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Trata-se de um artigo não publicado do que pode ser utilizado tanto no curso de administração, quando de economia.
Tipologia: Teses (TCC)
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A crise financeira mundial de 2008 que iniciou através da crise do subprime nos Estados Unidos da América, desencadeou em diversas empresas, enormes perdas e/ou prejuízos financeiros, principalmente em instituições que participavam de mercados de derivativos relacionados com operações de câmbio. Esta pesquisa levantará os fatores que levam as grandes empresas investirem grandiosamente em mercados de derivativos financeiros e abandonam totalmente ou parcialmente suas atividades operacionais visando apenas a alavancagem do fluxo financeiro, podendo levar até o ponto final de uma entidade: Sua falência. O objetivo desta pesquisa será evidenciar qual é a principal aplicabilidade dos instrumentos financeiros, apresentando os órgãos reguladores, sua funcionalidade, sua relação com os pronunciamentos contábeis de acordo com a IFRS (International Financial Reporting Standards)e quais reflexos essa ferramenta pode causar nas empresas. Palavras – Chaves: Derivativos Financeiros, Hedge, Swap, contrato a termo, contrato futuro.
1. INTRODUÇÃO O mundo viveu nas últimas décadas uma grande guinada à globalização. Esta, por sua vez, trouxe em seu bojo a queda crescente das barreiras para integrações comerciais, financeiras e econômicas, no sentido geral. A partir da década de 90, o Brasil foi identificado como uma economia crescente, com fortes possibilidades de ascensão mundial. Isso fez com que, segundo destaca o organizador Fabio Giambiagi, em 1990 fosse instituída a nova Política Industrial e do Comércio Exterior, que extinguiu diversas taxas fiscais e outras dificuldades de exportação ou questões do trânsito internacional de mercadorias. A inclusão de diversos países, incluindo o Brasil, no cenário econômico mundial foi evidente; afinal de contas, os lucros precisavam ser ampliados e, para isso, novas negociações, públicos, aquisições, parcerias, etc., precisariam serem feitas para seguir a sequente expansão dos negócios. Tudo isso não apenas para o ramo comercial, mas também a para o financeiro. Assim sendo, normas, leis,
métricas, estratégias, acordos, padronizações, etc., foram criados pelos órgãos competentes de cada área para regularizar o mercado e garantir a atuação neste da forma mais variável e efetiva possível. Enquanto o mercado comercial faz a interação entre consumidor e produtor, seja de serviços ou de produtos, o mercado financeiro foca, segundo o consultor e mestre Fabio de Lima, nas interações entre agentes econômicos superavitários e deficitários, fazendo a gestão e distribuição desses recursos. Esse é mercado é bastante complexo e com muitos desdobramentos e, um deles, tem impacto direto nas negociações comerciais: Os Derivativos Financeiros. De acordo com José Santos (2014), os derivativos financeiros têm esse nome por dependerem, ou estarem ligados, a outros ativos ou instrumentos financeiros. Eles podem ser utilizados para proteger uma negociação comercial ou terem o fim próprio de obtenção de lucros financeiros, atuando com caráter especulativo de mercado. O mundo globalizado constantemente nos apresenta novas demandas e, vendo isso, muitas empresas utilizam os derivativos financeiros para proteger seus ativos, por exemplo: uma empresa de produção agrícola leva sete meses entre o plantio e a venda de um determinado grão; qual a garantia de que as oscilações de preços no mercado não implicarão em prejuízos com o processo? Nisso consiste o caráter protecionista dos derivativos: garantir que, daqui a sete meses, esse produtor possa vender sua mercadoria por um valor em que haja retorno financeiro com menos riscos. Conforme afirmou Damodaran (2014), O risco, como o vemos, é a probabilidade de recebermos como retorno sobre um investimento algo inesperado, nesse modo, o risco inclui não somente os resultados ruins. A compreensão dos riscos é essencial para atuar no mercado de derivativos financeiros, pois pode-se haver uma abordagem de caráter especulativo (com maior risco e, logo, possibilidade de perdas ou ganhos de maiores percentuais) ou de hedge (visa a proteção do risco). Voltando ao exemplo acima, o produtor do grão pode “apostar” que a oscilação do mercado irá favorece-lo e não negociar uma proteção para seus ativos, porém ficará exposto ao risco de desfavorece-lo, acarretando em prejuízos. Empresas que tem grande atuação em exportações, por exemplo, geralmente mantém boa parte de suas aplicações indexadas à taxa do dólar, pois não podem perder poder monetário para as futuras negociações. Para estas, proteger-se das variações é mais relevante que ter lucros com elas. Entretanto, outras empresas
