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Uma resenha do livro 'história da educação: da antiguidade aos nossos dias' de mário alighiero manacorda. O autor discute a evolução da educação desde a antiguidade clássica até a era moderna, destacando as contribuições de figuras importantes como heródoto, platão, aristóteles, pitágoras, sólon, zózimo e comenius. O texto aborda as diferentes formas de educação, desde a educação privada e pública, a educação religiosa e a escola clássica, até a escola mercantil e a escola liberal-democrática.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Ricardo Antonio Viotto
O livro intitulado "História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias", de Mário Alighiero Manacorda, trata-se de um clássico da história da educação. O autor nos apresenta suas investigações e restaura as linhas da antiga instituição escolar, reproduz episódios históricos e recompõe o percurso humano em direção à efetivação de uma educação libertadora. Explicita a luta secular para a superação da divisão entre aqueles que têm acesso à cultura, bens e poder e aqueles que apenas produzem, sendo que, o fio condutor da sua obra é a própria história, que o autor deixa falar por si-própria, valorizando o espírito democrático da obra. Inicia sua trajetória no Egito, adentra na Grécia e em Roma, passa pela Idade Média e Moderna e chega na idade Contemporânea. A preocupação do autor não está nas ideias pedagógicas de cada tempo histórico, e sim no elemento real, qual seja, as manifestações e contradições que engendraram as ideias pedagógicas, o que explicita o caráter materialista histórico dialético da obra. O autor inicia com a educação do Egito, pois lá se encontra o início da história da antiguidade clássica e o berço da cultura. Salienta que no Egito o processo educativo não era voltado exclusivamente para o ler, escrever e calcular e nem para o aprendizado profissional, mas sim, para a vida política e voltado aos filhos da classe dominante (p.17). O autor apresenta que na Grécia os princípios da educação são difundidos por Heródoto, Platão e Diodoro de Sicília e demonstra que há um evidente desenvolvimento da democracia educativa, sendo reservado, para as classes governantes, um processo educativo para o pensar e falar (política) e o fazer com as armas para a formação dos guerreiros. Para o povo produtor, a educação era o treinamento no trabalho, pela via da imitação e observação. Homero é considerado “o educador de toda a Grécia”, no entanto, é Platão quem projetará uma educação
¹ MANACORDA, M. A. História da Educação : da Antiguidade aos nossos dias. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. (^) Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente do Instituto Federal de Educação de São Paulo/Presidente Epitácio/SP. E-mail: viotto_antonio_ricardo@hotmail.com
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sistemática para os jovens (p.42). O período clássico da educação valoriza a música e a ginástica na formação dos cidadãos, sendo Creta e Esparta os locais da política e da educação, surgindo a figura do pedônomo, o sujeito legislador da educação na Grécia. No século VI a.C, com Pitágoras, nasce um Centro de educação de natureza privada, a thíasoi , cujo princípio é valorização do único bem que se transmite, mas não se perde, a educação, a Paidéia. Em Athenas, com Sólon, ganha força uma escola de cultura e educação física aberta a todos os cidadãos e controlada pelo Estado (p.47). O pedônomo atua na escola do Estado, no entanto, temos ainda o “pedagogo”, geralmente um escravo ou estrangeiro trabalhando para as famílias e que acompanha as crianças na escola. Aristóteles defende a gramática, a ginástica, a música e o desenho na escola, excluindo na educação dos sujeitos livres toda disciplina voltada ao exercício profissional e no fim do século IV a.C. defende na sua obra "Política", a escola pública (p.66). A escola grega no século V a.C. é o ginásio, centro de cultura física e intelectual, presente nas cidades do Oriente mediterrâneo, conquistadas por Alexandre, o Grande (p.68). Em Roma, lugar da educação moral, cívica e religiosa, as tradições pátrias têm história marcante, sendo o primeiro educador o pater familias, ou seja, ao contrário dos gregos, cujo mestre era um estrangeiro ou escravo (pedagogo), em Roma a função educadora é do pai. A antiga monarquia romana era nação de patres, donos da terra e das familiae , sendo que a criança parava de brincar entre os 07 e 08 anos, passava, sob à tutela do pai, a aprender as tradições pátrias e a realizar treinamento militar (p.75-76). Identifica-se que em Roma, enquanto os nobres se helenizavam, os plebeus se deparavam com a necessidade de dominar a língua latina para manifestarem-se nas Assembleias Públicas. No entanto, a escola de retórica latina, democrática e popular, foi objeto de intensa crítica, por constituir-se numa escola de subversão política, um ludus impudentia. Mas, é a escola do tipo grego que prevalece, tornando a cultura grega um patrimônio do Império romano, a qual é, depois, transmitida à Europa medieval e moderna e, enfim, para a nossa civilização (p.83). No século V d.C., limiar da Alta Idade Média, com a implantação de reinos romano-bárbaros no Ocidente, a única autoridade política, autenticamente romana, é a Igreja e especialmente o papado (p.111). A escola clássica perde lugar para a escola cristã e a Igreja assume a reorganização da escola em Roma. Em 418 d.C. o papa Zózimo institui as primeiras escolas religiosas e nas paróquias os padres acolhem jovens para ensinar-lhes os salmos e as
