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Classificação de Modelos Teóricos Holísticos em Enfermagem, Notas de estudo de Holismo

Neste estudo bibliográfico, apresentamos a classificação de nove modelos teóricos de enfermagem que abordam o pensamento holístico, de acordo com as escolas de pensamento das necessidades humanas, da interação e dos resultados. Análises de definições de holismo, saúde, cliente e enfermagem permitem abordar a abordagem holística em cada modelo, divididos em essencialmente quatro componentes: ser humano-individuo, sociedade-ambiente, saúde e enfermagem.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Salome_di_Bahia
Salome_di_Bahia 🇧🇷

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HOLISMO
NOS
MODELOS
TEÓRICOS
DE
ENFERMAGEM
HOLlSM
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THEORETICAL NURSING MODELS
HOLISMO
EN
LOS MODELOS TEÓRICOS DE ENFERMERIA
David Lopes
Neto!
Maria Miriam
Uma
da N6brega 2
RESUMO: Neste estudo bibliográfico analllico apresentamos a classificaçao de nove modelos teóricos
de Enfermagem que abordam o pensamento holistico, segundo
as
escolas de pensamento das
Necessidades Humanas, da
Int
eraçlo
e dos
Resultados
. Com base nas definições de holismo,
saúde, cliente e enfermagem analisamos a abordagem holislica apresentada pelos seguintes
referenciais teóricos: Teoria Ambiental
is
ta de Nighlingale, Teoria Inlerpessoal de Peplau. Teoria
Filosófica de Hall, Teoria dos Princípios Básicos de Henderson, Teoria do Autocuidado de Orem ,
Teoria Prescritiva de Wiedenbach, Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta, Teoria da
Adap
ta
çao de Roy e Teoria Holistica de
levine
.
PALAVRAS-CHAVE: Holismo , Teorias de Enfermagem.
INTRODUÇAO
Nas
duas
últimas
décadas
, o
termo
holismo
vem
sendo
descrito
na literatura
de
enfermagem
como
método
de
definiçao
da
questao saúde e
dos
individuas que compOem o
meio ambiente. Tendo em vista
que
o advir
do
terceiro milênio substancia o despertar
do
pensamento humano para um novo paradigma, a visao hoUstica surge, nesta
vi
rada
de
século.
como
um
holograma
que
considera o todo e
as
partes
em
que o programa
do
todo se reflete.
No
ambiente cósmico
que
envolve a
enfermagem
-ciência
que
busca o sentido
da
existência humana -
inúmeras teorias
que
, apesar
de
divergirem
em
seus pensamentos,
unem-se num único propósito
de
abordagem humanlstica
do
ser humano e
na
tentativa
de
integralizaçao
dos
diferentes aspectos
que
proporcionam ao
ser
humano
um
padrao
de
vida
justo e salutar. Assim, a definiçao deste ascendente paradigma esta intimamente relacionada
com o holismo.
Pretendemos com este estudo abordar a relaçao da abordagem hollstica em nove modelos
teóricos
de
enfermagem, enfocando principalmente, os quatro componentes essenciais:
ser
humano-individuo, sociedade-ambiente, saúde e
enfermagem
, obedecendo a
uma
divisao
classificatória
destes
modelos
,
de
acordo
com
as
distintas escolas
de
pensamento
da
enfermagem.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo bibliográfico analltico, extraldo a partir
de
levantamento
em
livros
e periódicos, ulilizados
como
referência na disciplina Tendência e metodologia
de
enfermagem
no Curso
de
mestrado
em
enfermagem na UFPB, que contemplassem a abordagem holística
1 Enfermeiro, mestrando em Enfermagem em Saude Pública. CCS/UFPB
2 Professora do
CUISO
de Mestrado de Enfermagem em Saude Publica . CCS/UFPB
R.
Bras. Enferm
.,
Brasllia. v. 52, n. 2, p. 233-242, abr.ljun, 1999
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HOLISMO NOS MODELOS TEÓRICOS DE ENFERMAGEM

