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A) Radiografia de perfil do paciente 1, após a consolidação da fratura;. B) radiografia axial do mesmo paciente;. C) tomografia desse paciente ...
Tipologia: Provas
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Não perca as partes importantes!
HENRIQUE SODRÉ 1 , ALEXANDRE FRANCISCO DE LOURENÇO 2 , EDUARDO S.T. ROCHA 3 , ERIK VECINA 3
Os autores apresentam três crianças que sofreram fra- turas de calcâneo, que são pouco freqüentes nessa faixa etária. Uma revisão da literatura é apresentada, incluin- do a classificação tomográfica de Crosby & Fitzgibbons. Os três pacientes, envolvendo quatro fraturas, foram tra- tados conservadoramente com imobilizações gessadas sem carga e apresentam bom resultado, com arco de movi- mento da articulação subtalar normal e sem dor.
SUMMARY Calcaneal fractures in children The authors present 3 children that had calcaneal frac- tures, which is not a common fracture in this age group. A review of the literature is presented, including the tomograph- ic classification by Crosby & Fitzgibbons. The three patients, involving 4 fractures, were treated conservatively with non weight bearing casts. They present good results, with normal range of motion of the subtalar joint and remain painless.
INTRODUÇÃO As fraturas de calcâneo são raras na criança. Schofield (10), em 1936, realizou estudo retrospectivo de 2.025 pacientes com fraturas de calcâneo, sendo que o paciente mais jovem tinha 18 anos de idade. Essex-Lopresti (4), em 1952, relatou 241 fraturas de calcâneo, das quais apenas 12 foram em crian- ças. Em 1955, Blount (2)enfatiza a raridade dessas fraturas em crianças e preconiza o tratamento conservador. Rowe & col. (8), em 1963, encontraram seis casos de fratura de calcâ- neo numa série de 146 pacientes. Thomas (12), em 1969, rela- tou cinco casos com idade média de oito anos, com bons resultados com tratamento conservador a curto prazo. Za- yer (15), em 1969, apresentou caso de criança de 12 anos, de
um total de 110 pacientes com fraturas de calcâneo. Matteri & col. (5)descreveram três pacientes com idades variando de 16 a 30 meses que tiveram fraturas de calcâneo, num perío- do de dez anos. Schmidt & Weiner (9), num estudo retrospec- tivo, relataram 62 fraturas de calcâneo em 56 crianças, sen- do que 22 eram intra-articulares. Wiley & Profitt (14), em 1984, reportaram a maior série isolada encontrada na literatura com 34 fraturas em 32 crianças. Ainda em série exclusiva de crian- ças, Beer & col. (1), em 1989, descreveram oito pacientes com nove fraturas de calcâneo, salientando a dificuldade diag- nóstica e o bom prognóstico na maioria dos casos. Montes (6), em 1994, num estudo multicêntrico envolvendo 6.232 fratu- ras em crianças, encontraram apenas 0,5% de fraturas de cal- câneo. No presente trabalho, apresentamos quatro casos de fratu- ras de calcâneo em três crianças.
Nosso material consta de três pacientes atendidos no De- partamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina – Serviço do Prof. Dr. José Laredo Filho.
H. SODRÉ, A.F. LOURENÇO, E.S.T. ROCHA & E. VECINA
Fig. 1 A) Radiografia de perfil do calcâneo do paciente 1; B) radiografia axial do mesmo paciente mostrando a fratura do calcâneo à direita.
