratamento especial (ADDE

et al., 1993; ANTIBIOTIC SUBCOMMITTEE OF THE PHARMACY AND THERAPEUTICS COMMITTEE, 2000). O diabetes, resultante da insuficiência absoluta ou relativa de insulina, é causado tan- to pela baixa produção de insulina do pâncreas quanto pela falta de resposta dos tecidos peri- féricos a ela e acomete cerca de 200 milhões de pessoas no mundo. Como fator de risco para essa doença, temos a idade, a hereditariedade e a obesidade. O diabetes afeta 17 em cada mil pessoas entre 25 e 44 anos, e 79 indivíduos em cada mil, com idade acima de 65 anos. Nesse contexto, aproximadamente 3% a 4% dos pa- cientes adultos que se submetem a tratamento odontológico possuem diabetes, geralmente do tipo 1, cujos sintomas principais são poli- dipsia, poliúria, polifagia e perda de peso – re- sultantes da deficiência de insulina, os sinais são clássicos em pacientes com diabetes tipo 1 (juvenil). No entanto, o diabetes tipo 2 (adulto) pode não vir acompanhado de tais sinais e sin- tomas clássicos, o que contribui para retardar o seu diagnóstico (FISKE, 2004). A hepatite viral é uma doença contagiosa que afeta, aproximadamente, 500 mil pessoas por ano. Nesse contexto, é importante compre- ender os vários tipos de hepatite contagiosa e como se dá sua transmissão, para que se possa prevenir a contaminação. Os dentistas correm risco de se contaminar, em razão de ficarem expostos às excreções bucais e ao sangue do paciente potencialmente infectado. Há pelo me- nos três tipos de vírus que causam a hepatite

  • A, B e C –, lembrando que até o momento só existe antígeno e anticorpos virais para as he- patites A e B. Diante dos riscos que os portadores dessas doenças sistêmicas sofrem e dos cuidados a que podem ser submetidos durante o tratamento odontológico, pretendemos verificar, neste es- tudo, a incidência dessas doenças e os medica- mentos mais utilizados por pacientes atendidos na clínica odontológica do Centro Universitário Nove de Julho (Uninove).

Incidência de alterações sistêmicas e uso de medicamentos…

Entre as doenças, a mais freqüente, segun- do a amostra, foi a hipertensão, caracterizada pela elevação anormal da pressão sangüínea. Os números indicam que 48 indivíduos (10,37% dos pacientes atendidos) eram portadores de hi- pertensão arterial diagnosticada previamente,

e em sua maioria mulheres. Estudos epidemio- lógicos mostram que a hipertensão moderada, quando não tratada, encontra-se associada ao aumento da morbidade e mortalidade por doen- ça cerebrovascular, vascular periférica, renal e cardiovascular. A hipertensão, dependendo do grau, pode impossibilitar o tratamento odonto- lógico. Cabe ao profissional identificar se seu paciente pertence a um grupo de risco e se o procedimento a ser realizado também é de risco (AUBERTIN, 2004; HERMAN et al., 2004). De acordo com Sonis, Fazio e Fang (1996), a pressão arterial deve ser mensurada na ava- liação inicial e antes da execução de interven- ções odontológicas capazes de gerar ansiedade. Uma vez conhecida a gravidade da hipertensão, o dentista pode elaborar o plano de tratamento. Entretanto, sem o controle médico adequado, o plano ideal desse tratamento pode ficar com- prometido. Além disso, o controle da ansiedade é um auxiliar terapêutico importante no trata- mento dentário do paciente hipertenso. Analisando os resultados dos medica- mentos, notamos que os anti-hipertensivos fo- ram os mais utilizados, representando 25 casos (5,61%). Esses dados indicam que quase metade dos pacientes hipertensos atendidos na clínica controla a pressão sem uso de medicação. Cabe ressaltar que é muito importante identificar se esses pacientes utilizam bloqueadores de ca- nais de cálcio para controlar a pressão arterial, em razão de esses medicamentos serem causa relativamente comum de hiperplasia gengival (AUBERTIN, 2004; HERMAN et al., 2004). A segunda doença mais relatada foi a car- diopatia, representando 16 casos (3,6%). Essa forma particular da doença do coração consiste em falta do fluxo e/ou do oxigênio no sangue que circula no músculo do coração, ocasionan- do bloqueio da estrutura arterial coronária, como resultado dos ateromas (SONIS; FAZIO; FANG, 1996). Os pacientes portadores de doença cardía- ca, principalmente se for isquêmica, e que estão fazendo tratamento médico, deverão subme- ter-se a testes periódicos de estresse. Se houver