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movimento humanista, que critica a escola da Idade Média e seu sadismo pedagógico. Tema recorrente dos humanistas é a necessidade de se compreender a natureza da criança e educá-la de acordo com a sua índole, numa clara compreensão naturalizante desses sujeitos. Nos anos quinhentos e seiscentos, além do Renascimento, o autor aponta existência da Reforma e a contra-reforma religiosa, como também a utopia e a revolução, como temas importantes para a educação e há a invenção da arte da imprensa. Foi Lutero, na Alemanha, quem impulsionou a força política à programação de um novo sistema escolar e difundiu a necessidade da escola chegar as classes populares, para que cada sujeito pudesse ler as Sagradas Escrituras e interpretar a palavra não mais submetido à igreja católica. Paralelamente à reforma protestante, temos a contra-reforma católica, que no Concílio de Trento (1545-1564) condena a leitura e impressão de vários livros que questionassem os princípios católicos. No fim do século XVI (1586-99) surge o Ratio studiorum , que regulamentou o sistema de formação escolástico jesuítico, cujos efeitos se espalharam pelos países católicos (p.202). Em seguida teremos a forte presença dos utopistas que construíram a base para as reflexões pedagógicas dos anos Seiscentos, sendo que, dentre eles, destaca-se Comenius com a enciclopédia do saber, a orbis scibilium. No plano da didática, é mérito de Comenius a pesquisa sobre as metodologias hoje chamadas de ativas, ao afirmar que junto com as palavras deve chegar às crianças, senão as coisas, pelo menos as imagens das coisas e propõe a Schola ludus (p.221). O espírito das novas classes dirigentes burguesas na Inglaterra, institui, no ano de 1660, a fundação da Royal Society, que expressa-se no pensamento de Locke a preocupação com a formação do gentleman , sendo que as necessidades das crianças seriam supridas pelas paróquias com base na lei dos pobres e nas escolas para o trabalho. Nos Setecentos temos, na França, a figura de La Salle, que discute os princípios da escola cristã na qual há uma separação didática, organizacional e cultural entre o ler e o escrever. No movimento iluminista do setecentos temos a figura de Rousseau que, dentre os enciclopedistas, é considerado um dos pais da pedagogia moderna ao focalizar os objetivos no sujeito. Em sua obra “Emilio” temos a redescoberta da educação dos sentidos, a valorização do jogo, do trabalho manual, da experiência direta com as coisas na educação. No ano de 1773 há uma reviravolta na escola, em decorrência da supressão da ordem dos jesuítas (a Companhia de Jesus), passando a escola a ser coisa do Estado (p.247). Na segunda metade do Setecentos assiste-
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se ao desenvolvimento da fábrica e, contextualmente, à supressão, de fato e de direito, das corporações de artes e ofícios. Este advento da nova produção da fábrica abre espaço para o surgimento da moderna instituição escolar, sendo que fábrica e a escola moderna nascem juntas. Simultaneamente, nasce a nova ciência a “economia política” com Smith e Ricardo e, ato contínuo, a “crítica a economia política” com Marx e Engels (p.249). A politização, democratização e laicização da instrução, tem origem na consciência dos indivíduos e na prática dos Estados e com revoluções da América (1776) e da França (1789), há a exigência de uma instrução universal e de uma reorganização do saber, que acompanhará o desenvolvimento da ciência e da indústria moderna. Nos EUA propugnava-se uma escola elementar gratuita para todas as crianças, sendo os melhores, selecionados para a escola secundária e, os melhores destas, encaminhados para a universidade, sendo que estão contidos nesta proposta os elementos da pedagogia liberal-democrática (p.250). Na França é Condorcet quem apresenta em 1792 a natureza e os fins da instrução pública Estatal, voltada para o povo e inspirada num laicismo que apregoa a instrução “única, gratuita e neutra” (p.250). Entre os Setecentos e Oitocentos temos o ensino mútuo ou monitorial, nascido na Inglaterra, no qual adolescentes instruídos pelo mestre, ensinam outros adolescentes, sendo que a competição dá o tom das relações nessas escolas, assim como uma didática mecanicista baseada em repetições. Na Suiça, temos Pestalozzi, que seguindo a trilha de Rousseau, procura juntar o homem natural e a realidade histórica e apregoava, pela compreensão da psicologia infantil e da didática, a nova pedagogia. A educação nos Oitocentos recebe o legado da burguesia revolucionária (liberal-democrática) e a pedagogia ganha características políticas e natureza social (p.269). Nesse bojo, o sistema capitalista ganha força e desloca massas da população das oficinas artesanais para as fábricas, como também desloca trabalhadores do campo para a cidade. O desenvolvimento industrial, decorrente da acumulação de capital e do conhecimento científico, cria as condições para o trabalho livre do ex-artesão, o qual foi libertado de toda a sua propriedade e transformado no moderno proletário. O novo proletário não possui mais nada, além do seu próprio trabalho e, nas fábricas, perdem sua antiga instrução e só adquirem ignorância. No entanto, os capitalistas, preocupados com o trabalho repetitivo da fábrica que aliena o trabalhador, se deparam com o problema da instrução das massas, para atender as necessidades da moderna produção e instituem as relações instrução-trabalho ou instrução técnico-profissional,
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MANACORDA, M. A. História da Educação : da Antiguidade aos nossos dias. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
Recebido em janeiro de 2016. Aprovado em março de 2016.