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Guias e Dicas
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Avaliação do Consumo Alimentar e Nutricional de Crianças em Creches de São Paulo, Notas de estudo de Energia

Um estudo sobre o consumo alimentar e nutricional de crianças em creches públicas e filantrópicas de são paulo. O objetivo é avaliar a adequação da dieta dessas crianças com as recomendações nutricionais diárias, além de identificar fatores que podem influenciar a aceitação e a qualidade da alimentação oferecida. O documento discute o papel da mãe na formação de hábitos alimentares na infância, as desafios de promover alimentação saudável em creches e as implicações para a preocupação com a alimentação em instituições educacionais.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

PorDoSol
PorDoSol 🇧🇷

4.5

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GIOVANA LONGO-SILVA
CONSUMO ALIMENTAR EM CRECHES PÚBLICAS/ FILANTRÓPICAS DE SÃO
PAULO-SP
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo para Obtenção
do Título de Mestre em Ciências
São Paulo
2010
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GIOVANA LONGO-SILVA

CONSUMO ALIMENTAR EM CRECHES PÚBLICAS/ FILANTRÓPICAS DE SÃO

PAULO-SP

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para Obtenção do Título de Mestre em Ciências

São Paulo 2010

GIOVANA LONGO-SILVA

CONSUMO ALIMENTAR EM CRECHES PÚBLICAS/ FILANTRÓPICAS DE SÃO

PAULO-SP

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para Obtenção do Título de Mestre em Ciências

Orientador: Prof. Dr. José Augusto de Aguiar Carrazedo Taddei Co-Orientador: Profª. Drª. Rita Maria Monteiro Goulart

São Paulo 2010

iii

Dedicatória

À Deus, que me guia sempre ao caminho da felicidade.

Ao meu pai, meu ídolo, pelo incentivo incansável aos meus estudos e por permitir-me fazer minhas próprias escolhas.

À minha mãe, quem despertou o desejo de seguir sua trajetória, por testemunhar a melhor e mais dedicada professora que conheci.

À minha irmã querida, por participar de todas as etapas da minha vida.

“O amor que eu sinto por você me fez voltar, e não pretendo ir a lugar algum em que você não esteja”.

Ao meu namorado, por me fazer ainda mais feliz, e por pacientemente aprender junto comigo.

iv

Agradecimentos Especiais

Ao Prof. Dr. José Augusto A.C. Taddei, responsável pela realização deste sonho, e, sobretudo por quem possuo imensa admiração e carinho. Levarei o exemplo de dedicação à pesquisa.

À Profª Drª Rita M. M. Goulart, por sua valiosa contribuição e por estimular, ainda na graduação, o amor pela Nutrição Materno-Infantil.

À Maysa Helena de Aguiar Toloni, que fez destes anos mais agradáveis e menos árduos. Compartilho com ela cada linha desta tese. “... Que neste lindo espetáculo possamos subir juntas ao palco. Sem protagonistas...”

vi

Ao meu amado primo Thiago (in memoriam), por quem sempre tive imenso apreço e admiração.

Às crianças que participaram deste estudo. Às diretoras das creches pela recepção primorosa e a todos os funcionários que colaboraram com a coleta dos dados e execução desta pesquisa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de mestrado, sem a qual não conseguiria concluir essa jornada.

vii

À FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – pelo apoio financeiro recebido para execução deste trabalho de pesquisa (Projeto CrechEficiente II - Impacto do treinamento de educadores de creches públicas/ filantrópicas nas práticas higiênico-dietéticas e na saúde/ nutrição dos lactentes), por meio de Auxílio à Pesquisa - Regular. Processo nº. 2006/02597-0.

ix

“O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.”

