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Análise Crítica da Terapia Centrada no Cliente de Carl Rogers: Evolução Conceitual, Resumos de Psicologia

Uma análise crítica da teoria da terapia centrada no cliente de carl rogers, examinando sua concepção de ciência e a trajetória conceitual que ele percorreu. O autor explora as influências e mudanças que foram sendo processadas na produção rogeriana, relacionando-as à demanda contemporânea. O texto aborda a necessidade de reformular a teoria da terapia centrada no cliente, buscando compreender as questões que surgem na clínica moderna.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Rafael86
Rafael86 🇧🇷

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CARMEM LÚCIA BRITO TAVARES BARRETO
A PSICOLOGIA CLÍNICA E O MAL-ESTAR
CONTEMPORÂNEO : IMPASSES E RE-SIGNIFICAÇÕES
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
UNICAP / PERNAMBUCO
2001
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Baixe Análise Crítica da Terapia Centrada no Cliente de Carl Rogers: Evolução Conceitual e outras Resumos em PDF para Psicologia, somente na Docsity!

CARMEM LÚCIA BRITO TAVARES BARRETO

A PSICOLOGIA CLÍNICA E O MAL-ESTAR

CONTEMPORÂNEO : IMPASSES E RE-SIGNIFICAÇÕES

MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

UNICAP / PERNAMBUCO

CARMEM LÚCIA BRITO TAVARES BARRETO

A PSICOLOGIA CLÍNICA E O MAL-ESTAR

CONTEMPORÂNEO : IMPASSES E

RE-SIGNIFICAÇÕES

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Universidade Católica de Pernambuco, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Psicologia, sob a orientação dos Professores Doutores Zeferino Rocha e Henriette Morato.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

COORDENAÇÃO GERAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

RESUMO

Este estudo tem como objetivo compreender o mal-estar contemporâneo partindo da experiência clínica. Traduz um verdadeiro testemunho da autora enquanto pesquisadora, psicoterapeuta e supervisora. Parte de inquietações desalojadoras experienciadas na clínica e utiliza como objeto de reflexão teórica a Abordagem Centrada na Pessoa, mais especificamente, a Terapia Centrada no Cliente.

Realiza uma leitura crítica da teoria da Terapia Centrada no Cliente, analisando a concepção de ciência e a trajetória conceitual empreendida por Carl Rogers. Partindo dessa analise, aponta para a insuficiência dos conceitos de Tendência Atualizante e Angústia para acolher e dar passagem ao mal-estar contemporâneo, indicando a necessidade de uma outra via de acesso que apreenda a condição fundamental e originária do homem. Por fim, apresenta o conceito de angústia de Heidegger enquanto possível contribuição para fecundar e re-significar a prática clínica.

Como resultado do percurso empreendido, a autora revela o momento de trânsito em que se encontra, encaminhando-se para uma clínica psicológica enquanto “cuidar” (Sorge), vinculada a uma teoria do existir humano que pode ser lida como uma ética de aceitação da finitude, da transitoriedade, e dos conflitos. Tal teoria enseja uma prática clínica, que envolva um ato de criação, como abertura de acolhimento para algo que não se conhece, com disponibilidade para se lançar nas complexidades do ser-aí. Aponta que, apesar de ter encontrado algumas respostas para as inquietações desalojadoras que motivaram o presente estudo, a temática abordada, pela sua complexidade e dinâmica própria, esteve e estará sempre aberta a novos olhares e leituras.

ABSTRACT

This study aims to understand the individuals’ stress and depression today by making use of the therapist routine report about mentally and/or emotionally disturbed patients. It is in fact an authentic report from the author not only as a researcher, but also as a psychotherapist and supervisor. This research is based on routine life disturbing experiences and makes use of the Individual Centered Approach theory, that is, the Patient Centered Therapy.

This research makes a critical reading of the Patient Centered Therapy analysing both the concept of science and the conceptual way followed by Carl Rogers. Then, from this analysis on, the critical reading points at the Up -to- Date Tendency and Anguish concepts insufficiency to welcome and give way to the individuals’ stress and depression today, revealing then the need for another approach which can explain the fundamental and original condition of man.Finally, this study presents Heidegger’s anguish concept as a possible contribution to spring and re-direct the therapist’s professional routine.

Getting to the end of this study, the author shows the changing moment she finds herself in, deciding thus for a therapist versus patient session approach - having in mind “the very care for the human being” (Sorge) - linked to a human being’s existence theory which can be read not only as an ethics of acceptance of the end itself, but also of the continuous changing stage of things and conflicts, too. Such a theory demands the therapist work which involves a creation act as a positive start for “something” unknown that is open to experience all the possible situations a human being is liable to. The author concludes that though she has found some answers for the individuals’routine life disturbing experiences which motivated this research, the approached topic, which is rather broad and complex does deserve further studies.