HOLlSM lN THEORETICAL NURSING MODELS

HOLISMO EN LOS MODELOS TEÓRICOS DE ENFERMERIA

David Lopes Neto! Maria Miriam Uma da N6brega 2

RESUMO: Neste estudo bibliográfico analllico apresentamos a classificaçao de nove modelos teóricos de Enfermagem que abordam o pensamento holistico, segundo as escolas de pensamento das Necessidades Humanas , da Interaçlo e dos Resultados. Com base nas definições de holismo, saúde, cliente e enfermagem analisamos a abordagem holislica apresentada pelos seguintes referenciais teóricos: Teoria Ambiental is ta de Nighlingale, Teoria Inlerpessoal de Peplau. Teoria Filosófica de Hall, Teoria dos Princípios Básicos de Henderson, Teoria do Autocuidado de Orem, Teoria Prescritiva de Wiedenbach, Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta, Teoria da Adap ta çao de Roy e Teoria Holistica de levine.

PALAVRAS-CHAVE: Holismo , Teorias de Enfermagem.

INTRODUÇAO

Nas duas últimas décadas , o termo holismo vem sendo descrito na literatura de

enfermagem como método de definiçao da questao saúde e dos individuas que compOem o meio ambiente. Tendo em vista que o advir do terceiro milênio substancia o despertar do pensamento humano para um novo paradigma , a visao hoUstica surge, nesta vi rada de século. como um holograma que considera o todo e as partes em que o programa do todo se reflete. No ambiente cósmico que envolve a enfermagem - ciência que busca o sentido da

existência humana - hã inúmeras teorias que , apesar de divergirem em seus pensamentos,

unem-se num único propósito de abordagem humanlstica do ser humano e na tentativa de integralizaçao dos diferentes aspectos que proporcionam ao ser humano um padrao de vida justo e salutar. Assim, a definiçao deste ascendente paradigma esta intimamente relacionada com o holismo. Pretendemos com este estudo abordar a relaçao da abordagem hollstica em nove modelos teóricos de enfermagem , enfocando principalmente, os quatro componentes essenciais: ser humano-individuo, sociedade-ambiente, saúde e enfermagem , obedecendo a uma divisao classificatória destes modelos , de acordo com as distintas escolas de pensamento da enfermagem.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo bibliográfico analltico, extraldo a partir de levantamento em livros e periódicos, ulilizados como referência na disciplina Tendência e metodologia de enfermagem no Curso de mestrado em enfermagem na UFPB, que contemplassem a abordagem holística

1 Enfermeiro, mestrando em Enfermagem em Saude Pública. CCS/UFPB 2 Professora do CUISO de Mestrado de Enfermagem em Saude Publica. CCS/UFPB

R. Bras. Enferm ., Brasllia. v. 52, n. 2, p. 233-242, abr.ljun, 1999 (^233)

NETO, David Lopes et ai.

na literatura de enfermagem. Procuramos seguir as seguintes etapas do procedimento metodológico: leitura seletiva do material coletado de acordo com os objetivos propostos, fichamento em resumo cri tico--analftico dos textos selecionados para posterior leitura interpretativa dos conteúdos dos d iferentes autores pesquisados e consideraçOes dos pesquisadores sobre o fenOmeno evidenciado.

CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLAS DE PENSAMENTO DA ENFERMAGEM

Partindo do principio de que as teorias de enfermagem espelham diferentes realidades e de que a enfermagem contemporânea tem ampliado sua atuaç30 para um sentido multidimensional e acoplador da produç30 artlstica requerida pela profiss30, desenvolvemos este estudo sob re a abordagem holfstica classificando as teorias de acordo com as escolas de

pensamento da enfermagem (Meleis, 1991). A primeira escola, a das N ECESS IDADES

HUMA NAS, conceitua as fu nçOes a serem desenvolvidas pelo enfermeiro. de acordo com a hierarquia das necessidades dos se res hum anos. Neste estudo, inserem-se nesta linha Horta, Orem , Henderson. Hall e Nightingale. A segunda , a da INTERAÇAO, focaliza o processo de relaçao interpessoal entre o enfermeiro e o cliente. De acordo com o nosso estudo, fazem parte deste contexto Peplau e Wiedenbach. A terceira, a dos RESULTADOS. Irata do porquê

dos cuidados de enfermagem sem ignorar o ~ o que ~ e o a como fazer". As teoristas pertencentes

a esta escola concluem que os resultados advêm dos cuidados prestados. Neste estudo incluem-se Levine e Roy.

HOLISMO NOS MODELOS TEÓRICOS DE ENFERMAGEM

Estudos de Sakis e Skoner (1987)· afirmam que a abordagem hoUstica na enfermagem

vem , paulatinamente, sendo evidenciada nas três últimas décadas, mas s6 a partir da década de oitenta é que o termo passou a ser descrito, uma vez que era deduzido de outros termos, tais co mo: bio-f1sico-social, funçao in tegralizadora da totalidade do individuo. Considerando que o ser hu mano tem sido contemp oraneame nte abordado enquanto um ser multidimensional e inserido no meio ambiente, a enfermagem, enquanto ciência. vem ampliando os conhecimentos sobre a abordagem hollstica com a perspectiva de trabalhar integralmente esta natureza multidimensional do ser humano.

No Br asil, Nogueira (1986) escreveu um trabalho de grande repercuss30 para a

enfermagem , no qual apresenta uma proposta de abordagem hollstica para tal ciência. com o desenvolvimento de métodos alternativos para o tratamento e para a manutenç30 da saúde, propiciando uma vis30 integral do ser humano individual. Com o intuito de clarificar o entendimento do leitor, achamos por conveniência definir cinco term os , que ser3a amplamente utilizados na análise das teorias. Holismo- É um novo paradigma que leva em consideraçao o todo (halas) e as partes em que o programa do todo se reflete, evitando a fragmentaç30 e o reducionismo. através da inter e transdisciplinariedade das ciênci as , das artes , das filosofias e das tradições espirituais.

Segundo Wei/(1991), "( ... ) HoLls TI CO nao é nova religi30 nem nova filosofia nem nova

ciência nem nova arte nem novo partido politico nem nova forma de pensamento (... ) nem novo

coquetel espiritualista ( ... ). Hollstico é o calor das m30s , dos coraçOes unidos por cima das

diferenças (... )"

Saúde numa abordagem Holistica - É a resultante de condições positivas de vida,

de uma interaçao ecológica-social do ser humano , de um viver bem e em paz. onde sejam

respeitados os direitos de cidadania de cada ser humano. para que este tenha acesso á morad ia,

ao lazer, á educaçao. ao emprego e a outros condicionantes de um padrao de saúde considerável.

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NETO, David Lopes et aI.

ambiente psicológico, Florence considerou a condiçao emocional como fatorde intervençao ou nao no tratamento dos doentes. Para ela, o paciente necessitava de algo mais do que o ambiente tisico. Valorizava, assim, a relaçao enfermeiro-cliente como me io de dirimir as angústias, os sofrimentos e a solidao dos enfermos. Com isto, notoriamente a abordagem hollstica se evidencia ainda mais pela oonstruçao do ambiente de ajuda e pelo cuidado totalitário prestado por Florence, incluindo o ambiente espiritual. Abordando o ambiente social, a teorista aproximou-se muito mais da abordagem hollstica, uma vez que focalizou o ambiente total do individuo, extrapolando o espaço hospitalar e considerando todo o seu contexto comunitário para a compreensao do seu estado de saúde-doença. Sumariamente, a Teoria Ambientalista de Nightingale constitui-se de uma inleraçao entre os ambientes tisico, psicológico, social e espiritual, os quais associados a açao do enfermeiro podem levar ti identificaçao de fatores determinantes do processo saúde/doença. Por fim, a essência desta teoria baseia-se num ambiente positivo, IImpido, transparente e salutar ao viver de seres humanos que necessitam de ajuda e de cuidados.

