
















Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Uma descrição detalhada da histologia básica dos principais tecidos do corpo humano: epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular. Ele aborda as características, classificações e funções de cada tecido, bem como as adaptações causadas pela prática de atividade física. O texto cobre tópicos como a estrutura do tecido epitelial, as diferentes categorias do tecido conjuntivo, a importância do tecido nervoso e as subdivisões do tecido muscular. Além disso, são discutidas as alterações crônicas e agudas que o exercício físico pode gerar nesses tecidos. Este conteúdo é relevante para estudantes de áreas como biologia, medicina, educação física e ciências da saúde, pois fornece uma compreensão fundamental da histologia dos principais tecidos do corpo humano e suas respostas à atividade física.
Tipologia: Esquemas
1 / 24
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Histologia básica dos
tecidos epitelial, conjuntivo,
nervoso e muscular
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever as características dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular. Relacionar os tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular com a atividade física. Explicar as adaptações causadas pelo exercício físico nos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular.
Introdução
Neste capítulo, serão apresentadas descrições sobre o funcionamento e a estrutura de cada tipo de tecido que compõe o corpo humano, assim como características fundamentais para distingui-los. Além disso, há também as adaptações e algumas modificações específicas, sejam elas crônicas ou agudas, sofridas por esses tecidos com a prática de atividade física. O conhecimento sobre as adaptações dos diferentes tipos de tecidos é um conhecimento básico para a formação de professores de educação física e será fundamental para a compreensão de outros processos bioquímicos.
Histologia básica dos tecidos
Um tecido é formado pelo agrupamento de diferentes células especializadas. Essas células cumprem funções específicas em nosso corpo, atuando em con- junto para determinar características, por exemplo, dos órgãos. Os diferentes tecidos corporais vão atuar em conjunto para formar os sistemas e é somente por causa dessa integração entre os diferentes tecidos que a vida é possível.
faz com que o espaço extracelular nesse tecido seja limitado, sendo essa outra característica própria do tecido epitelial. Dificilmente os vasos sanguíneos conseguem penetrar no tecido epitelial, sendo a nutrição desses tecidos feita por tecidos subjacentes. Um exemplo bastante claro é a pele, que apresenta uma fina camada de tecido epitelial chamada epiderme (a mais superficial camada de pele), a qual é avascular (não irrigada). No entanto, junto com a epiderme encontra-se a derme, composta de tecido conjuntivo altamente vascularizado, ocorrendo a nutrição da epiderme por difusão das substâncias (MONTANARI, 2016). O tecido epitelial também é classificado com relação à forma, ao número e às camadas celulares. Acompanhe a descrição dessa classificação. Classificação com relação à forma das células:
Tecido epitelial pavimentoso — Também chamadas de escamoso, conferem uma camada de células achatadas, na qual o comprimento da célula é maior que a altura. São encontradas nos revestimentos interno e externo de órgãos. Tecido epitelial cúbico — Apresenta as células em forma de cubos, nas quais a altura é igual à largura e ao comprimento. São encontradas principalmente nos túbulos renais. Tecido epitelial colunar — Também conhecido como prismático, apre- senta células mais alongadas, nas quais a altura é maior que a largura e o comprimento. Essas células são encontradas principalmente no tecido secretor, como células ciliadas do trato respiratório.
Algumas células epiteliais são do tipo de transição (epitélio de transição), como as células que compõem a bexiga, pois, quando esta se encontra relaxada, apresenta células arredondadas cuboides, mas, quando cheia, apresenta células achatadas, do tipo pavimentosa (GUYTON; HALL, 2006). Classificação com relação ao número de camadas: O tecido epitelial pode ser classificado em relação ao número de camadas de suas células, podendo ser:
Tecido epitelial simples — Como o nome diz, apresenta uma camada simples de células, podemos dar de exemplo para essa categoria o tecido que compõe os vasos sanguíneos. Tecido epitelial estratificado — Composto de mais de uma camada de células, como a camada interna do esôfago.
Tecido epitelial pseudoestratificado — Composto de uma camada única de células. No entanto, a altura das células e a posição do núcleo delas é diferente, apresentando células baixas intercaladas com células altas, o que pode gerar uma interpretação equivocada sobre o tipo de tecido, podendo aparentar ser estratificado, e, por isso, recebendo o nome de pseudoestratificado. Um exemplo de estrutura para esse tipo de células é o epidídimo, localizado no sistema reprodutor masculino (MONTANARI, 2016).
A classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial pode ser visto na Figura 1.
Figura 1. Classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial. Fonte: Adaptada de logika600/Shutterstock.com.
musculatura lisa dos vasos relaxar, o que permite a vasodilatação, aumentando assim o fluxo sanguíneo para os músculos em atividade. O controle da temperatura e as modificações do endotélio vascular são algumas das modificações causadas pelo início da atividade física, ou seja, pela prática aguda de atividade física. (GUYTON; HALL, 2006). Porém, a prática regular de atividade física vai gerar adaptações nesses tecidos, nominalmente chamadas de adaptações crônicas. Acompanhe a seguir algumas adaptações crônicas do tecido epitelial frente ao exercício físico.
O exercício físico é considerado um estímulo de estresse para o organismo, sendo que a magnitude desse estresse implicará a magnitude da adaptação. O tecido epitelial é um grande beneficiado da prática de atividade física constante. As adaptações a esse tecido se estendem, por exemplo, desde a melhora na velocidade e quantidade de substâncias secretadas pelas glândulas. Podemos destacar a liberação do hormônio adrenalina pela glândula suprarrenal, sendo que, em indivíduos adeptos à prática de atividade física, essa liberação acontece de maneira mais rápida. Também podemos citar o efeito da prática regular de atividade física para diminuir os níveis de insulina, hormônio endócrino produzido pelo pâncreas (FERREIRA; BRESSAN; MARINS, 2009). Podemos ressaltar também que a pele (tanto sua camada epitelial quanto sua camada conjuntiva) sofre adaptações positivas, como aumento do conteúdo de colágeno e resistência (MUELLER; MALUF, 2002). Os vasos sanguíneos são especialmente afetados pela prática constante de atividade física, em especial exercícios aeróbios. O organismo é capaz de remodelar a malha de vasos sanguíneos que irrigam os músculos, num pro- cesso chamado angiogênese, no qual novos vasos sanguíneos se desenvolvem, além de ter efeito sobre o diâmetro dos vasos, aumentando-os. Esse fenômeno ocorre por causa da liberação de fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF), que são estimulados mecânica e metabolicamente. Esses fatores farão os vasos sofrerem suscetíveis mitoses, aumentando a árvore vascular (ALMEIDA et al., 2012). O tecido epitelial é sempre encontrado intimamente relacionado ao tecido conjuntivo, que está atrelado a funções como suporte (tecido ósseo), tecido de transporte de nutriente (tecido sanguíneo), tecido de proteção (tecido adi- poso), entre outros. Nos tópicos a seguir, você encontrará os diferentes tecidos conjuntivos e sua relação com a prática de atividade física.
Tecido conjuntivo
O tecido conjuntivo é um tecido altamente resistente e extremamente diverso, composto de diferentes tipos de células. É um tecido rico em matriz extrace- lular, altamente inervado e irrigado por vasos sanguíneos. É possível dividir o tecido conjuntivo em dois grandes grupos, o tecido conjuntivo propriamente e o tecido conjuntivo de propriedades especiais. As características do tecido conjuntivo fazem com que ele atue em diversas esferas, como:
conectar tecidos; sustentação; preenchimento; absorção de impactos; resistência à tração; elasticidade; armazenamento de energia; defesa; coagulação sanguínea; cicatrização; transporte de gases e nutrientes.
A matriz extracelular do tecido conjuntivo é a substância que preenche o espaço entre as células. Essa substância apresenta consistência variável, fruto de diferentes combinações de proteínas fibrosas que o compõem. Pode se apresentar de maneira líquida (sangue), flexível (cartilagem) e rígida (osso).
O escorbuto é uma doença que por muito tempo afetou marinheiros, especialmente na Idade Média. É caracterizada pela falta da ingestão de vitamina C (ácido ascórbico). O que acontece é que a vitamina C atua no processo de formação do colágeno, importante proteína do tecido conjuntivo. As falhas na produção dessa proteína causam fraqueza na aderência dos tecidos e deficiência nos processos de regeneração.
