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com os meios interprativos necessário apra poder fazer uma hermeneutica aceitável
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Acreditamos que a Bíblia é a Palavra de Deus e que o Senhor, de fato, fala
conosco de forma viva pelas Escrituras. Por isso, a interpretação e a compreensão
bíblica correta para nós é um fator imprescindível. Um dos aspectos mais desafiadores
para a leitura das Escrituras é que não existe compreensão de um texto sem que haja
interpretação. A Bíblia é Deus falando conosco por palavras humanas; ela deve ser
interpretada como qualquer outro livro em relação a diversas regras, ela não é um livro
como qualquer outro, ela é a palavra de Deus inspirada: “Mas, para fins de
interpretação, a Bíblia não apresenta um tipo especial de mágica que muda as normas
básicas de interpretação literária” (SPROUL, 2003, p. 67)
Além disto, a Bíblia está distante de nós em diversos aspectos, como veremos
adiante, o que faz com que nossa leitura dela exija um esforço consciente de
interpretação.
A Hermenêutica é geralmente estudada com o objetivo de interpretar as produções literárias do passado. Sua tarefa especial é mostrar o caminho pelo qual as diferenças ou a distância entre o autor e seus leitores podem ser removidas. Ela nos ensina que isso só é realizado adequadamente quando o leitor se transporta para o tempo e o espírito do autor. No estudo da Bíblia, não é suficiente entendermos o significado dos autores secundários (Moisés, Isaías, Paulo, João, etc.); devemos aprender a conhecer a mente do Espírito. (BERKHOF, 2004 p. 9)
Este curso propõe o estudo dos princípios de interpretação das Escrituras, com
coerência bíblica teológica e prática, na busca de contribuir com uma formação para
o exercício da reflexão teológica e do ministério cristão de forma consistente, viva e
cheia do temor do Senhor. O curso é dividido em quatro módulos, oito unidades e
dezesseis aulas, compondo oitenta horas de curso.
Visão geral sobre a hermenêutica como a arte e a ciência crítica da
interpretação dos textos bíblicos. Análise crítica das várias correntes hermenêuticas
apontando para o principal problema da interpretação pós-moderna com sua ênfase
subjetiva. A base da hermenêutica bíblica a partir da intenção autoral.
Refletir sobre a definição e importância da Hermenêutica.
Havia uma tendência entre crentes sinceros de acreditar que a Bíblia não seria um livro para ser estudado. Essa tendência era incorreta? Poderia o estudo sistemático e acadêmico das Escrituras levar o estudante a um esfriamento espiritual?
Um dos textos que foi usado para defender a tendência de que a Bíblia não
seria um livro para ser estudado foi o seguinte: “As coisas encobertas pertencem ao
Senhor, ao nosso Deus.” (Dt 29.29a). Afirmava-se que aquilo que não se compreende
de forma clara e simples nas Escrituras, pois seriam as realidades encobertas que
pertenceriam apenas a Deus; portanto, o estudo teológico acadêmico seria
completamente dispensado e até mesmo perigoso. No entanto, essa preocupação,
quase não existe hoje, embora ela não fosse, de todo sem sentido, pois muitos
estudantes de Teologia passaram a estudar a Bíblia apenas academicamente, sem
prestar atenção aos aspectos espirituais que levam a piedade, ao temor do Senhor, à
devoção, à necessidade de crescimento e transformação à semelhança de Cristo.
Alguns, por influência de teologias liberais e por descuidos, chegam mesmo a se
esfriar na fé e a abandonar os propósitos de Deus.
Eugene Peterson, em sua obra, “Espiritualidade subversiva”, conta sua
experiência dizendo que cresceu cercado por advertências quanto aos perigos dos
seminários (PETERSON, 2009, p. 75-76). A tradição sectária na qual foi formado não
via nenhuma vantagem no aprendizado. Pensar sobre Deus não o levaria a lugar
algum, a não ser a um problema. Insistiam para que ele somente cresse. Para aquelas
pessoas da tradição sectária que tentava mentoriar Peterson, o cérebro ficava
praticamente intocado enquanto o Espírito Santo enchia o coração que louvava com
sinceridade. Eles acreditavam que os seminários eram como cemitérios da
espiritualidade e da fé. Assim, ele recebia advertências de fim de mundo e juízo final
pelo simples desejo de ir a um seminário. O cérebro era considerado razoavelmente
inofensivo se usado para executar tarefas fáceis do cotidiano, mas, se o cérebro se
atrevesse a buscar a reflexão teológica sobre Deus e seus propósitos, a fazer
perguntas complicadas e a pesquisar os grandes tratados de teologia, certamente
desenvolveria uma malignidade que rapidamente contaminaria a alma.