Luis Fernando Veríssimo

Resumo


Resumo

Introdução: A alimentação nos primeiros anos de vida cumpre papel fundamental na manutenção da saúde e formação de hábitos alimentares saudáveis, trazendo consequências importantes a curto e longo prazo. Diversos fatores que caracterizam a sociedade contemporânea têm influenciado no aumento da rede de creches gratuitas nas médias e grandes cidades do país. Estas unidades funcionam por até 12 horas/dia, e de acordo com as diretrizes devem oferecer às crianças 100% das suas necessidades nutricionais diárias. Objetivo: Avaliar o consumo energético e a adequação da dieta de crianças frequentadoras de berçários de oito creches públicas e filantrópicas, no município de São Paulo, SP. Métodos: Estudo transversal descritivo, parte do Projeto Crecheficiente II, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A coleta de dados ocorreu entre agosto e setembro de 2007, nos berçários de oito creches do município de São Paulo, totalizando 16 berçários, que atendem 236 crianças. O consumo alimentar foi avaliado pelo método de pesagem direta durante três dias não-consecutivos. O cálculo nutricional foi realizado utilizando-se o software Diet Win Profissional 2.0®^ e a adequação foi calculada para energia segundo a Necessidade Energética Estimada ( Estimated Energy Requirement – EER, 2002), para proteína, ferro, vitaminas A e C, segundo a Necessidade Média Estimada ( Estimated Average Requirement – EAR) do National Research Council ( 2002) e para cálcio segundo a Ingestão Adequada ( Adequate Intake – AI, 1999). Os dados foram duplamente digitados, validados e analisados no programa Epi-Info 2000, versão 3.4.3. Resultados: A média do consumo alimentar nas creches estudadas demonstrou inadequação para os nutrientes analisados, havendo déficit de energia, ferro e cálcio e excesso de proteína, vitaminas A e C. A distribuição dos percentuais de adequação dos macronutrientes mostrou-se inadequada para lipídeos. Conclusões: Os resultados desse estudo permitiram concluir que não foram atendidas as recomendações nutricionais diárias de energia, ferro e cálcio, tendo excedido as recomendações de proteína, vitamina C e vitamina A, refletindo a

FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA

Fundamentação Científica^2

Alimentação nos primeiros anos de vida

Na infância, a nutrição adequada é fundamental para garantir o crescimento e desenvolvimento normal da criança e a manutenção da saúde, o que é particularmente verdade para os pré-escolares, os quais, além de serem biologicamente vulneráveis, constituem um dos grupos populacionais que mais necessitam de atendimento nutricional (Taddei et al., 2002). Padrões alimentares saudáveis iniciados na infância não só trazem benefícios imediatos à saúde, mas também influenciam as práticas e preferências futuras e associam-se à proteção da saúde na vida adulta (Mikkila et al., 2004; Chuproski, 2009). A Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2001, recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida, como medida de saúde pública e, após esse período, determina a introdução de alimentos complementares com a manutenção do aleitamento materno até os dois anos de idade ou mais (Kramer&Kakuma, 2002), recomendação adotada também no Brasil pelo Ministério da Saúde (Brasil. Ministério da Saúde, 2006, 2009). O leite materno é alimento indispensável no início da vida, e inúmeras vantagens justificam sua importância para a saúde da criança, da mãe e para a família (Marques et al., 2004; Brasil. Ministério da Saúde, 2006). Trata-se de um alimento completo que fornece água, é isento de contaminação e perfeitamente adequado ao metabolismo do bebê, rico em fatores de proteção contra infecções e diarréia, econômico, constituindo um adequado método de contracepção, além de favorecer o vínculo entre mãe e filho (Brasil. Ministério da Saúde, 2006; Borelli et al., 2007; Oliveira et al., 2009). A complementação do leite materno com água ou líquidos é desnecessária nos primeiros seis meses de vida, mesmo em dias com temperatura elevada. Também, a introdução da mamadeira e chupeta pode confundir o reflexo de sucção do recém-nascido e retardar o estabelecimento da lactação, pois os movimentos da língua e boca necessários para a sucção do peito são diferentes, além de diminuir a frequência da amamentação quando já estabelecida (Brasil. Ministério da Saúde, 2006, 2009).