Bretton Woods, a volatilidade financeira tem aumentado significativamente, criando um ambiente mais incerto para as empresas e investidores. Segundo Maryse Farhi (2016), essa instabilidade levou ao desenvolvimento e expansão acelerada dos mercados de derivativos, que são caracterizados pela sua diversidade e amplitude. Os derivativos surgiram como uma resposta crucial para lidar com a incerteza econômica, permitindo que os participantes do mercado gerenciassem riscos associados a variações de preços e taxas. Farhi (2016) destaca que, à medida que as taxas de câmbio e juros se tornaram mais voláteis, os agentes econômicos passaram a enfrentar a necessidade de prever e gerenciar essas variações de forma mais eficaz. O desenvolvimento dos mercados de derivativos forneceu uma plataforma para que esses agentes pudessem transferir riscos financeiros para outros participantes do mercado, utilizando esses instrumentos para cobrir exposições, especular sobre movimentos futuros e realizar arbitragem. Com isso, os derivativos se consolidaram como ferramentas essenciais para a mitigação de riscos e otimização das estratégias financeiras. A desregulamentação financeira, que ganhou destaque nas décadas de 1980 e 1990, desempenhou um papel crucial na expansão dos mercados de derivativos. As reformas promovidas pelos governos de Margaret Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos foram fundamentais para a formação de um ambiente financeiro mais livre e dinâmico. Essas reformas, conforme analisado por Farhi (2016), removeram barreiras regulatórias e permitiram um fluxo mais livre de capitais. A liberalização regulatória facilitou a criação de mercados de derivativos mais complexos e amplos, respondendo assim à demanda crescente por instrumentos financeiros que pudessem gerenciar e diversificar riscos. Além das reformas regulatórias, a globalização financeira contribuiu significativamente para o crescimento dos mercados de derivativos. Bordo e James (2003) argumentam que a liberalização das contas de capital e a maior integração dos mercados financeiros internacionais permitiram a circulação global de capitais. Esse processo, frequentemente chamado de globalização financeira, promoveu um ambiente em que instituições financeiras puderam operar com maior liberdade e eficiência, impulsionando o desenvolvimento e a expansão dos mercados de derivativos.
Farhi (2016) também observa a importância da diversidade de instituições financeiras na evolução dos mercados de derivativos. A presença de uma ampla gama de instituições, incluindo bancos e entidades não bancárias, assegurou a liquidez necessária para o crescimento desses mercados. A diversidade institucional contribuiu para um ambiente de negociação mais robusto, permitindo uma maior profundidade e volume de transações, o que favoreceu a aceitação e utilização generalizada dos derivativos financeiros. A intensificação da concorrência entre intermediários financeiros é outro fator que desempenhou um papel significativo na transformação dos mercados de derivativos. Segundo Shiller (2003), o aumento da competição entre intermediários financeiros pressionou as instituições a buscar inovação e eficiência. Isso resultou no desenvolvimento de novos produtos e estratégias financeiras, promovendo a evolução dos mercados de derivativos e expandindo suas aplicações. A concorrência também contribuiu para a adaptação das práticas e estruturas dos intermediários financeiros, tornando o mercado mais competitivo e dinâmico. Adicionalmente, a evolução tecnológica, especialmente nas comunicações e no processamento de dados, teve um impacto profundo sobre os mercados financeiros. Farhi (2016) aponta que as inovações tecnológicas permitiram uma execução de transações mais rápida e eficiente, além de facilitar o acesso a informações em tempo real. A capacidade de processar grandes volumes de dados e realizar transações instantâneas transformou a operação dos mercados financeiros, aumentando sua agilidade e conectividade global. A instabilidade econômica e financeira, caracterizada pela adoção de taxas de câmbio flutuantes, também foi um fator crucial nas transformações observadas nos mercados de derivativos. Kroszner e Rigobon (2005) afirmam que a introdução de taxas de câmbio flutuantes criou um ambiente de maior incerteza e volatilidade. Essas flutuações nas taxas de câmbio resultaram em uma demanda crescente por instrumentos financeiros que pudessem fornecer proteção contra riscos de curto prazo, o que levou à popularização dos mercados futuros de câmbio e outros derivativos. Os mercados futuros, em particular, desempenham um papel central na base dos derivativos financeiros. Inicialmente, os mercados futuros eram utilizados para negociar commodities, mas a sua aplicação foi expandida para incluir instrumentos financeiros, como futuros de câmbio e taxas de juros. Farhi (2016) explica que a