Agradecimentos

A Juarez, companheiro de mais de trinta anos, pela presença nas diversas “passagens”.

A meus filhos queridos, Juarez, Mirella e Camila, pela compreensão e respeito nos momentos de produção solitária.

A Carlos, irmão amigo, pelo apoio em todo o percurso pessoal e profissional.

A Camilo Brito, irmão atencioso, pela atitude disponível para com minha família.

À Herriette Morato, orientadora cúmplice, pela escuta atenta e intervenções desalojadoras.

A Zeferino Rocha, orientador cuidadoso, pelo incentivo, disponibilidade e supervisão dedicada do texto.

À Maria Ayres, eterna supervisora, pela constante crença nas minha possibilidades pessoais e intelectuais.

A Jesus Vasquez, mestre amigo, pelo cuidado com que orientou a leitura da filosofia heideggeriana.

A Luís Claudio Figueiredo, professor atento e disponível, pelas orientações fecundas na qualificação do projeto, quando os caminhos ainda não estavam bem definidos.

Às amigas de jornada, Márcia Tassinari, Tereza Batista, Edilene, Vera e Zaina, pela escuta carinhosa e sensível, sempre presentes.

Aos meus clientes e estagiários, pela confiança e inquietações compartilhadas.

Aos meus colegas de tur ma, pelos momentos de alegria e desalojamento que, juntos, vivenciamos, durante todo o percurso do Mestrado.

Aos professores amigos, Álvaro Negromonte, Luíza Santos e Simone Bergamo,

pela revisão criteriosa e cuidadosa do texto.

À UNICAP, em particular, ao Magnífico Reitor desta Universidade e a Decana do CTCH, pela oportunidade e apoio concedidos.

III – Acolhendo o Momento de Transição 62

1 – A ciência contemporânea e a constituição de seus modos de subjetivação

2 – A Angústia para Heidegger^69 3 – A Abordagem Centrada na Pessoa^74

IV – Re-significando a minha clínica : partindo de uma certeza abalada...

1 – Revisitando a minha clínica^89 2 – Iniciando um novo percurso : re-significando a minha clínica^96 3 – Tecendo algumas considerações finais não conclusivas...^107

Referências bibliográficas 111

Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa, Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura. Nada na lama lhe diz Mais que a lição da raiz Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro Tempos do ser que sonhou, A terra será theatro Do dia claro, que no atro Da erma noite começou.

Fernando Pessoa

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fonte de aprendizagem, na tentativa de possibilitar, desvelar, compreender e elaborar os dados diversos que foram se desdobrando ao longo da minha atividade clínica. Durante o percurso, vou confirmando e compreendendo, a insuficiência de alguns construtos teóricos da Terapia Centrada no Cliente para subsidiar a escuta, a compreensão e a intervenção na ação clínica contemporânea.

Tal proposta me conduziu para uma leitura crítica da teoria rogeriana. É importante ressaltar que o objetivo desta leitura não se constitui em um não reconhecimento da contribuição de Rogers para a Psicologia Clínica e a Psicoterapia, mas, sim, numa busca de respostas aos conflitos e inquietações que vivi e vivo, enquanto supervisora e psicoterapeuta. Inquietações que foram se acentuando, à medida que fui me aprofundando na teoria da Terapia Centrada no Cliente, cuja perspectiva parecia-me, muitas vezes, insuficiente para compreender a “dor de existir”, vivenciada pelos clientes.

Iniciado o processo de “desconstrução” do modelo teórico que sustentava minha clínica, percebo a necessidade de caracterizar o momento atual, no qual se constituem as subjetividades, demandas e perspectivas do homem contemporâneo. Para isso, lanço mão de contribuições das ciências sociais, tentando uma compreensão das transformações sociais associadas à modernidade, buscando explicitar as conseqüências do seu projeto para o momento contemporâneo. Ancorada por essa compreensão, realizo uma leitura crítica da trajetória da produção científica de Rogers, procurando identificar sua vinculação com o projeto epistemológico da modernidade, ao mesmo tempo que procuro contextualizar o clima científico, religioso e político no qual foi formado. Posteriormente, realizo uma análise crítica dos conceitos de Tendência Atualizante e de Angústia, do modo como são formulados na teoria da Terapia Centrada no Cliente, buscando revelar as implicações de se ter esses conceitos como orientadores da prática terapêutica.

