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Uma unidade didática para ensinar a leitura de clássicos a estudantes do 3º ano do ensino médio, utilizando contos como textos introdutórios devido à sua estrutura e complexidade menores. Além disso, é enfatizado o atendimento ao horizonte de expectativas dos alunos e é sugerido o filme 'desafiando gigantes' como uma ferramenta para motivar a leitura. A unidade didática também inclui perguntas sobre um conto específico e explicações sobre iluminuras.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
1.1.PROFESSORA PDE: Inês Cardin Bressan
1.2.ÁREA: PDE: Língua Portuguesa
1.3.NRE: Cornélio Procópio
1.4.PROFESSORA ORIENTADORA: Diná Tereza de Brito
1.5.IES: UENP
Ensino e aprendizagem de leitura dos clássicos para os alunos do 3º ano do
Ensino Médio
interação entre o leitor com o autor, visto que lhes são apresentados episódios
semelhantes àqueles que eles vivenciam em sua existência diária. Desta forma,
espera-se que o aluno consiga reinterpretar a obra lida e colocar-se de maneira
coadjuvante no processo.
Esta Unidade Didática será desenvolvida com os alunos do 3º ano do
Ensino Médio, do Colégio Estadual Monteiro Lobato, e está organizada em cinco
unidades, de acordo com as etapas do Método Recepcional. Em cada unidade será
trabalhado um tema específico, e com sugestões de atividades para os alunos. A
média para a execução de cada unidade é de quatro aulas, podendo variar de
acordo com a receptividade e o desenvolvimento das duas turmas.
O tema fulcral para a realização deste trabalho é, a partir da leitura dos
contos selecionados, os alunos conseguirem migrar para a leitura dos clássicos com
a mesma temática, ou temática aproximada. Para tanto, buscamos entre Os cem
melhores contos brasileiros do século organizado por Ítalo Moriconi, e Os cem
menores contos brasileiros do século organizado por Marcelino Freire, os textos
para a realização das atividades, que estão propostas após cada conto apresentado.
Espera-se, portanto, que após a leitura deles (textos mais curtos), os alunos
aprendam a gostar, ou a se acostumar com a leitura e migrem para os clássicos com
menos dificuldades.
A proposta aqui é a elaboração de um material didático para os alunos do 3º
ano do Ensino Médio, construído utilizando como referência o Método Recepcional.
Seguir-se-ão, portanto, as etapas de tal método, que são:
De acordo com Bordini e Aguiar (1993), nesta etapa, o professor terá que, através
de algumas técnicas, como diálogo, questionamento, discussões e pesquisas de
opinião, determinar os valores prezados pelos alunos que podem ser referentes ao
lazer, ao trabalho, a preconceitos de ordem moral ou religiosa, e ainda quais são os
valores e familiaridade deles em relação à literatura, bem como o interesse deles por
uma obra ou por um tema específico. Tal postura prevê a motivação para as outras
aulas.
Quatro aulas
Nesta atividade específica, inicialmente, será apresentado o filme
“Desafiando Gigantes”. Em seguida será proposta a produção textual, na qual eles
se apresentem, estabelecendo seus gostos, suas opções e seus sentimentos.
Depois, eles deverão responder as perguntas propostas e entregar anexas ao texto
para o professor.
A). Assistir ao filme “Desafiando Gigantes”
Sinopse: De acordo com informações retiradas do site http://www.interfilmes.com, a
sinopse do filme “Desafiando Gigantes” mostra que nunca de deve desistir, nunca se
deve voltar atrás nem perder a fé na possibilidade de vencer. Grant Taylor é um
técnico de futebol americano que nunca conseguiu uma vitória expressiva para seu
time Shiloh Eagles. Apesar de ter que enfrentar homéricas crises profissionais e
pessoais, nunca se deixou abater. É apenas depois que um visitante inesperado o
desafia a acreditar no poder da fé que ele descobre a força da perseverança para
vencer.
Duas aulas
Nesta atividade, a leitura poderá ser realizada pelo professor, de forma
eficiente para depois os alunos responderem às questões propostas. A elaboração
das questões respeita a teoria de Menegassi (1995) que apresenta as etapas do
processo de leitura como sendo: a decodificação, a compreensão, a interpretação e
a retenção. Entre todas as etapas está a inferência, que é o processo que perpassa
por todas elas e se efetiva em todas as fases. Elas ocorrem concomitantemente, e
possibilitam certa harmonia no processo.