exposições patrimoniais. Apesar da alta volatilidade desses fatores, os gestores financeiros no Brasil tendem a focar mais nas questões institucionais e legais do que nas preocupações econômico-financeiras, como evidenciado pela sua ênfase na governança corporativa e no disclosure. Saito e Schiozer (2005) também notaram que a tributação sobre derivativos era uma das maiores preocupações para os gestores financeiros brasileiros, seguida pelo tratamento contábil dessas operações. A principal finalidade para a utilização de derivativos, conforme identificado na pesquisa, é o gerenciamento de níveis de risco. No entanto, os mecanismos de avaliação e remuneração dos gestores muitas vezes incentivam decisões que podem não alinhar com os interesses dos acionistas, levando à especulação ou à proteção contra riscos diversificáveis. A análise de Guay e Kothary (2001) sobre uma amostra de 234 empresas não financeiras dos Estados Unidos revela que apenas uma pequena fração das exposições a câmbio e taxas de juros estava adequadamente coberta por derivativos. Os autores argumentam que o uso de derivativos pode ser explicado por três principais razões: a) ajustes finais no modelo de gestão de risco, que deve incluir uma gama de instrumentos de hedge; b) gestão de risco descentralizada, ou seja, em divisões específicas da empresa; e c) utilização de derivativos para fins de especulação. De acordo com a pesquisa de Smithson e Wilford (2004), os derivativos financeiros oferecem vários benefícios, como a capacidade de ajustar a exposição ao risco com precisão e flexibilidade. Os derivativos permitem que as empresas e investidores adaptem suas posições de forma rápida em resposta a mudanças nas condições de mercado, proporcionando uma ferramenta eficaz para a proteção contra riscos e a otimização de estratégias financeiras. Diante disso, o uso de derivativos também implica riscos significativos. De acordo com Black e Scholes (1973), a complexidade dos derivativos pode levar a uma má compreensão e gestão dos riscos associados. A falta de transparência e a dificuldade na avaliação de derivativos podem resultar em decisões inadequadas e na exposição a riscos inesperados. Além disso, a especulação excessiva com derivativos pode amplificar os riscos financeiros e contribuir para a instabilidade do mercado.
A literatura também aponta que a utilização inadequada de derivativos pode ter consequências negativas para as empresas. As críticas de Tufano (1996) ressaltam que a complexidade dos derivativos pode levar a estratégias de hedge ineficazes, que, em vez de reduzir o risco, podem aumentar a vulnerabilidade financeira. O autor sugere que a falta de conhecimento e a gestão imprópria dos derivativos podem resultar em perdas significativas para as empresas e investidores. Outra perspectiva importante é a análise de Hull (2012), que discute a importância da governança e da supervisão no uso de derivativos. Hull argumenta que, para maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados aos derivativos, é fundamental que as empresas implementem práticas de governança robustas e mantenham uma supervisão adequada sobre suas atividades com derivativos. A transparência e a regulamentação eficaz são cruciais para garantir que o uso desses instrumentos não se torne uma fonte de risco sistemático. Outro ponto, é que a pesquisa de Acharya e Naqvi (2012) aponta que a crise financeira global de 2008 destacou os riscos associados aos derivativos, especialmente aqueles relacionados a produtos estruturados e derivativos de crédito. A crise evidenciou a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa e de práticas de gestão de risco mais prudentes para evitar o uso excessivo e inadequado desses instrumentos. Diante disso, enquanto os derivativos financeiros oferecem benefícios significativos na gestão de riscos e na flexibilidade financeira, seu uso também envolve riscos e desafios. A literatura sugere que a chave para aproveitar ao máximo os derivativos é garantir uma compreensão profunda dos instrumentos, uma governança eficaz e uma regulamentação adequada. Com uma gestão cuidadosa, as empresas podem utilizar derivativos de forma a melhorar a proteção contra riscos e otimizar suas estratégias financeiras, ao mesmo tempo em que evitam os riscos associados à sua utilização inadequada. 2.3. Regulamentação e Normas dos Derivativos Financeiros No Brasil, o mercado de capitais, que abrange as companhias abertas e suas operações financeiras, é regulado principalmente pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Este órgão é responsável por assegurar a transparência e a
