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Guias e Dicas
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Fundamentos Espitemologicos da Psicopedagogia, Transcrições de Psicopedagogia

Fundamentos Espitemologicos da Psicopedagogia

Tipologia: Transcrições

2022

Compartilhado em 05/12/2022

graziguima
graziguima 🇧🇷

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Diretor Geral Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima

Diretor Administrativo Eduardo Santini

Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon

Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva

Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz

Revisão Textual Kauê Berto

Web Designer Thiago Azenha

FICHA CATALOGRÁFICA

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; GUIMARÃES, Fabiane Fantacholi. Fundamentos Epistemológicos da Psicopedagogia. Fabiane. Fantacholi Guimarães. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 96 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos.

UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898

www.fatecie.edu.br

As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock

APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Olá, caro (a) estudante! Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Fundamentos Epistemológicos da Psi- copedagogia , no qual você estudará aspectos históricos e tendências contemporâneas da Psicopedagogia; os objetivos e âmbito de atuação da Psicopedagogia; a formação e o trabalho do psicopedagogo; o contato com as diferentes áreas do conhecimento; objeto de estudo da psicopedagogia e o trabalho do psicopedagogo. Este livro é composto por uma introdução seguida de quatro unidades criteriosa- mente analisadas, selecionadas para dar sustentação a presente discussão e conclusão. Na Unidade I, você irá trabalhar com o tema FUNDAMENTOS DA PSICOPEDA- GOGIA , no qual será abordado os aspectos históricos da Psicopedagogia; a evolução da Psicopedagogia, bem como o papel da Psicopedagogia no contexto atual. Na Unidade II, com o tema ASPECTOS DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PSICO- PEDAGOGO cujos conteúdos de destaque serão os aspectos da formação e atuação do psicopedagogo; a formação do psicopedagogo; a ética do trabalho psicopedagógico e por fim o psicopedagogo e os novos desafios. Na Unidade III, o tema OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA , versará sobre a dificuldade de aprendizagem e suas nomenclaturas trabalhadas ao longo dos anos anos, bem como conhecer algumas dificuldades, sendo elas: dislexia, disgrafia, disortogra- fia e discalculia, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro do autismo (TEA). Na Unidade IV, nosso último tópico, você estudante estudará sobre TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO , com enfoque qual é o trabalho do psicopedagogo, bem como a Psicopedagogia como estratégia de prevenção; ainda os aspectos do trabalho psicopeda- gógico na avaliação, diagnóstico e intervenção e por fim a interdisciplinaridade e a Psico- pedagogia. Lembre-se caro (a) estudante, que o texto apresentado não irá esgotar todas as possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas ao longo da disciplina, mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análise realiza- das acerca das temáticas propostas. Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura! Bom estudo e espero que o material que preparei para você estudante contribua de forma significativa para sua formação. Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães

SUMÁRIO

UNIDADE I ...................................................................................................... 6

Fundamentos da Psicopedagogia

UNIDADE II ................................................................................................... 24

Aspectos da Formação e Atuação do Psicopedagogo

UNIDADE III .................................................................................................. 45

Objeto de Estudo da Psicopedagogia

UNIDADE IV .................................................................................................. 67

Trabalho do Psicopedagogo

INTRODUÇÃO

Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade I da disciplina Fundamentos Epistemológicos da Psicopedagogia.

Nesta Unidade “Fundamentos da Psicopedagogia”, você estudante poderá fazer uma análise dos aspectos históricos da Psicopedagogia, seu surgimento entre a fronteira das áreas da Educação e Saúde, bem como a preocupação com o processo de aprendizagem do sujeito, além de conhecer alguns dos teóricos que influenciaram na evolução da Psicopedagogia no Brasil como Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Enrique Pichon-Rivière. E ainda esta aula vamos poder identificar o papel da Psicopedagogia no contexto atual, em relação a sua formação e o objeto de estudo.

A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso superior.

Boa leitura e bons estudos!