Serão apresentados com maior profundidade os diferentes tipos de tecido conjuntivo, como o tecido conjuntivo frouxo, o tecido conjuntivo denso e os
armazenados nos adipócitos. A cor do tecido adiposo pode ser entre branco ou amarelo-escuro, dependendo da quantidade de carotenos consumidos na dieta. Esse tipo de tecido é o principal tecido adiposo do adulto, encontrando-se principalmente nas dermes e hipodermes, nas quais sua principal função é manter o controle da temperatura do corpo evitando a perda excessiva do calor. Além disso, absorve os impactos provocados no corpo. As palmas das mãos e dos pés têm um alto conteúdo de tecido adiposo ocular, principalmente por essa causa. Por fim, esse tecido também ajuda no preenchimento dos espaços entre os tecidos e órgãos, deixando-os com maior estabilidade. O segundo, tecido adiposo multilocular , é menor que o primeiro, apresenta células poligonais com núcleo central e muitas mitocôndrias; particularmente possui uma quantidade menor de lipídios. A denominação multilocular está relacionada a diferentes gotículas de lipídios dentro da célula adiposa. Esse tecido é especialista na produção de calor sem tremores. Está presente es- pecialmente nos fetos e recém-nascidos. Também é conhecido como tecido marrom, ou compõe o tecido adiposo bege.
Tecido hematopoético — Principal tecido para produção de células sanguíneas do corpo, também chamado tecido mieloide (do grego mielos, que significa me- dula), por estar localizado no canal medular de ossos longos. Esse tecido também é conhecido como tecido hematopoético por realizar hematopoese (do grego hemato , sangue). Em recém-nascidos, a medula óssea é chamada medula óssea vermelha, por causa da grande quantidade de glóbulos vermelhos localizados na medula. No entanto, nos adultos depois dos 20 anos de idade, o tecido medular do osso apresenta grandes mudanças, pois a medula óssea do adulto apresenta uma coloração amarela como consequência das mudanças na composição tecidual, já que muda a composição do tecido vermelho pelo tecido adiposo.
Tecido sanguíneo — É o principal tecido para o transporte de nutrientes e gases do corpo, além de contribuir para regulação da temperatura e controle da homeostase corporal. O sistema circulatório é composto de aproximadamente 5 litros de sangue, nos quais se encontram eritrócitos, leucócitos e plaquetas. O tecido sanguíneo atua também no controle da temperatura corporal, no controle ácido base do organismo e na excreção de metabólitos provenientes do metabolismo celular.
Tecido cartilaginoso — Composto por células denominadas condroblastos e condrócitos. Essas células produzem fibras proteicas de colágeno e elastina. O tecido é rígido, mas, diferente do tecido ósseo, é maleável. O tecido cartilagi-
noso confere sustentação aos tecidos moles, sendo conhecido especialmente por compor as articulações, favorecendo o deslizamento dos ossos entre as articulações, e por também atuar absorvendo impactos mecânicos. No tecido cartilaginoso, não há presença de nervos, vasos linfáticos ou vasos sanguíneos, sendo sua nutrição feita por tecidos adjacentes, como o pericôndrio, que o recobre, ou o líquido sinovial, no caso das cartilagens presentes dentro das articulações sinoviais.
Tecido ósseo — Apresenta relevante rigidez e dureza, atuando na sustentação do corpo humano, o que possibilita que haja movimento, por meio da tração exercida por músculos, e protege os órgãos internos. O tecido ósseo ainda abriga a medula óssea, importante para a criação de novas células sanguíneas. Além disso, possui um tipo especial de célula, chamada de osteoprogenitoras, classificadas em osteoblastos e osteoclastos; os primeiros apresentam a função de acrescentar conteúdo mineral no tecido ósseo, e o segundo o de degradar. Por causa dessa interação entre construção e desconstrução da matriz óssea, o osso apresenta certo dinamismo, adaptando-se às demandas impostas pelo organismo (MONTANARI, 2016).
Um indivíduo começa a caminhar, pois foi a recomendação médica a fim de diminuir seus níveis sanguíneos de triglicérides (ácidos graxos livres). Iniciando a atividade física de baixa intensidade e longa duração, o indivíduo vai utilizar como principal fonte de energia os lipídeos circulantes e os provenientes do tecido adiposo, logo, ajudando na diminuição dos níveis de triglicérides sanguíneos. Nesse exemplo, podemos observar a mobilização e a utilização de dois tecidos conjuntivos diferentes, sendo um deles o tecido conjuntivo sanguíneo , caracterizado por apresentar sua matriz extracelular líquida e células típicas, como hemácias e linfócitos. Também é responsável pelo transporte de várias substâncias importantes para o organismo, como nutrientes e oxigênio. Observa-se a mobilização também do tecido adiposo, composto de células especiais, os adipócitos, que armazenam triglicérides e os liberam para serem usados como fonte de energia, os quais são levados até o músculo pela corrente sanguínea.