TEORIA INTERPESSOAl OE PEPLAU

Hildega rd Peplau conside ra a enfermagem uma arte terapêutica e um processo

interpessoal, onde cada individuo é visto como um ser bio-psico-sócio-espiritual, dotado de

crenças, costumes , usos e modos de vida voltados para determinada cultura e ambiente diversificado. Para Pep/au (1988), a enfermagem é uma relaçao humana entre um indivIduo que está doente ou necessitando de serviços de saúde e um enfermeiro preparado para reconhecer tis necessidades de ajuda do paciente.

Segundo Se /c here Fish (1993), nesta teoria o enfermeiro desenvolve diferentes papéis

durante o processo de relaçOes interpessoais, tais como: compartilhando conhecimentos (educador) , auxiliando as pessoas no reconhecimento de seus problemas (c ons elh e ir o) , exibindo seus conhecimentos teórico-práticos (es pecia li st a) e liderando grupos (lId er). O processo de relaçflo interpessoal segue quatro fases seqoenciais que dao um direcionamento ao fato. A primeira, é a de orientaçao - onde deve existir um reconhecimento mútuo entre enfermeiro e paciente, preservando-se as experiências de vida, a religiao, a etnia e a cultura de cada ser vivo. Nesta fase, a enfermagem atua holisticamente, pois o enfermeiro

interage com seu semelhante, considerando seus valores. A segunda, é a fase da identificaçao,

onde está inclusa a afinidade ou nao do enfermeiro e do paciente, pois para cada situaçao

haverâ comportamentos diferentes. Nesta fase, há uma reaçao e uma seletividade dos cuidados

pelo próprio paciente, o que contribui significativamente para o estabelecimento da relaçflo enfermeiro-paciente. A terceira, denominada de fase de exploraçao, dá ao paciente um certo grau de controte sobre o seu ambiente. O enfermeiro, nesta fase, tem um papel significativo, pois de seu trabalho interativo surgirao os caminhos a serem percorridos pelo paciente, para a

busca da soluçao, que é a quarta fase. Esta fase é a ma is diflcil por tratar-se da fase de

dissoluçao da relaçao terapêutica , onde enfermeiro e paciente têm que seguir seus caminhos. A teoria interpessoal de Peplau extrapola o ambito do paciente e conquista uma dimensao mais abrangente envolvendo famllia e comunidade. Esta ampla dimensao denota uma macrovisao, entendida neste estudo como uma visao hollstica, pois o texto de Peplau descreve que devem ser consideradas as visOes tanto do profissional quanto do paciente, para que se possa chegar a uma maior compreensflo das dificuldades que envolvem a relaçao e para que se possam adquirir, com mais facilidade, as

devidas soluçOes. Logo, o processo interativo é um processo hollstico, onde todas as verdades

sao respeitadas e aceitas, assim como os valores, as crenças, as experiências e as expectativas de vida de cada individuo.

23. R. Bras. Enferm.,^ Brasília.^ v.^52 , n.^ 2,^ p.^ 233·242 ,^ abr./jun. 1999

Holismo nos modelos ...

