









Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Um estudo sobre as funções e disfunções da comunicação na era das mídas sociais, utilizando como caso de estudo a página do mídia ninja durante as manifestações. O texto aborda as funções atribuídas à sociedade, como alertar os cidadãos contra os perigos e fornecer instrumentos para a realização de determinadas atividades, além da reforço das normas sociais. Além disso, o documento discute a disfunção narcotizante e a importância de estudar as mídias contemporâneas.
Tipologia: Notas de estudo
1 / 15
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
Funções e Disfunções da Comunicação: Uma análise das Manifestações de 20 centavos sob olhar da Mídia NINJA^1 Kelly Christina MAXIMILIANO^2 Aline Wendpap Nunes de SIQUEIRA^3 Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT
RESUMO
O presente artigo irá aclarar o tema referente às Funções e Disfunções da Comunicação e sua aplicação nos dias atuais. Primeiramente trará a história das Manifestações de 20 centavos ocorridas no Brasil todo em Junho de 2013, será feito um panorama acerca do uso da internet, um aparato sobre a a Teoria Funcionalista, a partir da qual serão analisadas as postagens na página do Facebook do Mídia NINJA na época das Manifestações afim de aferir quais foram as funções e disfunções encontradas. Palavras chave: Funções e Disfunções, Comunicação, Manifestação, Facebook, Mídia NINJA.
As manifestações de 20 centavos como um momento histórico As manifestações que ocorreram no Brasil em Junho de 2013 foram um marco para a história do país. Tanto pela mobilização de milhares de pessoas, coisa que não se vê em tamanha expressão desde o impeachment do então presidente Fernando Collor, quanto por seu desenrolar. A internet foi seu epicentro e também seu palco. A tirar pelo número de participantes nos protestos há de se concluir que muitos destes não participavam tão ativamente em lutas anteriores. Alguns até tinham vontade, mas talvez não tivessem motivação suficiente. Participavam então passivamente. Um termo informal passou a designar essas pessoas que "revolucionavam" de casa, compartilhando, comentando ou com frases de efeito e apoio: “a revolução do sofá”. Quando penso em "revolução do sofá", logo penso em
(^1) Trabalho apresentado no IJ 05 – Rádio, TV e Internet do XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste, realizado de 8 a 10 de maio de 2014. Artigo baseado no Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em março de 2014 na UFM T; (^2) Graduada no Curso de Comunicação Social com habilitação em Radialismo na Universidade Federal de M ato Grosso – UFMT; (^3) Orientadora. Doutoranda em Estudos da Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de M ato Grosso - UFMT.
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
disfunção narcotizante. Não consigo imaginar uma moldura melhor para esse quadro: excesso de informação - apatia - falta de atitude - revolução do sofá. O máximo que o sujeito consegue fazer depois da avalanche de informações é compartilhar uma foto, comentar um álbum e pronto, ele já participou ativamente ou contribuiu para mudar o mundo. E pode nem ser mudar o mundo, afinal de contas existe m tantas outras questões. Além dos protestos por si só chamarem muito a atenção, essa quebra de um paradigma, despertou a curiosidade acerca de outros aspectos, outras funções e disfunções. No início dos protestos, enquanto algumas mídias como a televisão noticiavam de forma paliativa, ou não noticiavam os protestos, na internet as coisas estavam movimentadíssimas. A página no Facebook do Mídia NINJA se destacou pela quantidade de notícias, transmissões ao vivo, fotos impactantes e de qualidade indiscutíveis além de notícias de protestos ocorridos em vários lugares ao mesmo tempo. Aliando a interpretação acerca da “revolução do sofá” a todos os fatos ocorridos surgiu a ideia – e a curiosidade – de se observar as postagens com ,objetivo de reconhecer as funções e disfunções presentes e vislumbrar na práticas os preceitos desta teoria.