Adaptações ao tecido adiposo — A prática regular de atividade física desempenha sobre o tecido adiposo importante papel regulador, evitando o aumento excessivo dos adipócitos, o que causa a diminuição dos espaços extracelulares e compromete a circulação sanguínea nesse tecido, ocasio- nando um processo inflamatório, que terá diversas consequências deletérias para o organismo. Outra adaptação importante do tecido adiposo é sua transformação de tecido adiposo “branco” para tecido adiposo “bege”, o que confere ao tecido menos capacidade de armazenamento de gordura e maior capacidade de produção de calor. Em ambos os casos, o exercício aeróbio de longa duração tem sido visto como uma ferramenta importante para a modulação positiva desse tecido.
Adaptação do tecido sanguíneo ao exercício físico — O tecido sanguíneo também é afetado de maneira profunda pela prática regular de atividade física, seja pela diminuição dos seus níveis de açúcares e triglicérides circulantes, como pelo aumento e pela modificação da atividade de algumas células, como, ainda, pela melhora da atividade das células do sistema imune, como leucócitos. O treinamento aeróbico gera adaptações específicas no tecido sanguíneo, sendo que o aumento do volume de hemácias é uma interessante e benéfica adaptação para o desempenho, uma vez que as hemácias carregam o oxigênio desde os alvéolos pulmonares até a célula muscular, aumentando a quantidade de hemácias, e aumentado o suprimento de oxigênio para os músculos. Essa adaptação benéfica é atribuída ao hormônio eritropoietina (EPO), liberado pelos rins em condições de baixa disponibilidade de oxigênio. Durante a prática de atividade física, a alta demanda de oxigênio pelos músculos gera um quadro parcial de hipóxia. O EPO estimula a produção de células sanguíneas na medula óssea, as quais são prontamente despejadas na corrente sanguínea (MAIRBÄURL, 2013). O terceiro tipo de tecido que abordaremos é o tecido nervoso, responsável pela integração de informações entre o meio ambiente e o organismo, sendo este encarregado de receber, armazenar e transmitir os impulsos nervosos. A seguir, serão descritas especificações sobre esse tecido, assim como sua relação com a prática de atividade física.
Tecido nervoso
O tecido nervoso é o principal responsável por receber, armazenar e transmitir os impulsos nervosos. Embora apresente uma variedade grande de células, é pobre em matriz extracelular. Esse tipo de tecido exerce papel fundamental nas funções do organismo, já que podemos interpretá-lo como o principal tecido que forma o sistema nervoso, sendo este o grande coordenador de todas as atividades corpóreas. O sistema nervoso divide-se em dois grandes sistemas, o sistema nervoso central, que, como o nome diz, atua na parte central do corpo, protegido por dois grandes estojos ósseos que são a coluna vertebral e o crânio, e o sistema nervoso periférico, que é o principal encarregado de transmitir impulsos provenientes do mundo exterior para o sistema nervoso central. Esses dois sistemas estão constituídos por aglomerados de neurônios, os gânglios nervosos e os nervos (AIRES, 2012).