Tabela 1: Distribuição do uso de medicamentos pelos pacientes

Doença

Total N % Anti-hipertensivos 25 5, Antiinflamatórios 11 2, Analgésicos 9 2, Antidiabéticos 6 1, Hormônios 6 1, Ansiolíticos 5 1, Antibióticos 5 1, Anticonvulsivante 5 1, Diuréticos 5 1, Polivitamínicos e poliminerais 5 1, Anti-histamínicos 4 0, Antiasmáticos 3 0, Antidepressivos 3 0, Antiepiléticos 3 0, Anticoncepcionais 2 0, Antifúngicos 2 0, Moduladores de apetite 2 0, Relaxantes musculares 2 0, Antiácido 1 0, Anticoagulante 1 0, Antineoplásico 1 0, Antinicotínicos 1 0, Antiparkisoniano 1 0, Anti-reumáticos 1 0, Antitérmico 1 0, Bloqueador beta 1 0, Broncodilatador 1 0, Bronconstritor 1 0, Corticóide 1 0, Protetor gástrico 1 0, Vitamina c 1 0, TOTAL 116 26, Fonte: os autores.

Editorial

Ponto de vista

Artigos

Instruções

para os autores

SOUZA, M. O. F. de et al.

necessidade de fazer o tratamento odontológico antes desse intervalo, ou se ainda existir algu- ma incerteza a respeito da situação cardíaca dos pacientes, a consulta médica deverá ser in- dicada. Todas essas precauções são necessárias para evitar o aumento da demanda cardíaca de oxigênio e a taquicardia no momento do proce- dimento; por isso, limita-se o uso do epinefrina e, tanto quanto possível, também situações de estresse, associadas ao tratamento odontológico (SONIS; FAZIO; FANG, 1996). Outras doenças coronarianas são angi- na, defeitos valvulares e arritmia, entre ou- tras. Destas, os defeitos valvulares são os que apresentam maiores riscos de instabilidade hemodinâmica, arritmia cardíaca e endocardi- te infecciosa. A doença periodontal leva o pa- ciente a correr o risco de infecção imediata das válvulas nativas defeituosas ou das protéticas. Para evitar esse risco, é necessário que os por- tadores desse tipo de patologia sejam submeti- dos a exame odontológico completo e ao uso de antibióticos, antes de procedimentos invasivos, impedindo, assim, a bacteremia que pode afe- tar as válvulas (ADDE et al., 1993; ANTIBIOTIC SUBCOMMITTEE OF THE PHARMACY AND THERAPEUTICS COMMITTEE, 2000; LIFSHEY, 2004; RANG; DALE; RITTER, 2001; STEINHAUER; BSOUL; TEREZHALMY, 2005; TAMAKI et al., 2004). Tamaki e outros (2004) investigaram a as- sociação entre a condição periodontal e a cardí- aca por meio da avaliação do eletrocardiograma para buscar uma relação entre as duas doenças. Os autores concluíram que não houve correla- ção entre os fatores bucais e a prevalência de anormalidades em eletrocardiogramas. A terceira doença mais comum é a hepati- te, somando 15 (3,4%) casos. Causada por, pelo menos, seis vírus distintos, a hepatite pode ser classificada em A, B, C, D, E e G. Na prá- tica da odontologia, existe um risco potencial para a infecção viral. O hepatitis B virus (HBV) pode ser transmitido por meio de contamina- ção sangüínea, pela absorção das superfícies mucosas (boca, olho) ou em conseqüência da