A internet na contemporaneidade Atualmente a sociedade contemporânea está imersa em um espaço midiatizado^4 , moldado pelo virtual e regido por novas tecnologias. A comunicação passou a ser centralizada, unidirecional, vertical e transformada, principalmente pelo ambiente proporcionado pelas redes digitais. Nesse âmbito, a mídia deixa de ser um campo fechado em si e passa a condição de produtora dos sentidos sociais. O mundo está em rede. Todas as pessoas estão conectadas e interligadas. Várias pesquisas indicam isso. Uma delas é uma pesquisa anual realizada pela E.Life Market Reserach^5 , detalha o perfil do usuário brasileiro de redes sociais: quais são os canais de mídias sociais mais adotados, qual a motivação do uso de cada canal, entre outros temas. No ano de 2013, em sua 4ª Edição a pesquisa indicou que o acesso a Internet tem se tornado cada vez mais frequente, 54,0% dos Brasileiros acessa a internet pelo menos 30 horas por semana. Isso representa mais de 4h conectados por dia. Dentre os usos mais frequentes na internet estão as redes sociais, liderando esse ranking está o
(^4) SODRÉ, M uniz. O ethos midiatizado. In: Antropológica do Espelho. Por uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002. 5 http://elife.com.br/elife_estudo_de_habitos_em_redes_sociais_2013/, acesso em 05 mar. 2014ELIFE. Estudo de hábitos em Redes Sociais
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
uma das maiores catástrofes naturais da história do estado de Santa Catarina: rios transbordaram e inundaram grandes áreas, isolando cidades inteiras; deslizamentos soterraram estradas, casas e pessoas. Durante esses acontecimentos, as redes sociais como blogs, Twitter, e etc, foram utilizados para informar o resto do país acerca dos fatos. Essas ferramentas se tornaram a linha de frene do apoio que Santa Catarina recebeu através de campanhas que mobilizaram milhares de pessoas. Recuero explica o significado desses fenômenos: Esses fenômenos representam aquilo que está mudando profundamente as formas de organização, identidade, conversação e mobilização social: o advento da Comunicação Mediada pelo Computador. Essa comunicação, mais do que permitir aos indivíduos comunicar-se, amplificou a capacidade de conexão, permitindo que redes fossem criadas e expressas nesses espaços: as redes sociais mediadas pelo computador. Essas redes foram, assim, as protagonistas de fenômenos como a difusão das informações na campanha de Barack Obama e as mobilizadoras no caso de Santa Catarina. Essas redes conectam não apenas computadores, mas pessoas.^8 A internet e seu uso na contemporaneidade permitiram várias mudanças sociais e foram a base para as manifestações de 20 centavos ocorridas em Junho de
(^8) RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet_._ Porto Alegre: Sulina. 2009. p. 14-15.
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/ social é essencial na formação da consciência e da opinião [...]^9 A internet contribui para a formação de opinião já que está tão presente na vida de todos na sociedade que chega a ser natural. Muitas vezes sua presença é tão intrínseca que é quase imperceptível. A exemplo disso temos os protestos que tiveram seu início e sua plataforma de organização através da internet, que permitiu atingir as proporções a que chegou.
Impacto das Manifestações na internet Afim de embasar e demonstrar o uso das redes sociais durante as manifestações em Junho uma pesquisa foi realizada pelo grupo Máquina PR / Brandviewer com objetivo de analisar o ambiente digital visando ide ntificar mensagens relacionadas aos protestos. O mapa mostra a mobilização dos usuários em todas as regiões do Brasil. A cor azul representa pouca adesão, enquanto a cor vermelha representa alto tráfico de comentários. É possível observar que exceção feia a região Norte do país, o impacto foi grande.
Figura 1: Mapa digital das manifestações no Brasil
Fonte: estúdio 1101^10 A pesquisa analisou também qual foi a rede mais utilizada. O Twitter ficou em 1º lugar com 49,3% das citações, seguido do Facebook com 47,1% e o Google+ com 1,9%.
