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Tomaz Tadeu SILVA (organizador). Identidade e diferença – a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, 133p. DADOS BIBLIOGRÁFICOS. O livro “ ...
Tipologia: Notas de estudo
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Vírginia Inácio dos Santos*
Tomaz Tadeu SILVA (organizador). Identidade e diferença – a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, 133p.
O livro “ Identidade e diferença : a perspectiva dos estudos culturais , foi escrito por três autores. Dentre estes, uma autora, Kathryn Woodward que escreveu o I capítulo e dois autores, sendo que o II capítulo escrito por Tomaz Tadeu da Silva (o organizador da obra) e o III capítulo por Stuart Hall. A obra Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais , além dos três capítulos traz tão-somente algumas notas e as referencias bibliográficas. Um texto simples, mas de grande relevância para os estudos sobre questões de identidade nos nossos dias.
IDENTIDADE E DIFERENÇA: UMA INTRODUÇÃO TEORICA E CONCEITUAL
Kathryn Woodward ao introduzir o seu capítulo, começa por contar uma história que aconteceu na Iugoslávia a quando da guerra entre sérvios e croatas. Onde em meio a um dos embates um estrangeiro indagou a alguns soldados sérvios dizendo “estou tentando entender porque vizinhos começam a se matar uns aos outros. „O que faz vocês pensarem que são diferentes‟? (...) respondeu o homem sérvio: „vocês estrangeiros não entendem nada; (...) Olha a coisa é assim. Aqueles croatas pensam que são melhores que nós. Eles pensam que são europeus finos e tudo mais. Vou lhe dizer uma coisa. Somos todos lixo do Bálcas‟” (p. 7-8). Com este exemplo a autora diz que “esta história mostra que a identidade é relacional. A identidade sérvia depende, para existir, de algo fora dela: a saber, de outra identidade (croácia), de uma identidade que ela não é, que difere da identidade sérvia, mas que, entretanto, forneça as condições para que ela exista. A identidade sérvia se distingue por aquilo que ela não é. Ser um sérvio é ser um „não-croata‟. A identidade é, assim, marcada pela diferença” (p.9). Esta identidade marcada pela diferença tem símbolos concretos que ajudam a identificar nas relações sociais quem é, por exemplo, mulher e quem não é. Assim a construção da identidade é tanto simbólica quanto social e a luta para afirmar uma ou outra identidade ou as diferenças que os cercam tem causas e conseqüências materiais. Por exemplo, “os homens tendem a posições-de-sujeito para as mulheres tomando a si próprios como ponto de referencia, sendo assim as mulheres são as significantes de uma identidade masculina partilhada. A identidade é marcada pela diferença, mas parece que algumas diferenças – neste caso entre grupos étnicos – são vistas como mais importantes que outras, especialmente em lugares particulares e em momentos particulares” (p.10-11).
Mas para que a discussão em torno do tema seja melhor aprofundada há que se ter em conta os alguns preceitos como conceitualizações que ajudem a compreender o funcionamento tanta das identidades quanto das diferenças e se estas são fixas e imutáveis. A análise de questões sociais e materiais, sociais e simbólicas, sistemas classificatórios, a obscuridade que pode existir na definição de uma ou outra identidade ou diferença e a discrepância que pode existir dentro delas mesma e se ao se assumir uma identidade automaticamente há de fato uma identificação. O conceito de identidade é importante para examinar a forma como a identidade se insere no “círculo da cultura” bem como a forma como a identidade e a diferença se relacionam com o discurso sobre a representação (p.16). Quanto à existência da crise de identidade deve-se a fatores como: a globalização que dá origem a migração dos trabalhadores, sendo a migração um processo característico da desigualdade em termos de desenvolvimento. Neste sentido, o conceito de diáspora ajuda a entender algumas destas identidades sem pátria; a falta de historias; as mudanças sociais e os novos movimentos sociais e políticos. Portanto a diferença é marcada em relação à identidade através de sistemas classificatórios que fabricam sistemas simbólicos por meio de exclusão. Por isso, tanto as diferenças quanto as identidades são construídas e não dadas e acabadas. Mas apesar deste fator, investimos nas identidades porque elas nos ajudam a termos uma compreensão sobre o nosso eu, a nossa subjetividade que envolve a psique humana.
A PRODUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE E DA DIFERENÇA
Dentro da produção social, a identidade parece ser uma positividade (aquilo que sou) uma característica independente, um fato autônomo. Nessa percepção ela só tem uma referencia a si própria: ela é auto contida e auto-suficiente. Na mesma linha a diferença é aquilo que o outro é. Da mesma forma que a identidade, a diferença é, desta forma, concebida como auto-referenciada (p. 74). Mas ambas as afirmações, só fazem sentido se compreendidas uma em relação à outra. Sendo assim, como a identidade depende da diferença, a diferença depende da identidade. Sendo ambas inseparáveis. Mas o autor alerta para não nos esquecermos de que tanto a identidade quanto a diferença são criaturas da linguagem e, por isso, criadas cultural e socialmente o que os torna maleáveis e marcadas pela indeterminação e instabilidade por causa do próprio caráter vacilante da linguagem. Mas apesar disso, elas ainda, carregam o poder de definir. “Elas não só são definidas como também impostas, elas não convivem harmoniosamente, lado a lado, em um campo sem hierarquias; elas são disputadas. A identidade e diferença estão, pois, em estreita conexão com a relação de poder: o poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes” (p.81). Contudo, embora a identidade tende a fixação, este processo oscila entre o processo que tende a fixá-la e estabilizá-la e o processo que tende a subvertê-la e desestabilizá-la, tornando-a cada vez mais complicada. Por isso, a identidade e a diferença têm que ser representadas, pois somente a partir da representação estes adquirem sentido: “é também por meio da representação que a identidade e a diferença se ligam ao sistema de poder. Quem tem o poder de representar tem o poder de definir e determinar identidade. É por isso que a representação ocupa um lugar tão central na teorização contemporânea sobre a identidade e nos movimentos sociais ligados à identidade” (p. 91).