Por isso os amigos de Peterson viam a busca acadêmica e teológica como um
câncer intelectual que era a maior causa conhecida de morte da alma. Muitas das
advertências vinham acompanhadas de exemplos históricos de pessoas que
naufragaram na fé. Segundo Peterson (2009, p.76): “A única coisa prudente a fazer
era evitar os seminários completamente, a qualquer preço, eles são perigosos demais
para se arriscar uma vocação”.
Mas, apesar das advertências e das histórias, Peterson conta-nos que foi para
o seminário. Levando consigo as advertências e temores, mas foi. Quarenta anos
depois, não tendo apenas frequentado, mas também lecionando em alguns deles,
pelo menos em parte, ele teve que concordar com aquelas pessoas, pois de fato há
um grande desafio em estudar sobre Deus e manter a intimidade com o Senhor.
Não encontrei nenhuma prova de que qualquer das advertências estivesse errada – ou mesmo fosse exagerada. A formação dos seminários é perigosa e muitos perderam a fé nas salas de aula e bibliotecas de seminários. Muitos outros, ainda que não tenham sido retirados num caixão, ficaram mutilados ou atrofiados, quer quase imperceptivelmente, quer escancaradamente. (PETERSON, 2009, p. 76)
Conquanto assuma o valor da advertência dos irmãos de oração da igreja,
Eugene Peterson se tornou um grande escritor, teólogo e conferencista, aliando o
estudo teológico e o temor do Senhor. Há um caminho melhor. Depois de afirmar que
as “coisas ocultas pertencem a Deus” Moisés continua explicando: “[...] mas as
o particípio presente médio de kaiomai , queimar. “Construção perifrástica enfatizando
a continuação da emoção.” (RIENEEKER; ROGERS, 1972, p. 159).
A intepretação e explicação, ou exposição das Escrituras, portanto, de acordo
com a própria Escritura, toca o mais profundo do nosso ser, desafiando-nos a atitudes
concretas. A interpretação, para a exposição correta das Escrituras, exige trabalho
árduo, e compromisso com o testemunho daquele que fala e faz os corações arder.
Os gregos tinham deuses para tudo. Hermes é o nome dado ao deus grego
considerado o porta-voz ou intérprete dos outros deuses. Há uma situação nas
Escrituras ligada ao apóstolo Paulo que demonstra como isso estava na cultura do
povo. Depois de Paulo haver ministrado a cura a um paralítico, as pessoas tomaram
esse fato como uma visitação dos deuses, identificando o apóstolo com o porta-voz
do panteão helênico (Hermes) por ser ele o portador da palavra. E queriam adorá-lo
(At 14.2).
O termo intepretação vem do verbo grego hermeneuein, que tem dois sentidos importantes: o termo designa, ao mesmo tempo, o processo (elocução, dizer, afirmar algo) e a interpretação (ou da tradução). Nos dois casos, estamos diante de uma transmissão de sentido, que pode se operar em duas direções; ela pode (1) ir do pensamento para o discurso, ou (2) remontar do discurso para o pensamento. Atualmente, só falamos de interpretação para caracterizar o segundo processo, que remonta do discurso para o pensamento que se encontra por trás, mas os gregos já pensavam a elocução como um processo ´hermenêutico´ de mediação de sentido, designado, então, pela expressão ou pela tradução do pensamento em palavras. O termo hermeneia serve, portanto, para nomear o enunciado que afirma algo. (GRONDIN, 2012, p. 18)
No contexto acadêmico mais amplo, Hermenêutica passou a ser compreendida
como a ciência crítica da interpretação. Para nós, cristãos, Hermenêutica é a ciência
(princípios) e arte (tarefa) de apurar o sentido do texto bíblico (ZUCK, 2009, p. 22).
Contudo, deve-se lembrar que o termo, ainda que esteja no Novo Testamento,
vem da cultura grega e tem nas ciências um sentido mais amplo do que interpretação
bíblica. A Hermenêutica está presente no Direito, na Filosofia e outras disciplinas.