TEORIA FILOSCFICA DE LYDIA E. HALL

Lydia E. Hall ao desenvolver os aspectos filosóficos básicos de enfermagem procurou garantir a qualidade dos cuidados profissionais nesta área. Para apresentar sua teoria , Hall estabeleceu, simbolicamente, a interligaçao de três círculos , que individualmente referendam um aspecto da enfermagem: a) O circulo de CUIDADOS - Este representa claramente o envolvimento do enfermeiro com as necessidades humanas básicas do ser humano. Neste circulo, Hall preocupou· se com os aspectos ligados és ciências naturais (o conforto espiritual) e és ciências biológicas

(cuidados e auxilio na execuçao das funçOes inerentes ao ser humano) (George (1993). A

teoria objetiva assegurar uma interreJaçao enfermeiro-paciente, onde se cria um ambiente de "exploraçao de sentimentos" para que se consolide o processo de ensino-aprendizagem dentro do plano ass istencia l. b) O circulo da ESSI:NCIA - Neste circulo, o enfermeiro desenvolve uma relaçao in terpessoal terapêutica com o paciente, visando a motivaçao do paciente para a aut o--i dentidade

na tomadas de dec isões. George (1993), citando Hall , diz que o paciente, a partir dos atas e

dos reflexos transmitidos pelo enfermeiro, tem capacidade de descobrir suas dificuldades e seus problemas, o que comprova o enunciado deste circulo. c ) O circulo da CURA- Este está baseado na nosologia, no modo de tratamento e na integralizaçao do enfermeiro com os demais membros da equipe multiprofission al de saúde e com a famllia do paciente. O enfermeiro. nesta fase. trabalha mecanicamente suas potencialidades técnicas para a obtençao da cura do paciente. A abordagem holistica se evidencia pela integralidade do enfermeiro com os demais individuas que estao envolvidos , direla ou indiretamente. no processo de cura do paciente, pela totalidade de açOes a serem desenvolvidas com o objetivo único de recuperar o individuo enfermo. Assim , a visao holistica da teoria de Hall está em ver o ser humano num todo, onde a motivaçao para o desenvolvimento das açOes e a energia positiva sao elementos vitais para a manutençao da vida.

TEORIA DOS PRINClplOS BÁSICOS DE ENFERMAGEM DE HENDERSON

A teoria de Virginia Henderson insere·se na li nha das necessidades humanas básicas, cujo foco principal é o cuidado para como o indivi duo baseado nos quatorze componentes de cuidados básicos de enfermagem , os quais dao é teoria uma macrovisao ou visao totalitária sobre o individ uo , ou seja , Henderson utiliza·se da abordagem holistica para estabelecer um

plano assistencial globalizado. Para Henderson, citada por Furukawa e Howe (1993), mente e

corpo sao inseparáveis. estando estes em pleno interrelacionamento para o desenvolvimento das funções do ser humano e que o enfermeiro convive num ambiente de sociedade. reJacionando--se constantemente com seu próximo.

Segundo Henderson (1969). o momento básico do cuidado de enfermagem pode ser

derivado das necessidades humanas assim como de todos os serviços de saúde prestados ao paciente. Ao atuar sobre as necessidades dos seres humanos a enfermeira tem sido chamada de "mae profissional ", principalmente quando esta se responsabiliza pelos cuidados integrais ao paciente. A visao holistica está bem definida nesta teoria , onde ela cria um ambiente harmonioso e interativo entre profissionais, clientes. pacientes e sociedade. A autora descreve perfeitamente a abordagem hollstica, por considerar o hemisfério direito do ser humano. Ela questionava porque a intuiçao da experiência vivencial de cada indivi duo nao era enfatizada no processo de enfermagem. Em seus estudos, argumenta que o processo de enfermagem desconsidera e subestima o lado artlstico, intu itivo e subjetivo da enfermagem. Analisando seus estudos teóricos, concluimos que a Enfermagem tem·se preocupado apenas

R. BllIs. Enferm. , Brasilia. v. 52. n. 2, p. 233·242, abr.Jjun. 1999 237

Holismo nos modelos ...

pelo valor, autonomia e individualidade de cada ser humano e resoIutividade para a açao dinamica,

em relação ás crenças de cada individuo. Enfatiza o ser humano como potencialmente sábio e

cOnscio de suas necessidades assinalando, também, que o processo é fundamentado pelo

senso de integralidade e auto-estima do individuo (Bennet; Foster, 1993).

