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helen keller: experiências e concepções sobre a leitura, Notas de estudo de Comunicação

autobiográfica de Helen Keller, escritora estadunidense com deficiências visual e auditiva. ... Após a chegada de Anne Sullivan, Helen Keller aprende a se.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Marcela_Ba
Marcela_Ba 🇧🇷

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HELEN KELLER: EXPERIÊNCIAS E CONCEPÇÕES SOBRE A LEITURA
Rafael Leonardo da Silva
Orientadora: Profª. Drª. Simone Reis
RESUMO
Este trabalho é parte do projeto Pensamento Crítico para Ação Transformadora
(PPCAT), que busca contribuir para a produção de pesquisa em letramento
crítico em língua estrangeira no Brasil. Adotamos visão construcionista social
do conhecimento, considerando a linguagem um instrumento de poder
construído no meio social. Sob esta perspectiva, o indivíduo tanto transforma a
sociedade quanto é por ela transformado (SCHWANDT, 2003). Nesta
comunicação, Procuramos analisar o livro The Story of My Life (1904), narrativa
autobiográfica de Helen Keller, escritora estadunidense com deficiências visual
e auditiva. Apresentamos um breve resumo da obra e buscamos identificar e
interpretar subjetivamente as experiências da autora relacionadas à leitura
utilizando o conceito de Benjamin (1999), que define a experiência como algo
que resiste ao tempo e permite diversas interpretações. Propomos, nesta
comunicação, uma opção para análise crítica desta obra, a fim de que seja
possível observar como tais experiências influenciam e se relacionam a
acontecimentos da vida e a visão de mundo da autora.
Palavras chave: Letramento crítico, educação de professores, leitura
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HELEN KELLER: EXPERIÊNCIAS E CONCEPÇÕES SOBRE A LEITURA

Rafael Leonardo da Silva Orientadora: Profª. Drª. Simone Reis

RESUMO

Este trabalho é parte do projeto Pensamento Crítico para Ação Transformadora (PPCAT), que busca contribuir para a produção de pesquisa em letramento crítico em língua estrangeira no Brasil. Adotamos visão construcionista social do conhecimento, considerando a linguagem um instrumento de poder construído no meio social. Sob esta perspectiva, o indivíduo tanto transforma a sociedade quanto é por ela transformado (SCHWANDT, 2003). Nesta comunicação, Procuramos analisar o livro The Story of My Life (1904), narrativa autobiográfica de Helen Keller, escritora estadunidense com deficiências visual e auditiva. Apresentamos um breve resumo da obra e buscamos identificar e interpretar subjetivamente as experiências da autora relacionadas à leitura utilizando o conceito de Benjamin (1999), que define a experiência como algo que resiste ao tempo e permite diversas interpretações. Propomos, nesta comunicação, uma opção para análise crítica desta obra, a fim de que seja possível observar como tais experiências influenciam e se relacionam a acontecimentos da vida e a visão de mundo da autora.

Palavras chave: Letramento crítico, educação de professores, leitura

Introdução

Neste trabalho, propomos uma interpretação subjetiva da obra autobiográfica da escritora estadunidense Helen Keller, The Story of my Life. Adotamos epistemologia construcionista social, consideramos a linguagem como dotada de poder, permitindo que, através dela, o indivíduo transforme a sociedade assim como seja por ela transformado (SCHWANDT, 2003, 2006). Focamos a nossa análise nas experiências da autora, trechos que narram acontecimentos de sua vida que podem resistir ao tempo e possibilitam variadas interpretações (BENJAMIN, 1996, 1999), principalmente no que diz respeito às suas experiências relacionadas à leitura. Meu objetivo nesta apresentação é defender o argumento de que Helen Keller, portadora de deficiência visual e auditiva, e que durante sua vida tem a oportunidade de desenvolver habilidades de letramento, percebe que Letramento não é só uma forma necessária para viver o mundo, mas também coloca regras para participar dele.

Este artigo se divide em quatro partes. Na primeira, apresentamos os pressupostos teóricos a serem utilizados na análise. Em seguida, descrevemos o objeto de pesquisa, a biografia de Helen Keller. Após isso, apresentamos a análise. Por fim, há a conclusão e a bibliografia utilizada.