Mas, de fato, a interpretação é um fato bíblico, não apenas grego, não apenas
da academia secular. A definição de Hermenêutica nos aponta para as próprias
palavras de Cristo, que indicam um caminho melhor, do que aquele que poderia nos
conduzir para a frieza e dureza de coração: “Jesus, porém, respondendo, disse-lhes:
Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mt 22. 29 ) Um fato não
precisa eliminar o outro; antes pelo contrário, se quisermos ser fieis a Cristo
precisamos vivenciar tanto o estudo sério e comprometido com as Escrituras, como
precisamos buscar conhecer e experimentar o poder de Deus.
Nem mesmo, poderia se dizer que a Hermenêutica, como estudo sistemático e
exposição, ou explicação das Escrituras, nos esfriaria quanto ao evangelismo. O
compromisso sério com a exposição das Escrituras, como nos define a própria Bíblia,
convence os corações e estabelece as bases para uma fé segura e consistente.
Quando Filipe foi levado pelo Espírito Santo para se encontrar com o tesoureiro da
rainha dos etíopes, aquele ouviu o homem lendo o texto do profeta Isaias (At 8.26-
29). A pergunta de Filipe é de grande importância para entendermos Hermenêutica e
evangelização: “Entendes o que vens lendo?” (At 8.30). O homem respondeu: “Como
poderei entender, se alguém não me explicar?” (v. 31).
Conrad Kannhauer que, inclusive, usa o termo Hermenêutica como título de uma de
suas obras, Hermenêutica sacra sive methodus exponnendarum sacrum litterarum , de
No tempo de Schleiermacher já havia todo um processo hermenêutico, contudo
sua esperança era desenvolver uma “hermenêutica universal” que ainda não existia.
“E se a hermenêutica deve adquirir um estatuto universal, é enquanto arte geral do
entender, Kunst (frequentemente: kunstlehre ) des Verstehens .” (GONDIN, 2012, p.
26). Na sua busca de desenvolver uma Hermenêutica universal, com ênfase
psicológica, ele passou a ser considerado um grande expoente da tarefa
Hermenêutica na modernidade. Ele apresentou uma teoria coerente e plausível para
a interpretação dos textos, comunicação entre orador e receptor com uma base
voltada para um contexto social e linguístico em comum. O problema, para nós, em
relação à hermenêutica de Schleiermacher, está na medida em que ele rejeita a
autoridade das Escrituras e tudo o que nela está ligado à revelação e ao sobrenatural,
pois rejeitou o pressuposto de que a Bíblia é autoritativa, regra de fé e prática do
cristão.
Todas as pessoas que anseiam por um conhecimento melhor das Escrituras
deveriam aprender um pouco sobre regras de interpretação. Silva (2009, p. 15) coloca
alguns aspectos importantes, pelos quais leitores interessados em aprofundar o
conhecimento bíblico deveriam observar: 1. Há um grande distanciamento cultural
entre nós e os escritores e receptores do texto; 2. Ainda que as Escrituras não sejam
de leitura complexa no seu todo, o conhecimento na área da linguagem, do estilo
literário, do contexto histórico geográfico podem ajudar; 3. Além disso, o caráter divino
das Escrituras sugere que precisamos adotar alguns princípios especiais que não
seriam relevantes para o estudo de outros escritos.
Há vários ensinos das Escrituras que estão muito claros, e devemos nos
lembrar do esforço de Lutero e Calvino para ajudar o povo a ter a Bíblia nas mãos
para poder lê-la e interpretá-la. Contudo, a hermenêutica se coloca como fator
decisivo, para aquele que pretende se aprofundar nos assuntos que desafiam o
estudo mais diligente do teólogo.