(^9) CASTELLS, M anuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 23 (^10) STUDIO 1101. M apa digital das M anifestações <http://www.studio1101.com.br/mapa-digital-das-manifestacoes- inteligencia-de-merca/>, acesso em 29 jan. 2014
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/ É notável que a partir desse momento, surgiram outras preocupações acerca do ato comunicativo. A teoria funcionalista representa um marco para a história da comunicação, questões cada vez mais profundas passam a ser estudas. Entender o que é função na mídia por si só já é uma tarefa difícil e ir para além disso, para pontuar que nem sempre as funções são exercidas, é muito mais complicado. Charles Wright apresentou em Milão, no ano de 1959 no IV Congresso Mundial de Sociologia um ensaio com objetivo de explanar em termos funcionais as ligações complexas que existem entre os mass media e a sociedade. Neste trabalho vamos nos atentar apenas às funções e disfunções destacadas, no entanto, o ensaio englobava outras questões, como, por exemplo, as funções relativas aos grupos, ao sistema cultura, etc. Em relação à sociedade, a difusão da informação desempenha duas funções: perante ameaças e perigos imprevistos, oferece a possibilidade de alertar os cidadãos; fornece os instrumentos para se executar certas actividades quotidianas institucionalizadas na sociedade, como, por exemplo, as trocas económicas, etc.^14 As funções destacadas acima são funções exercidas pelo mass media atribuídas a sociedade, são destacadas também outras funções relativas ao indivíduo, são elas: Em relação ao indivíduo, e no que diz respeito à «mera existência» dos meios de comunicação de massa, ou seja, independentemente da sua ordem institucional e organizativa, são indicadas três outras funções: a) a atribuição de posição social e de prestígio às pessoas e aos grupos que são objecto de atenção por parte dos mass media; estabelece- se um esquema circular de prestígio pelo qual «esta função, que consiste em atribuir uma posição social, entra na actividade social organizada, legitimando certas pessoas, grupos e tendências sociais que recebem o apoio dos meios de comunicação de massa»^15 b) o reforço do prestígio daqueles que se identificam com a necessidade, e o valor socialmente difundido, de serem cidadãos bem informados.
(^14) Idem, ibdem. p. 27 (^15) LAZARSFELD; M ERTON apud WOLF, M ario. Teorie delle Comunicazioni di M assa_._ Trad. M aria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa: Presença, 1999. p. 82
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/ c) o reforço das normas sociais, isto é, urna função de carácter ético. «A informação dos meios de comunicação social reforça o controlo social nas grandes sociedades urbanas onde o anonimato das cidades enfraqueceu os mecanismos de descoberta e de controlo do comportamento desviante ligados ao contacto informal cara a cara».^16
Além das funções exercidas pela mídia, surgiram também as disfunções, que são os problemas decorrentes de seu uso indevido. Os sociólogos americanos Merton e Lazarsfeld chamaram de "disfunção narcotizante", enquanto as outras eram chamadas de "funções" representando as características e particularidades da comunicação de massa, essa recebeu o nome de disfunção justamente para diferir das demais como algo nocivo causado pelo uso das mídias. Através da disfunção é possível aferir a capacidade interpretativa do receptor de uma mídia e verificar se ela atinge de fato suas necessidades. A teoria parte do pressuposto que para que exista uma mídia, deve primeiro existir uma necessidade, e que tal necessidade deve surgir por demandas sociais. Sobre as disfunções é pertinente citar: As disfunções da «mera presença» dos mass media quanto à sociedade no seu conjunto manifestam-se, por sua vez, no facto de os fluxos informativos que circulam livremente poderem ameaçar a estrutura fundamental da própria sociedade.^17 Acerca desta disfunção WOLF destaca ainda que um exemplo disso é a difusão de notícias alarmantes que muitas vezes causa reações de pânico, em vez de reações de vigilância. É importante salientar que as crises e tensões sociais da época eram muito diferentes das atuais. E que isso pode interferir e influenciar na interpretação e na análise das funções e disfunções. Para tanto será feita uma análise objetivando os tempos atuais. Além dessa, mais uma disfunção da comunicação é destacada: Mas uma disfunção ainda mais significativa é representada pelo facto de o excesso de informações poder conduzir a um debruçar-se para o mundo particular, para a esfera das experiências e relações
(^16) WRIGHT apud WOLF, M ario. Teorie delle Comunicazioni di M assa_._ Trad. M aria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa: Presença, 1999. p. 102 17 1999.WOLF, M ario. Teorie delle Comunicazioni di M assa_._^ Trad. M aria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa: Presença,
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
será feita mais para frente, observando a página do Mídia NINJA e analisando quais foram as funções e disfunções encontradas nas postagens no período das manifestações.