1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia tem o seu início, na Europa, ainda no século XIX, quando surgiram as preocupações com os “problemas de aprendizagem”. Não obstante, a Argentina tem um valor e relevância na difusão do pensamento psicopedagógico, principalmente na epistemologia convergente, nos quais seus principais representantes são: Jorge Visca, Alicia Fernandez e Sara Paín. Também na Argentina, a Psicopedagogia tem o seu eixo teórico em três áreas da Psicologia, sendo elas: a Psicologia Genética (Jean Piaget), a Psicanálise (Freud) e a Psicologia Social (Pichon-Rivière). Mediante a isto, diversas outras teorias contribuíram e enriqueceram a teoria psicopedagógica, partindo disso, as autoras Ana Teberosky e Emília Ferreiro conceitual de maneira clara e objetiva a psicogênese da língua, teoria de Vygotsky. Bossa (2011) nos acrescenta que a origem do pensamento argentino acerca da Psicopedagogia está centrada na literatura francesa e se baseia em autores como Jacques- Marie Émile Lacan, Maud Ferreira Mannoni, Françoise Dolto, Julian de Ajuriaguerra, Enrique Pichon-Rivière, entre outros. Já no Brasil, os representantes importantes que contribuíram para o desenvolvimento da Psicopedagogia, são Maria Lúcia Weiss, Aglael Borges, Nadia Aparecida Bossa, Beatriz Judith Lima Scoz, Heloísa Maria Fortuna Padilha, entre outros. A psicopedagogia surgiu na fronteira entre as áreas da Educação e Saúde, sendo assim, Bossa (2011, p. 19) afirma que, como produção do conhecimento, a psicopedagogia “[...] nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem

Na área da Saúde , segundo Claro (2018, p. 62) “[...] o psicopedagogo atende em consultórios particulares e instituições de saúde, hospitais públicos e particulares”.

Sua função é reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem sis- temática e/ou assistemática. Procura-se reconhecer as alterações da apren- dizagem sistemática, utilizando-se diagnóstico na identificação dos múltiplos geradores desse problema e, fundamentalmente, busca-se descobrir como o sujeito aprende. (BOSSA, 2011, p. 42). No Brasil, assim como na Europa e na Argentina, segundo Silva (2012) o problema de aprendizagem foi entendido, por muito tempo, como sendo originado por fatores orgânicos. Silva (2012, p.22) descreve que “[...] ainda nos dias atuais, a primeira atitude dos educadores e dos familiares de crianças com problemas de aprendizagem é recorrer ao médico. Logo, essa figura continua tendo uma grande importância nas decisões das famílias”. No Brasil, a psicopedagogia foi fortemente tomada tanto pelas experiências argentinas como pelas francesas. Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) retratam que “[...] no contexto educacional que originou o surgimento da Psicopedagogia foi semelhante ao desses países, ou seja, as situações de fracasso escolar”. Claro (2018, p. 64) apresenta que: [...] o aspecto que motivou o surgimento da psicopedagogia no país, tal qual em outros lugares, foi o fracasso escolar. Nas décadas de 1970 e 1980, o ín- dice de crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem era muito alto e não havia profissionais capacitados nas escolas para atender a essa demanda, porque o pedagogo não dava conta de resolver essa carência.

Bossa (2011) acrescenta descrevendo que neste período começa a se configurar uma nova teoria sobre o entendimento do fracasso escolar. O enfoque passou, então, a ser a visão sociopolítica, na qual o problema de aprendizagem passa a ser entendido enquanto problema de ensino. Sendo assim, do ponto de vista de Scoz (1991), a psicopedagogia preocupa-se com o processo de aprendizagem com as suas dificuldades, e em uma ação profissional deve sintetizar, de forma integrada, conhecimentos de diferentes áreas do conhecimento. Para tanto, a autora enfatiza a importância de o profissional da educação ter acesso às informações de diferentes ciências (pedagogia, psicologia, sociologia, psicolinguística), de forma a aprofundar os conhecimentos, vinculando-os à realidade educacional, de forma a ter uma visão global do aluno. E o maior desafio das escolas, na concepção da psicopedagogia, é buscar caminhos que possibilitem ao educador rever a própria prática e descobrir alternativas possíveis para melhorar sua ação.