O que ocorre, na realidade, é que precisamos da hermenêutica não somente pelo fato de a Bíblia ser um livro divino, mas porque, além de ser divino, é um livro humano. Estranho como pode soar aos ouvidos, esta maneira de olhar nosso problema pode colocar-nos no caminho certo. [...] Quando nos aproximamos da Bíblia, todavia, encontramos um livro que não é escrito nem em nossa língua, nem em uma linguagem moderna que se relaciona intimamente com o português. Além disso, somos confrontados com um texto que está extremamente distante de nós quanto ao tempo e espaço. Então, percebemos que, com respeito tanto à linguagem quanto à história, a interpretação da Bíblia impõe um desafio para nós. (SILVA, 2009, p. 16,19)
A interpretação das Escrituras, seu estudo, ensino e explicação, como já foi
demonstrado, é um fator Bíblico, de onde encontramos incentivo e motivação para a
Hermenêutica, isso pode ser visto no próprio Antigo Testamento, no exemplo que
encontramos no livro de Neemias, quando Esdras e seus amigos, “Leram no livro, na
Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se
lia.” (Nm 8.8). No Novo Testamento, além de outros textos já citados, encontramos a
exortação de Pedro sobre o desafio de compreender textos difíceis, o cuidado de não
nos envolvermos com interpretações e aplicações maldosas, e o desafio de crescer
no conhecimento de Cristo.
[...] e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor Jesus Cristo, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada ao falar a cerca destes assuntos como, de fato, costuma fazer em todas as epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza, antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2 Pd 3.16)
Refletir sobre a busca por significado como discussão dos tempos pós-modernos que
exigem uma resposta do Cristianismo bíblico.
a busca por significado bíblico;
Escrituras;
Existe algo como significado de um texto? Alguns representantes da
hermenêutica pós-moderna rejeitam a ideia de que há um significado no próprio
texto, pois o significado seria dado pelo leitor do texto.
Kevin Vanhoozer discute esse tema de forma exaustiva no seu livro Há um significado neste texto? Interpretação bíblica: os enfoques contemporâneos. O livro foi publicado no Brasil em 2010.
Na busca do significado de um texto, de forma especial, no texto bíblico,
encontramos propostas muitos simplistas que tentam retirar o texto de seu contexto
histórico para responder aos anseios existenciais de nossas vidas, ou aos anseios do
pregador pragmático na busca de satisfazer necessidades emotivas e imediatistas de
um público exigente de que seus anseios antropocêntricos sejam respondidos,
desejos como o de bem estar, prazer, consumo e outros. Encontramos também
propostas mais elaboradas que roubam corações e mentes do apego às Escrituras.
Essas propostas precisam ser analisadas e discutidas de forma séria. Nessa aula
procuramos desenvolver essa tarefa com a ajuda de estudiosos que têm se debruçado
sobre o assunto, sem medo de analisar as propostas, contudo firmados nos
pressupostos e axiomas das Escrituras.
No amplo contexto evangélico, na prática da vida cristã do dia a dia, algumas
possíveis atitudes básicas e práticas são encontradas, na busca de significado e
precisam ser evitadas: uma dessas atitudes é a de ler o texto e imediatamente fazer
aplicações, sem uma compreensão mais ampla do sentido real do mesmo no seu
contexto. É preciso, portanto, evitar esse tipo de posicionamento hermenêutico. Nessa
corrente, a pergunta que fazem de forma imediata é: “O que este texto significa para
mim?”
Veremos que o estudo das Escrituras comprometido com a vida cristã na
prática, sempre buscará as aplicações existenciais do texto estudado, mas antes,
sempre será necessário compreender o texto e suas implicações no seu contexto
histórico. Isso nós veremos de forma ampla nesse curso. Outra atitude a ser evitada
é aquela que pode nos tomar quando estamos ensinando as Escrituras e somos
tentados a dizer: “Numa interpretação livre, o que podemos entender deste texto é...”.
A pessoa que ama o Senhor, e acredita na autoridade das Escrituras sabe que não
há uma interpretação livre do texto. Na teologia conservadora, assumida por esse
curso, a interpretação sempre estará comprometida com os princípios teológicos da
cosmovisão cristã bíblica.
De acordo com o professor Gordon Fee (2011, p. 23 ), “Em especial,
concordamos com o argumento de que a Bíblia não precisa ser um livro de difícil
compreensão, se for corretamente lida e estudada.” Há espaço, portanto, para que
pessoas com pouco conhecimento teológico continuem estudando as Escrituras de
forma séria e buscando aplicá-las em suas vidas. Portanto, não se está desprezando
o estudo das Escrituras pelos membros comuns da igreja, nem o estudo aprofundado
das Escrituras pelos teólogos e interessados no assunto, e, sim, colocando as coisas
no lugar correto. As Escrituras podem ser lidas, cridas e obedecidas por todos aqueles
que receberem iluminação do Espírito Santo. No entanto, precisamos admitir que uma
busca de significado no texto bíblico ocorre quando somos desafiados pelo fato de