A teorista exemplifica em seus postulados que quando o cuidado de enfermagem em

atençao mate rn a está centrado na famllia, a gravidez é acompanhada não meramente como

uma experiência natural e fisiológica, mas como um significante processo social essencial ao

crescimento e desenvolvimento harmonioso no seio familiar. A abrangência desta atençao constrói -

se numa abordagem hoIlstica a partir da indusao de quatro áreas principais de serviços: promoçao

da saúde tisica, mental e emocional, promoçao de bem-estar social e prornoçao da paz espiritual

(Wiedenbach, 1956).

Wiedenbach vê a saúde como um estado de completa harmonia dos seguimentos bio-

fisiccHnental-social e espiritual. logo , vê o ser humano, em sua totalidade, inserido num ambiente

receptor de influências externas. Com isso, a enfermagem é tida como uma ciência e como

uma arte, numa junção de desenvolvimento de conhecimentos e de habilidades no sentido de

satisfazer as necessidades dos seres humanos. A abordagem altrulsta e filosófica configura a

essência do pensamento hollstico desta teoria, em que Wiedenbach citado por Bennet e Foster

(1993), afirma que "A enfermagem lé) uma atividade que, idealmente, exemplifica a humanidade

do ser humano para com o ser humano ."

TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA HORTA

A Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta, mesmo tendo surgido no inicio

da década de setenta , s6 a partir de 1974, com a sua segunda publicação, é que ampliou o seu

suporte teórico como base para a sistematização das açOes de enfermagem. Esta teoria se

fundamenta nos pressupostos teóricos de Maslow, através da Teoria da Motivação Humana, da

Teoria Homeostásica de McDoWell e da Teoria Holfstica de levine. O modelo teórico de Horta

engloba os principias que regem os fenOmenos relacionados com as necessidades humanas e

com o meio ambiente e a compreensao do ser humano como um ser composto de partes Que

compõem o seu todo.

Ao criar a sua teoria Horta (1979), afirma Que a assistência ao individuo, á famllia ou á

comunidade será produzida com o objetivo de torná-lo cada vez mais independente dessa

assistência, pelo ensino do autocuidado, da recuperação, da manutenção ou da promoçao da

saúde, em açOes conjuntas, inclusive com os demais membros que compOem a equipe

multi profissional de saúde. Em seu modelo, emprega o processo de enfermagem nas segu intes

fases : histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial de enfermagem,

prescrição de enfermagem , evolução e prognóstico de enfermagem como forma de direcionar

as açOes a serem desenvolvidas.

Ao discorrer sobre o ser humano, considerado parte do cosmo em permanente dinamismo,

a autora enfatiza esta interrelação como sendo este um processo harmonioso. onde o ser

humano está sujeito aos fenOmenos que regem o universo. A abordagem hollstica torna-se

mais esclarecida quando considera , na teoria , que ·o universo é um todo, o ser humano é um

todo, a célula é um todo; esse todo não é mera soma das partes constituintes de cada ser."

(Horla ,1979)

TEORIA DE ADAPTAÇAo DE SISTER CALLlSTA ROY

o modelo de Adaptação de Roy é composto de cinco elementos essenciais: a pessoa

Que recebe o cuidado de enfermagem , a meta da enfermagem , a definiçao de saúde, a definiçao

de ambiente e as atividades de enfermagem. Roy percebe Que a enfermagem é prestadora de

R. Bras. Enfelm ., Brasilia , v. 52 , n. 2, p. 233-242. abr./jun. 1999 23.

NETO, David Lopes et ai.

cuidados tanto a uma pessoa quanto a uma famltia, a um grupo de pessoas, a uma comunidade ou a uma sociedade. A visualização do enfermeiro, perante estes diferentes atares, é tida como

um sistema hollstico e adaptativo, onde há uma constante interação destes com seus ambientes.