1.2 EVOLUÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

Entre os teóricos que influenciam na evolução da Psicopedagogia no Brasil, além de Jorge Visca, podemos citar Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Pichon-Rivière. Neste momento caro(a) estudante será apresentado, no quadro 1, o quadro comparativo das correntes teóricas da Psicopedagogia.

Quadro 1: Quadro Comparativo das Correntes Teóricas da Psicopedagogia. DADOS PESSOAIS TEORIA DESCRIÇÃO

Jorge Pedro Luis Visca Buenos Aires - Argentina (14 de maio de 1935 - 23 de julho de 2000)

Epistemologia Convergente

O processo de aprendizagem con- siste na produção e estabilização de condutas, tanto no âmbito fa- miliar, escolar e social, sem perder de vista a rede de vínculos que o sujeito pode estabelecer nos três grandes domínios: familiar, escolar e consigo mesmo. (VISCA, 1997).

Jean William Fritz Piaget Neuchâtel - Suíça (9 de agosto de 1896 - 17 de setembro de 1980)

Epistemologia Genética

O sujeito constrói o conhecimento por meio da interação de uma carga genética com o meio em que está inserida. O sujeito aprende com base em sua estrutura cog- nitiva. As relações entre a lógica e a aprendizagem permitem a com- preensão e o uso de estratégias diante de objetos e novas formas de conhecimento, mas isso tudo depende do nível da atividade lógica de quem aprende. (PIAGET, 1977).

Visca foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil, Argentina e Portugal e, ainda foi o criador da Epistemologia Convergente uma teoria elaborada exclusivamente para o desenvolvimento do trabalho psicopedagógico clínico e reúne importantes correntes teóricas e práticas de três frentes de estudo da psicologia, sendo elas: ● Psicogenética (Piaget); ● Psicanalítica (Freud); ● Psicologia Social (Pichon-Rivière). A linha de pensamento da teoria piagetiana expõe que o desenvolvimento cognitivo pode ocorrer em quatro estágios evolutivos e sequenciais do crescimento humano, que iniciam no nascimento e vão até a idade adulta. Esses estágios se desenvolvem gradualmente e variam de um sujeito para outro. Vamos conhecer um pouco sobre os estágios da teoria piagetiana? Piaget dividiu o desenvolvimento cognitivo nos quatro estágios principais resumidos no quadro 2.

Quadro 2: Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget

ESTÁGIOS

Sensório-motor (do nascimento a um ano e meio ou dois anos)

Pré-operatório (um ano e meio aos sete anos)

Operatório concreto (dos sete aos 11 anos)

Operatório formal (aos 11 ou 12 anos aproximadamente)

A criança reage ao mundo de acordo com o estágio sensório- motor. Suas ações e movimentos são realizadas em razão de suas sensações. Pelas sensações, a criança constrói a compreensão do mundo à sua volta.

A criança já apresenta algum domínio das formas de representação e começa a desenvolver a função simbólica, ou seja, passa a substituir um objeto ou um evento pela representação dele.

A criança desenvolve a capacidade de concentração, passa a realizar trabalhos individuais e a colaborar em trabalhos em grupo, uma vez que são capazes de aceitar ideias de outras pessoas.

A criança abandona o raciocínio mais concreto dos estágios anteriores e passa a refletir e a criar teorias próprias sobre tudo.

Fonte: Adapato de Silva; Mocelin (2019, p. 38 -122).