Neurônios — Embora não sejam as únicas células que compõem o nosso sis- tema nervoso, certamente são as mais conhecidas e desempenham um papel extremamente importante. Os neurônios são células nervosas responsáveis pela condução dos impulsos nervosos em ambos os sentidos, aferente, ou seja, levando informações dos sentidos, como audição, olfato, visão, paladar e tato, para o sistema nervoso central; ou eferente, levando as respostas elaboradas pelo sistema nervoso central para a periferia, como a contração de um músculo. Classicamente o neurônio é considerado a unidade morfofuncional do sistema nervoso, e o gliócit, a unidade de apoio. Como toda célula, um neurônio é composto de uma mem- brana plasmática que o envolve, contém organelas, como o núcleo, mitocôndrias, o retículo endoplasmático liso e rugoso, que desempenham diversas funções. O neurônio divide-se basicamente em corpo neuronal, dendritos e axônios. O corpo neuronal apresenta uma aparência de arbusto, com diferentes ramificações e grandes números de prolongamentos. Os dendritos, palavra de origem grega que significa “pequenos ramos da árvore”, são pequenas terminações que fazem conexão recebendo as informações. O axônio é um prolongamento que conduz os impulsos nervosos e faz ligações com outros neurônios ou tecidos, enviando as informações. Essas ligações, chamadas sinapses, são responsáveis por estimular ou inibir o tecido ou célula inervada (LENT, 2004). Os neurônios operam em grandes conjuntos, sendo incapazes de operar separadamente, criando as chamadas redes ou circuitos neuronais. A Figura 2 apresenta a representação de um neurônio.
responsáveis pela sua efetiva ativação. O sistema nervoso central também é responsável pelo ajuste fino dos movimentos, pelo aprendizado de novos gestos motores, e em grande parte está relacionado com o aumento da força, melhorando o sincronismo das fibras musculares ativadas. O tecido nervoso também está envolvido em outras funções relacionadas à prática de atividade física, como a estimulação para o coração bombear mais rápido e a estimulação para que hormônios sejam secretados na corrente sanguínea, como adrenalina e cortisol (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
O tecido nervoso é altamente dinâmico, construindo e descontruindo novas conexões todos os dias. A prática regular de atividade física faz com que o tecido nervoso também sofra modelamentos, desde o nível celular, aumen- tando suas interconexões, o que melhora o processamento de informações, até o nível macro, como é constatado pelo aumento da área do hipocampo, região relacionada à memória. Diversos benefícios a capacidades cognitivas e a redução de propensão de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson, estão relacionadas à prática regular de atividade física. Os neurônios, como unidade fundamental do tecido nervoso, também sofrem mudanças, melhorando seu sinergismo com outros neurônios por meio das alterações em suas proteínas de membrana (responsáveis por receber os neurotransmissores), melhorando a forma e a velocidade com que levam uma informação. O sistema nervoso também é responsável pelo aumento de força em pes- soas que iniciam programas de treinamento de força, como a musculação. O aumento de força vivenciado durante os primeiros meses de treinamento é atribuído à melhora de sincronismo e ativação entre os músculos agonistas e antagonistas do movimento. Essa adaptação qualitativa de recrutamento faz com que ganhos expressivos de força aconteçam em um processo chamado de aprendizado motor (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). A relação entre o tecido nervoso e o muscular é muito íntima, uma vez que estes mantêm comunicação, sendo as fibras musculares inervadas por axônios. O tecido muscular apresenta características próprias como a contração, fazendo com que esse tecido seja especialmente estudado por professores de educação física.
Tecido muscular
A característica básica e principal desse tecido é a capacidade de contração e relaxamento, altamente relacionada com a movimentação, a digestão e até mesmo os batimentos cardíacos. Entre os tipos de tecido muscular, podemos encontrar tecido muscular estriado esquelético , tecido muscular estriado cardíaco e tecido muscular liso , como se pode observar na Figura 3.
Figura 3. Diferentes tipos de tecido muscular presentes no corpo humano. Fonte: Adaptada de Sakurra/Shutterstock.com.
O tecido muscular estriado esquelético, o principal tecido capaz de realizar contrações de forma voluntária, está ligado a outros tipos de tecidos, como o tecido conjuntivo (tecido ósseo). A maior parte de nossos movimentos ocorre de forma voluntária, ou seja, de maneira consciente, e é processada em regiões corticais do nosso cérebro. Porém, isso não acontece nos movimentos reflexos, como retirar a mão rapidamente quando a encostamos no fogo. Esse tipo de reflexo é caracterizado pela velocidade e pelo automatismo, uma vez que gera um arco em âmbito medular, não sendo processado no encéfalo.