informações sobre instrumentos financeiros derivativos nas informações trimestrais (ITR). A Deliberação nº 550 estabeleceu que as notas explicativas deveriam ser "verdadeiras, completas e consistentes", e escritas em uma "linguagem clara, objetiva e concisa" (Deliberação CVM nº 550, 2008). Esta norma também incluiu um modelo de apresentação em tabela no Anexo I, visando padronizar a divulgação e facilitar a análise comparativa das informações. Além disso, em 5 de dezembro de 2008, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 14 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação. Este pronunciamento tornou obrigatória para as companhias abertas a divulgação detalhada sobre negociações de derivativos. O CPC 14 foi desenvolvido com base em normas internacionais, incorporando elementos dos IAS 32 e IAS 39, que tratam da apresentação e reconhecimento dos instrumentos financeiros (CPC, 2008). O CPC 14 representa um avanço significativo na harmonização das práticas contábeis brasileiras com os padrões internacionais. A integração das normas internacionais visa melhorar a transparência e a comparabilidade das informações financeiras, refletindo uma tendência global de maior integração dos mercados financeiros e de supervisão mais rigorosa sobre instrumentos financeiros complexos (Laux & Leuz, 2009). A adoção dessas normas ajuda a assegurar que as informações financeiras sejam apresentadas de maneira consistente e compreensível, o que é crucial para a confiança dos investidores e para a eficiência do mercado. A crescente complexidade dos derivativos financeiros tem levado a um aumento na ênfase na governança corporativa e na supervisão interna das práticas contábeis. Haller e Walther (2003) destacam a importância de um controle rigoroso e de uma comunicação clara para mitigar os riscos associados aos derivativos e evitar práticas que possam comprometer a integridade das informações financeiras. A implementação eficaz de controles internos e a transparência nas práticas contábeis são essenciais para garantir a conformidade com as regulamentações e para proteger os interesses dos acionistas. Internacionalmente, a regulamentação dos derivativos continua a evoluir para enfrentar os desafios apresentados por esses instrumentos financeiros. O Comitê de Basileia para Supervisão Bancária, por exemplo, tem trabalhado na formulação de diretrizes para fortalecer a supervisão dos derivativos e melhorar a resiliência dos
sistemas financeiros globais (Basel Committee on Banking Supervision, 2011). Essas diretrizes visam aumentar a estabilidade financeira e reduzir os riscos sistêmicos associados ao uso de derivativos, refletindo uma abordagem proativa para a regulação dos mercados financeiros globais. Portanto, o panorama regulatório dos derivativos financeiros é um reflexo das complexidades e dos riscos associados a esses instrumentos. As normas e regulamentações buscam equilibrar a inovação financeira com a necessidade de transparência e controle. À medida que os mercados financeiros continuam a evoluir, a adaptação das regras e práticas de contabilidade é fundamental para garantir a eficácia das regulamentações e para promover a estabilidade e a confiança no sistema financeiro global. 2.4. Impacto dos Derivativos Financeiros em Grandes Empresas No contexto financeiro global, a crise imobiliária dos Estados Unidos, que explodiu em 2008, teve um impacto profundo e abrangente sobre a economia mundial, repercutindo severamente nos mercados emergentes, incluindo o brasileiro. De acordo com Chiqueto et al. (2015), a bolha imobiliária americana desencadeou uma série de eventos que provocaram uma queda significativa de 21% no Índice Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, logo após o início da crise. Este fenômeno é particularmente relevante para países emergentes, como o Brasil, que são altamente suscetíveis às flutuações e incertezas do cenário econômico global. Oliveira e Lemes (2011) ressaltam que, com a crise imobiliária de 2008, surgiu uma pressão crescente para a adoção de normas contábeis uniformizadas, com a finalidade de proporcionar maior transparência e consistência nas informações financeiras globais. A partir de 2010, o Brasil, alinhando-se com a tendência internacional, implementou as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS - International Financial Reporting Standards). Essa mudança forçou todas as empresas de capital aberto no país a adotar essas normas, promovendo um padrão mais uniforme e transparente nos relatórios financeiros. O impacto da crise de 2008 também levou a uma revisão crítica das práticas de contabilização, reconhecimento e divulgação dos derivativos financeiros. De acordo com Lopes, Galdi e Lima (2009), houve uma transformação substancial na