1. Fundamentação Teórica 1.1 O construcionismo social

Utilizamos, neste trabalho, a concepção construcionista social de que o conhecimento não é algo concreto, que possui apenas uma forma; ao invés disso, ele se une ao conhecimento prévio do indivíduo e é por ele assimilado através de negociação de interpretações (SCHWANDT, 2003, 2006). Assim, o modo no qual assimilamos uma nova informação está diretamente ligado às nossas experiências sociais, históricas e linguísticas. Esta visão discorda do realismo do significado , que pressupõe a existência de um conhecimento objetivo e fixo que pode ser entendido por todos de apenas uma forma, independente de suas experiências de vida.

capturado por um rei persa, Cambises. Heródoto conta que Psammenit, ao ver sua filha como criada dos persas e seu filho caminhando rumo à sua execução, não demonstra qualquer reação aparente. Porém, ao ver um criado seu como um escravo persa, o rei egípcio desesperou-se. Esta história possibilita diversas interpretações.

2. O livro The Story of my Life

Helen Keller foi uma escritora estadunidense que possuía deficiências visual e auditiva. Sua obra autobiográfica, The Story of my Life, foi publicada pela primeira vez em 1903. Nela, a autora narra os principais acontecimentos de sua vida, desde a sua infância até a sua vida na universidade de Radcliffe.

Como Helen diz no começo de sua narrativa, não há como sabermos se os acontecimentos descritos antes de seu aprendizado ocorreram realmente. A escritora descreve o modo utilizado para se comunicar com seus pais e amigos durante o período anterior à vinda de sua professora que a acompanharia em toda a sua vida, Anne Sullivan. Helen utiliza alguns sinais básicos para pedir o que desejava no momento. Ela escreve, porém, que era uma criança que gritava muito, descontrolando-se facilmente.

Após a chegada de Anne Sullivan, Helen Keller aprende a se comunicar com outras pessoas através do tato. Além disso, adquire a habilidade de ler lábios para saber o que os outros estão dizendo. Tendo utilizado, até aquele momento, apenas sinais para representar objetos específicos, Helen tem grande dificuldade em aprender a usar sentenças. Outro grande obstáculo foi o aprendizado de conceitos abstratos, como o amor, o que é descrito em detalhes na narrativa.

Um aspecto marcante, e que contribuiu para a escolha desta obra para ser analisada neste trabalho, é a relação de Helen Keller com a leitura. No decorrer da autobiografia, podemos perceber o papel fundamental dos livros na educação da escritora, contribuindo para a formação de o que ela

entende sobre o mundo. Nesta obra, Helen até mesmo descreve com detalhes os seus livros favoritos.

3. Metodologia

Com base no construcionismo social e nas experiências como descritas por Benjamin (1996, 1999), decidimos analisar a obra de Helen Keller, limitando a nossa observação às suas experiências relacionadas à leitura e às suas práticas de letramento. A análise de aspectos como a sua relação com sua família, as contribuições de sua professora, a interação com colegas e amigos e sua educação formal contribui para que possamos entender como se dá o seu processo de aprendizagem.

4. Análise

Desde o começo da autobiografia, Helen Keller discorre sobre a importância de sua família em sua educação. Após a doença que a deixou com deficiências visual e auditiva, a garota, com pouco mais de um ano de idade, não conseguia se comunicar. Isto criou uma certa urgência para a aprendizagem de Helen, que se desesperava por não conseguir se expressar adequadamente ([...] the need of some means of communication became so urgent that these outbursts occurred daily, sometimes hourly. [s/p.])

Mesmo com poucas esperanças de que algo pudesse ser feito para curar suas deficiências ou até mesmo de que um professor se dispusesse a ensiná-la (We lived a long way from any school for the blind or the deaf, and it seemed unlikely that any one would come to such an out-of-the-way place as Tuscumbia to teach a child who was both deaf and blind. [s/p.]). As tentativas de encontrar um médico foram frustradas, mas uma professora finalmente foi encontrada. Podemos perceber o apoio da família no que diz respeito à sua educação, apoio motivado por um romance lido pela mãe de Helen (My mother’s only ray of hope came from Dickens’ “American Notes”. [s/p.]).

delightedly, while the little deaf child must trap them by a slow and often painful process. But whatever the process, the result is wonderful. [s/p.]