catabólica, sendo conhecido como o hormônio do estresse. Esse hormônio sofre influência da atividade física, sendo que sua liberação é proporcional ao tempo de duração da atividade, como demonstrado em corredores de maratona, os quais apresentam elevados níveis de cortisol ao final das provas (DESSYPRIS et al., 1980). O cortisol vai agir sobre o tecido muscular aumentando a proteólise (quebra de proteínas) e diminuindo a síntese proteica muscular. O GH é um hormônio produzido pela hipófise em resposta a diferentes estímulos, sendo o exercício de alta intensidade um poderoso estímulo para sua liberação. O GH promove, no tecido muscular, crescimento e remodelamento. Além disso, estimula a produção de somatomedinas, ou fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF-1 e IGF-2) por períodos longos após o exercício (8 a 30 horas). As somatomedinas são conhecidas pela ação anabólica no tecido muscular, promovendo a síntese de proteínas. As catecolaminas , hormônios liberados pela glândula suprarrenal em resposta a estímulos de estresse, como a prática de atividade física, são simpatomiméticos, ou seja, sua ação é semelhante à ação ocasionada pela estimulação simpática. No músculo, durante a atividade física, a noraepinefrina assume um importante papel, sendo despejada na fenda sináptica, na forma de neurotransmissor, o que sensibiliza o músculo de maneira que aumente sua contratilidade, gerando contrações mais vigorosas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Adaptações crônicas causadas pela prática regular de atividade física no tecido esquelético
O exercício físico apresenta importante papel para a conversão das fibras musculares, atuando em seu remodelamento. Embora se acredite que algumas fibras musculares não mudem seu fenótipo, outras fibras musculares, chamadas de híbridas (não são puramente fibras rápidas ou lentas), apresentam maior flexibilidade para mudanças. Se avaliarmos um atleta de corrida de longa distância, como um maratonista, esperamos encontrar nele maior quantidade de fibras com características de contração lenta. Já se avaliarmos um atleta de corrida de 100 metros rasos, esperamos encontrar nele fibras com características de contração rápida (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Porém, o sucesso esportivo de elite prevê uma otimização natural das fibras musculares, ou seja, aqueles que naturalmente apresentam maior quantidade de fibras musculares de contração rápida acabarão sendo selecionados em modalidades esportivas em que essas características são determinantes.
Obviamente o tipo de fibra muscular não é o único fator envolvido no sucesso esportivo, já que outros fatores, como os processos de treinamento, processos bioquímicos de produção de energia e fatores ambientais, possuem grande peso no ambiente esportivo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Os processos metabólicos são especialmente afetados pela prática regular de atividade física. Processos especialmente ligados à produção de energia sofrem modificação no sentido de aumentarem a velocidade com a qual a energia será disponibilizada para a prática de atividade física. Podemos destacar a melhora considerável no tamanho e na quantidade de mitocôndrias, o que vai favorecer a produção de energia de maneira aeróbia. Destacamos também o aumento das enzimas envolvidas no ciclo do ácido cítrico, assim como no número de transportadores de glicose (GLUT-4), garantindo maior suprimento de glicose durante a atividade física (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Tecido muscular liso — Apresenta características similares ao tecido muscular estriado cardíaco, já que realiza contrações de maneira involuntária, ou seja, sem interferência de nossa vontade. Esse tecido auxilia as funções do estômago, do intestino e do útero. Para esses tipos de vísceras, é fundamental a participação do tecido muscular, já que os diferentes tipos de contração auxiliam nos movi- mentos peristálticos, como os movimentos realizados pelo esôfago para conduzir a comida até o estômago. Esse tecido se difere dos outros principalmente pela velocidade de contração, sendo a mais lenta dos tecidos musculares.
Tecido muscular cardíaco — É capaz de realizar contrações involuntárias manifestas em forma de batimentos cardíacos, portanto encontra-se exclusi- vamente no coração. Esse tipo de tecido tem características tanto do tecido muscular esquelético, como do tecido muscular liso, apresentando fibras estriadas de formação mais complexa (compreendidas por sarcômeros), que são o complexo de proteínas que inclui a actina e a miosina. Porém, diferente do músculo estriado esquelético, a ação das fibras cardíacas é coordenada de maneira involuntária, por meio de um sistema de autoestimulação liderado por estruturas especiais, os nódulos cardíacos (nódulo sinoatrial e atrioventricular), o que confere a esse órgão característica semelhante ao tecido muscular liso. Pela ação de contração contínua do coração, as paredes desse órgão pre- cisam ser fortes; para isso, o músculo cardíaco precisa de células menores, ramificadas e intimamente unidas e sincronizadas, as quais apresentam discos intercalares para que a estimulação elétrica trafegue entre elas sem bloqueios.