Além disso, estudos como o de Haller e Walther (2003) destacam a importância de um controle rigoroso e uma comunicação clara na mitigação dos riscos associados aos derivativos. A governança corporativa e a supervisão interna desempenham um papel crucial em garantir que as práticas contábeis estejam alinhadas com as regulamentações e que os riscos sejam geridos adequadamente. A integração das normas internacionais também trouxe à tona questões de governança e compliance. A necessidade de cumprir as regulamentações internacionais pode criar desafios adicionais para as empresas, especialmente em termos de adaptação e treinamento das equipes responsáveis pela contabilidade e pelo gerenciamento de riscos (Laux & Leuz, 2009). No entanto, essa integração promove uma maior transparência e confiança no mercado financeiro, beneficiando tanto investidores quanto reguladores. Cabe destacar que, a crise financeira de 2008 e as subsequentes mudanças regulatórias têm destacado a importância de práticas contábeis robustas e transparentes para o gerenciamento de derivativos financeiros. As medidas adotadas, tanto no Brasil quanto internacionalmente, visam garantir que as informações financeiras sejam precisas e confiáveis, promovendo um ambiente de maior estabilidade e confiança no mercado financeiro global. Os derivativos financeiros desempenham um papel crucial nas grandes empresas ao fornecer mecanismos para gerenciamento de riscos e estratégias de hedge. No entanto, seu impacto pode ser multifacetado, abrangendo tanto benefícios quanto desafios significativos. Em geral, os derivativos ajudam as empresas a mitigar riscos associados a flutuações nos mercados de câmbio, taxas de juros e preços de commodities, mas também introduzem complexidade e potencial para riscos adicionais (Black & Scholes, 1973). Uma das principais vantagens do uso de derivativos é a sua capacidade de proteger as empresas contra volatilidades adversas do mercado. Por exemplo, segundo Hull (2006), os derivativos permitem que as empresas fixem custos e receitas futuras, protegendo-se contra a incerteza econômica. Isso é particularmente relevante em grandes corporações que operam em vários países e enfrentam variações cambiais significativas. A gestão eficaz desses instrumentos pode melhorar a previsibilidade financeira e estabilizar os fluxos de caixa da empresa. Por outro lado, o uso de derivativos pode acarretar riscos adicionais se não for gerido adequadamente. De acordo com Tufano (1996), a complexidade dos
derivativos pode levar a uma gestão inadequada dos mesmos, especialmente se a empresa não possuir a expertise necessária para avaliar e controlar os riscos associados. Além disso, a introdução de derivativos pode aumentar a exposição a riscos de mercado e crédito, se a empresa não monitorar de forma eficaz as posições e as contrapartes envolvidas. A crise financeira de 2008 exemplifica os riscos potenciais associados aos derivativos. Como observado por Stulz (2009), a utilização excessiva e a falta de transparência nos derivativos contribuíram para a crise financeira global. Muitas grandes empresas enfrentaram dificuldades significativas devido à exposição descontrolada a derivativos complexos, que amplificaram os impactos negativos da crise. Isso destacou a necessidade de uma regulamentação mais robusta e de práticas de governança mais rigorosas para garantir que os derivativos sejam utilizados de maneira responsável. Em resposta às lições aprendidas com a crise, reguladores e organismos contábeis têm trabalhado para melhorar a transparência e a regulamentação dos derivativos financeiros. Segundo Laux e Leuz (2009), a adoção de normas internacionais de contabilidade, como o IFRS 9, visa aumentar a clareza na avaliação e na divulgação dos derivativos, promovendo uma maior transparência e confiança no mercado. Essas regulamentações são essenciais para assegurar que os derivativos sejam utilizados de forma a beneficiar as empresas e a economia em geral, minimizando os riscos associados e melhorando a estabilidade financeira.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os derivativos financeiros emergiram como uma resposta essencial à crescente volatilidade nas taxas de câmbio e juros que seguiram o colapso dos acordos de Bretton Woods. A necessidade de proteção contra esses riscos foi um dos principais motivadores para a adoção desses instrumentos financeiros. Farhi (2016) destaca que, com a instabilidade econômica e a crescente volatilidade dos mercados, os derivativos se tornaram ferramentas cruciais para gerenciar e mitigar riscos. A desregulamentação financeira das décadas de 1980 e 1990, impulsionada pelas reformas de Thatcher e Reagan, facilitou o desenvolvimento e a expansão dos mercados de derivativos, removendo barreiras regulatórias e promovendo um ambiente mais livre para a inovação financeira.