Há, também. a manutenção das integralidades dessas pessoas, o que caracteriza o processo

adaptativo. (Galbreath. citado por George. 1993)

A meta da enfermagem é defin ida como a promoçao de respostas adaptativas influenciadoras, de modo positivo, no processo saúde/doença. A adaptaçao da pessoa às mudanças que a afeta , depende de estfmulos externos ou internos que estao em proximidade

dessa pessoa. A abordagem hollst ica, neste processo, está em considerar que o individuo é

capaz de adaptar· se aos estimulas que o circunda ou de enfrentá·los positivamente. Logo, Roy

atribula ao seu modelo teórico valores humanlsticos que fornecem á pessoa capacidades que lhe proporcionatao forças advindas do dinamismo e da criatividade pessoal da pessoa assistida,

principalmente em participar, junto com o enfermeiro, do cuidado que este lhe vai prestar (Roy,

Em 1987, a definiç30 do termo saúde, empregada por Roy, é a seguinte: "( ... ) um estado

e um processo de ser e vir a ser uma pessoa integrada e total. · (Galbreath, citado por George,

  1. Neste novo contexto, a autora nao s6 define saúde como também envolve a enfermagem , enquanto profissao voltada para a promoção da saúde da pessoa, como uma ciência que presta assistência integral ao individuo, visualizando-o em corpo. mente e espirita e nao apenas como ser portador de patologia ou cliente necessitado de alguma ajuda ao nlvel primário. Em seu trabalho Introduction to Nursing, publicado em 1984, ela define o ambiente como "todas as condiçOes, circunstanci as e influências que cercam e afetam o desenvolvimento e o

comportamento de pessoas e grupos· (Galbreath , citado por George, 1993). Nesta simples

definiçao. ela descreve o ambiente , numa abordagem hollstica, ao mostrar que a interação de estimulas internos do ser humano com estimulas externos , estes últimos. vindos do próprio me io. resultam na formaçao integralizadora do cosmo, ou melhor, do ambiente. Em relaçao ás atividades de enfermagem , pouco se evidencia a abordagem hollstica neste elemento da teoria. pois, apesar de refletir as açôes a serem desenvolvidas pelo enfermeiro.

a autora afirma que este profissional é manipulador dos estimulas que invadem a pessoa, e

prepara·a para as mudanças ou enfrentamento dos seus problemas. Dissemos que pouco se ev idencia a abordagem hollstica neste elemento, por acharmos que nao hà correlação entre o termo man ipulaçao ou manipular com os pressupostos holísticos. Mas cremos também , que por tratar-se de açOes de enfermagem, estas podem e devem ser realizadas num envolvimento participativo entre cliente e enfermeiro.

TEORIA HOLlSTICA DE LEVINE

Myra E. Levine escreveu uma teoria. cujos princlpios buscam conservar a energia. a integralidade estrutural, a integralidade pessoal e a integralidade social dos envolvidos no processo de intervenção da enfermagem. Define individuo como um ser verdadeiramente completo, com necessidades e visto em sua totalidade, afirmando que o enfermeiro deve estar ciente das

com plexidades dele, num processo interativo e integra li zador. A sociedade-amb iente é

explicitamente descrita , em seu trabalho, como um espaço onde estao contidos cliente.

enfermeiro, famllia e comunidade (Leonard. citado por George, 1993).

Segundo o autor. a saúde é definida por Levine como sendo a manutençao da unidade

integralizadora do individuo. O estado de saúde nao se restringe apenas a varias ou danos

tisicas, mas pode ser entendida como qualquer alteração bio·psiccrs6cio--espiritual que venha a

acometer o ser humano. Enfermagem é vista , portanto, como uma ciência humanlstica, de

natureza hOUstica , onde o enfermeiro desenvolve o seu pensar e o seu fazer em prol da manutenção da saúde das pessoas.

240 R. Bras. Enferm ., Bras1lia. v. 52, n. 2. p. 233-242. abr./jun. 1999

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