Fundamentação Científica^4

Os alimentos sólidos podem ser segurados com a mão ou oferecidos no prato, com colher pequena, estreita e rasa e os líquidos em copo ou xícara, de preferência de plástico e inquebrável. Nesta fase, inicia-se o treinamento para o uso de utensílios, que envolve estímulo à coordenação e à destreza motora, funcionando como importante incentivo ao desenvolvimento (SBP, 2008; Oliveira et al., 2009). No ano de 2002, o Ministério da Saúde (MS) publicou o Guia Alimentar para crianças menores de dois anos, documento bastante minucioso e inovador em termos de alimentação infantil. Esse guia foi elaborado a partir de evidências científicas atuais e estudos nacionais acerca da alimentação infantil, práticas, percepções, tabus alimentares e problemas nutricionais mais freqüentes, sendo destinado aos profissionais de saúde. Uma compilação das informações está disponibilizada em outra publicação intitulada “Dez Passos para uma Alimentação Saudável – Guia Alimentar para Crianças Menores de dois anos”, que resume as recomendações da alimentação infantil de forma clara e prática (Brasil. Ministério da Saúde 2002, 2006). A aplicação prática de tais recomendações promove modificações positivas nas práticas alimentares e nas condições de saúde da criança (Vitolo et al., 2005). Porém, a garantia de práticas alimentares saudáveis pode ser limitada pelas condições sócio-econômicas e culturais, assim, sugere-se que, embora a alimentação humana possa referir-se à necessidade básica para sobrevivência, ela não se limita a um fenômeno natural, na medida em que as práticas alimentares encontram-se vinculadas tanto à disponibilidade de alimentos quanto à escolha dos mesmos, dependendo dos valores culturais e das bases educacionais (Brasil. Ministério da Saúde, 2002). As atuais recomendações para práticas alimentares na infância apontam para a necessidade de garantir a qualidade dos alimentos disponíveis, promover práticas alimentares saudáveis, prevenir e controlar os distúrbios nutricionais e estimular ações intersetoriais para um efetivo acesso aos alimentos (Chuproski, 2009).

Fundamentação Científica^5

O advento das creches e da alimentação coletiva para pré-escolares

É indiscutível a importância de uma alimentação adequada, do ponto de vista nutricional para assegurar crescimento e desenvolvimento, principalmente nos primeiros anos de vida e, o seu papel para a promoção e a manutenção da saúde e do bem-estar do indivíduo (Feldens&Vitolo, 2008). Porém, as recomendações nutricionais existentes para promoção de uma alimentação saudável na infância, pouco se aplicam às crianças que frequentam creches, que se alimentam em grupo. No contexto das creches é menor a individualização, e, portanto distancia- se da realidade vivida pela criança que fica em casa aos cuidados da mãe, responsável pelo preparo e oferta da alimentação apenas para seu(s) filho(s), de forma tradicional e diferente do grupo de crianças que se alimentam coletivamente nas creches. De acordo com o Censo Escolar, existem 1.138.644 crianças matriculadas em creches no Brasil, sendo o nível de ensino de maior crescimento. Somente o município de São Paulo abriga 334 unidades de creches públicas, 571 unidades filantrópicas e 3 indígenas (Brasil. Ministério da Educação, 2008). As creches, também denominadas Centros de Educação Infantil (CEI), funcionam em período integral, por até 12 horas, e atendem crianças na faixa etária de zero a 36 meses, havendo a divisão em três módulos:

  • Berçário I: a partir de zero ano, com turmas de sete crianças por educador;
  • Berçário II: a partir de um ano, com nove crianças por educador;
  • Mini-Grupo: a partir de dois anos, com até 12 crianças por educador (Brasil. Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2009). De acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Departamento de Merenda Escolar do município de São Paulo, as crianças devem, durante o período de permanência na creche, ingerir 100% das Recomendações Nutricionais Diárias para todas as faixas etárias (Brasil. Prefeitura da Cidade de São Paulo, 2007a). Para as crianças com até três meses de idade, a creche oferece quatro mamadeiras no período de permanência na entidade, considerando que ocorra