Análise das Funções e Disfunções da Comunicação encontradas na página do Mídia NINJA A observação das análises das funções e disfunções no objeto de pesquisa estudado é um tanto quanto subjetiva. É necessário trazer para a contemporaneidade e encaixar de modo que tanto as funções, quanto as disfunções façam sentido. Embora o conceito de funções e disfunções da comunicação não seja novo, a aplicação delas é. Não se encontram registros de aplicação prática e observação de funções e disfunções. Whright destaca duas funções da comunicação atribuídas à sociedade, são elas: Alertar os cidadãos contra os perigos e ameaças e fornecer instrumentos para se exercitar certas atividades, como por exemplo, as trocas econômicas. Trazendo para o contexto das manifestações, é possível afirmar que a primeira função foi efetivada uma vez em que alguns posts a página alertava sobre lugares com maior índice de policiais, chegou a informar sobre passagens que estavam trancadas e através dos twitcastings era possível acompanhar em tempo real. A segunda função, levando se em consideração que os tempos são diferentes daqueles de quando foram estudados e que o contexto das manifestações difere um pouco, pode se dizer que a página do Facebook Mídia NINJA forneceu instrumentos para que os protestos continuassem, uma vez que o Facebook se tornou a plataforma de encontro por parte dos manifestantes, era através dele que eles trocavam informações sobre o local dos protestos, encontros, reuniões. Outras funções são destacadas, no que diz respeito ao indivíduo. A primeira delas é a "Atribuição de posição social e prestígio às pessoas que são objeto de atenção dos mass media". A página do Mídia NINJA foi bem movimentada na época dos protestos, a quantidade de posts aumentou expressivamente o que refletiu e influenciou na quantidade de pessoas que passaram a seguir a página. O número de seguidores aumentava, impulsionando os criadores da página a não deixa- los na mão. As pessoas que seguiam utilizavam dessa ferramenta para se manterem informados acerca dos fatos. Quem estava em Cuiabá, também queria saber o que se passava nos protestos em São Paulo, no Rio de Janeiro e ficar ciente quando houvesse um aqui. As postagens não podiam parar, pois o objeto de atenção eram os seguidores, que aumentavam a cada dia. É uma máquina que funciona em ciclo. De um lado estão os
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
criadores na página, que são movidos pelos seguidores, ao aumentar os seguidores, a página tem uma motivação maior para não parar. No ápice dos protestos, a notoriedade da página só aumentava e o ciclo continuava a girar. A função que vem a seguir complementa a anterior: "O reforço do prestígio por ser um cidadão bem informado" e se separa por uma linha muito tênue de uma disfunção da comunicação. Ao curtir qualquer página no Facebook, essa informação pode ser visualizada no Feed de notícias, onde é possível observar em tempo real as informações dos seus amigos na rede e das páginas as quais segue. Ao seguir uma página você tem informações em tempo real sobre tudo que é postado nela. O prestígio por ser um cidadão bem informado pode se dar simplesmente pelo fato de ter seguido a página. Já que essa informação é pública. Compartilhamentos que também são bem frequentes podem reforçar esse "status". É interessante lembrar que o número de compartilhamentos das fotos postadas na página do Mídia NINJA no ápice dos protestos era mais de 10 vezes maior do que na criação da página. Pode se entender por “reforço do prestígio” a legitimidade de ser bem informado. Que se dá ao compartilhar uma notícia. O “status” de acompanhar as notícias muitas vezes é mais importante do que o conteúdo da própria. A função a seguir talvez seja a mais importante exercida pela página do Mídia NINJA, "O reforço das normas sociais, caráter ético, confirmando as normas sociais, denunciando seus desvios à opinião pública". É praticamente uma síntese do objetivo da página. A página do Mídia NINJA parte de um pressuposto de ativismo e inconformismo com as desigualdades e injustiças sociais, mesmo antes das Manifestações outros demonstrativos de luta por várias outras causas. A página na maioria de seus posts durante os protestos denunciou a ação da polícia contra os manifestantes, o descaso de outras mídias que não noticiavam os protestos. Melvin De Fleur salienta a função que particulariza a capacidade de resistência dos mass media aos ataques. De certo modo pode se dizer que os protestos só ganharam notoriedade tanto por parte dos grandes meios de comunicação, como a televisão, quanto por parte do próprio governo depois que a participação das pessoas se tornou mais expressiva, isso fez também com que de certo modo a página ganhasse mais respeito, o que foi refletido também nos manifestantes, que ganharam mais espaço nos jornais, nas grandes emissoras nacionais, diminuiu a resistência das pessoas ao protesto e ao significado da página. Enquanto no início dos protestos os manifestantes eram vistos paliativamente como “vândalos”, “baderneiros”, no decorrer dos protestos
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
a se tornar uma disfunção? A linha entre elas é muito tênue e seu rompimento muito fácil. O excesso de informação por si só prejudica menos do que o mero “status” de ser um cidadão bem informado.