REFLITA

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas no- vas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.” (Jean Piaget)

Já a linha de pensamento freudiana estuda a respeito à sexualidade infantil. Para Freud, as primeiras investigações realizadas pela criança são sexuais e servem para situá- la no mundo, colocá-la em seu lugar - o lugar sexual. Para ele, um momento importante na vida do sujeito é o da descoberta anatômica da diferença sexual. Para Freud, segundo Claro (2018, p. 38, grifo do autor) [...] a mente tem uma estrutura tripartite, que ele denomina id , ego e supe- rego. O id - regido pelo princípio do prazer - tem o papel de descarregar as funções biológicas. Nesta perspectiva, busca a satisfação imediata, não to- lera a frustração e evita a dor. O ego - regido pelo princípio da realidade - é o responsável pela estimulação que pode vir tanto da própria mente quanto do mundo exterior. Ele exerce o papel de controlador do comportamento do sujeito, bem como protege-o dos perigos. Já o superego - conduzido por normas sociais e regras - exerce um papel de vigilante das ações ou pensa- mentos contrários aos princípios morais. As fases da sexualidade humana são ligadas ao desenvolvimento do id; diferenciam- se pelos órgãos que sentem prazer e pelos objetos ou seres que dão prazer e manifestam- se dos primeiros meses de vida aos 5 ou 6 anos. São elas: oral, anal, fálica, de latência e genital. E a linha de pensamento da teoria pichoniana (teoria do vínculo) em um caráter social na medida em que compreende que sempre há figuras internalizadas presentes na relação, quando duas pessoas se relacionam, ou seja, uma estrutura triangular. O vínculo é bi-corporal e tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma presença sensorial corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda relação humana, que é o terceiro. Neste sentido, vínculo é uma estrutura psíquica complexa. (PICHON-RIVIÈRE, 1988). Por fim, a linha de pensamento da teoria vygotskyana, a linguagem é um instrumento social entre o eu e o outro. É o ponto de partida para o aprendizado e o desenvolvimento. A respeito da educação, Vygotsky (2007, p.70) elucida que “[...] não existe nada de passivo,

1.3 O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA NO CONTEXTO ATUAL

Caro(a) graduando(a), para iniciar a nossa discussão deste tópico, precisamos refletir sobre a definição da palavra “psicopedagogia”. O Dicionário Michaelis (2019) registra que, etimologicamente, este é um vocábulo composto do grego psykhē+o+pedagogia “aplicação de conhecimentos da psicologia às práticas educativas”. O conceito remete a duas grandes áreas do conhecimento, sendo elas: psicologia e pedagogia as quais têm como foco de estudo o sujeito. Conforme o Projeto de Lei da Câmara nº 31, de 2010, no qual dispões sobre a regulamentação do exercício da atividade de Psicopedagogia, deixa claro que poderão exercer a atividade os portadores de diploma em curso de graduação em Psicopedagogia e/ou Psicologia, Pedagogia ou Licenciatura, bem como o curso de especialização em Psicopedagogia, com duração mínimo de 600 (seiscentas) horas. Ainda no referido projeto em seu Art. 4º explicita quais são as atividades e atribuições do psicopedagogo.

SAIBA MAIS

Caro(a) estudante, leia atentamente o Projeto de Lei nº 31, de 2010 na íntegra dispo- nível no link https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4378260&- ts=1559268396250&disposition=inline

A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) foi criada em 12 de novembro de 1980 e, com ela, a psicopedagogia começou a se estruturar como uma profissão à parte, agregando, além da psicologia e da pedagogia, outras áreas do conhecimento. Para isso, era necessário que os interessados realizassem uma pós-graduação lato sensu. Aos poucos, as ofertas dos cursos de especialização se proliferaram em todo o território nacional, e atualmente o curso como graduação vem ganhando forças. De acordo com Lemos (2007, p.73), [...] a psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de aprendizagem hu- mana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto, ainda que o enfoque da psicopedagogia seja os problemas de aprendizagem, é necessário que se ocupe do processo de aprendizagem como um todo, a fim de descobrir as barreiras que impedem ou atrapalham o aprendiz de se autorizar a saber. Segundo a ABPp (2011, s/p.), a psicopedagogia atua no campo da “[...] Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando, procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos”. É importante enfatizar que se trata de uma área do conhecimento que possibilita ao profissional atuar tanto na clínica quando na instituição. Dessa forma, propõe integrar, de forma coerente, conhecimentos e princípios de diferentes áreas das ciências humanas. Complementamos nossa reflexão sobre o conceito de psicopedagogia com a explanação de Barbosa (2007, p.91), que assim a define: [...] a área do conhecimento que se propõe estudar o ser cognoscente e seu processo de aprender, compreendendo-o como um ser constituído de três grandes dimensões: a Racional, a Relacional e a Desiderativa e do funciona- mento decorrente das relações dessas três dimensões, que acontecem num corpo físico e biológico, bem como num contexto cultural próprio.