Fundamentação Científica^7

ressalta a importância da interação adulto-criança nos momentos de refeição, no sentido de se garantir um ambiente harmônico de aprendizagem e sociabilidade. Neste sentido, Barros e colaboradores (1999) também apontam a relação entre o número de crianças por educador, como um dos indicadores mais importantes de qualidade de cuidado na creche, sendo considerados prioritários, o treinamento e orientação dos referidos profissionais. Zacarelli & Philippi (2005) avaliaram o momento das refeições em creche, observando a conduta dos educadores responsáveis pela oferta da alimentação, e constataram como principais fatores negativos o fato de os mesmos não sentarem-se à mesa com as crianças e não fazerem um trabalho educativo relacionado à alimentação naquele momento. Estudo realizado por Shimabukuro e colaboradores (2008), com o objetivo de avaliar o conhecimento das educadores de creches sobre a alimentação nos primeiros anos de vida, constatou que os conhecimentos estavam associados às suas próprias concepções e se baseavam em costumes, valores e crenças sedimentados em experiências e situações vivenciadas, podendo prejudicar a prestação de cuidados no coletivo em relação à alimentação das crianças. Pode-se considerar que além do papel do adulto, incentivando o consumo alimentar, existem diversos fatores que influenciam esta situação, tais como a frequência e duração das refeições e os intervalos entre elas, a forma de preparo dos alimentos e a própria falta de apetite decorrente do estado de saúde da criança (Egashira, 1998; Silveira et al., 2009; Vitolo, 2009). Fox e colaboradores (2006) afirmam que o aporte energético satisfatório é influenciado não somente pelo tamanho das porções, mas principalmente pelo número de refeições do dia, quantidade de alimento ingerido e densidade energética dos mesmos. Neste parâmetro, os horários estabelecidos para as refeições na creche trazem reflexões em decorrência da proximidade entre os horários em que se alimentam, com intervalo de aproximadamente duas a duas horas e meia. Além da preocupação com a qualidade da alimentação recebida pelas crianças nas creches, estudos têm apontado que a inserção institucional pode ser também um fator de risco importante para a interrupção precoce do aleitamento materno (Barbosa et al., 2009).

Fundamentação Científica^8

A creche deveria exercer importante papel no incentivo à manutenção do aleitamento materno, permitindo que a mãe possa comparecer para amamentar no horário disponível, oferecendo local tranquilo para o ato e incentivando-a a amamentar a criança também em sua residência (Oliveira et al., 2009). Porém, estudo realizado por Barbosa e colaboradores (2009), com o objetivo de identificar fatores de risco para o desmame precoce em creches públicas, apontou que as creches não possuíam estrutura suficiente para incentivar a amamentação, como uma sala para a mãe amamentar, e não estavam atualizadas com as recomendações de aleitamento materno e alimentação complementar. O estudo levanta ainda a hipótese de que as mães iniciam o processo de introdução da alimentação precocemente para preparar a criança para o ingresso na instituição por desejo próprio ou por solicitação da própria creche visando facilitar sua adaptação (Victora et al., 1997). Infelizmente, o insucesso das creches perante práticas alimentares saudáveis não é exclusivo do Brasil ou de países em desenvolvimento. Situação semelhante tem sido identificada em estudos fora do país. Pesquisa realizada em quatro creches pertencentes à Junta Nacional de Jardim de Infância (JUNJI), da região oriente de Santiago, no Chile, avaliou a adequação nutricional da alimentação consumida na creche e em casa durante a semana e aos finais de semana, e constatou que para atingir as recomendações diárias, a complementação alimentar em casa faz-se necessária, correspondendo a aproximadamente 40% da ingestão diária total (Vasquez et al., 2007). O governo da Guatemala criou em 1991 o Programa de Creches Comunitárias, com o intuito de fornecer uma alternativa de baixo custo e não tradicional para o cuidado das crianças de famílias de baixa renda. Neste programa um grupo de pais elege uma mulher da comunidade local para cuidar de seus filhos. Esta abriga dez crianças, com idades até sete anos, de segunda à sexta-feira, das 6:00 às 18:00 horas, em sua própria casa e se responsabiliza pela higiene e alimentação das crianças (café da manhã, almoço e dois lanches). O Programa fornece à mulher uma compensação financeira e dinheiro para aquisição de alimentos, que é complementada com doações (Ruel, 2006). Apesar de não haver estudos conclusivos sobre o impacto deste Programa à saúde das crianças, cumpre ressaltar que não há regulamentação ou normas para o cuidado