Considerações finais
O objetivo deste trabalho era mostrar as funções e disfunções da comunicação e demonstrar como elas se aplicam em um caso específico, o objeto de estudo escolhido foram as postagens na página do Facebook Mídia NINJA. Ao analisar as postagens, foi possível observar que a página exerceu tanto funções como disfunções da comunicação. E mais: que elas estavam intimamente entrelaçadas. Às vezes a função se torna disfunção por um pequeno detalhe. Isso posto surge a questão: será realmente possível que exista um meio que exerça apenas as funções? Acredito que não, principalmente se levarmos em consideração que certos detalhes que compõem as disfunções estão praticamente intrínsecos a alguns indivíduos. O excesso de informação, por exemplo; algumas pessoas não podem se livrar dele, mesmo se quisessem, pois precisam deste. Precisam estar conectados o tempo todo, seja por trabalho ou por puro hobby. Executivos precisam estar ligados muitas vezes a mais de um aparelho, celular, tablet e através deles é bombardeado de notícias. Seria possível fugir da apatia causada por isso? Além disso, funções e disfunções se separam por um fio invisível que é facilmente dissociado. A função de “Alertar os cidadãos contra os perigos e ameaças” pode no lugar de efetivamente alertar, causar medo, receio, dentre outros sentimentos e assim seu objetivo não será cumprido, se isso ocorrer, outra função, a de “fornecer instrumentos para se exercitar certas atividades...” também fica comprometida. Outra questão surge se levarmos em consideração que o status de cidadão bem informado está muito próximo ao perigo da disfunção narcotizante. Não temos como saber até que ponto estamos nos informando bem e a partir de onde isso já se tornou um excesso. No início deste trabalho, quando ainda objetivava analisar dois meios de comunicação, sendo um deles a Televisão e outro a internet, através da Página do Mídia NINJA, acreditava que um dos meios poderia se sobressair ao outro, no quesito funções. No decorrer deste trabalho, quando se tornou impossível realizar a pesquisa sobre a televisão e me aprofundando nas análises feitas na página da Mídia NINJA, cheguei à conclusão de que um meio não deve excluir o outro. Como disse no início, acho difícil
XVI Congresso de Ciências da Comuni ca ção na Região Centro-Oes te – Águas Cla ras - DF – 8 a 10/05/
um meio que seja passível de disfunções, e todos os meios tem seu lugar no nosso cotidiano. A internet não exclui o conforto que é assistir a um jornal deitado na cama depois de um dia cansativo de trabalho, assim como a televisão não exclui a praticidade da internet por nos fornecer notícias do mundo todo, em qualquer lugar. Ao contrário de se excluir, elas devem se completar, de modo a trazer facilidades e ate nder as necessidades do espectador. Notícias que são manipuladas, ou que não são passadas de forma completa não atendem às necessidades, pois camuflam um fato nos dando uma falsa sensação de conhecimento. Talvez seja essa a questão principal. A teoria Funcionalista e seus preceitos são de fato, antigos e em alguns aspectos fica difícil estabelecer um paralelo entre os fatos que ocorrem nos dias de hoje, mas ainda assim foi possível ser feita essa análise, que além dessas questões todas, surge também a necessidade de uma nova gama de funções e disfunções atribuídas aos meios de comunicação. Afinal de contas, não seria a manipulação das notícias, dos fatos, também uma disfunção? Os efeitos nocivos destas, não poderiam ser considerados também uma disfunção? Essa é uma discussão que cabe um trabalho a parte. A análise da página do Mídia NINJA me fez enxergar que o pano de fundo deste trabalho é que todas as mídias merecem e tem seus lugares, que um estudo contemporâneo sobre elas se faz necessário pois diante de tantos adventos tecnológicos tanto funções, quanto disfunções surgiram e que a tendência é que isso continue a acontecer, fazendo a importância desse estudo e principalmente do conhecimento deste por parte das pessoas, que muitas vezes são atingidas pelos meios, mas não tem controle sobre isso.
Referências Bibliográficas: WOLF, Mario. Teorie delle Comunicazioni di Massa. Trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Presença. Lisboa: 1999
LEVY, Pierre. O que é o virtual. São Paulo: Ed. 34, 1996;
TAPSCOTT, Don. Geração Y vai dominar força de trabalho. ITWEB. 2008. http://www.itweb.com.br/noticias/index.asp?cod=48473, acesso em 30/10/
SERRA, João Paulo. Manual de Teoria da Comunicação. Covilhã, 2007
SODRÉ, Muniz. O ethos midiatizado. In: Antropológica do Espelho. Por uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina. 2009.