Esta proposta parece ser audaciosa. Mas impõe-se na premência de atender a necessidade da minha realidade como uma profissional inserida no

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momento contemporâneo, vivendo os impasses e desafios que se apresentam à Psicologia Clínica. Situação esta que instiga minha preocupação e aumenta minhas inquietações.

Nesse momento do percurso, abordo algumas transformações que estamos vivendo e que nos levam para os limiares do contemporâneo, visitando algumas regiões conceituais, especialmente da Filosofia, da Física e da Química. Regiões que, apesar de apresentarem campos de conhecimentos singulares, apresentam ressonância entre eles, procurando dar corpo aos sinais do nosso tempo que marcam, por produzir a sensação de rompimento das figuras atuais, indicando para a emergência de novas figuras. Nesse percurso, ressalto as contribuições de Ilya Prigogine e detenho-me na perspectiva heideggeriana do existir humano.

Fecundada pelo encontro com a dimensão heideggeriana de angústia e vivendo um processo de apropriação da “metamorfose da ciência” indicado por Prigogine, inicio uma revisita à produção rogeriana, agora não mais circunscrita ao período da Terapia Centrada no Cliente. Foco minha atenção para o período da Abordagem Centrada na Pessoa e analiso alguns artigos escritos por Rogers nessa época.

No final dessa revisita constato a dificuldade de Rogers para desvincular-se da filosofia da consciência e da representação, não conseguindo incorporar à sua noção de subjeti vidade, “fenômenos estranhos” a essa orientação. Tais fenômenos, revelados nos fragmentos de falas de alguns clientes, demandam outra via de acesso que apreenda a condição fundamental e originária da condição humana. Indico, então, a angústia, compreendida numa perspectiva heideggeiana, como essa outra via de acesso, já que a dimensão rogeriana de angústia se mostrou insuficiente para acolher tais fenômenos.

No embate desses impasses revisito a minha clínica, trabalhando com fragmentos de falas de alguns clientes, escolhidos intencionalmente, em função da relevância que apresentavam à possível manifestação da disposição afetiva

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I - SITUANDO “O QUE MERECE SER INTERROGADO”

“O corpo que atravessa aprende certamente um segundo mundo, aquele para o qual se dirige, onde se fala outra língua. Mas ele se inicia sobretudo num terceiro, pelo qual transita.” Michel Serres

Este trabalho começou já há algum tempo. A direção, o tema de interesse já residia inquieto em mim. Difícil foi falar, foi escrever sobre a experiência que lhe deu origem. Experiência que advém da minha prática clínica, enriquecida pela experiência enquanto supervisora de estágio.

Desde o início do Mestrado, já no processo de seleção, fazia tentativas de dizer algo sobre minhas inquietações, mas o que consegui, naquele momento, foi escrever sobre “ A compreensão e o lugar da Abordagem Centrada na Pessoa no espaço científico-sociocultural contemporâneo”. No projeto, transformado em artigo (Barreto,1999), abordo a crise instalada na teoria da Terapia Centrada no Cliente, procurando, através do resgate da evolução da produção rogeriana, identificar as influências e mudanças que foram sendo processadas, articulando-as à demanda contemporânea. Concluo, acreditando que as mudanças realizadas por Rogers, na década de oitenta, não foram suficientes para sistematizar uma nova fase na teoria da Terapia Centrada no Cliente, apesar de possibilitar a construção e reformulação de alguns conceitos teóricos, numa tentativa de abranger a proposta científica da contemporaneidade.

Em junho de 1999, momento em que precisava apresentar o projeto de pesquisa para a comissão de professores do mestrado, percebi que a proposta inicial não mais me instigava, talvez esgotada no momento em que transformei o projeto em artigo. É provável que, no momento em que me apropriei do tema, assumindo publicamente uma leitura pessoal e um posicionamento com relação à teoria da Terapia Centrada na Pessoa, esta etapa do meu processo

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tenha sido atendida. O que restava? Restava a minha inquietação com relação à prática clínica neste momento contemporâneo. Mas, como iniciar este percurso crítico partindo da experiência clínica? Como apresentar minhas inquietações e dúvidas?

Buscando um caminho, retomo minha produção científica da década de noventa, procurando encontrar uma direção, algo que possa esboçar um contorno e orientar meu pensar, já que apresenta registros de minha experiência e tem os germes de minhas inquietações. Mergulho, então, na colcha de retalhos dos meus textos buscando, talvez, um fio condutor. Trabalhos escritos para serem apresentados em situações específicas: congressos, palestras, debates, encontros regionais, nacionais e internacionais da Abordagem Centrada na Pessoa.