Assim, no processo de construção do conhecimento é preciso compreender que o sujeito é dotado de razão, que expressa seus desejos, suas ânsias e suas vontades, mas é na troca com o outro e com o meio cultural que se “faz” humano. Segundo a autora Claro (2018, p.20) “A psicopedagogia estuda as formas como o sujeito aprende e de que maneiras essa aprendizagem ocorre, bem como os fatores que provocam alterações no ato de aprender, a fim de preveni-las e tratá-las”. Nesse sentido, a psicopedagogia para Weiss (2012, p.6) “[...] busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores”.

Com relação à ação psicopedagógica, teoricamente, ela deve ser pautada pela prevenção do fracasso escolar e das dificuldades que envolvem tanto educandos como educadores. No entanto, as autoras Barone; Martins e Castanho (2011), alertam que a psicopedagogia historicamente vem se consolidando como área interdisciplinar voltada prioritariamente para a compreensão e a intervenção nos processos de aprendizagem de indivíduos e grupos, nos vários contextos sociais, culturais e institucionais em que a aprendizagem ocorre.

Assim, é importante que o fazer psicopedagógico leve em consideração a autora do pensamento por parte do sujeito, observe a maneira como ele constrói seu conhecimento, de que maneira ele analisa, organiza e identifica as fontes de informação e, ainda, de que forma ele constitui sua identidade como sujeito de aprendizagem. (CLARO, 2018, p.22). Nesse sentido, caro(a) estudante o objetivo de estudo da psicopedagogia deve ser compreendido sob dois enfoques: o preventivo e o terapêutico. O enfoque preventivo consiste em saber como se dá o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do sujeito. Já o terapêutico se concentra em identificar, analisar e construir procedimentos metodológicos que possibilitem diagnosticar e tratar as dificuldades de aprendizagem. Para tanto, status interdisciplinar da psicopedagogia exige do profissional um aprofundamento em áreas de estudo que antes pareciam distantes das explicações que se buscavam para as dificuldades encontradas no processo de aprendizagem, bem como demanda uma transformação que vai além da configuração do papel profissional do psicopedagogo, atingindo níveis de sua estrutura afetiva cognitiva e social. (OLIVEIRA, 2014). O Psicopedagogia para poder melhor exercer o seu ofício, passou a estudar as características da aprendizagem humana, tentando, segundo Bossa (2011) entender as seguintes questões: como se aprende; como está aprendizagem varia evolutivamente; como a aprendizagem está condicionada; que fatores condicionam a aprendizagem; como se produzem as alterações na aprendizagem e por fim como reconhecer as alterações verificadas na aprendizagem. A autora Oliveira (2014, p. 12) descreve que: O alicerce da prática psicopedagógica não é formado apenas pelo conheci- mento teórico sobre psicologia da aprendizagem, psicologia genética, teorias da personalidade, pedagogia, fundamentos da biologia, linguística, psicologia social, filosofia, ciências neurocognitivas, mas principalmente pela capacida- de de articular esses conhecimentos e manter o compromisso ético e social na prática e na investigação científica do processo de aprendizagem.

Portanto, o psicopedagogo no contexto atual exerce função essencial neste processo, pois cabe ao mesmo diferenciar as situações sejam elas facilitadoras ou as que dificultam para que as pessoas possam estar resgatando seu processo de aprendizagem, incluindo sua história de vida, parte esta de grande importância para o psicopedagogo, por ser algo fundamental quando este lida diretamente com a pessoa.