A decodificação está diretamente ligada à compreensão, por isso nesta fase é
importante buscar atividades que esclareçam dúvidas sobre vocabulário, ligando-o a
um significado. A compreensão é a interação do leitor com o texto. Aqui se verifica
se o leitor possui informações sobre o tema em seu arquivo de memória. Desta
forma, o leitor agrega ao seu conhecimento as novas informações e produz uma
outra informação melhor construída. Na fase da interpretação, o leitor percebe o
implícito no texto. Há a análise da nova informação produzida, reflexão sobre ela e
emissão de julgamento de valor sobre a nova informação, assim, produz-se um novo
texto. A retenção é a fase na qual tudo o que foi produzido nas fases anteriores,
internaliza-se e começa a fazer parte do conhecimento prévio do leitor.
Nas questões elaboradas a partir do conto “Felicidade Clandestina”, de Clarice
Lispector, buscou-se a cada questão, respeitar as fases citadas acima.
A). Leitura oral do conto pelo professor e realização das questões propostas.
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia” e “saudade”. Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
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construções sintáticas e responda: qual o significado das expressões “nós ainda
éramos achatadas”; “letra bordadíssima”; “data natalícia”?
Professor, aproveite para explicar o significado das Iluminuras, que é a pintura
decorativa utilizada nas letras iniciais capitulares dos textos medievais.
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arruivados, a deixa em desvantagem com as demais amigas. Por quê?
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na forma, na cor da pele, no cabelo? Como você lida com essa situação?
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Você já se sentiu assim diante de um livro?
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De acordo com Bordini e Aguiar (1993), nesta etapa, o professor deverá
proporcionar à classe experiências com os textos literários que busquem satisfazer
dois apelos: o primeiro, quanto ao objeto, pois os textos escolhidos em sala de aula
deverão ser do agrado dos alunos; o segundo, as estratégias deverão ser
organizadas e conhecidas por eles e, acima de tudo, ser de seu agrado.
Nesta fase, serão selecionados a partir da expressão dos alunos, os textos
(contos) com a temática estabelecida por eles, ou atendendo o apelo da maioria.
Aproveita-se nesta etapa, a leitura oral, e a gravação em vídeo a fim de aperfeiçoar
as habilidades e competências deles. Pretende-se também, realizar uma sessão de
leitura, que será oral e expressiva e adequada à situação. Como sugestão de
atividade para casa, e a fim de conhecê-los melhor, sugere-se a realização de um
diário de leitura, no qual, serão escritas as sensações e a experiência ocorridas.
Duas aulas
diapasão dos outros era o mesmo. Aquele peru comido a sós, redescobria em cada um o que a cotidianidade abafara por completo, amor, paixão de mãe, paixão de filhos. Deus me perdoe mas estou pensando em Jesus... Naquela casa de burgueses bem modestos, estava se realizando um milagre digno do Natal de um Deus. O peito do peru ficou inteiramente reduzido a fatias amplas.
do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobrem o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las. Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade, sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade. Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: é a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes. O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo - os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio – quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão. A última boca repete - Ele morreu, ele morreu. E a gente começa a se dispersar. Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto. Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos. Um menino de cor e descalço vem com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.
FONTE: TREVISAN, Dalton. In Os cem melhores contos brasileiros do século. Org. Ítalo Moriconi. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Cheguei à portaria daquele edifício, em Botafogo, para ver o apartamento, quase ao mesmo tempo que uma mulher. Notei que ela estava nervosa, pelo modo como dava tragadas seguidas no cigarro, amassava com a mão fortemente cerrada o caderno de classificados de um jornal, e também pelo batom que transbordava da linha dos seus lábios, como se houvesse se pintado às pressas. Mas nem por isso era menos bonita ou elegante, usando um vestido listrado, de tecido meio rústico,
que ostentava uma simplicidade que devia ter custado algum dinheiro. Os sapatos pretos grandões, desses de amarrar, concediam-lhe uma aparê ncia um tanto exótica, um ar de força, quase de brutalidade, talvez premeditada, um toque masculino que não impedia de se evidenciar nela a mulher em todos os seus aspectos. Ou talvez eu só tenha pensado essas coisas todas depois, tornando-me capaz de escrever sobre elas desse modo. Naquele instante eu estava preocupado em ver logo o apartamento. Quando o porteiro estendeu a chave na minha direção, pois eu chegara um pouco antes, ela disse com uma voz que pretendia ser durona, igual aos seus sapatos.