Desde o começo do processo de letramento de Helen Keller, Anne Sullivan a incentivava a lembrar do conteúdo estudado através de histórias fictícias e explicações detalhadas. Esta dedicação por parte da professora foi, pelo que podemos perceber pela narrativa, essencial para que a escritora desenvolvesse o seu gosto pela leitura e pelo aprendizado.

A figura de Anne Sullivan está presente em vários pontos importantes da vida de Helen. Percebemos, na autobiografia, que a escritora tem a professora como uma confidente que a ajuda a superar as dificuldades encontradas no caminho (No one knew of these fears except my teacher. [p. s/p.]). Podemos perceber, portanto, que Anne Sullivan abriu as portas do mundo para Helen, mas a interação com outras pessoas se fazia necessária para que ela pudesse obter mais conhecimento e experienciar dificuldades relacionadas à interação.

O primeiro contato de Helen com crianças com deficiência visual a deixou maravilhada, pois poderia finalmente utilizar sua forma de comunicação com outras pessoas além de sua professora (Until then I had been like a foreigner speaking through an interpreter. [s/p.]). Curioso notar que, apesar de suas deficiências, Helen sentia pena daquelas crianças (I knew I could not see; but it did not seem possible that all the eager, loving children who gathered round me and joined heartily in my frolics were also blind. [s/p.]). Esta experiência, como podemos observar, foi uma novidade para Helen, que dificilmente tivera a oportunidade de interagir diretamente com pessoas, sem antes transmitir a mensagem para Anne Sullivan.

As amizades também contribuíram para que Helen evoluísse em seu aprendizado. O relato em que ela narra sua ida à Feira Mundial junto a Alexander Graham Bell evidencia isto (From these relics I learned more about the progress of man than I have heard or read since. [s/p.]). Além disso, discorre sobre o ato de compartilhar conhecimento com colegas de classe

([...]we discussed our studies and read aloud the things that interested us. [s/p.]).

As instituições tiveram um papel importante no letramento de Helen, pois estabeleceram regras para que ela vivesse e pudesse interagir com o mundo. Um episódio importante em sua vida foi quando a escritora, em sua infância, foi acusada de plágio. Na situação, ela havia escrito uma história que se parecia muito com um livro infantil conhecido na época. Helen não assume a culpa no incidente, atribuindo a sua falta de informação uma característica externa a ela mesma:

At that time I eagerly absorbed everything I read without a thought of authorship, and even now I cannot be quite sure of the boundary line between my ideas and those I find in books. I suppose that is because so many of my impressions come through the medium of others’ eyes and ears. [s/p.]

A escritora, porém, foi capaz de superar este acontecimento, tendo a consciência de que as regras do letramento que devem ser obedecidas pelas pessoas comuns também se aplicam a ela (Gradually I emerged from the penumbra of that experience with a mind made clearer by trial and with a truer knowledge of life. [s/p.]). Obedecendo estas regras, Helen diz amadurecer.

Por fim, a vida na universidade também desagrada a escritora, que tem de mudar a sua rotina e seus hábitos de leitura. Helen queixa-se quanto à quantidade de leituras obrigatórias e à falta de tempo para pensar e refletir quanto ao seu aprendizado. Deste modo, outras regras lhe são impostas, as do mundo acadêmico, mudando mais uma vez sua concepção sobre a leitura: o que antes era apenas prazeroso e ajudava-a a compreender o mundo, quando se torna obrigação, é apenas um meio de adquirir conhecimento, sem nenhuma ligação emocional e imaginação (When one enters the portals of learning, one leaves the dearest pleasures – solitude, books and imagination – outside with the whispering pines [s/p.]).

reduzindo seu tempo de reflexão e aumentando as leituras obrigatórias, que muitas vezes a desagradavam.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIN, W. O Narrador. Considerações sobre a Obra de Nikolai Leskov. In Obras Escolhidas I. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1996.

SCHWANDT, T. Três posturas epistemológicas para a investigação qualitativa: interpretativismo, hermenêutica e construcionismo social , in DENZIN, N. K. , LINCOLN, Y. S. e colaboradores. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens , Porto Alegre: Bookman e Artmed, 2006.

KELLER, Helen. The Story of my life. Arizona: Project Gutenberg, 2000. Disponível em: http://www.gutenberg.org/cache/epub/2397/pg2397.html. Acesso em: 28 de maio de 2012.