transferência de objetos (por exemplo, gaze); por essa razão, tanto a utilização de materiais de proteção individual quanto a administra- ção de vacinas são medidas fundamentais a serem tomadas. A vacinação contra hepati- te B reduziu substancialmente a taxa desse tipo de infecção (SONIS; FAZIO; FANG, 1996; TAKAHAMA et al., 2005; SOUZA; NAMEN FÁTIMA; SOARES, 2003). Martins e Barreto (2003) realizaram um estudo para determinar a prevalência e os fa- tores associados à vacinação contra hepatite B (HB) entre os dentistas, além de investigar as principais razões alegadas para a não-vacinação e a vacinação incompleta; para isso, aplicaram um questionário a 299 cirurgiões-dentistas. Os resultados mostraram que 74,9% dos indivíduos tomaram três doses; 14%, duas doses; 2%, uma dose e 10% não foram vacinados. A vacinação completa foi maior entre as especialidades de cirurgia e/ou periodontia (89%). A principal razão alegada para a não-vacinação ou vacina- ção incompleta foi a falta de mais informações. A não-vacinação teve mais incidência entre os profissionais com mais de 40 anos e os que não se reciclaram nos dois anos anteriores ao inqué- rito. A vacinação incompleta foi maior entre os que não usam luvas no trabalho. Diante dessas informações, os autores concluíram que a fal- ta de informação, possivelmente relacionada à menor reciclagem profissional, parece ser um dos principais fatores limitantes da vacinação. Doenças endócrinas, como alterações de tireóide e diabetes, representaram a quarta e quinta doenças mais comuns. A principal fun- ção da glândula da tireóide é a produção do hormônio tiroxina, importante na regulação do índice metabólico do corpo, que, quando com- prometido, afeta o metabolismo dos carboidra- tos, as proteínas e os lipídios. É necessário que, durante o tratamento odontológico, haja contro- le do hipertireoidismo para evitar a taquicardia (SONIS; FAZIO; FANG, 1996). Neste estudo, o diabetes apresentou baixa incidência: apenas oito casos (1,8%). Seu contro- le é de fundamental importância para a saúde

Editorial

Ponto de vista

Artigos

Instruções

para os autores

SOUZA, M. O. F. de et al.

KUNZEL, C. et al. On the primary care frontlines: the role of the general practitioner in smoking-cessation activities and diabetes management. The Journal of the American Dental Association , Chicago, v. 136, n. 8, p. 1.144-1.153, 2005.

LIFSHEY, F. M. Evaluation of and treatment considerations for the dental patient with cardiac disease. The New York State Dental Journal , Albany, v. 70, n. 8, p. 16-19, 2004.

MARTINS, A. M. E. de B. L.; BARRETO, S. M. Vacinação contra hepatite B entre cirurgiões dentistas. Revista de Saúde Pública , São Paulo, v. 37, n. 3, p. 333-338, 2003. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/ v37n3/15861.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2006.

MASK JUNIOR, A. G. Medical management of the patient with cardiovascular disease. Periodontology 2000 , Copenhague, v. 23, p. 136-141, 2000.

PROMSUDTHI, A. et al.,. The effect of periodontal therapy on uncontrolled type 2 diabetes mellitus in older subjects. Oral Diseases , Copenhague, v. 11, n. 5, p. 293-298,

RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M. Farmacologia.

  1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

RHODUS, N. L.; VIBETO, B. M.; HAMAMOTO, D. T. Glycemic control in patients with diabetes mellitus upon admission to a dental clinic: considerations for dental management. Quintessence International , Berlim, v. 36, n. 6, p. 474-482, 2005.

SAITO, T. et al. Relationship between obesity, glucose tolerance, and periodontal disease in Japanese women: the Hisayama study. Journal of Periodontal Research , Copenhague, v. 40, n. 4, p. 346-353, 2005. SEGURA-EGEA, J. J. et al. High prevalence of apical periodontitis amongst type 2 diabetic patients. International Endodontic Journal , Oxford, v. 38, n. 8, p. 564-569, 2005. SONIS, S. T.; FAZIO, R. C.; FANG, L. F. Princípios e prática de medicina oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

SOUZA, R. A.; NAMEN FÁTIMA, M.; SOARES, E. L. O impacto atual das hepatites virais na odontologia. Revista Brasileira de Odontologia , Rio de Janeiro, v. 60, n. 2, p. 82-86,

STEINHAUER, T.; BSOUL, S. A.; TEREZHALMY, G. T. Risk stratification and dental management of the patient with cardiovascular diseases. Part I: etiology, epidemiology, and principles of medical management. Quintessence International , Berlim, v. 36, n. 2, p. 119-137,

TAKAHAMA, A. J. et al. Hepatitis C: incidence and knowledge among Brazilian dentists. Community Dental Health , Londres, v. 22, n. 3, p. 184-187, 2005. TAMAKI, Y. et al. Correlation study on oral health and electrocardiogram abnormalities. Journal of Oral Science , Tóquio, v. 46, n. 4, p. 241-246, 2004.

Para referenciar este texto SOUZA, M. O. F. de et al. Incidência de alterações sistêmicas e uso de medicamentos em pacientes atendidos em clínica odontológica. ConScientiae Saúde , São Paulo, v. 6, n. 2, p. 305-311, 2007.