Fig. 2 – Radiografias de perfil do paciente 2, mostrando as fraturas de ambos os calcâneos
(fig. 4); o paciente 2 teve fratura tipo I à esquerda e tipo II à direita (fig. 5) e o paciente 3 teve fratura tipo II (fig. 6). Nes- sa classificação, o tipo I apresenta o fragmento fraturado pe- queno ou sem desvio; no tipo II, os fragmentos estão desvia- dos; o tipo III apresenta cominuição da superfície articular. Optou-se pelo tratamento conservador em todos os casos, com imobilizações gessadas sem carga. No paciente 1, foi 360
Fig. 3 Radiografia de perfil do paciente 3, sendo possível observar dois traços de fratura no calcâneo
Fig. 4 Tomografia axial de calcâneo, mostrando a fratura intra-articular tipo I, sem desvio, do paciente 1
Fig. 5- Tomografia axial de calcâneo do paciente 2, observando-se a fratu- ra tipo I, sem desvio, à esquerda e com discreto desvio, tipo II, à direita
feita goteira gessada, que foi trocada por beta gessada sem salto após uma semana, sendo esta retirada após seis sema- nas (fig. 7). No paciente 2, o tratamento foi feito até a quarta semana com goteiras gessadas, que eram retiradas diariamente Rev Bras Ortop - Vol. 30, Nº 6 – Junho, 1995
H. SODRÉ, A.F, LOURENÇO, E.S.T. ROCHA & E. VECINA
pela elasticidade de seu esqueleto, decorrendo daí sua menor freqüência nessa faixa etária. Por outro lado, as lesões de pele são mais freqüentemente associadas com esse tipo de fratura na criança que no adulto (9). De fato, o paciente 2 apre- sentava lesões de pele que nos desencorajaram de tentar qual- quer outro tratamento do que o que foi feito. De qualquer modo, as indicações cirúrgicas dessas fratu- ras em crianças ainda não são bem delineadas na literatura. As condutas adotadas no tratamento de adultos não podem ser adaptadas para ossos com intenso potencial de cresci- mento e remodelação. O resultado dos nossos pacientes, pelo menos até o momento, confirma precisamente essa idéia, uma vez que sua mobilidade é normal e não apresenta dor. O pa- ciente 3, apesar de ter desvio do fragmento, observado na radiografia, tinha apenas um ano de idade e seu potencial de remodelação foi considerado ainda melhor do que o das ou- tras duas crianças. Outros autores, que publicaram sobre esse tipo de fratura, reconhecem que deve ser priorizado o trata- mento conservador em razão das características próprias do c r e s c i m e n t o d a c r i a n ç a ( 1 , 5 , 1 0 , 1 1 , 1 3 ). A tomografia computadorizada é considerada imprescin- dível para avaliar o acometimento da articulação subtalar; entretanto, isso não alterou nossa conduta. Como não encon- tramos outros trabalhos que apoiassem tratamento mais in- tervencionista em fraturas de calcâneo em crianças, optamos por tratamento conservador, que obteve resultado satisfató- rio em todos os pacientes. Por outro lado, o número de pa- cientes com essa fratura rara é limitado e o tratamento cirúr- gico pode ser necessário em algumas ocasiões, principalmente
em crianças com idade superior a 12 anos, que têm menor potencial de remodelação.
REFERÊNCIAS
Beer, J.V., Maloon, S. & Hudson, D.A.: Calcaneal fractures in children. SAMT 76: 53-54, 1989. Blount, W.P.: Fractures in children, Baltimore. Williams & Wilkins, 1955. Crosby, L.A. & Fitzgibbons, T.: Computerized tomography scanning of acute intrarticular fractures of the calcaneus. J Bone Joint Surg [Am] 72: 852-859, 1990. Essex-Lopresti, P.: The mechanism, reduction technique and results in fractures of the os calcis. Br J Surg 39: 395, 1952. Matteri, R.E. & Frymoyer, J.W.: Fracture of calcaneus in young chil- dren. J Bone Joint Surg [Am] 55: 1091-1094, 1973. Montes, J. M.: Pediatric limb fractures patterns. EPO’s multicenter study. Abstracts of the 13th EPO’s Meeting: 26-27, 1994. Rockwood, C.A., Wilkins, K.E. & King, R.E.: Fractures in children, 2nd ed., Philadelphia, Lippincott, 1984. Rowe, C.R., Sakellarides, H.T., Freeman, P.A. & Sobie, C.: Fractures of the os calcis. JAMA 22: 920-923, 1963. Schmidt, T.L. & Weiner, D. S.: Calcaneal fractures in children. Clin Or- thop 171: 150-155, 1982. Schofield, R.O.: Fractures of the os calcis. J Bone Joint Surg [Br] 18: 566-580, 1936. Tachdjian, M.O.: The child’s foot, Philadelphia, Saunders, 1985, Thomas, H.M.: Calcaneal fractures in childhood. Br J Surg 56: 664- 666, 1969. Watson-Jones, R.: Fractures and joint injuries, Baltimore, Williams & Wilkins, 1960. Wiley, J.J. & Profitt, A.: Fractures of the os calcis in children. Clin Or- thop 188: 131-138, 1984. Zayer, M.: Fracture of the calcaneus: a review of 110 fractures. Acta Orthop Scand 40:530-542, 1969.
362 Rev Bras Ortop - Vol. 30, Nº 6- Junho, 1995