vulnerabilidade financeira. A importância da governança e da supervisão é ressaltada por Hull (2012), que enfatiza a necessidade de práticas rigorosas para maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados aos derivativos. A crise financeira global de 2008 destacou os riscos associados aos derivativos, especialmente produtos estruturados e derivativos de crédito. Acharya e Naqvi (2012) apontam para a necessidade de regulamentação mais rigorosa e práticas de gestão de risco mais prudentes. A literatura sugere que a chave para aproveitar ao máximo os derivativos é garantir uma compreensão profunda dos instrumentos, uma governança eficaz e uma regulamentação adequada. A regulamentação dos derivativos financeiros tem evoluído para enfrentar a crescente complexidade e os riscos associados a esses instrumentos. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central do Brasil (BACEN) desempenham papéis essenciais na supervisão e regulamentação, promovendo transparência e integridade nas operações financeiras (Silveira, 2010). A Instrução nº 235 da CVM, introduzida em 1995, foi um passo inicial importante para a divulgação das operações com derivativos, embora tenha sido uma diretriz sem caráter obrigatório (Carvalho, 1999). Já a regulamentação internacional também avançou com o SFAS nº 133 do Financial Accounting Standards Board (FASB) em 1998, que estabeleceu que os derivativos deveriam ser reconhecidos e avaliados a valor justo (Cardoso & Costa Júnior, 2002). No Brasil, as circulares 3068 e 3082 do BACEN de 2002 introduziram requisitos para a divulgação detalhada das operações financeiras, aumentando a transparência e permitindo uma avaliação mais precisa dos riscos (Mendes, 2003). A Deliberação nº 550 da CVM e o Pronunciamento Técnico CPC 14, ambos de 2008, representaram avanços significativos na regulamentação, promovendo maior clareza e consistência na apresentação das informações financeiras. A integração das normas internacionais, como as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), trouxe maior transparência e comparabilidade para os relatórios financeiros (Oliveira & Lemes, 2011). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) desempenha um papel crucial na harmonização das práticas contábeis brasileiras com os padrões internacionais. A crescente complexidade dos derivativos financeiros tem levado a um foco maior na governança corporativa e na supervisão interna, destacando a importância de controles rigorosos e comunicação clara para mitigar os riscos associados (Haller & Walther, 2003).
Os derivativos financeiros têm um impacto significativo nas grandes empresas, oferecendo mecanismos para a gestão de riscos e estratégias de hedge. Hull (2006) afirma que os derivativos ajudam as empresas a proteger-se contra volatilidades adversas, como flutuações cambiais e mudanças nas taxas de juros. No entanto, a complexidade dos derivativos pode acarretar riscos adicionais se não for gerida adequadamente. Tufano (1996) observa que a falta de expertise na gestão de derivativos pode levar a decisões inadequadas e aumento da vulnerabilidade financeira. A crise financeira de 2008 exemplifica os riscos associados aos derivativos, com muitas empresas enfrentando dificuldades devido à exposição descontrolada a produtos financeiros complexos (Stulz, 2009). A crise evidenciou a necessidade de uma regulamentação mais robusta e práticas de governança mais rigorosas. A adoção de normas internacionais de contabilidade, como o IFRS 9, visa aumentar a transparência e a clareza na avaliação e divulgação dos derivativos (Laux & Leuz, 2009). Finalizando, pode-se dizer que os derivativos financeiros oferecem benefícios significativos na gestão de riscos e otimização das estratégias financeiras, mas também apresentam desafios consideráveis. A crise financeira de 2008 e as subsequentes mudanças regulatórias destacaram a importância de práticas contábeis robustas, transparência e governança para garantir que os derivativos sejam utilizados de forma responsável e eficaz. As regulamentações e normas evoluíram para promover a estabilidade financeira e a confiança no mercado global, refletindo a crescente complexidade e sofisticação dos derivativos financeiros.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa sobre os derivativos financeiros e seu impacto em grandes empresas revela uma complexa interseção entre a necessidade de gerenciamento de riscos e os desafios da transparência e regulação. O uso de derivativos, impulsionado pela volatilidade dos mercados financeiros e pela globalização econômica, oferece às empresas ferramentas poderosas para mitigar riscos relacionados a taxas de câmbio, juros e preços de commodities. No entanto, a complexidade inerente a esses instrumentos exige uma gestão cuidadosa e um profundo entendimento dos riscos associados.
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