1 - Interrogando inquietações desalojadoras

Percebo que há uma ordem implícita na minha produção, que retrata um processo em movimento, que se organiza e se desorganiza conforme o foco, como um caleidoscópio. Neste momento, sinto-me seduzida pela questão do tempo, sedução que é vivida intensamente através dos poemas de Jorge Luís Borges, principalmente quando na “ Nova Refutação do Tempo” indica:

“Negar a sucessão temporal, negar o eu, negar o universo astronômico são desesperações aparentes e consolos secretos. Nosso destino [...] não é espantoso, por irreal; é espantoso porque é irreversível e definido. O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é o rio que me arrebata, mas eu sou o rio; é o tigre que me destrói, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou

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possibilidades para uma leitura científica vinculada à perspectiva holística da realidade, quando indico que

“Rogers evoluiu bastante na maneira de perceber a realidade e constatamos que sua obra reflete abertura e receptividade para as novas descobertas da ciência, tendo apresentado, gradativamente, uma visão holística, que culmina com a visão evolutiva da consciência e o reconhecimento da dimensão transcendental e de unidade da pessoa com o universo.” (Barreto, 1992:91)

Este trabalho já apontava para a preocupação com a maneira como a realidade é percebida e como o conhecimento científico foi sendo construído. Tal apontamento parece ter me mobilizado para, no segundo momento, pesquisar e tentar refazer o caminho das teorias do conhecimento, vinculando- as aos sistemas psicológicos, concentrando a atenção na dimensão evolutiva da teoria da Terapia Centrada no Cliente. Neste momento, procurava encontrar, na própria A.C.P., respostas para as questões com que me deparava na clínica e para as quais não encontrava respostas, reconhecendo que “ Rogers apesar de ter delineado indicadores que apontam para a necessidade de reformulação na Teoria da Terapia Centrada no Cliente, não os sistematizou de forma consistente” (Barreto, 1999:39).

Acompanhando o percurso indicado pelos meus textos, percebo que, conforme vou reconhecendo e me apropriando da necessidade de uma leitura crítica da teoria da Terapia Centrada no Cliente, fico mais tranqüila e dirijo minhas reflexões para repensar o funcionamento da clínica-escola e a formação do psicólogo, como se este passo fosse necessário para poder sistematizar as minhas inquietações sobre a prática clínica. Ou será que foi um afastamento, uma fuga, já que falar da minha própria clínica parecia estar sendo difícil?

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As reflexões iniciadas em torno da formação do psicólogo e do funcionamento da clínica-escola dirigem minha atenção para as questões trazidas pelo momento contemporâneo, o que motivou a realização da pesquisa “ Caracterização da clientela e avaliação dos serviços prestados à comunidade pela clínica-escola de psicologia da UNICAP”^1. A análise qualitativa dos resultados dessa pesquisa evidencia um sofrimento ou mal- estar, que parece estar vinculado ao momento contemporâneo, indicando a necessidade de criar condições que suportem “ o estranhamento das paisagens que o tempo redesenha no rastro dos acontecimentos” (Rolnik, 1994:4). Tais observações me levaram a procurar compreender melhor o que chamamos de momento contemporâneo , geralmente vinculado à falência do projeto civilizatório moderno, em que nos deparamos com uma sintomatologia singular que configura um discurso particular, reflexo da produção de uma rede de saber, de poder e de subjetivação que configura e define o momento atual.

Tal preocupação me levou, inicialmente, para um estudo sobre a possível ruptura entre a ciência moderna e a ciência contemporânea. Começava, então, a delinear-se um quarto momento na minha produção, quando voltei minha atenção para o processo de remodelação conceitual nas ciências, como apresentado por Ilya Prigogine.

Nesse momento, procurei fazer uma retrospectiva da construção dos conceitos científicos e dirigi minha atenção para as formulações apresentadas por Prigogine(1991 e 1996), que rompe com a noção de tempo científico tradicional, no qual a dimensão humana está imersa na previsibilidade e na reversibilidade temporal. Nessa perspectiva considerei que, a

“metamorfose do tempo”, indicada por Prigogine, apresenta o mundo como fruto de uma co-existência que em nada é pacifica, pois ela tem por efeito um trabalho

____________________ 1 30/06/99 em parceria com a Profª Vera Oliveira. Foi realizada com o apoio do Programa de Iniciação Científica,Pesquisa desenvolvida na Clinica de Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco, no período de 01/09/98 a UNICAP- PIBIC com a participação de dois alunos bolsistas do Curso de Psicologia e encontra-se para consulta nablioteca da UNICAP.